“Eu não entendo minha esposa. Pareceu-me que tinha ficado tudo bem quando eu lhe contei sobre o meu crossdressing, mas agora ela se aborrece sempre que eu menciono alguma coisa a respeito.
O que está acontecendo com ela?”
Como muitos CDs já descobriram, o caminho para uma esposa, namorada ou amiga aceitar a nossa condição de crossdressers é quase sempre muito complicado e difícil. Ao longo do percurso, quase sempre ocorrem guinadas bruscas, paradas repentinas, voltas imprevistas, e até alguns retornos ao ponto de partida.
Compreender porque acontecem esses acidentes de percurso, e o que você pode fazer para ajudá-la a superá-los, vai tornar o caminho para a aceitação muito mais fácil para vocês dois.
A primeira coisa que você tem de entender é que para todas as mulheres, exceto uma minoria muito pequena mesmo, descobrir sobre o travestismo dos seus maridos ou namorados é uma experiência muito traumática.
O grau de impacto do trauma varia consideravelmente de mulher para mulher e depende de muitos fatores, dentre os quais o modo de criação e os valores de cada uma, a vitalidade da relação do casal e a forma e as circunstâncias que rodearam essa descoberta.
Algumas mulheres recebem o impacto de modo mais natural, enquanto outras se sentem completamente devastadas pelo vendaval da descoberta. Contudo, para quase todas elas, será necessário algum esforço emocional de adaptação, antes de uma aceitação verdadeiramente plena.
Esta tarefa é comumente conhecida como enfrentamento. Em qualquer momento que haja mudança em nossas vidas, há potencialmente um sentimento de perda, e o enfrentamento é o processo de se lidar com esse sentimento de perda, de modo a podermos nos ajustar à nova situação.
“Mas o que ela perdeu?” Você pergunta. “Nada se modificou.
Ainda sou exatamente a mesma pessoa que antes”. Do seu ponto de vista, você está absolutamente correto.
Mas do ponto de vista dela, tudo agora está diferente. A imagem que ela tinha de você, as expectativas dela da relação entre vocês dois e a visão dela quanto ao futuro dessa relação – tudo passa a ser reavaliado por ela diante desta nova informação.
A perda que ela experimentou é muito real e verdadeira para ela: – é a perda do homem que ela pensou que conhecia. O enfrentamento de perdas leva tempo, e mesmo o processo sendo diferente para cada pessoa, há várias etapas que ocorrem tipicamente em todos os casos.
Este é o processo de enfrentamento que os terapeutas chamam de “As 5 Etapas do Luto”, e pode ser usado para descrever o ajuste de um indivíduo a qualquer modificação significativa que venha a ocorrer em sua vida. As 5 etapas são:
1. NEGAÇÃO – Meu marido não é verdadeiramente travesti. Esta é somente uma fase boba que ele está atravessando. Se eu ignorar essa coisa ou me recusar a tolerá-la, ela logo vai passar.
2. RAIVA – Como você pôde fazer uma coisa dessas comigo? Você obviamente está se lixando para a nossa relação e para nossa família!
3. BARGANHA – deve haver uma cura para isso. Você tem apenas que encontrar um bom terapeuta, arranjar um novo hobby, mudar de emprego ou fazer sexo comigo mais freqüentemente. Farei qualquer coisa se você para com isso!
4. DEPRESSÃO – vá em frente e faça o que você quiser. Não me importo mais com o que você faz ou deixa de fazer. É inútil.
5. ACEITAÇÃO – compreendo agora que isto é uma parte de você. Não tentarei modificar quem você é. Vamos nos esforçar para encontrar uma solução que seja aceitável para nós dois, a fim de podermos continuar juntos.
Raramente essas etapas acontecem na seqüência apresentada. Ao contrário, elas tendem a se fundir e a se sobrepor umas com as outras. Cada etapa pode durar de minutos a anos, podendo mesmo jamais ser inteiramente superada.
Além disso, o processo é recursivo, significando que uma etapa pode ser repetida inúmeras vezes antes de ser totalmente resolvida. Isto explica em parte por que uma mulher poderia parecer receptiva num determinado dia, e absolutamente hostil no dia seguinte.
Ela está enfrentando a dor e a perda de um modo inteiramente normal. Não é justo esperar que as suas emoções permaneçam estáveis, nem é saudável para ela reprimi-las. A melhor coisa que você pode fazer é manter abertas e descongestionadas todas as linhas de comunicação entre vocês dois, perguntando a ela freqüentemente como ela se está sentindo.
Somente porque ela pareceu tolerar o seu travestismo – ou até gostar dele – na semana passada, não há nenhuma garantia que ela terá o mesmo comportamento essa semana ou na semana que vem.
O que determina essas súbitas reviravoltas e o que você pode fazer para ajudá-la a superar esses momentos? De praxe, há muitas circunstâncias que podem desencadear um passo – ou muitos passos – para trás no processo de aceitação. Aqui estão alguns dos cenários mais comuns.
1. Em primeiro lugar, a aceitação inicial dela pode não ter sido inteiramente verdadeira. Quando a mulher descobre pela primeira vez que seu parceiro é um travesti, ela muitas vezes entra em estado de choque. Mas, antes de lidar com as seus próprios sentimentos, sua primeira reação pode ser o de consolar você e de lhe reassegurar sua compreensão e apoio básicos.
Ela pode achar que uma reação negativa dela o faça sentir-se rejeitado, como ela também pode temer ser rejeitada por você, caso desaprove de cara o seu comportamento. Possivelmente ela queira evitar uma discussão naquele momento, como também é possível que se sinta tão esmagada pelo furacão da descoberta que simplesmente não saiba o que dizer.
Nesse caso, o melhor mesmo é dizer que está tudo muito bem. Mais tarde, depois que ela tiver tempo para examinar todos os aspectos da questão, suas verdadeiras emoções começarão a aflorar. Por isso, você deve sempre mover-se com muito cuidado e ir bem devagar depois de comunicar-lhe os fatos, não importa quão bem ela pareça tê-los recebido.
Propicie-lhe um período de “resfriamento” antes de você começar a tirar suas coisas dos esconderijos no armário ou usar camisolas para dormir junto com ela. Apresente a ela o seu lado feminino um pouquinho de cada vez, permanecendo atento aos seus sinais, e recuando sem pestanejar ao menor sinal de desconforto mostrado por ela.
2. Ela pode aceitar o seu crossdressing no nível intelectual, mas não no nível emocional. Se os valores pessoais dela são de não-julgamento, não-discriminação e de tolerância com os outros, ela reconhecerá rapidamente que não há nada de mal em um homem querer usar roupa de mulher.
Ela entenderá que este comportamento é inofensivo e até bastante comum. Mas, apesar dessa sua forma de pensar, moderna e arejada, suas emoções poderão acabar atropelando os seus próprios passos. Uma coisa é aceitar o conceito de travestismo, outra coisa, inteiramente distinta, é aceitar que o próprio marido seja um travesti.
Este hiato entre aceitação intelectual e emocional pode ser tão confuso para ela como é para você. Seja paciente. Se ela for bem informada sobre o que é crossdressing e tiver a cabeça no lugar, suas emoções eventualmente serão expostas e debatidas com você, de maneira que vocês poderão chegar a pelo menos um consenso.
3. Ela pode sentir que os termos inicialmente combinados estejam sendo unilateralmente modificados por você. Possivelmente, ela foi tolerante de você usar calcinhas embaixo da sua roupa masculina, mas recentemente você começou a usar saias e salto alto ao redor da casa, e isso é mais do que ela pode suportar no momento.
Cada vez que o grau do seu crossdressing se intensifica, novos limites têm que ser negociados com ela. Se você não se acertar com ela primeiro, ela vai se sentir como se você estivesse movendo as traves do gol por sua conta, e toda a aprovação que ela lhe ofereceu antes pode ser retirada.
Avançar antes de que ela esteja pronta para o seu avanço fará com que ela sinta que a situação está fugindo do seu controle, e disso resultará bem provavelmente um forte aumento de resistência da parte dela.
Não há nenhum modo seguro de predizer como cada novo passo seu a afetará; algumas mulheres não se incomodam com camisolas mas não toleram esmalte; outras não se importam que você use meia-calça mas não admitem sutiãs, e muitas estão de acordo que você use roupas femininas, mas nada de perucas nem maquiagem.
O único modo de evitar violar os seus limites é falar com ela sobre eles, e escutar o que ela lhe diz, resistindo sempre ao impulso de cobrar dela maior abertura ou velocidade no seu processo de aceitação.
4. Os sentimentos dela sobre o seu crossdressing podem flutuar de acordo com o modo como ela se sente a respeito de si mesma. Quanto mais confiança uma mulher tiver em si mesma, menos ela vai se sentir ameaçada pelo lado feminino do seu parceiro.
Mas nenhuma mulher se sente bem sobre si própria o tempo inteiro. A elasticidade emocional de uma mulher pode variar, e variar de modo brusco, de acordo com as circunstâncias em que ela se encontra.
Uma briga com a mãe, um conflito com o chefe, um comentário insensível de um colega de trabalho, ou até um corte de cabelo que não a agradou, tudo isso pode fazer flutuar temporariamente para baixo a sua auto-estima e, conseqüemente, a sua sensação de auto-segurança.
Quando ela cai nessas armadilhas da mente, ela pode se tornar por demais sensível a coisas que anteriormente não a incomodavam, e velhos medos que foram aparentemente resolvidos podem voltar a todo vapor para aterrorizá-la. Como seu crossdressing é parte das preocupações dela, ela pode descobrir-se repentinamente pouco confortável com aspectos dele, passando a rejeitar coisas que antes lhes pareceram aceitáveis.
Essa não é evidentemente a hora para lembrá-la que ela não teve nenhum problema com esta mesma coisa da última vez que você a fez. Em vez disso, tente descobrir por que ela está se sentindo assim agora. Pode ser que ela somente precise de algum respaldo da sua parte.
Depois que o seu humor melhorar, as possibilidades são de que ela retorne ao seu comportamento habitual de aceitação.
Como vimos, considerando-se a maior parte de mulheres, a aceitação do crossdressing do parceiro não acontece numa progressão direta e contínua.
O processo pode ser comparado com o movimento de um pêndulo, oscilando para a frente e para trás.
Em vez de considerar essas oscilações como retrocessos, tente vê-las como sinais de crescimento e progresso.
Pode levar meses ou até anos antes de que o pêndulo se estabilize mas, com o seu apoio, sua parceira pode conseguir superar essas etapas e resolver as suas emoções dolorosas.
Uma coisa é certa. Depois da descoberta, a vida de vocês nunca será a mesma como era antes, mas você sabe por que? Porque ela pode ser ainda melhor!
O grande problema para as mulheres , não é o marido ser CD...mas a possibilidade, mesmo que remota, dele ser bi ou gay... Dela se sentir enganada...traída...passada pra trás... Pq se ela tiver a certeza que vc será a "putinha" somente dela...aí tudo se ajeita... O importante é o diálogo...aberto...franco...sempre! Bjss da Loba... 🐾🐾
AMIGO ADOREI O CONTO BEM ESCRITO DE FORMA INTELIGENTE E DE AJUDA BJOS DA LAURREN
Júnior, vc manda bem demais na escita. És psicólogo? Bjs
Li seu relato Jr, com muita atenção e respeito. Gosto, às vezes durmo de calcinha mas NUNCA ao lado dela ou que ela venha saber. Sempre às escondidas. Amo muito minha mulher e sei que ela me ama, mas jamais arriscaria a mudança das nossas conquistas juntos e da nossa vida, pois entendo que a descoberta por ela desse meu lado, trará total desconforto. Amo me sentir putinha! Por isso oculto. Betto
adorei oz dois contos traduz exatamente oque aconte mesmo conosco.
Aceitar é importante, administrar, compartilhar as vezes... eu aprendi que o orgasmo tem mais funções que lhe é atribuído. sensações fisicas fortes associados a empatia e virtualidade pode levar a satisfação da necessidade. A intensidade do orgasmo anal é a maior de todas. Reservo minhas fantasias aos momentos de masturbação anal, tambem foi um processo de aceitação conforme vc bem falou. Parabéns
Eu já coloco da seguinte forma, neste mundo ninguém e de ninguém e ninguém é obrigado a ficar com quem deixou de corresponder as suas expectativas sua última frase é muito relativa porque a vida dos dois como casal poderá ate deixar de existir alias, se o casal não vem do mundo liberal a probabilidade maior é que a relação acabe.
Parabéns pelo texto. Nunca tinha lido alguma coisa sobre isso. Achei muito interessante e de grande ajuda.
achei muito interessante as suas colocações e, apesar de não ter experiencia no assunto, acho q também se aplica ao fato de un companheiro, ou companheira, se colocar como bisexual, ou mesmo gay evidente que as reações podem ser mais intensas, mas me parece que seguem o mesmo caminho e, neste sentido valem tanto para esposas como maridos