Negócios de Família - Cap 2



Quando ouvi o carro da minha mãe entrando na garagem desci correndo e a encontrei na sala.
   - Boa noite!
   - Boa noite o caralho! - respondi gritando e os olhos de Marta se arregalaram com a minha ousadia - COMO VOCÊ TRÁS UM PRESIDIÁRIO PRA ESSA CASA, PRA DORMIR NO MEU QUARTO?
   - Abaixa o seu tom de voz - ela disse indiferente.
   - Você acha que eu vou ceder? Acha mesmo que eu vou morar com meu pai só por que a madame não suporta o próprio filho? Quer saber, pode fazer o que quiser, pode trazer o presídio todo pra morar aqui. Eu não vou sair.
   - Não sei como descobriu isso, mas não muda absolutamente nada, o que Toni fez está pago e ele vai ficar o tempo que precisar!
   - Você é uma vaca!
Antes que eu pudesse terminar minhas palavras a mão de minha mãe acertou meu rosto com toda força e no mesmo momento Alberto abriu a porta da sala.
   - O que tá acontecendo aqui? - ele disse assutado se metendo no meio de nós.
   - VOCÊ AINDA PERGUNTA? - gritei - VOCÊ TA CASADO COM UM LOUCA E SABE DISSO, ELA ME ODEIA E TÁ TENTANDO ME VER LONGE E VOCÊ NÃO FAZ NADA SOBRE ISSO - dei um empurrão forte em Alberto com meus olhos cheios d'água - NADA!
O silêncio se instaurou por um longo tempo até que Toni entrou na sala e todos os olhares se voltaram pra mim.
Apontei o dedo pro rosto da minha mãe e disse:
   - Isso só tá me deixando mais forte e eu não vou abrir mão do meu lugar aqui, essa casa também é minha e EU vou ganhar essa briga.
   - Felipe, por favor... - Alberto disse tentando me acalmar mas eu já estava subindo as escadas.
Sabia que estava sendo um tanto preconceituoso por pensar mal dele, mas no momento só conseguia pensar na raiva que minha mãe me provocava.
Depois de alguns minutos Alberto subiu até meu quarto:
   - Quero ficar sozinho! - falei ríspido.
   - Você não acha que tá sendo um pouco exagerado, primeiro, meu irmão não é má pessoa...
   - Se ele não é má pessoa por que você foi contra ele vir morar aqui?
Ele fez silêncio por um momento em voltou a falar:
   - Não sei, talvez por que a princípio eu pensei como você, um cara que acabou de sair da cadeia dentro da minha casa? Não me agradou nada, mas eu conheço ele sei que não faria mal a ninguém, ele tá mudado.
   - Mas de qualquer forma minha mãe ainda está tentando me desestabilizar, me fazer desistir de morar aqui.
   - Então talvez seja hora de mostrar alguma maturidade dessa que você diz ter e parar de julgar Toni pelo passado dele, você percebe que essa conspiração de suas mãe contra você não faz sentido nenhum? Ela não armaria isso tudo.
   - Ela pode não ter armado, mas está se beneficiando da situação toda!
   - Como eu disse, ganha essa briga de outro jeito, mostra que você não é a criança que ela pensa. Ele também não vai ficar aqui pra sempre, depois que ele se ajeitar e for embora eu vou terminar tudo com sua mãe e nós dois vamos embora também.
Alberto se aproximou e me beijou lentamente.
   - Com o Toni por aqui não vou poder te ver pelas manhãs - eu bufei como uma criança - mas isso vai passar logo, prometo, depois vai ser só a gente.
Ouvimos passos nas escadas e nos afastamos.
Minha mãe parou na porta do quarto com Toni a seu lado.
   - Toni vai começar a procurar emprego amanhã cedo - ele disse como se nada tivesse acontecido lá embaixo a cinco minutos atrás e eu agi da mesma forma - e já que não está fazendo absolutamente nada você poderia levar ele em alguns lugares nesses próximos dias.
   - Ele não pode pegar um táxi?
   - Seu carro está parado na garagem sem uso e você está a toa em casa, acho que é o mínimo que pode fazer!
Olhei para Alberto e ele me lançou um olhar reconfortante como se quisesse dizer pra me acalmar.
Respirei fundo e respondi:
   - Ok, vai ser um prazer!
O rosto da minha mãe mudou completamente, dava pra ver sua perplexidade, ela com certeza esperava que eu começasse a brigar e minha atitude foi como um soco em sua cara, realmente o conselho de Alberto iria valer a pena, a partir de agora eu ia jogar o jogo dela.

No outro dia pela manhã continuei a agir como se nada tivesse acontecido, tomei café a mesa com minha mãe, Alberto e Toni. Estava me corroendo por dentro mas por fora fingia ter superado a briga, o dom da atuação foi concedido a mim desde muito cedo.
Depois que minha mãe e Alberto saíram, Toni começou a puxar assunto com aquele tom sacana:
   - Fiquei surpreso, topou ser meu motorista sem reclamar...!
   - Jesus mandou ajudar os pobres né - brinquei revirando o olhos.
   - Não sabia que era religioso - ele falou sorrindo
   - Tô longe de ser, mas precisava de uma desculpa pra você ficar quieto... pelo visto não vai funcionar.
   - Não mesmo - ele se levantou - então, vamos, vamos andar bastante.

Passei praticamente toda manhã, dirigindo levando Toni de um lado pro outro, eu o ignorava na maioria das vezes que ele tentava puxar assunto por que minha raiva não passava, mas tinha certeza de que se não fosse por isso nós iríamos nos dar muito bem. Passamos em canteiros de obras, lojas de todos os tipos, escritórios, literalmente qualquer lugar.
Quase na hora do almoço paramos em frente a um prédio comercial um tanto quanto velho, muito alto e que provavelmente tinha muitos negócios espalhados por seus andares.
Entramos na recepção e havia uma placa com o nome de todas as lojas e uma chamou atenção dele, era uma de artigos esportivos.
   - Te espero aqui embaixo!
   - Não pode ir comigo? Não conheço nada aqui!
   - Você disse isso em todos os prédios que entramos!
   - E você ainda não percebeu que quero sua companhia.
Revirei o olhos e bufei.
   - Que carência!
Assim que saímos da tal loja que ficava no nono andar, entramos no elevador precário para descer; quando estávamos passando pelo terceiro andar o elevador chacoalhou um pouco as luzes pisacaram e ele parou. Meu coração começou a bater mais forte esperando que a porta se abrisse e nada, no meio do nervosismo comecei a bater na porta com força e gritar por socorro, pelo visto não havia ninguém por perto pois eu não ouvia nada do lado de fora.
   - O que a gente te vai fazer? - perguntei com os olhos arregalados.
Toni agia como se nada tivesse acontecido, estava parado me olhando.
   - Esperar ué, o que mais?
Sabia que ele estava certo, não tinha nada mais a fazer mas meu nervosismo não deixava que eu me acalmasse.
A essa altura eu estava tremendo e a luz amarelada de dentro do elevador nos fazia suar, a porcaria do botão de emergência não funcionava, estávamos ali a quase vinte minutos mas por conta do nervosismo pareciam horas. Toni estava paciente sentado no chão e eu não conseguia parar de falar.
   - Isso é culpa da minha mãe...e sua também...eu poderia estar na minha casa, deitado, mas tive que pagar de chofer e agora tô aqui... INFERNO - falei e dei um chute tão forte na porta que fez o elevador mexer.
   - Chega! - ele gritou - Você não consegue calar a boca? Não da nem pra pensar!
Toni se levantou e tirou sua camisa exibindo seu corpo delicioso todo suado, o que me fez ficar calado por uns instantes.
Ele olhou em volta e pelo visto não viu muita saída, foi até a porta e começou a tentar abrir, seus músculos se enrijeceram e ele não parava de fazer força, uma fresta se abriu e consegui ver do outro lado, o elevador tinha parado num nível diferente da porta de fora, mesmo que conseguíssemos abrir (o que já parecia impossível), iria ser muito difícil sair.
Ele desistiu e voltou para o fundo elevador.
   - Vem cá - ele me chamou e eu não me movi até que ele repetiu - VEM CÁ! Tá achando que vou fazer o que?
Me aproximei dele.
   - Você vai precisar me ajudar a subir - ele apontou para um tipo de abertura na parte de cima do elevador.
   - E fazer o que depois, subir pelo cabo de aço?
   - NÃO SEI TÁ BOM? - ele gritou me assustando - Eu tô tão assustado quando você, mas tô tentando arrumar um jeito, então colabora.
Ele se aproximou mais ainda, tão perto que com um movimento poderíamos nos beijar, suas mãos seguraram meu ombro enquanto fiz suporte com minhas duas mãos para que ele subisse. Nesse momento sua mala, estava na altura do meu rosto, eu podia sentir seu cheiro intenso invadindo minhas narinas. Ele empurrou a abertura e olhou em cima.
   - Realmente, não tem nada aqui, não tem o que fazer!
Ele desceu e ficamos frente a frente, não vou negar que fiquei um tanto quanto hipnotizado com ele naquele momento, seu corpo suado tão perto, seu jeito bruto, e até sua respiração profunda. Não fui para trás e ele começou a me olhar estranho, com um sorriso safado no canto da boca.
   - Isso que você tá fazendo é um jogo? - ele me perguntou sério.
   - Como assim?
   - Me odiou ontem, passou a manhã inteira me ignorando e agora tá aqui a centímetros de mim me olhando desse jeito...
Dei de ombros, não sabia o que responder, não sabia nem por que estava daquele jeito, parecia enfeitiçado.
De repente uma de suas mãos segurou firmemente na minha cintura e outra em minha nuca, ele me jogou com força na parede dos fundos do elevador causando um barulho alto e um pequeno tremor e ficou me olhando fixamente, com uma expressão que fez minhas pernas tremerem.
As luzes do elevador voltaram a piscar e no momento mais inoportuno ele voltou a descer; só quando o elevador chegou ao térreo Toni me largou e tirou seus olhos de mim. As portas se abriram e nós saímos, eu ainda abalado com o que tinha acabado de acontecer, o recepcionista do prédio ainda estava parado no mesmo lugar de quando chegamos e provavelmente nem notou que ficamos presos.
Quando entrei no carro fiquei estática lo por uns segundos e me dei conta do que quase aconteceu no elevador, eu literalmente não tinha entendido de onde veio toda aquela hipnose por Toni, talvez fosse só o nervosismo.
Fomos pra casa em silêncio e não conversamos mais o resto do dia.

Resolvi dormir um pouco a tarde e algumas horas depois de deitar fui acordado por um peso em cima de mim, uma barba roçando minha nuca e mãos firmes em minha cintura.
Ainda meio grogue pelo sono falei:
   - Ai Beto?... só agora você vem...?
Num súbito Toni se levantou e eu arregalei os olhos.
Com certeza eu tinha falado demais.
   - Como assim 'Beto'? - perguntou Toni - por acaso ele faz isso com você?


Faca o seu login para poder votar neste conto.


Faca o seu login para poder recomendar esse conto para seus amigos.


Faca o seu login para adicionar esse conto como seu favorito.


Twitter Facebook

Comentários


foto perfil usuario lordricharlen

lordricharlen Comentou em 09/01/2018

Cada capítulo tá melhor.

foto perfil usuario

Comentou em 08/01/2018

Delícia de conto só faltou as fotos

foto perfil usuario vyhpassos

vyhpassos Comentou em 08/01/2018

Delicioso esse conto! To doido pra que haja o próximo capítulo!

foto perfil usuario

Comentou em 08/01/2018

Gostei muito do seu conto, continua.

foto perfil usuario morsolix

morsolix Comentou em 08/01/2018

Uma estória tipo Nelson Rodrigues? Continue.Estou gostando.




Atenção! Faca o seu login para poder comentar este conto.


Contos enviados pelo mesmo autor


117127 - Negócios de Família - Cap 6 - Categoria: Gays - Votos: 8
113246 - Negócios de Família - Capítulo 5 - Categoria: Gays - Votos: 13
113245 - Negócios de Família - Capítulo Extra - Categoria: Gays - Votos: 6
111499 - Negócios de Família - Cap 4 - Categoria: Gays - Votos: 10
111408 - Negócios de Família - Cap 3 - Categoria: Gays - Votos: 15
111368 - Negócios de Família - Cap 1 - Categoria: Gays - Votos: 11

Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico novinho6969

Nome do conto:
Negócios de Família - Cap 2

Codigo do conto:
111369

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
07/01/2018

Quant.de Votos:
16

Quant.de Fotos:
0