Apesar de muitos anos se terem passado, lembro-me de como chegava em casa, jogava a mochila sobre o sofá e, da sala mesmo, ouvia mamãe contando para o meu irmão como fora a sua manhã de trabalho no hospital, enquanto preparava o nosso almoço. Ao me ver entrar na cozinha, ela já sabia se eu estava bem ou se eu tinha, mais uma vez, brigado com o meu "namoradinho" - a minha principal fonte de aborrecimentos naquela época. "De tardinha, quando eu voltar, te trago um doce e você fica mais contente.", ela dizia, acariciando os meus cabelos castanhos, e completava: "Agora, vá ficar com seu irmão."
Pedrinho era um ano mais velho que eu e, desde pequeno, distinguia-se dos outros meninos - e essas distinções se acentuaram com o tempo: ele quase não falava, não conseguia ler e tinha um olhar perdido, desatento ao mundo à sua volta. Bem cedinho, mamãe o deixava em uma instituição para excepcionais (que ele chamava de "escola") e o trazia de volta para casa na hora do almoço. No restante do dia, eu tomava conta dele. Talvez por termos crescido juntos e as nossas idades serem quase equivalentes, eu era a única pessoa com quem ele se comunicava, ainda que precariamente.
Eu o encontrava na copa, quieto à mesa, indiferente ao falatório de mamãe. Sentando-me ao seu lado, beijava-lhe a bochecha. "Como foi na escola, anjinho?" Normalmente, ele não respondia. Eu fazia algo para lhe chamar a atenção (um carinho na mão, um aceno, um estalar de dedos) e ele me olhava. "Como foi na escola, anjinho?", eu repetia, e ele sorria, erguia o polegar e dizia: "Joinha, Clara.", e não havia briga com namorado que diminuísse a minha alegria por aquele pequeno contato.
Enquanto almoçávamos, eu e mamãe tentávamos inserir Pedrinho nas nossas conversas, mesmo a sua mente estando distante. À tarde, quando ficávamos sozinhos, eu enchia a banheira com água morninha, como ele gostava, escolhia a sua roupa e lhe ajudava no banho. Depois, ficávamos na varanda: ele, vendo as pessoas passando, eu, com os meus livros; pouco antes de a mamãe chegar, brincávamos com blocos de montar ou com algum outro passatempo educativo sugerido pelo seu médico. Aquele rapazinho, que em muitas famílias seria um fardo, era o que nos mantinha unidas.
2- Um anjinho com problemas
Mas rotinas terminam. Um dia, depois de conversar com mamãe na cozinha, fui para a copa e beijei Pedrinho; perguntei-lhe como tinha sido na "escola", mas ele não me olhou; acariciei a sua mão, e ele a retraiu; aguardei pelo seu polegar levantado, pelo "Joinha, Clara!", e nada aconteceu. Durante o almoço, ele manteve a cabeça abaixada, nos evitando. Eu e mamãe nos entreolhamos: algo não ia bem. À tarde, ele só quis dormir; se recusou a tomar banho, lanchar e brincar comigo.
Os dias se passaram e a mudança no seu comportamento ficou mais evidente: Pedrinho esperava mamãe chegar do serviço para lhe dar banho e, quando eu me sentava à mesa para almoçar, ele se levantava e ficava de pé no fim do corredor, encarando a parede, tenso, punhos cerrados. "Calma, filha. Isso vai passar.", mamãe me tranquilizava. Carinhosamente, o pegávamos pelas mãos e o trazíamos de volta à mesa.
Na semana seguinte, mamãe me contou que fora chamada pelo diretor da instituição que cuidava de Pedrinho: ele agredira uma das funcionárias que se ofereceu para levá-lo ao pátio, para tomar sol. Mamãe não soube explicar o que aconteceu: "Me desculpe, ele... ele tem estado arredio... não vai acontecer de novo." Aquilo foi péssimo, porque lá não cuidavam de pessoas agressivas, e se o meu irmão não voltasse a ser pacato como antes, não teríamos onde deixá-lo durante o dia.
Naquela madrugada, a gravidade da situação ficou clara: acordei com Pedrinho, que dividia o quarto comigo, contorcendo-se na cama e batendo a cabeça contra a parede. "O que você tá fazendo? Para com isso!"; levantei-me e corri na sua direção, apavorada, mas ele afastou de si as minhas mãos e deu duas outras cabeçadas na parede que, de tão fortes, despertaram mamãe. Ao entrar no quarto, desesperada com a cena, ela segurou o corpo, e eu, a cabeça do meu irmão, para evitar que se machucasse ainda mais. Ele se retorcia e o seu rosto estava vermelho e quente, como se tivesse febre. Fiquei chocada por vê-lo assim e comecei a chorar. Mamãe disse que, logo pela manhã, o levaria ao médico, mesmo sem ter agendado a consulta: o doutor Nelson tratava do Pedrinho desde criança e, com certeza, saberia o porquê daquilo.
3- "Esse Nelson é um pilantra, isso sim!"
Estava tão angustiada naquela manhã, que mal troquei palavras com o meu namorado. O dr. Nelson - me parecia óbvio! - receitaria calmantes para o Pedrinho, mas a ideia de vê-lo "dopado" me incomodava, e torcia para que, de algum modo, ele voltasse à calma habitual sem a necessidade de remédios. Quando, finalmente, os sinos ressoaram, peguei a minha mochila e voltei correndo para casa. Encontrei mamãe e Pedrinho sentados à mesa: ele esfregava o solado dos sapatos no piso, produzindo um barulho irritante, e passava as mãos nos cabelos, despenteando-se, visivelmente descontrolado; mamãe, com os cotovelos sobre a mesa e o queixo apoiado nas mãos, tinha uma expressão preocupada.
"E então? O que o dr. Nelson disse?" "Ele... ele disse que não há remédio, querida. É... é complicado.", suspirou. "Não há remédio? Complicado como? A gente pode fazer suco de maracujá. Deve ajudar.", eu tentava achar uma solução, sem acreditar que uma consulta pudesse ser tão improdutiva. Mamãe ficou alguns segundos em silêncio e então disse, sem me olhar: "Talvez... talvez seja bom o Pedrinho ficar na instituição também na parte da tarde." Aquilo me pegou de surpresa. "Quê? O dr. Nelson acha que eu não trato direito do meu irmão?" "Não é isso, Clara... é que... lá tem mais estrutura..." "Mais estrutura? Ameaçaram expulsar o Pedrinho na primeira crise dele! Que estrutura é essa?" Ela não tinha resposta. "O Nelson acha que eu tô prejudicando o Pedrinho? Acha que se eu ficar longe do meu irmão, ele melhora?" Os meus olhos lacrimejavam; Pedrinho, assustado com a desavença, caminhou para o corredor; mamãe ficou em dúvida sobre a quem acudir. "Fica calma, Clara!" "Eu quero saber por que é ruim pro Pedrinho ficar comigo!", esbravejei. Mamãe segurou o meu rostinho entre as mãos e correu o dedo pela minha bochecha, limpando uma lágrima que escorria. "Não é ruim, tá bom? A gente sabe que você cuida direitinho do Pedrinho. Foi uma ideia boba. Esquece isso." "Mas o que o Nelson falou?", insisti. "Foi só uma sugestão, que poderia ou não funcionar... mas deixemos como está." "Esse Nelson é um pilantra, isso sim!" Mamãe me abraçou e beijou a minha testa.
Fui para o quarto e lá fiquei até me acalmar. Sentia-me raivosa e humilhada por pensarem que eu era desleixada com Pedrinho - cuidar dele, para mim, não era uma "obrigação", mas sim algo que eu fazia com prazer, que me fazia sentir bem. Se tivéssemos telefone, eu teria ligado para o dr. Nelson e lhe dito umas verdades, mas, infelizmente - ou felizmente! -, naqueles tempos, uma linha telefônica custava muito caro, e mamãe não ganhava bem como enfermeira. Depois que ela se foi, tentei conversar com Pedrinho, dar banho, brincar um pouco, extrair dele o que o médico dissera... mas não teve jeito: ele virava o rosto para a direção oposta à que eu estava e, se eu insistia em ficar por perto, afastava-se de mim.
4- Anseios noturnos +
À noite, eu e mamãe discutimos novamente quando ela sugeriu que eu não dormisse no mesmo quarto que o Pedrinho. "O dr. Nelson acha que, até dormindo, prejudico meu irmão? Ou acha que ele vai me agredir à noite?" "Você quer falar mais baixo, por favor?", ela pediu, ao ver que Pedrinho, já deitado, cobria a cabeça. "Ele não pode passar a noite sozinho, mãe!" "Eu durmo com ele, Clara! Você dorme no meu quarto!" "Mas por quê?" Percebendo que a discussão se alongaria e que Pedrinho se incomodava, ela cedeu, mas avisou: "Se seu irmão tiver alguma crise, me chame, tá? Não quero você se virando sozinha." Concordei, nos despedimos e fomos dormir.
Eram mais de três horas da madrugada quando despertei, ouvindo sons abafados. Acendi o abajur, que ficava entre as camas, e vi Pedrinho deitado de costas para mim; pelos seus movimentos, ele parecia socar a própria barriga e, a cada golpe, murmurava algo. Esfregando as mãozinhas no rosto para espantar o sono, me aproximei. "Vai dormir, Pedrinho... não faz isso... fica calmo...", mas ele continuava se golpeando e sussurrando "Não! Não! Não!" a cada pancada. Inclinei o meu corpo sobre o dele, para entender o que fazia, e vi que a parte da frente da sua calça de pijama e da sua cueca fora puxada para baixo, e o pau dele aparecia: duro, cabeça vermelha, bolas inchadas. Ele não socava a barriga, como eu imaginava, mas sim a virilha, como se quisesse fazer "aquilo" encolher à força; às vezes, levava a mão às bolas e as apertava, fazendo careta de dor.
Fiquei desorientada, mas, ao mesmo tempo, o problema do Pedrinho ficou claro para mim. O meu namorado já me contara como os rapazes ficavam "descontrolados" quando excitados, e o meu irmão devia estar passando por isso - porém, é claro, as suas limitações complicavam as coisas. Ajoelhei-me ao lado da cama. "Anjinho? Anjinho? Não faz isso! Vai machucar!", sussurrei, e repousei a mão no seu braço: a pele fervia. Ele se assustou com o toque, só então percebendo a minha presença, e me olhou: a sua feição era a de uma pessoa atormentada.
5- Clara boazinha +
A luminosidade do abajur permitia que nos víssemos, sem, contudo, ser percebida através das frestas da porta, caso alguém estivesse no corredor. Pensando nas "brincadeiras" que o meu namorado me ensinara, e com as quais eu poderia livrar Pedrinho da agonia, tentei alcançar o seu pau, mas ele, em um movimento rápido, puxou a calça e a cueca para cima, cobrindo-se, e, ainda de costas para mim, encolheu-se todo. "Deixa eu ver. É a Clara. Clara boazinha. Deixa eu ver.", docilmente, tentava convencê-lo a ser ajudado, mas ele deu mais um soco na virilha. "Senta, anjinho. Fica sentadinho. Senta.", dando empurrõezinhos nele, que se sentou, encostando-se na parede, o volume enorme estufando a calça.
Ele chorava; nitidamente, odiava o que lhe acontecia. Temi que mamãe acordasse e, ainda ajoelhada, levei o indicador aos lábios: "Shhh! Quietinho. Segredo. Segredo. Shhh!", porque "segredo" era como ele entendia que deveria ficar caladinho. "Deixa eu ver. Mostra. Mostra pra Clara." Pedrinho mordeu os lábios e abaixou a calça e a cueca, apenas o suficiente para o pau saltar diante de mim.
Aproximei a mãozinha, mas ele, amedrontado, ameaçou erguer a calça novamente. "Vai sarar. Vai sarar.", falei, baixinho, e delicadamente corri os dedos pelo pau dele, massageando. "Tá vendo? É bom. Vai sarar." Ele gemeu, gostando, e a cabeçona expeliu um líquido transparente, que escorreu até as bolas. Da mesma forma que fazia para o meu namorado, segurei nele direito e comecei a mexer a mão para baixo e para cima. Pedrinho abriu mais as pernas e recostou-se melhor na parede, confiando em mim. Punhetei mais um pouquinho, mas a cabeça "babava" demais. De nada adiantaria mamãe não nos ouvir se, pela manhã, encontrasse os lençóis imundos - e isso porque ele nem tinha gozado ainda!
Abri a boquinha e a aproximei do pau; ele se sobressaltou, achando que eu iria mordê-lo. "É beijinho. Beijinho.", e beijei a cabeçona; a "gosma" grudou nos meus lábios. "Viu? Beijinho.", dei mais dois beijos e, simulando que daria um terceiro, envolvi a cabeça do pau com os lábios e comecei a chupar devagar, sugando o melado, eliminando os vestígios antes que fizessem sujeira. Ele gemia baixinho, esfregava os cabelos na parede atrás de si e cravava as unhas no lençol. Subindo e descendo com a boquinha, eu ia mamando a rola do meu irmão, mantendo uma das mãos nas suas bolas e, a outra, apoiada na sua coxa, acariciando-o.
Se mamãe visse aquilo, eu seria deserdada, mas eu amava o Pedrinho e sabia que ele não tinha culpa por se sentir assim. Além disso, ele nunca conseguiria uma namorada e sequer entenderia, por si só, o que lhe acontecia e como poderia se aliviar. Ele precisava de mim. Eu chupava, ajoelhada entre as suas pernas, acarinhando as bolas; os lábios delicados e a linguinha quente deslizavam pela pica, num vaivém molhado, prolongado e silencioso. Em instantes, o pau latejava. Eu sabia que viria muita porra e me preparei para receber tudo: concentrei as mamadas na cabeçona, ao mesmo tempo em que o punhetava, e a porra espessa e farta foi enchendo a minha boca. Pedrinho não se conteve e gemeu alto: "Ahhh! Ahhh! Ahhh!" enquanto eu chupava e o masturbava.
6- Noite mal dormida =
Quando terminou de gozar, tirei o pau da boquinha. As minhas bochechas estavam estufadas, boca cheia de porra misturada com saliva; o membro, ainda duro, reluzia. Pedrinho parecia desfalecido: os braços jogados sobre a cama, olhos semicerrados, boca entreaberta. Temerosa que mamãe tivesse acordado com os gemidos dele, fiquei imóvel por um tempinho, escutando a casa... mas tudo estava sossegado.
Devagarinho, abri a porta do quarto e observei o corredor escuro. Caminhei de mansinho até o banheiro, cuspi na pia o gozo que, de tão concentrado, era amarelado. Lavei a boca e voltei para o quarto. Pedrinho ainda estava sentado na cama, porém encostara-se na cabeceira, o pijama ainda fora do lugar. Ele sorriu ao me ver e tocou-se desajeitadamente. Fechei a porta e afaguei o seu rosto. "Melhorou? Já consegue dormir?" Ele não entendeu a pergunta, mas a persistente dureza do pau respondia por si. "Chega pra lá um pouco.", sentei-me ao seu lado; ele não me evitava como antes. Beijei a sua bochecha, segurei na sua mão e a levei até o pau, ajudando-o a segurá-lo. "Agora, faz assim...", e com a minha mãozinha ao redor da dele, fui ensinando-o a se punhetar. Ele olhou para a porta e disse: "Segredo.", e eu concordei: "Isso, anjinho. Segredo. Shhh!" "Clara boazinha.", ele cochichou, me fazendo rir.
Eram quase quatro horas da madrugada e acordaríamos cedo, então aumentei o ritmo da punheta e, como eu usava um shortinho curtinho, segurei na sua outra mão e a coloquei na minha coxa. "Faz carinho.", permiti, e ele, timidamente, me alisou. Soltei a mão com que ele se tocava e ele interrompeu o movimento. "Não. Continua. Mexe.", e segurei mais uma vez na mão dele, mexendo-a para baixo e para cima no pau. "Faz sozinho. Continua. Continua, anjinho.", reiterei. Afastei a minha mãozinha da dele de novo e fiz um movimento de masturbação. "Faz assim, ó. Mexe. Mexe.", disse no seu ouvido, e ele começou a fazer sozinho. "Isso. Mais rápido. Rápido.", eu incentivava, até que, seguindo o próprio prazer, ele aprendeu a brincar consigo mesmo.
Atenta, percebi quando os dedos começaram a pressionar firmemente a minha coxa, o suor brotava na sua testa e acumulava-se na ponta do nariz; a velocidade com que ele se tocava aumentou e ele me olhou sofregamente: gozaria logo-logo. Reclinei-me sobre o pau e, dessa vez, ele não teve medo de ser mordido: entendia que apenas coisas gostosas viriam de mim. Pedrinho se masturbava enquanto a minha boquinha agasalhava a cabeça do pau, e não demorou muito para eu ganhar leite pela segunda vez na madrugada.
7- Clara mal humorada
"Nossa, Pedrinho! O que você fez? Está todo suado!" Sonolenta, abri os olhinhos vagarosamente. A luz do sol invadia o quarto e cobri a cabeça com o cobertor. "Fecha essa cortina, mãe! Tô com taaaanto sono!", mas ela não deu atenção. "Ele teve crise durante a noite, Clara?" "Não.", rosto coberto, voz embolada, querendo ficar na cama até a hora do almoço, no mínimo. "Vamos tomar um banho antes de sair, Pedrinho. Vem. Não seja preguiçoso igual sua irmã... Por que ele está suado desse jeito?" "Sei lá, mãe. Me deixa dormir!" "Nananinanão! Os dois de pé! Vamos, vamos!" Ela bateu palmas, puxou o meu cobertor e ajudou Pedrinho a se erguer. "Vem, querido. Vou te dar banho.", mas ele apontou para mim. Mamãe ficou confusa: "Quê? Fizeram as pazes? O que aconteceu?" Emburrada, espreguicei-me e fui pegar as roupas na cômoda. "Aconteceu que tô morrendo de sono. Só isso. Vem, anjinho.", com as roupas embaixo do braço, peguei o meu irmão pela mão e levei-o para o banheiro, deixando para trás mamãe com as suas indagações.
Lembrando-se do "segredo", Pedrinho comportou-se direitinho no banho e, depois que também me lavei, fiquei um tantinho mais disposta. Ele foi com a mamãe para a instituição e eu saí em seguida. Curiosamente, não sentia dúvidas ou remorsos sobre o que ocorrera; tinha a consciência de que fizera o melhor para Pedrinho, e que não agira por "safadeza", mas sim por amor. As minhas amigas e o meu namorado notaram a minha sonolência. Elas fizeram piadinhas, ele interpretou como pouco caso e começou uma cena sobre como eu o desdenhava... mas, honestamente, nem me importei, porque eu queria mesmo era dormir. O tempo voou depois disso e, quando me dei conta, já eram onze horas (talvez eu tenha até cochilado!).
Bocejei inúmeras vezes voltando para casa. Quando cheguei, mamãe cozinhava, com o rádio ligado. "Oi, mãe..." "Olá! Que cara é essa? Ainda com sono?" "Muito." "Soube o que houve em São Paulo?" "Não...", passei por ela, desinteressada, e fui para a copa, onde Pedrinho imediatamente lançou um olhar para as minhas pernas, mesmo cobertas pela saia plissada azul-escura. "Shhh! Segredo! Segredo!", eu disse, para evitar problemas, e ele se aquietou. "O que estão cochichando?", mamãe perguntou, trazendo os pratos. "Nada não, mãe." "Sei... O diretor disse que o Pedrinho se comportou muito bem hoje!", e correu os dedos entre os cabelos dele. "É? Nossa, que bom...", senti as minhas bochechas queimarem. "E ele parece mais sereno, você reparou? Não se levantou da mesa como vinha fazendo..." Inquietei-me, e não teria conseguido disfarçar a vergonha se mamãe insistisse no assunto, mas, graças a Deus, o rádio voltou com o noticiário, que informava sobre um incêndio em um edifício paulistano, e a sua atenção se desviou para isso ao longo do almoço.
Ao fim da demorada transmissão, abalada pela reportagem e atrasada para o trabalho, mamãe se despediu de nós: beijou o meu irmão e, fugindo do costume, em vez de um simples beijinho, me deu um abraço apertado e um beijo estalado: "Você é uma ótima filha. E uma ótima irmã, Clara! Vou te trazer um doce da rua." "Não briguei com o Tiago hoje, mãe... eu acho." "Mesmo assim, vou trazer!" Eu quis acreditar que, após saber da tragédia em São Paulo, ela se sentia reconfortada por estarmos bem e em segurança... daí aquela despedida inusitada. Assim que saiu, imaginei que, enfim, recuperaria o sono perdido, mas Pedrinho me aguardava, pronto para outro banho, ansioso pelos novos cuidados que receberia. A minha soneca teria que esperar.
Twitter: a_fantasiadora
Ao invés de te elogiar, quero agradecer pelo excente relato ou conto, pouco importa. Gostei muito, de ler um dos melhores contos erótico que já li. Tomara que vc se sinta estimulada e nos presenteie com mais alguns contos ou relatos. Tchau
Excelente. Parabéns. Você escreve de forma brilhante.
muito bom, votado e aguardando os próximos, bjs.
muito bem escrito, tesão, quero ler a continuação.............bjssssssssss
Conto bem escrito, abordando um tema controverso com delicadeza e sensibilidade, permeado de erotismo na dose certa. Parabens! Voto dado. Beijos.