Irmão também serve pra isso - 4 é par? - Cap 16 + 1



Conto ficcional

Fiquei meio tonto com aquela pancada que recebi na cabeça e precisei sentar no chão para não cair. Mesmo tonto ouvi painho dizer:

- Você não vai matar meu filho!

Eu não consegui ver direito, mas Seu Rui tentou acertar a perna de Carlos com uma cadeira de ferro dobrável que tinha no bar. Após isso os dois entraram em luta corporal. Seu Carlos é uns 15 anos mais velho que painho, mas nem por isso era mais fraco.

Os dois começaram a trocar socos, empurrões, chutes e todo tipo de golpe, cada tentativa de um golpear o outro era acompanhada de uma frase, o diálogo era mais ou menos assim:

- Seu ingrato, você deveria me agradecer por tudo que fiz pra você.

- Não vou te agradecer por tentar matar meu filho.

- Esse viado nem é teu filho.

- É meu filho sim, eu que criei, ele tem meu sobrenome, todo meu sacrifício foi pra ver ele bem.

- Para de graça. Se esse baitola sair daqui a cidade toda vai saber o que a gente faz.

- E você está com medo da cidade saber que você é um baitola também?

- Eu não sou baitola!

- Quem dá o cu é o que?

- Eu sinto prazer no furico, mas não beijo homem!

- Vamos ver o que o povo vai achar disso!

- Você está me ameaçando? Logo eu que sempre cuidei de você, sempre te protegi. Eu paguei suas dívidas, você me deve mais de 500 mil só pelo hospital do moleque aí que você está tentando defender.

- 500 mil? Continuem que estou adorando ouvir como um homem de seus 50 anos está sendo enrolado. (Era a voz de Clarice falando.).

- Como assim eu estou sendo enrolado? (Painho perguntou.).

- Cala a boca sua aberração do inferno. Achou pouco as matérias que plantei contra você nos jornais daqui? Posso fazer bem pior se você não colar a boca. (Eu ainda estava confuso e sentindo um líquido escorrer pela minha nuca, mas ouvia claramente aquela ameaça de Carlos.).

- Querido, suas matérias foram apenas propaganda para meu bar, meu novo público é mil vezes melhor.

- Por favor me expliquem em que estou sendo enganado.

- Tudo bem que a conta do hospital é alta, eles cobram até pelo algodão que usam, mas não deve passar do 5 ou 10 mil e olhe lá, isso no caso de Miguel que precisou até de consulta com psicóloga, lavagem estomacal, alimentação especial, aí essas coisas vão somando valor. Rui, você viu a fatura, olhou os prontuários médicos?

- Eu confiei nesse desgraçado. Mas isso não vai ficar assim.

Nessa hora painho voo pra cima de Seu Carlos, mas o mais velho foi mais rápido e desviou, fazendo painho cair por cima de algumas mesas. Clarice foi pra cima dele e o empurrou contra a parede, fazendo ele cair no chão também. Quando Clarice deu as costas e veio ver como eu estava, achando que Carlos estaria no chão, ouvimos ele falar:

- Agora chega. Vou matar os três.

O ex patrão de André falou aquilo apontando uma arma para nossas cabeças. Ele fez nós três ficarmos próximos um ao outro e começou a falar, apontando uma arma para nossas cabeças:

- Eu não sou uma pessoa ruim. Tudo o que eu quero é poder viver em paz, mas ninguém quer deixar, vocês não querem deixar. Rui, você poderia ter uma vida de rei se vivesse comigo, mas você quer ficar preso nessa merda de família. Eu nunca quis seu amor, só queria seu prazer, bastava tomar um remedinho e me comer para o resto da vida. Mas você é um ingrato. Depois de tudo o que eu fiz por você, tudo o que eu gastei por você. Eu poderia ter te dado esse dinheiro todo, poderia bancar uma vida de luxo. Mas agora já era, você vai morrer hoje. E vocês dois vão morrer também, como queima de arquivo.

Fechei os olhos esperando os tiros, mas o que ouvi foi a voz do delegado Daniel falando:

- Senhor Carlos Queiroga, o senhor está cercado. Jogue a arma no chão e levante as mãos sem fazer movimentos bruscos.

Carlos nos olhou com um olhar mortal, mas não desobedeceu o delegado. Eu e painho fomos levados as pressas para o hospital, eu para o particular, pago por Clarice, e painho para o público. Enquanto Carlos e Clarice foram conduzidos para delegacia, ele na condição de acusado e ela de testemunha.

Dormi por algumas horas, devido a medicação e quando acordei estava novamente no mesmo quarto da outra vez. Mainha e André estavam comigo. André segurava uma de minhas mãos e mainha segurava a outra. Assim que eles viram que eu estava consciente mainha já foi logo falando:

- Meu filho me perdoa. Isso tudo é culpa minha. Se eu não tivesse contado para Carlos o que vi ele nunca teria tentado te matar. Eu nunca pensei que ele faria isso de verdade, a morte não é a solução, se você morresse em pecado iria para o inferno, nenhum cristão de verdade quer isso. Mi, eu juro que só quero seu melhor, se o seu melhor for viver sendo gay eu aceito, só quero poder ter meu filho ao meu lado. O que eu posso fazer pra você me perdoar? (Ela falava tão rápido que isso foi o que capitei das muitas coisas que ela falou, mas a fala dela foi bem maior.).

- André, mainha ainda não sabe o que aconteceu?

- Ainda não. Isso é assunto pra família toda. Por falar nisso, Andrea quer espalhar os vídeos, só está esperando sua aprovação, mas ela disse que se você não
aprovar espalhar da forma que está ela vai editar cobrindo o rosto de painho e espalhar assim mesmo.

- Essa decisão de espalhar os vídeos é de mainha.

- Meninos eu estou confusa, o que está acontecendo? Me digam agora.

- Primeira coisa que a senhora vai fazer por mim é deixar de curiosidade e esperar o momento certo para conversar. A segunda coisa é não sair de perto de mim e não olhar o celular. André, chama Seu Rui por favor.

- Ele foi medicado e agora deve estar dando depoimento.

- Então pede pra Andrea esperar um tempo e avisa que mainha quem vai tomar a decisão, em respeito ao nome dela que será envolvido por esse povo fofoqueiro. André, eu te amo. E é muito bom poder dizer isso novamente.

- Também te amo Mi, muito, mas que a mim mesmo.

Eu queria beijar muito meu irmão naquele momento, mas mainha já estava muito confusa com muitas coisas daquela conversa e estava de olho na gente. André saiu para fazer o que eu pedi, mas antes de sair deu um beijo em minha testa.

Tive que esperar algumas horas até painho chegar. Eu sabia que aquela conversa séria tensa. Quando ele chegou ao quarto que eu estava sua aparência estava péssima, nunca vi painho assim. Mainha estava nervosa e já foi perguntando:

- Pronto. Esperei pacientemente até agora, podem me contar agora. O que realmente está acontecendo?

- Ângela, meu amor, me perdoa? Por favor. Eu te amo muito, tudo o que fiz foi por nós.

- O que exatamente você fez? (Eu e André apenas observávamos a cena.).

- Meu amor, eu comia o Carlos para pagar as dívidas que eu tinha com ele. Mas eu não sinto tesão em homem, eu tinha sempre que tomar ... (Mainha interrompeu.).

- Há quanto tempo você faz isso?

- Me perdoa!

- Quando tempo Rui?

- Desde que fiquei desempregado e o banco tomou nossa casa. (Painho falava de cabeça baixa.).

- Você me traiu por esse tempo todo? (A voz de mainha não demonstrava irritação e sim decepção.).

- Me perdoa meu amor! (Essa conversa toda me lembrava a minha conversa com André naquele mesmo quarto de hospital.).

- Rui, saia da minha casa, eu não quero mais olhar na sua cara, não quero mais saber de você. Você levou anos jogando meus erros na minha cara, enquanto me traia com um homem. Você matou o amor e a admiração que eu tinha por você.

Painho saiu daquele hospital de cabeça baixa, eu e André abraçamos mainha, fiquei com pena de painho e mandei mensagem pra Dona Clarice pedindo que ela me alugasse uma casa simples para painho ficar enquanto mainha não perdoasse ele, pois eu tinha certeza que ela não saberia viver sem ele, os dois se amavam muito, era questão de tempo pra ela aceitar ele de volta. Minha amiga, como sempre, foi um anjo em minha vida e alugou para painho uma casa que já tinha alguns poucos móveis.

Ainda tinha mais uma coisa pra resolver, a gravação. Andrea me mandou mensagem o dia todo querendo saber se era enviar ou não. Então perguntei a Dona Ângela.

- Mainha, falta um assunto ainda.

- Tem mais coisas Miguel?

- Só mais uma: quando eu cheguei no bar gravei painho comendo seu Carlos e mandei para Andrea por segurança, agora ela quer divulgar para cidade inteira como vingança por Carlos ter atropelado Samuel. Mas a decisão é tua, o povo da cidade pode acabar falando mal da senhora também, por isso estou segurando a informação.

- Deixa eu ver a gravação primeiro.

Entreguei meu celular pra ela e ela ficou vendo o vídeo. Era difícil decifrar as reações e expressões de mainha ao assistir, era uma mistura de dor, raiva, tristeza, decepção e tesão. Sim, tesão. Eu conhecia bem uma expressão de tesão e posso afirmar que tinha muito tesão naquela face. Ela assistiu umas três vezes seguidas e autorizou divulgar os vídeos.

Mandei mensagem para Andrea dizendo que poderia divulgar e rapidamente já estavam em praticamente todos os celulares da cidade. Quem não tinha os vídeos tinha prints do vídeos ou leu algumas matérias dos jornais e blogs daqui da cidade informando o caso. Foi o assunto do mês.

Painho praticamente não saia na rua, de vergonha, eu levava comida pronta pra ele todos os dias e comprar biscoitos pra ele comer no café da manhã e jantar. Eu não vi a reação de seu Carlos ao saber, mas imagino que ele tenha surtado. Já mainha andava pela cidade de cabeça erguida, ignorando os olhares e comentários.

No dia do aniversário de André a gente não comemorou, pois não tinha clima para isso, mas a noite Andrea nos ligou para falar algo que havia feito dois dias depois que Carlos foi detido. Essa parte que vou relatar agora eu não estava presente e só fiquei sabendo pela boca da própria Andrea.

***

Andrea cobrou uns favores que alguns policiais deviam a ela e fez com que eles levassem Seu Carlos encapuzado até um matagal um pouco distante da cidade. Quando ele chegou lá e tiraram o capuz da cabeça dele minha amiga estava lá e já foi falando:

- Você pensou mesmo que eu ia deixar você tentar matar meu irmão e sair sem uma boa lição? Você não sabe com quem mexeu.

- Vai me matar? (Carlos perguntou.).

- Infelizmente não. Meus amigos são da turma do perdão, mas eu sou da turma da mágoa.

- Vai fazer o que comigo?

- Vou te fazer aprender a não mexer com meus amigos, muito menos com meu irmão. Não somos mais dois moradores de rua indefesos, fiz muitos amigos nessa cidade.

- Você é uma vadia qualquer, que pensa que tem algum poder, mas você não é nada. Você não vai me matar porque não tem coragem.

- Carlos, meu caro. Bem que Miguel falou que te desmoralizar perante a cidade era melhor que te matar. Você está aí implorando para morrer. Meus queridos amigos, assim que eu sair vocês comecem o show, podem bater a vontade, mas não deixem marcas. Para todos os efeitos ele já está machucado da briga e eu não quero que vocês fiquem mal com o delegado, esse novato gosta de seguir a lei.

- Você não vai assistir? (Perguntou um dos policiais.).

- Infelizmente não tenho estômago para ver esse tipo de cena, vocês sabem que gosto da paz, mas não mexam com meu irmão.

***

Ouvir aquele relato me perturbou um pouco. Andrea parecia arrependida do que fez, disse que fez na hora da raiva e por pressão de alguns amigos, mas eu fiquei preocupado. Naquela noite não dormir direito e assim que amanheceu eu liguei para o delegado.

- Daniel, tem alguma chance dele não ser condenado ou pegar uma pena branda.

- Não. Chance nenhuma. Ele não é réu primário. Já foi condenado por assassinato antes, em uma averiguação muito mal feita, melhor dizendo: em uma averiguação feita para beneficia-lo. Mas isso é outra história. Da outra vez ele só pegou serviços sociais, que provavelmente não cumpriu, pois não tem registro de fiscalização adequada. Mas dessa vez eu não vou deixar passar nenhum detalhe.

- Como eu não sabia que ele é um assassino?

- Que isso fique entre nós Miguel, não posso sair por aí falando dos casos do antigo delegado.

- Tudo bem, vai ficar entre nós.

- Está preenchido como acidente de trânsito e o caso como homicídio culposo, mas a descrição está estranha, não condiz com as fotos dos veículos envolvidos no tal acidente, nem com a estrada, não tem teste do bafômetro, o local tem radar, mas não foi anexado nenhuma infração de velocidade. Nada para justificar um acidente de trânsito comum.

- Quem foi a vítima?

- Uma travestir que atendia por nome de princesa da noite. Sei que não se fala nome antigo, mas você pode saber alguma pista. O nome de batismo dela era Jorge Souza Santos. (Eu gelei completamente.).

- Não é possível que seja a mesma pessoa! Jorge é o nome do meu tio que se suicidou, Souza é o sobrenome da mãe de mainha, sobrenome que mainha não usa mais, e Santos é o sobrenome do pai de mainha. Será que é a mesma pessoa?

- Essa travestir faleceu faz cinco anos apenas. O caso é totalmente sigiloso, nem foi registrado aqui na cidade, foi em outra cidade próxima, por causa do local do acidente.

- Não é possível. É muita coincidência. Investiga por favor, Daniel. Pode ser que não tenha sido um simples acidente e sim uma queima de arquivo ou vingança.

- Por que Carlos mataria seu tio? Ou tia, desculpe, ainda estou tentando adequar a linguagem.

- Todos dessa cidade já sabem, mas o senhor é novo aqui. Tio Jorge fez mal pra mim ...

- Não precisa falar mais nada, vou investigar esse caso a fundo. Mas não se preocupe, mesmo sem isso ele não escapa da condenação, sua amiga reuniu muitas provas contra ele, de diversos crimes, a tentativa de homicídio contra Samuel foi gravada por uma câmera de segurança, mostra bem o rosto dele dirigindo, e a contra você eu dei flagrante.

Com aquela conversa eu fiquei tranquilo em relação a Carlos, mas curioso pra saber se meu tio realmente tinha morrido quando se jogou da janela ou se continuou vivo e fugiu.

Algum tempo se passou, tudo voltou ao normal. Carlos precisou vender o ponto do bar antes que a justiça tomasse dele e o comprador contratou painho e André pra trabalharem lá. Eram dias de paz. A gente conseguia viajar todos juntos algumas vezes por mês. Sempre íamos eu, André, Samuel e Nando, mas as vezes a gente conseguia arrastar Andrea e até Dona Clarice e até a ex esposa de Clarice.

Na véspera do meu aniversário de 20 anos decidimos ir todos para Salvador, comemorar lá. Conseguimos arrastar toda a turma, Clarice ainda levou um homem que ela estava conhecendo. Nos dividimos em duas turmas: eu, André, Samu e Nando ficamos na casa de Augusto, tio de Nando, já Clarice, o novo namorado, a ex e Andrea dividiram um apartamento mobiliado alugado por Clarice na mesma rua.

Assim que chegamos em Salvador eu puxei André para conversar, já estava na hora da gente delimitar algumas coisas em nosso relacionamento.

- Amor, preciso falar com você, antes da gente sair pra curtir.

- Adoro quando você me chama de amor, não ouço mais nada.

- Foco. Eu sei que somos jovens, estamos conhecendo o mundo, nos amamos e tal...

- Onde você quer chegar? Eu não quero conhecer o mundo, quero conhecer seu mundo, seu corpo, seu cu, cada vez mais fundo... (André já foi falando e me agarrando.).

- Você está deliciosamente safado, mas é sobre isso que quero falar...

- Mi, você quer conhecer outras pessoas? Posso te liberar, se você prometer sempre estar disposto a ficar comigo. Era assim com Samuel, mas no nosso caso eu ia morrer se você me contasse algo...

- André, deixa eu terminar. Eu não quero ficar com mais ninguém, além de você. E não quero que você fique com mais ninguém, além de mim. Nem mesmo com Samu. Pelo menos por agora vamos ser um casal monogâmico? Depois a gente conversa e rever.

A resposta dele foi me agarrar e me beijar. A empolgação foi tão grande que André me comeu ali mesmo, com risco de alguém entrar no quarto, pois compartilhávamos o quarto com Samuel e Nando. Fizemos uma rapidinha deliciosa.

- Você não me respondeu, sobre sermos somente eu e você.

- É tudo o que eu mais quero, tenho ciúmes até mesmo de você e Samu, olhe que eu sei que Samuel só quer seu corpo e nada mais, imagine ti ver com outro cara, eu morreria. Mas nunca quis ser o macho escroto que determina as coisas no relacionamento.

- Aí meu amor, você precisa se impor um pouco mais na vida. Eu sou meio controlador, se você não disser o que quer eu vou controlar o relacionamento do meu jeito.

- Eu amo seu jeito, pode controlar tudo, pode me controlar, me dominar do jeito que quiser. Mas relaxa, vou tentar falar mais o que penso e ser mais firme. Te amo muito.

Aquela noite foi maravilhosa, fomos a uma boate em Salvador e tudo estava perfeito. Tirando um momento que Clarice precisou resolver um problema do bar, pois quem ela deixou como responsável não tinha lá muita firmeza para os negócios. Andrea também não parou muito conosco, estava sempre de conversas ao telefone, ela só pensava em negócios, em resolver questões na capital baiana, se eu não soubesse que isso era muito importante pra ela estaria com raiva por ela não estar me dando atenção na comemoração do meu aniversário.

Fizeram uma surpresa pra mim quando deu meia noite, no estacionamento da boate, levaram um bolo de aniversário feito por mainha e alguns salgados. Foi realmente uma surpresa, o bolo deveria estar com Clarice, pois no carro que viajei não tinha como ter ido. Recebi uma ligação de mainha e painho, os dois estavam juntos a meia noite lá em casa, com certeza já estavam reatando o casamento, uma vez que não se divorciaram legalmente.

Na ligação eles diziam o quanto me amavam e estavam se esforçando para aceitar que eu e André éramos gays, painho ainda falou que aquilo não era o que ele queria para nosso futuro, mas não iria se intrometer mais. Ainda na boate Samuel me chamou pra conversar:

- Amigo, preciso ficar com Nan.

- Quem é Nan?

- O Nandinho. Aff. Tu é lerdo viu.

- Desculpa, tô meio bêbado já. Vai lá e chega nele.

- Tu acha que não já tentei? Mas ele não me deixa avançar. Será que ele é passivo também? Mas se for não me importa. A gente bate cu e faz uma mão amiga até gozar. Eu tô doidinho nele. Preciso sentir o sabor daquela boca, com ele querendo isso também né.

- Como assim Samuel? Você já tentou agarrar Nando?

- Claro que sim Mi. Aquele menino é perfeito em tudo, eu nem penso nele só de forma sexual, eu quero envelhecer dando pra ele, ou batendo uma com ele, que seja. Mas precisa ser com ele. Ele já me deu banho, me viu de pau duro e não tentou nada. Será que ele não é gay? Olha, precisa ser muito hétero pra não querer me beijar.

- Isso é uma coisa só dele, mas acho que ele é gay sim, só não é tão sexual. Posso ver, mas com certeza ele não é tipo que goste de ser atacado, se é que alguém gosta disso.

- Eu sei que não foi legal, mas eu já tô surtando. Ele não me dá papo. Tenta um 4 é par com ele.

- 4 é par?

- Dois amigos chegando em dois amigos. Eu e você chegando nele e em André.

- Ah, vou lá fazer a ponte.

Fui lá falar com Nando, André estava conversando com ele.

- Boa noite meninos, você vêm sempre aqui?

- Boa noite delícia, só quando você vem. (André respondeu.).

- Ótimo! Já achei meu par da noite. Era você mesmo que eu queria.

- Vocês dois são divertidos. (Falou Nando.).

- Eu tenho um amigo que está muito interessando em você. Será que rola? Podemos fazer um 4 é par.

- Miguel, Samuel só quer saber de sexo e eu não quero me machucar com esse assunto, pois não quero alguém só por sexo.

- Ok. Personagens desfeitos com sucesso.

- Eu estava adorando fantasiar com você. (André falou e já foi me agarrando, adorei ouvir ele me contar um gosto dele sem que eu precisasse perguntar.).

- Eu também amor. Já achamos outra fantasia pra fazer depois. Mas deixa eu resolver isso primeiro. Nando, você sente algo por ele?

- Sinto, até sinto. Estou me apaixonando. Mas desde que conheci Samuel já vi ele sair com tantos homens que nem consigo contar, fora vocês dois.

- Hoje ele me disse que quer passar o resto da vida com você. Disse da forma dele, ele é sexual. Mas segundo ele você pode até ser passivo que ele não liga.

- Eu sou ativo, mas não sei se vale apena.

- Amigo, se arrisca. Caso ele te machuque eu vou estar aqui pra te ajudar.

- Tudo bem. Vamos de 4 é par então.

Chamei Samu e ele veio todo contente. Ficamos os quatro ali, eu beijava muito André e Samuel beijava muito Fernando. Foi a noite toda assim, entre beijos e bebidas. Nós quatro fomos para casa antes do resto do povo, a gente estava um pouco alto, mas conscientes.

Fizemos a loucura de nós agarrar dentro do Uber, mas não deu problema. Chegando na casa nós quatro fomos direto para o quarto. Todos queriam a mesma coisa e não queríamos ser interrompidos por Augusto. Então decidimos que não teria problema um ver o outro transar, pois somos todos amigos sem frescura, mas seria cada um com seu parceiro.

Comecei beijando André, nosso beijo era cada vez melhor, nossa cumplicidade era perfeita. Nosso corpo conversava sem a gente precisar dizer uma palavra. Ao nosso lado Samuel e Nando também se beijavam.

Eu e André tiramos nossa roupa as pressas, pois o desejo era grande. Já fui chupando aquele pau que eu já considerava como meu, era uma extensão do meu corpo, minha propriedade. E que propriedade! Eu não cansava de chupar meu irmão e ouvir ele gemer com aqueles gemidos graves que eu tanto amava.

Fomos tirados do nosso transe sexual ao ouvir Samuel falar "porra!", com bastante ênfase. Quando olhamos para o lado vimos o motivo: Nando tinha metido com tudo no cu de Samuel, que estava de 4 sobre a cama de casal, e o pau dele parecia ser muito grosso. A sorte dos dois era que Samuel adorava um sexo mais intenso e até de dupla penetração ele gostava.

Ao ver a cena André me colocou de quatro ao lado de Samuel e meteu fundo também. Delirei de prazer, duplamente. Um por estar dando para o amor da minha vida e o outro por ver um pornô ao vivo.

Fernando e André eram máquinas do sexo. Meu namorado sabia me dar prazer na medida certa, metendo rápido e fundo, puxando meu cabelo e beijando minha boca sem parar de meter um minuto sequer. Nando também parecia estar dando bastante prazer para Samu, pois os gemidos dos dois eram intensos e eu conhecia muito bem os gemidos de Samuel, sabia dizer que aquele tom de gemido saia naturalmente quando ele sentia muito prazer.

Eu decidi cavalgar em meu macho e Samuel fez o mesmo em Nando. Coloquei André deitado na cama e fui descendo devagar, já Samu desceu com tudo em Nando, arrancando dele um gemido alto de prazer. Eu descia e subia, quicava rápido em André. Meus gemidos preenchiam o quarto. Nossas conversas safadas se misturavam, quem ouvisse de fora não saberia quem estava transando com quem, nosso prazer era tanto que era capaz de nem a gente saber dizer quem disse o que naquele momento.

- Ah delícia!

- Quica safado!

- Me come com tudo!

- Rebola pra mim!

- Que pau é esse! Perfeito!

- Vou te arrombar todinho!

- Me arromba que eu adoro!

- Seu cu é delicioso!

- É todo seu, sou todo seu!

- Tu gosta disso é?

- Adoro!

- Gosta de receber no cu?

- Só se for com intensidade!

- Senta gostoso vai!

- Mexe esse pau no meu cu vai!

Todas aquelas frases conectadas que nós quatro estávamos falando nos excitava ainda mais. Como a gente estava quase gozando eu decidi gozar na posição que mais gosto: frango assado, enquanto Samuel ficou de ladinho esperando pelo pau de Nando.

André metia em meu cu enquanto me beijava e eu arranjava suas costas. Minha visão da foda ao lado era perfeita, Samuel e Fernando agora pareciam estar em um outro ritmo, estavam mais românticos, beijando muito enquanto transavam.

André enfiou fundo em meu cu, deu uma rebolada com o pau ainda dentro de mim e gozou. Como eu ainda não tinha gozado ele veio me chupar e eu gozei na boca dele. Nossos dois amigos também gozaram. Caímos os quatro sorrindo exaustos naquela cama, André por cima de mim e Samuel ao lado de Nando.

Aquele foi meu melhor aniversário até hoje. Me senti amado, protegido, aceito, querido e desejado. Era tudo o que eu mais queria. A semana ganhou mais sabor e até os clientes chatos do bar não incomodavam tanto. Meu sorriso era visível.

Duas semana depois a gente repetiu aquela foda do meu aniversário, mas dessa vez no quarto de Samuel. Nós quatro adorávamos nos exibir uns aos outros, mas sem nos tocar. Foi tão intenso quanto da primeira vez, mas agora Samuel e Fernando já tinham mais intimidade, os dois não se desgrudavam mais, a família de Nando já estava até preocupada, já que Samu tinha fama na cidade por causa das fofocas de Carlos. Quando Samuel e André saíram do quarto, André para tomar banho e Samu pra falar ao telefone, eu e Nando começamos a conversar, eu disse:

- Pensei que você não gostasse de sexo, estou me surpreendendo.

- Ah amigo, não sei explicar. Normalmente não sinto vontade, mas com Samu eu sinto. Samu é inteligente, autêntico, sincero, divertido, tem um coração enorme... É muito além de vontade de transar, com ele eu quero tudo, sexo é só um bônus e me exibir pra vocês é outro.

- Nando, será que você não é Demissexual?

- Logo você querendo me encaixar em uma caixinha? Não estou te entendendo.

- Verdade. Desculpa. O importante é você ser feliz com ele.

- Sem problema. Eu só nunca pesquisei a fundo sobre isso, esse sou eu e ponto final, a única coisa que já pesquisei é se é normal não ter tanto fogo igual vocês têm fora da cama e eu vi que é. Se bem que com Samuel eu tenho muito fogo, na cama, fora da cama. Antes dele eu só senti desejo por dois homens na vida e só transei com um deles, não costumo nem ter desejo nos famosos como todo mundo tem.

- Safado! É tão estranho te chamar de safado kkkkkkkkk

- Besta! Posso pedir uma coisa pra você? Eu já até falei com Samuel sobre isso.

- Claro, somos amigos. Pode pedir o que quiser.

- Vocês poderiam deixar o Samuel só pra mim? Não tenho a mente aberta pra isso.

- Claro. Eu e André já fechamos o relacionamento, vocês sabem, nosso corpo não encosta em mais ninguém de forma sexual.

- Calma. Eu queria um favor antes.

- Qual favor?

- Ele pediu pra transar uma última vez com vocês dois ao mesmo tempo. Uma foda de despedida, como ele falou.

- Eu e André já tínhamos fechado nosso relacionamento. Mas vou ver e aviso vocês. Você está bem com isso?

- Sim. Ainda não temos um relacionamento sério, então somos livres e a história de vocês merece um fim digno. Melhor encerar de vez do que deixar as coisas sem um ponto final. Estamos só esperando Andrea tomar algumas decisões sobre negócios pra assumir um relacionamento.

Passados alguns dias a gente estava reunido no bar de Clarice quando Andrea nos comunicou que abriria um negócio em Salvador, já estava tudo certo para inaugurar ainda aquele mês, e se mudaria para lá com Samuel.

Fernando também moraria em Salvador e terminaria seu curso de direito lá. Ele moraria na mesma rua que Samuel, porém moraria com o tio. Fiquei feliz por meus amigos, mas sentiria falta deles, não seria a mesma coisa sem eles na cidade. Então lembrei da conversa com Nando e fui para um canto falar com André sobre a proposta.

- Amor, Nando veio falar comigo sobre algo.

- Eu sei. Eu e Samuel ouvimos a conversa toda.

- Sacanas! E então? Eu sei que eu que falei sobre não transar mais com Samu, mas fiquei na dúvida. Também acho importante encerrar nossa história, principalmente a história de vocês dois.

- Samuel é bom de cama. Podemos fazer disso nossa despedida de solteiro.

- Como assim despedida de solteiro?

- Miguel dos Santos e Santos, aceita se casar comigo e ser só meu para o resto de sua vida? (Ele falou ajoelhando e estendendo uma caixinha para mim.).

- Claro que eu aceito meu amor. Mas somos irmãos, como vamos nos casar? (Peguei a caixinha.).

- Perdi esse detalhe, só lembrei que te amo e te quero pra sempre, mas a gente não precisa de um papel para estarmos casados. Vamos morar juntos, só nós dois?

- Claro meu lindo. (Coloquei o anel no dedo dele e ele no meu.).

Aquela noite a gente fez um delicioso amor em nosso quarto, mas ao final fomos flagrados por nossos pais. Vimos eles parados na porta e André me falou, muito assustado:

- E agora Miguel, o que a gente faz?

CONTINUA!!!

Desculpem se ficou muito grande e se teve muitos erros. Meu tempo está curto e algumas coisas que eram para estar no capítulo anterior eu tive que transferir para esse. Me contem o que acharam do capítulo? Qual será a reação dos pais de Miguel e André? Eu penso sobre isso desde que comecei a escrever o conto. E será que essa travestir que Carlos acabou matando era Jorge que se descobriu trans antes de morrer?


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Comentários


foto perfil usuario vamps23

vamps23 Comentou em 16/08/2021

Muito bom conto como sempre, finalmente estamos vendo os desfechos de cada personagem e estou adorando cada um




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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico danlopes2017

Nome do conto:
Irmão também serve pra isso - 4 é par? - Cap 16 + 1

Codigo do conto:
184537

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
16/08/2021

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14

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