SERÁ QUE É MEU PAI?

Olá pessoal, venho contar uma situação para vocês que me persegue desde que me tornei GAROTA DE PROGRAMA, venho de uma família humilde onde a maioria são mulheres, e cresci sem saber quem é meu pai, muitas vezes não quis perguntar e também não fizeram questão de me falar, e desde sempre fui muito esforçada em tudo o que fazia, era uma das melhores alunas na classe, quando fiquei maior estudava sem parar, ficando quase sem tempo livre para minha vida pessoal, não consegui concluir minha faculdade de Jornalismo devido à falta de dinheiro, pois o que ganhava trabalhando no comércio mal dava para as despesas de livro e pesquisas na internet, pois nem um computador tinha condições de comprar. E, mesmo no meio de todas as dificuldades, algumas nem convém mencionar, pois quem me conhece pessoalmente HOJE, acha que chega a ser exagero da minha parte quando conto as faltas que enfrentei, nunca aceitei as muitas propostas que recebi desde a minha adolescência, sempre muitos homens comprometidos ou não me ofereceram dinheiro em troca de “favores sexuais”, e mesmo passando por várias dificuldades recusei, até que um dia, um rapaz começou a me perseguir incessantemente, cheguei a fazer muitos boletins de ocorrência contra ele, mas como dizem que: se não a agressão não existe crime, fui me apavorando cada vez mais, até que resolvi pedir ajuda para um homem que diziam ser meu pai, dentro do desespero, não vi outra saída, pois poderia ser estuprada a qualquer hora na rua e não tinha ninguém para me defender nem servir de testemunha a meu favor, pois sendo ele moto taxista sempre vivia em bandos e tinha vários contatos que facilmente me deixava vigiada. Então fui pedir ajuda, conversamos e a princípio estávamos nos dando bem, a ponto dele dizer que sempre quis me ajudar, mas por impedimento da minha família não o fez, esse argumento nem questionei, pois quem deseja fazer algo simplesmente faz, e não usa desculpas, mas não era momento para remexer no passado, precisava resolver meu presente para poder ter um futuro, então, expliquei toda a situação, mostrando até os boletins de ocorrência, e disse que tentaria a vida em outra cidade, caso ele pudesse me ajudar financeiramente por 3 meses, ou até menos, assim que me estabelecesse não iria mais precisar de dinheiro e me viraria sozinha, era apenas uma força para ver se dava certo ou quem sabe o rapaz esquecesse de mim nesse meio tempo, me ouviu e disse que me ajudaria na medida do possível, fiquei muito feliz e finalmente me senti protegida e com um lugar no mundo, pois me sentia sempre muito sozinha. Tomei decisões rápidas ele me deu oitocentos reais e combinamos de me mandar uma ajuda conforme fosse o andamento de tudo, para que eu pudesse sobreviver, então, prometi para mim mesma que acharia um emprego e devolveria esse dinheiro em dobro, entrei no ônibus com a certeza de voltar em no máximo uma semana, desci em SP capital, infinitas vezes maior do que a cidade em que passei minha vida toda,dois dias depois já estava trabalhando em um emprego convencional, para ganhar um salário mínimo, mas estava feliz, me sentia segura por incrível que pareça, me hospedei em uma espelunca e trabalhava 8 hrs por dia, os dias se passaram e com dez dias fora o dinheiro foi acabando, pois receberia apenas um pouco pelos dias trabalhados, na antevéspera do Natal liguei para meu pai, toda feliz em falar com ele e contando as novidades, senti muita frieza da parte dele mas continuei falando e perguntei se poderia me mandar pelo menos duzentos reais para pagar o hotel, que com o restante me virava, almoçava na firma e compraria alguma coisa para comer a noite, transporte também os funcionários tinham direito. Mal me ouviu e disse que não me mandaria nada, pois era problema meu, e que só falaria comigo de novo depois de um exame de DNA, dito isso entrei em pânico, pois não tinha mais que dez reais na carteira, briguei muito, chorei muito e implorei mais ainda, disse que estava numa cidade onde não conhecia ninguém e não podia pedir ajuda, mais uma vez me disse que eu que me virasse. Respirei fundo e desliguei o telefone, agora tinha coisas muito mais importantes para resolver, dos 30 currículos enviados até hoje não obtive resposta de nenhum, e o emprego em que estava na época consegui através de um pedido de informação num ponto de ônibus, portanto no desespero pensei, vou ter que fazer programa (vejam bem, não estou me justificando, pois não acho que faça nada errado, mas entre ir para um albergue ou ser pega por algum maluco e dormir na rua, preferi sim me vender e ter um teto com tudo a que eu tenho direito e mereço ), saí dali e fui direto a uma lan house, procurei por casas de massagem, pois nem dinheiro para o jornal eu tinha, achei um nome e liguei para o número, falei com a dona e duas horas depois estava indo conhecer a casa, cheguei em pânico, entrei de cabeça baixa e mal ouvia o que ela me falava, parecia ser muito simpática e o lugar era lindo, não tive coragem de ficar e disse que voltaria no outro dia, pois tinha um compromisso, fui embora e não dormi a noite toda, amanheceu , fui trabalhar e depois, no dia 24 de dezembro comecei minha nova profissão, me desliguei tanto de mim, que no primeiro programa achei tudo normal, aquela moça do interior de poucos namorados, e muito estudiosa, que nunca tinha saído para conhecer o mundo, tinha ido embora. Fechei meu primeiro programa em quatrocentos reais, mais da metade do que ganharia em um mês, trabalhei no máximo mais uma semana, agradeci muito ao rapaz que me tinha dado a vaga e fui embora, ficando apenas com a vida noturna, desde então a cada dia vou me tornando uma nova pessoa, constantemente em construção, mas cada vez que fico com um cliente que me faz bem, e me acolhe, diferentemente daquele que me abandonou pela segunda vez à própria sorte, penso : SERÁ, QUE É MEU PAI?