Estava andando já durante 10 minutos a caminho do trabalho. A paisagem de um tom claro e com algumas nuvens, de repente, da lugar a um tempo abafado de nuvens cinzentas pairando como um mal pressagio sobre minha cabeça.
Esse era o tipo de situação pouco recorrente por aqui, em Sunnyville, onde o Sol torrava as costas das pessoas e matava um ou outro velhinho de 80 anos desprevenido no calçadão da praia.
Olhei rapidamente para cima, rezando, muito embora eu não tenha religião, para que algum santo da chuva me permitisse chegar ao trabalho limpo e seco. O cheiro de chuva se intensificou nos próximos 5 minutos e, inevitavelmente, acabei chegando encharcado no local de trabalho.
Ok, admito que eu estava patético com minha roupa social colando no corpo e os malditos sapatos de "couro"- segundo a funcionaria da loja de sapatos da região - guinchando a cada passo que eu dava, enquanto me dirigia a recepção do hospital Cura D'Ars.
Assim que me viu, Ângela, a recepcionista do dia, veio rapidamente ao meu socorro com um monte de papel toalha, que eu não me fiz de rogado e acabei usando para secar o que deu, o rosto e os braços expostos.
- Ta um tempo estranho hoje...- Disse ela me passando mais um papel toalha.
- É verdade, do nada começou um temporal. - disse dando meu melhor sorriso que a situação permitia - Obrigado, Ângela.
- Por nada - ela sorriu e voltou ao seu lugar.
Antes de prosseguir para a minha sala, perguntei a ela se ja havia chegado algum paciente para eu atender, ao que ela respondeu que não. Agradeci mentalmente, não gostava de fazer ninguem esperar muito, mas eu tinha que trocar de roupas.
Peguei o elevador para o segundo andar, onde ficava minha sala, e fui direto para o pequeno banheiro particular, onde me troquei e coloquei meu jaleco branquinho.
Tinha conquistado com muito esforço pessoal aquela vestimenta, tive que fazer muitos sacrifícios, que hoje vejo que valeu muitoa pena. Era a primeira semana que eu vestia aquele jaleco e ja me sentia muito dono de mim, independente, como se diz.
Estava olhando fixamente para uma fotografia comprada em uma loja de souvenires, em que um casal alegre com sorriso Colgate me encarava como se eu fizesse a minima ideia de quem eles eram. Um toque suave do telefone me despertou daquele transe.
- Dr. Griffin, acabou de chegar um paciente...- era Ângela
- Pode pedir para entrar, por favor - interrompi - obrigado.
- Ok, por nada.
Alguns segundos depois a porta se abre e entra um homem que eu classificaria como robusto. Tinha uma barba definida no rosto e um corpo de quarentão conservado, notadamente musculoso. Seus olhos e cabelos eram castanho suave.
- Olá, Dr. Griffin, - falou ele antes de mim - vim aqui somente porque minha mulher insistiu, então nem pense em me prescrever exames nem nada do tipo.
Sustentei seu olhar por um segundo antes de pensar no que diria, nunca havia pegando um caso assim essa semana.
- Sr. Fox ,- disse, lançando meu melhor olhar profissional - pelo que vi na sua ficha você esta tendo algumas dores abdominais... - parei e olhei a tela do computador- com reincidencia.
Ele olhou nervosamente para baixo.
- Posso estar enganado, mas pode ser calculo renal, ja que consta aqui que o Sr. tem histórico familiar com o mesmo problema. - Pensei rapidamente antes que ele me interrompesse - Mas como não tenho certeza vou ter que pedir que faça uma TC com contraste.
Vi o espanto no seu olhar, ele se mexeu,desconfortalvel, em sua cadeira e logo protestou.
- NÃo vou fazer exames, ja disse.
- NÃo há nada de perigoso ou desconfortalvel nesse tipo de exame, Sr. Fox. Mesmo que so tenha vindo aqui obrigado, te garanto que não ira lhe custar nada, a não ser um pouco do seu tempo.
Alguma coisa em seu semblante mudou quando falei estas palavras. De repente ele estava pensativo, como se cogitasse algo.
- Tudo bem - enfim falou - mas não quero que ninguem saiba, exijo o tal do sigilo médico.
- NÃo se preocupe, qualquer profissional da saude tem a obrigação de manter sigilo, mesmo que o paciente não peça - esclareci de prontidão.
O alivio estampou - se na sua cara, constatei de bom grado. Escrevi rapidamente a requisição da TC com contraste e o entreguei, apontando alguns locais bons para fazer - lo.
- Se é somente isso, ja vou indo, obrigado, Dr...
- NÃo, desculpa, - disse rapidamente - mas como sou urologista é procedimento padrão o exame corporal no caso de dores abdominais, pois ate onde se sabe pode ser o apêndice inflamado, ou algo pior. Deite -se ali - Apontei a maca encolhida a parede oposta à porta.
Ele deitou - se calmamente e pude ver que ele era maior do que eu pensei. Suas pernas sobravam um pouco e seus enormes braços mal cabiam na estreitura da maca.
Tire a blusa, por favor - pedi educado. Isso sempre me rendia alguns apelidinhos bestas por parte dos amigos zueros, que diziam que eu era Buda na outra encarnação - puxe a calça um pouco mais pra baixo também.
Logo ele estava seminu na minha frente. Fiquei um pouco tenso de imediato, a nudez nunca me incomodora tanto, embora eu fosse urologista e ja tivesse visto visto inumeros corpos.
Mesmo tenso, foquei no que estava fazendo. Percorria seu corpo quente e firme com as mãos, pressionando os musculos de seu quadril aqui e ali. Passei para a parte pelvica, e dai pude notar que não somente eu estava tendo reações estranhas hoje. Havia um volume se formando logo abaixo que sua calça não desfarçava muito bem.
Senti seus olhos antes fixos no teto, me inspecionando cautelosamente, enquanto eu apalpava seu abdómen
Minha respiração ficou irregular e meu coração bateu mais forte. Eu estava consumido em tesão por aquele paciente, e para não prolongar aquilo tratei de ser mais eficiente no que fazia. Constei, aliviado, que ele não tinha nada de inflamado naquela area e logo me virei para minha mesa. Escrevi na sua ficha que não tinha nada de errado, segundo meu exame, e me virei para ele.
O Sr. Fox estava a centimentros de mim, seus olhos castanhos claros me fitavam com interesse. Seu abdómen definido estava exposto ainda e sua calça quase revelava aquele volume em sua cueca branca.
- Muito obrigado, Dr. Griffin - falou ele ja ajeitando suas roupas - vou fazer os exames sim, e trago eles na proxima semana. Teria algum numero que eu possa contactar caso haja algum problema?
- Na verdade, sim - Me virei, procurando nervoso o cartão com meu numero celular exclusivo para pacientes - aqui está, Sr. Fox
Entreguei - lhe o cartão, ficando menos tenso ao ve - lo vestido.
- A propósito, meu nome é Jeremy. - sorriu ele - Não me chame de Sr., por favor.
- Ok, Jeremy... - pensei em dizer algo mais, mas sem certeza - Pode me chamar de Leon apenas.
Ele acenou com a cabeça e saiu, mas antes que fosse tarde demais gritei seu nome: - Jeremy, seus remédios - fui logo escrevendo uma receita - vou passar Buscopan para você, caso sinta muita dor.
- Obrigado, Leon - respondeu - ate a próxima.
Fiquei parado no meio do corredor , proximo a porta, olhando estupefato aquele homem que havia despertado algo em mim que eu reneguei por muito tempo.
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