A Faculdade ensina muitas coisas - Parte 3

Desde aquele dia em que conversamos antes da festa junina não consegui ser o mesmo com o Rafael, não era por mim, mas sim por ele. Dentro de mim crescia algo que era magnífico, interessante, puro e verdadeiro, mas não era justo com ele que eu alimentasse isso, não era justo nutrir algo sem que ele consentisse, fui obrigado a me afastar dele, a preservar nossa amizade.
Os dias iam passando e eu não conseguia equilibrar meus sentimentos individuais dos sentimentos que nossa amizade nutria, então passei a me policiar para que essa dependência que havia surgindo entre a gente começasse a diminuir. Minha tentativa de afastamento foi sutil, aos poucos fui evitando a nossa aproximação quase que constante, entretanto o que não esperava era que, mesmo com toda sutileza e cautela de minha parte, ele começasse a perceber e sentir o peso desse afastamento.
Quando Rafa, já abatido com meu afastamento, resolveu me chamar para uma conversa pude ver que o que nos ligava era algo bem maior do que poderíamos explicar, no dicionário não há palavra que explique o que surgiu entre nós, nenhum poeta, nem o mais romântico, poderia escrever versos e estrofes que simbolizariam o que sentíamos.
Quando o Rafa começou a explicar o motivo de nossa conversa já me postei a apresentar equilíbrio e controle, queria que ele visse em mim a naturalidade que eu esperava ser normal para explicar esse afastamento entre nós. Total fracasso. Diante dele e de seus argumentos eu me perco todo. Ao ouvir ele dizer que precisava de mim, que me queria junto a ele perdi todos os sentidos. Em meu corpo toda a energia que poderia ser usada para esboçar uma reação foi revertida e usada em um choro. Chorei sem saber porque, chorei calado. As lágrimas me corriam sem puder, as lágrimas não autorizadas me tomaram as faces e me perdi.
Quando, enfim, caí em mim e resolvi dizer algo ao Rafa, tudo que pude dizer foi:
- Eu te amo.
Sem reação ele me olhou, ainda confuso com o que tinha dito e com o que tinha ouvido. Sabendo que o que eu havia dito seria, no momento, um pouco excessivo, então contornei dizendo que não esperava o mesmo dele naquele momento, disse num impulso:
- Rafa, eu te amo, mas não quero lhe pressionar por isso, quero que você fique livre pra escolher estar ao meu lado ou se afastar, quero te dar todo o espaço que for necessário pra se entender consigo mesmo. Quero ter em você a confiança pra dizer o que sinto.
Rafael como sempre se mostrou calmo, porém dessa vez se mostrava mais confiante e objetivo do que outras vezes. Em seus olhos via-se uma certeza que até então era desconhecida. Suas palavras saíram como flecha em minha direção.
- Tiago, não quero que essa falta que sinto de você aumente, me ajude, fique comigo, por favor. Eu te quero.
Naquele momento me perdi, não sabia o que ele realmente queria de mim. Será que estaria ele me pedindo pra sermos mais que amigos ou estaria ele querendo passar por cima de meus sentimentos e pedindo minha amizade incondicional? Sem demorar lhe propus algo que ainda me pergunto como consegui coragem pra falar.
- Rafa, quer ficar comigo? Acha que consegue me dar uma chance?
Em seus olhos pude ver a dúvida, era nítido que a incerteza o cobria, mas o que será que o aflige tanto que teme me dar resposta?
Depois de segundos pensando, seu olhar já expressava qual seria sua resposta, mas será que eu estava preparado pra levar adiante as consequências de sua resposta?
Sem alteração de voz e expressão ele me respondeu.
- Sim, sim, sim e sim. Quero ficar com você, nesse momento é a única resposta que posso e quero lhe dar.
Nesse momento me enchi de alegria, será que estaria ele finalmente aceitando o que sinto? Sem muito pensar lhe propus um encontro, precisava de um novo ambiente pra termos um momento mais agradável e íntimo. Combinamos que naquela noite iríamos a minha casa (todos estariam viajando e poderíamos conversar a vontade).
As 19:30h, horário combinado, ele chegou, resolvemos comer algo e assistir um filme. Tanto ele quanto eu estávamos apreensivos, nós mantivemos, até então, como amigos, não falamos nada muito íntimo e nem trocamos toques mais calorosos. Durante o filme perdemos o interesse na história e começamos a conversar, tecemos elogios um ao outro, tivemos momentos descontração e, em um momento de impulso decidi lhe dar um selinho.
O selinho foi como um toque de afeto, alento, carinho... Não teve maldade, não teve sintomas de malícia, e assim ele entendeu. Depois do selinho continuamos como havíamos agido até ali, porém isso abriu espaço para novos tipos de carícias. Sentamos mais próximos, passamos a conversar de mãos dadas, quando vi já estava deitado com a cabeça em seu colo.
Tudo até ali ia indo bem, porém ainda não tinha concretizado nada, apenas aberto espaço a carícias mais íntimas, mas nesse momento ele resolve pedir pra que eu o ouça, quer que eu entenda o que se passa na cabeça dele nesse momento.
Meu coração disparou, será que ele não está a vontade? Será que pretende voltar a trás no que tinha decidido?
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Continua.

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Comentários


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todynhodasilva Comentou em 30/03/2016

Claro que votado!!! Impressionante a sua narração , lendo este conto as vezes me pego sendo um ora sendo o outro, fantástico cara. Só lhe peço uma coisa , não deixe de escrever com frequencia pois senão irei pirar. Maravilhoso....




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Ficha do conto

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Nome do conto:
A Faculdade ensina muitas coisas - Parte 3

Codigo do conto:
81093

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
29/03/2016

Quant.de Votos:
4

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