AMOR IMPROVÁVEL [Capítulo 01]



N.A.: Pessoal, eu escrevi alguns contos menores já faz um bom tempo. Eu sempre quis voltar a escrever, mas o tempo andava curto. Dessa vez, quis trazer um conto em que não sou eu na história. É realmente um conto, inventado. Algumas pessoas não gostam disso, preferem o que seria a realidade. Bem, é uma história também, então quem procura algo simples, pequeno e rápido para ler, obviamente esse não é o conto para você. Mas acredito que será prazeroso para aqueles que terão a curiosidade de ler. Espero que gostem e desculpem-me qualquer coisa.
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Capítulo 01 – Não pude fechar meus olhos

Fora um dia muito cansativo. A cadelinha de uma madame tinha engolido um pedaço de osso de galinha e havia descido de forma errada e acabou atravessando a garganta da pobrezinha. Eu sei que essas coisas acontecem de vez em quando, mas acabei rindo sozinho enquanto acompanhava a evolução da pequena Preciosa, uma Crista Chinês, após o processo de retirada.
A preocupação da madame era genuína, devo admitir, mas pensar a possibilidade de uma madame comendo uma coxa de galinha era um pouco hilário para minha cabeça. Porém era o dia de sorte de ambas e Preciosa estava serelepe como a raça dela poderia dispor. Acabou que meu dia também finalizou bem melhor, com um pequeno (leia-se generoso!) bônus da madame. Ainda disse que não precisava de tanto, mas ela foi mais persuasiva. Bem, eu poderia fazer algo com aquele dinheiro, de qualquer forma.
Meu nome é Caio Guimarães. Sou solteiro, 37 anos, moreno claro, com os cabelos pretos ficando grisalhos nos lados. Tenho a altura mediana, já malhei bastante na minha juventude o que me garante aparentar-me como um pequeno armário. Risos. Só para constar, também sou bem peludo. Costumo brincar com os donos dos cães ou gatos que eu consigo me entender com eles, de peludo a peludo. Risos. E também já deu para notar qual a minha profissão.
Pois bem, eu nunca fui solteiro sempre. Já havia tentado alguns relacionamentos, porém não obtive sucesso por muito tempo. Enfim, eu meio que me cansei de investir demais e a vida estava muito cômoda até então. Uma boa casa, um carro do ano, um bom emprego que era meu próprio negócio e também num bom bairro. Quando queria diversão, com um pouco de esforço, ia para baladas ou barzinhos temáticos e conseguia alguma companhia. Nada sério, o que acabava por coincidir com as intenções da maioria das minhas companhias.
Como outro dia qualquer, comecei a organizar as coisas da minha clínica com a Juliana, minha secretária, em plena sexta-feira. Já tínhamos organizado a maioria das coisas, quando eu me virei para ela e ela estava checando o celular.
- Vai precisar de uma carona para casa hoje? – Perguntei apanhando minha mochila e retirando meu celular para checar minhas mensagens. Dessa vez, só uma imagem desejando um bom trabalho da minha mãe e outra de minha amiga perguntando se iríamos sair esse fim de semana.
- Não vai precisar, Caio. O Henrique vem me buscar hoje! – O distinto rapaz era o novo “rolo” dela, e eu particularmente não tinha ido com a cara do sujeito. Era um motoboy de uma famosa farmácia. Mas não era o emprego que me preocupava e sim algo que me dizia que o homem não era lá boa coisa. – Hoje vai ter! – E riu, se referindo ao tão falado e badalado fim de semana na casa dele.
Acabei fazendo uma careta como resposta intuitiva e ela riu de mim. Ela sabia do que eu pensava dele, mas ao que parecia, isso a divertia. Fechamos as janelas, as portas, retiramos os materiais da estufa de esterilização e desliguei os condicionadores de ar. Quando estávamos trancando a última porta, a buzina da moto do tal Henrique soou. Ela praticamente voou para ele me dando um rápido abraço e se foi colocando o capacete. Ele, claro, não saiu mais silencioso como chegou, saiu fazendo o maior barulho com o escape.
Enfim, joguei minha mochila no banco do copiloto e entrei, dando a partida no carro. Peguei o celular mais uma vez e digitei um rápido “Com certeza, vamos pra o bar de novo?” para a minha amiga e enviei. Joguei o celular junto com a mochila e comecei a manobrar o carro quando ouvi uma comoção no outro lado da rua. Olhei pelo retrovisor e o que vi foi estarrecedor.
Dois jovens, magros, vestidos com roupas escuras e gorros gritavam e chutavam um homem estendido no chão. Tudo pareceu estar em câmera lenta. Eles batiam nele como se fosse um saco de pancada e o homem, coitado, ficava praticamente inerte, submisso a tudo ao seu redor. Era um mendigo pelas roupas que vestia. Com uma barba imensa e o cabelo maior ainda. Magro, cinzento de sujeira, e vermelho de sangue. O sangue me fez despertar do transe de telespectador.
Simplesmente agi. Saí do carro com a chave ainda na ignição, apenas puxando o freio de mão e fui em direção a eles, gritando.
- EI! DEIXEM ESSE HOMEM EM PAZ!
Ambos olharam para mim com um pedaço de vidro encharcado de sangue. O homem segurava sua barriga enquanto sangue jorrava.
- Não é da sua conta, tio! Desaparece! – Um deles me falou, balançando uma mão. O outro que segurava o vidro estava olhando ora para mim, ora para o moribundo.
- Cara, é melhor deixar isso para lá! – O indeciso falou.
- Que nada! Ele merece, você sabe! – O outro que falou comigo gritou pro segundo.
- Eu sei, mas...
- É melhor deixar pra lá mesmo! A loja de perfumes tem uma câmera apontando diretamente para cá, é melhor ir antes que as coisas piorem! – Eu tive a ousadia de dizer. Sempre fui muito pacato, mas aquela cena de violência gratuita me deixou numa ira sem fim, apesar de agir e falar como se estivesse calmo.
- Droga! – O primeiro falou. Tomou o vidro do segundo e falou: - Já que o problema já tá feito, eu vou acabar logo com isso!
A próxima coisa que eu vi foi ele no chão. Meu punho voou diretamente na mandíbula dele, fazendo-o cair no chão e desmaiando. Claro, seu braço cortou um pouco, mas, para sorte do desgraçado, não cortou nenhuma artéria. E o outro já não estava mais lá. Quando eu chequei o pulso do rapaz caído, pude ver uma pequena suástica próximo ao local cortado. Ironia do destino? Talvez.
Me voltei para o mendigo e ele respirava acelerado. Droga! Ele olhou para mim com a boca suja de sangue e seu olhar me disse tudo. Me ajuda. Voltei correndo para o carro, peguei a chave, abri o porta-malas e tirei várias ataduras, luvas e alguns pacotes de gazes. Não era nenhum Médico Humano, mas era Médico de qualquer forma. Não precisava saber demais para entender que precisava fechar e pressionar o ferimento. E foi o que fiz. Coloquei três pacotes de gazes no ferimento e comecei a enrola-lo com as faixas. Deixei bem apertado e o levantei pelos ombros. Ele me ajudou e pude encaminhá-lo para o banco do copiloto.
- Não! Assim eu vou sujar seu banco! – Ele ainda conseguiu resmungar com sua voz grogue.
- Não importa! Você é mais importante! – Eu falei aquilo. Ele ficou admirado, é lógico. Mas acho que eu mesmo que fiquei mais. Eu nem estava acreditando que eu estava falando aquilo. Nunca ponderei se eu falaria o mesmo numa situação hipotética...
Saltei para o meu banco e liguei o carro novamente. Me encaminhei para a Unidade de Pronto-Atendimento mais próxima para os primeiros cuidados. Ele não falou nada durante todo o trajeto, apenas se limitava a gemer baixinho, como se respeitasse o espaço entre nós.
Eu queria muito perguntar várias coisas naquele momento. Mas como se fosse um paciente meu, permaneci calado, como numa emergência (que era!). Porém não precisava falar com os animais naquele momento, tinha que me focar. E foi o que eu fiz. Realmente sujou um pouco o banco quando o retirei de lá, mas ao menos o sangue parou de vazar.
Um rapaz trouxe uma cadeira de rodas e o levamos até a sala de recepção.
- O que houve com ele? – O rapaz perguntou.
- Cortado por vidro por dois homens. – Eu respondi quase de imediato. E o rapaz logo me deu uma senha de prioridade. Para sorte do homem, não havia muitas intercorrências naquela sexta-feira. Provavelmente ali estaria cheio na segunda com os possíveis comas alcóolicos, ou simplesmente na busca de atestados para faltar na segunda-feira ao trabalho.
Sentei ao lado dele e fiquei olhando a TV que anunciava as senhas.
- Não precisa ficar, senhor. O senhor já fez muito por mim. Pode ir. – Ele falou fracamente com algumas caretas. O cheiro dele também era forte. Claro, poderia estar há muito tempo sem tomar um banho decente.
- Não, nada disso. Eu quero me assegurar que você está bem. Depois que você estiver bem, vamos à polícia prestar queixa. – Eu falei, olhando nos olhos dele. A aparência dele não estava das melhores, e era melhor me focar em algo que era normal, ao menos. – Olha, eu sei que é perguntar muito, mas... você tem algum documento?
- Não.
Simples e rápido. Ótimo.
- Qual o seu nome?
- Leandro.
- E o sobrenome?
- Não tenho. – Ele respondeu seco. E eu senti que não era um tópico de muito interesse para ele. Resolvi deixar para lá, por hora.
DING DONG
Olhei para cima reflexivamente e a nossa senha foi chamada. Começamos um extenso processo de saúde até ele ser atendido por um médico. Ele foi avaliado e disseram que ele tinha tido sorte e que não havia pegado nenhuma artéria, só uma veia de médio calibre e que foi facilmente higienizada e suturada. Fizeram um curativo fácil e rápido com a enfermeira brincando comigo pelo fato de eu ter quase o transformado numa múmia sem necessidade. Sorri um pouco, mas Leandro continuava sério e fazendo muxoxos e caretas. Depois, ele passou pelas avaliações de uma psicóloga e uma assistente social. A psicóloga encaminhou para a segunda, pois aparentemente Leandro não queria conversar. A assistente social indicou um abrigo para ele ir, de acordo com a proximidade de onde ele costumava ficar às noites.
- Mas, como ele vai fazer para chegar lá? – perguntei com o papel impresso que ela nos passou.
- É só ir no endereço. Eles albergam bastante pessoas lá. – Ela falou arrumando seu óculos sob o nariz.
- Mas é um pouco longe daqui, não é? Não tem como levarem ele lá?
- Desculpe-me, senhor, mas não dispomos de carros para levar ninguém para albergues. Só temos uma ambulância reserva para transferência de pacientes graves quando o SAMU não pode ou está impossibilitado no momento a levar...
- Tudo bem, então. Eu o levo para lá. Obrigado. – Eu respondi, meio ríspido. Não era culpa dela. Ela foi até bem gentil e tratou o Leandro como gente, ao contrário de algumas técnicas de enfermagem. Mas me indignou um pouco esse descaso. E se ele tivesse vindo sozinho para cá? Ele seria “solto” à própria sorte novamente?
Saímos, com ele agora andando normalmente e fomos até o carro.
- Obrigado, senhor. – Ele falou, agora com a voz mais profunda, mais natural. Estava bem mais rijo. – Mas não precisa mais me ajudar. O senhor me salvou, me trouxe até aqui, ficou comigo até agora. Mas não precisa me levar a nenhum lugar.
- Não, Leandro. Muito pelo contrário. Eu preciso levar você até a delegacia! Eles eram pessoas ruins! Não podem fazer isso com ninguém. E além disso, pare de me chamar por senhor! Meu nome é Caio.
Ele resmungou baixinho e entrou no carro mesmo assim. Enquanto dirigia à delegacia mais próxima, tentei puxar assunto.
- Mas me diga, aqueles dois simplesmente chegaram e começaram a te bater?
- Não. – Ele respondeu ríspido. Ficou em silêncio vários segundos desconfortáveis. Eu o olhei algumas vezes de lado e ele suspirou fundo. – Eles me ofereceram dinheiro para... fazer umas coisas...
- Eles queriam que você roubasse algo para eles? – Eu perguntei baixinho, com medo de mais uma resposta ríspida.
- Não. – Ele respirou fundo de novo e virou o rosto para a janela, para evitar me olhar. – Eles disseram que me dariam cinquenta reais caso eu chupasse eles.
Eu senti meus olhos se alargarem e a ficha cair sonoramente na minha cabeça. Simplesmente deixei o vazio nos consumir. Era óbvio que a situação o deixava envergonhado. Ser coagido a fazer algo que não queria por conseguir o dinheiro que tanto precisava. Claro que ele deve ter aceitado, ou dado a entender. E foi aí que eles começaram a violência. Foi um prato cheio para eles, preto, mendigo e... bicha! Tudo que neonazistas procuram nas ruas por diversão. E meu coração começou a ficar com mais pena ainda dele.
Chegamos na polícia e o acompanhei para dar o meu testemunho, ressaltando que eu achava que eram nazistas pela presença da tatuagem. E incrivelmente ele acabou confirmando tudo no depoimento dele. Assim, fiquei de repassar as imagens da câmera da minha loja aos policiais para começarem as buscas. Agradeci a ele sobre não ficar calado e voltamos para o carro.
Olhei o relógio e já passava da meia-noite. Ainda passamos na frente do albergue e este estava todo fechado. Leandro ainda quis ficar ali mesmo, tinha até indicado uma calçada que parecia “aconchegante”. Não pude conter-me. Cometi, talvez, a maior loucura da minha vida.
- Você não vai dormir aí.
- Onde o senhor vai me deixar?
- Eu já disse que não me chamasse mais de senhor? Caio. – Eu falei, ignorando a pergunta dele completamente. Passou alguns segundos e eu respirei fundo. – Você usa algum tipo de droga?
- Não, senhor.
- Bebe?
- Não, senhor.
- Tem certeza?
- Sim, senhor.
- Então vai dormir na minha casa.
Os segundos ficaram vazios enquanto os barulhos do motor preenchiam o espaço.
- Mas, senhor...
- Nada de senhor!
- Seu Caio, eu não posso aceitar! – Ele falou, suando um pouco. – Isso não é certo!
- Eu sei que é estranho. Mas não quero deixar você na rua. Ainda mais sabendo que você foi atacado por ser confundido por ser gay. Não posso.
Mais segundos estranhos...
- Então o senhor é viado? – Me surpreendi brevemente. O poder de dedução dele não era o que eu esperava para um mendigo.
- S-sim, sou. – Segundos desconfortáveis! – Algum problema?
- Bom, se eu tivesse vida social, sim. Mas como não tenho... Que me importa?! – Ele falou.
Eu ainda estava perplexo. “Vida social”? “Que me importa”? “Não usava drogas”. “Não bebia”... De verdade, não era um mendigo comum...
Eu não tinha mais o que falar. Ficamos em silêncio até chegar em casa. Acionei o portão automático quando minha Border Collie pululava ao redor do carro. Era enorme, mas era linda. Selena já sabia que não podia chegar perto do carro enquanto eu o colocava na garagem. Depois que o carro parava, ela corria para a porta de casa, treinada a me esperar lá.
- O senhor nem falou que tinha um cachorro... – Ele falou, visivelmente amedrontado.
- Não se preocupe. Vou prende-la. Fique aqui enquanto eu ponho a corrente nela.
Saí do carro e fui até ela. Abracei, acariciei e a prendi. Pedi para ela ficar e ela imediatamente se deitou, derrotada. Fechei o portão e ajudei Leandro a sair do carro. Ele ainda gemia com cada movimento brusco no abdome. O meu jardim e piscina estava fracamente iluminado pelas luzes da frente.
- Que casa bonita o senhor tem...
- Obrigado. Precisa ver amanhã, com o sol...
Ao invés de encaminhá-lo para a direita, onde a porta de casa estava esperando atrás de um amplo terraço, o encaminhei para a esquerda, um caminho mais longo aos fundos da casa que era uma extensão de garagem para mais um carro e o caminho para a casa de funcionários. Sim, era o mais seguro para mim, naquele momento. Era separado da minha casa e eu poderia ficar seguro durante a noite. Afinal de contas, não o conhecia.
- Eu vou te deixar na casa de funcionários. Lá é pequeno, mas tem bastante espaço para apenas uma pessoa.
Ele apenas me olhou brevemente. Depois se focou em andar reto. Parece que aquela rigidez de mais cedo era só fingimento. Ou esse era... Não sei...
Peguei minhas chaves e destaquei a que abria a porta de alumínio com janela basculante. À frente da casa havia uma pequena estrada de tijolos vermelhos intercalada com grama. Bem colada à casa também havia um pequeno espaço para fazer um jardim. Abri a porta e um cheirinho de abafado nos invadiu. Logo à esquerda havia um pequeno sofá de frente a uma TV também pequena equipada com um DVD. À direita havia uma pequena mesa redonda com duas cadeiras. Mais ao fundo havia um corredor (adivinha: também pequeno!) que era a cozinha, equipada com um fogão elétrico, uma geladeira pequena, um micro-ondas e alguns utensílios de cozinha. Ao lado tinha um pequeno tanque que poderia ser usado para lavar roupas ou lavar os pratos, com alguns baldes para uso. Voltando, na esquerda, aos fundos, havia uma porta. E foi para lá que o levei. O quarto. Era simples, com uma cama solteirão, uma cômoda com alguns enfeites de porcelana, uma janela e um banheiro aos fundos.
- Pronto. Eu vou te deixar aqui pelo menos por essa noite. Amanhã conversamos mais. Espero que possamos conversar mais sobre você. – Eu falei o deixando em pé na minha frente. – Tem algumas toalhas na cômoda e trocas de roupas. Como você é magrinho, acho que as que tem aí cabem em você. Caso não caibam, eu pego algumas minhas pra você. No banheiro, dentro do espelho, tem escova de dentes nova, pasta dental e algumas lâminas de barbear, caso queira. Tome um banho que vou preparar algo para comermos.
- Certo. – Ele falou um pouco sem jeito. Parecia tímido de uma hora para outra. Parecia evitar me olhar também. – Mas acho que vou precisar de ajuda...
- Claro! Do que precisa? – Eu falei.
- Eu acho que não consigo tirar minhas roupas... – Ele falou dando um sorriso sem graça. Seus dentes estavam escuros, era lógico, mas sua arcada dentária parecia ser perfeita, agora que os vi. Eu ri, reflexivamente, depois fiquei sem jeito, me lembrando do “Então o senhor é viado?”... – Ok.
Eu tentei tirar a camisa, primeiro. Mas ela estava colada com o sangue seco. Perguntei e ele me permitiu cortá-la. Eu me surpreendi pelo abdome dele. Incrivelmente era bem definido. Não o resto, era bem magrinho mesmo, mas o abdome me chamou a atenção.
- Olha, faz muito abdominal, hein? – Eu tentei brincar.
- Tenho que me levantar muitas vezes durante a noite. Aqueles dois não são os únicos a perturbar alguém como eu...
Me calei. Brinquei, mas não deveria ter.
O cheiro maior estava na roupa. A camisa aliviou a maior parte. A joguei num canto e perguntei se precisaria tirar o calção também. Ele disse que achava que conseguiria sem mim. Mas não. Eu ri com o sorriso tímido dele e me abaixei para ajudar.
Mas fiquei estupefato. Apesar da grande moita envolvendo o seu membro, este me chamou a atenção, apesar do cheiro. Era aparentemente grosso, mesmo estando quase meia-bomba, era fenomenal e eu me empolguei ao ver. Demorei alguns segundos a mais vislumbrando aquilo quase na minha cara.
- Está gostando do que vê?
Gelei. Mas eu acho que me saí bem...
- Que nada! Só estou horrorizado com o tanto de mata atlântica você tem... – e ri. Foi autêntico e facilitou na percepção dele. Eu acho.
- É, me desculpe. Não tenho muito acesso a banhos, pior ainda a me depilar... – e riu. Ele riu! Finalmente. Não estava pesado pelas dificuldades da vida. Ufa!
Mas aí, durante os risos, eu percebi muita coisa. Eu estava atraído sexualmente a ele. Suas risadas genuínas contraíam levemente sua barriga, ressaltando seus músculos. Tinha pouca distribuição de pelos: uma penugem do umbigo abaixo, poucos pelos no peito, muitos nas axilas. Ele estava completamente relaxado e eu fiquei também. Meu pau subiu na hora. Bem, foi embaraçoso porque ficou bem visível.
- Eita! Vou logo para o banho porque eu deixei o senhor ligadão! – Ele falou rindo mais forte ainda.
Tentei acompanhar as risadas, mas ao contrário do que se esperava, minha rola parecia lutar contra o tecido que a segurava. Ele continuou indo ao banheiro e não pude me segurar ao desejo de vê-lo tomar banho. Para ajuda-lo se necessário, claro.
Ele abriu a válvula e a água caiu pesada sobre ele. Perguntei se ele queria água quente, mas ele recusou. Disse que não precisava daquelas coisas chiques. Os mamilos dele logo ficaram arrepiados com o frescor e frio da água e os meus também, mas pela visão. Ele parecia estar me incitando, o tempo todo se esfregando, se mostrando todo para mim. Ria de uma forma ao mesmo tempo sarcástica e safada, que me acordou do torpor.
- Me parece que você consegue tomar banho sozinho. Vou ver algo para você comer. Gosta de macarrão?
- Sim, gosto.
- Ok. – Meu corpo parecia lutar contra o meu desejo de sair dali antes que eu fizesse algo ainda mais louco.
Mas consegui me vencer. Fui para minha casa e fui direto para a cozinha, determinado a desfocar minha mente. Não podia deixar ela funcionar daquele jeito. Coloquei água para ferver, preparei algumas almôndegas com carne moída que eu tinha deixado descongelar dentro da geladeira, preparei um molho e em 30 minutos tinha uma macarronada básica. Eu tinha feito uma panela só para ele. Eu iria comer outra coisa mais tarde.
Voltei à casa de funcionários, entrei e fui direto para o quarto. Não pude ser recompensado por melhor visão. Por debaixo de todo aqueles pelos e cabelos, tinha um homem lindo! Ele havia se depilado quase inteiro! Os cabelos do umbigo para baixo foram eliminados, não havia mais nenhuma barba, apenas uma mandíbula quadrada, que pertencia a um homem forte. Tinha um pomo de adão bem saliente. E sua rola estava rija, ereta, propositadamente. Ele estava deitado na cama, totalmente nu, manipulando seu mastro com maestria (sem trocadilhos propositais aqui!). Estava de olhos fechados, o ventilador ligado, o que pode ter abafado minha chegada, acariciando-se como se nunca tivesse se tocado na vida.
Suas mãos subiam e desciam por seu corpo, passando por pontos de seu próprio interesse denunciado pelas suas gemidas. Era grande, mas não enorme. Deveria medir uns 18 cm nos meus olhos treinados, mas a grossura era evidentemente notável. E aquilo tudo me deixou com água na boca.
Sua mão esquerda bombeava o seu pau, suas mãos eram grandes e conseguiam o envolver quase que totalmente. A sua mão esquerda estava alternando pequenos beliscões nos mamilos esquerdo e direito. Depois deslizava para baixo devagar, seguido de um pequeno coro de gemidos arfantes. Minha mão foi automaticamente para meu pau recém duro, de novo. Comecei a me massagear, quase que imóvel para ele não notar. A mão direita substituiu a esquerda, e essa, por sua vez, desceu às bolas, que também eram cheias. Nossa, que desproporção fenomenal. Eu estava gostando daquilo demais.
Até que ele juntou as duas mãos, aparentemente fazendo mais pressão ao redor de sua rola, e começou a fude-las içando seu corpo para cima. O ruído das molas da cama começou a aumentar conforme ele socava seu próprio buraco imaginário, com seus gemidos ficando cada vez mais profundos, viris e guturais. Aquilo estava me matando aos poucos, ao mesmo tempo que me repreendia pelo fato de não poder estar ali.
Assim que o primeiro gemido mais alto, seguido do primeiro jato de porra saíram, eu me retirei dali. Uma série de gemidos foram ouvidos logo em seguida. Eu precisava agir rápido.
Abri e fechei a porta sonoramente. Os gemidos cessaram imediatamente.
- Leandro. Cheguei com a comida! – Eu falei, quase gaguejando.
- Humm, ok. Estou me vestindo! – Ele falou do quarto, esse sim, gaguejando. Eu estava meio nervoso para rir, mas a vontade foi essa. Esperei alguns minutos, provavelmente coincidindo com a pressa por se limpar da bagunça que fez. – É... preciso de ajuda aqui...
Eu fui, com cara de inocente. Mas ele ainda estava nu. Não que eu não esperasse. Mas esperava ele querer se esconder um pouco. O engraçado era que ele ainda estava sujo de porra por todo o lado!
- Eu não resisti a uma brincadeira rápida! – Ele riu. Estava em pé. Estava hipnotizado de novo. Droga! – Pode, por favor, pegar papel higiênico para mim?
- C-claro...
Fui, peguei e entreguei. Mas ele não pegou.
- Acho que não consigo... – Ele brincou, com seu sorriso safado.
- Consegue sim. Se depilou todo... – Eu falei, um pouco ríspido pro meu gosto.
- Por favor! O esforço magoou um pouco a ferida... – Ele, pela primeira vez, fez uma carinha de chantagem emocional. Filho da mãe!
Bem, eu comecei a limpar. De começo mais rápido, mas conforme limpava e minha pele tocava a dele, recém limpa, ondas de choque me perpassaram. Diminuí a velocidade para aproveitar cada centímetro tocado. Quando terminei, o ajudei a colocar um short folgado e uma camiseta. Aí tudo ficou um pouco mais fácil.
Apresentei a comida para ele e desejei uma boa noite. Disse que a Selena ficaria solta durante toda a noite e pedi para que não saísse. Ali também havia um telefone e que ele interfonasse para minha casa caso houvesse necessidade. Disse que poderia ficar à vontade e que na manhã seguinte nos falaríamos.
- Seu Caio. – Ele falou com um pouco de macarrão na boca. Sua boca toda suja do molho. – Muito obrigado pelo que fez por mim. Muito obrigado mesmo. Por tudo. – Ele parecia sincero. E aquilo mais uma vez encheu meu coração de gratidão. - Tudo mesmo. – Agora enfatizou a palavra Tudo e aquilo ficou implícito mais algo... O que poderia ser?

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N.A.: Obrigado a você por ler até aqui. Sei que aqui não é o melhor local para colocar contos dessa forma, mas pela temática, achei conveniente. Claro, espero que tenha gostado e queira saber mais sobre a história de Caio e Leandro. Conforme o feedback, avalio a possibilidade de continuar essa história por aqui mesmo. Caso negativo, irei procurar outra plataforma. Obrigado por qualquer crítica construtiva oferecida.
Bernado-san.


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Comentários


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lordricharlen Comentou em 21/09/2017

Muito bom continuar está ótimo




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Ficha do conto

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Nome do conto:
AMOR IMPROVÁVEL [Capítulo 01]

Codigo do conto:
106382

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
20/09/2017

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