O Filho da Patroa da Minha Mãe - O Vencedor - Capítulo 16



Eu estava exausto, mas quem disse que eu consegui dormir? Tinha mais o que fazer. Tinha que velar o sono ressonante, pesado, de um certo macho cansado de tanto gozar dentro de mim. Tinha que me grudar o corpo no dele pra lhe sentir vibrando, de coração pulsando, batucando até a minha pele. Tinha que cheirar-lhe o suor seco, frio, misturado de perfume e de hormônio, caros, o suor que tinha produzido a movimentar-se em mim. Tinha que beijar o peito em que eu deitava, tinha que acariciar a saco, tinha apenas que ficar olhando, adorando, rendendo graças.

Mas tinha também que ir embora. Só não era fácil sair daquele quarto por vontade própria. A decisão de sair nunca tinha sido minha. Estava acostumado a ficar o tanto quanto conseguisse até ser contundentemente convidado a me retirar. Já tinha levantado três vezes e ido até a porta, de onde, tomado por uma falsa promessa de só mais uma olhadinha pro corpo nu, adormecido e sujo, eu voltei todas as três vezes. Também por medo. Medo de sair dali sem ter exatamente a certeza de que seria benvindo de volta com facilidade.

A quarta tentativa foi mais bem sucedida porque a primeira claridade do dia tinha vindo pra me ajudar a ter determinação. Logo, a casa estaria em funcionamento, digo, minha mãe já estaria acordada e os outros empregados já teriam chegado e seria impossível ir pro meu quarto sem que pelo menos um deles notasse que eu não tinha vindo da rua. Consegui, com muita relutância, consegui deixar o quarto de Maurício.

Cuidei de abrir a porta da sala e fechá-la só para o caso de minha mãe já estar na cozinha. Coisa boba de quem mente e precisa detalhar a mentira. Em vão, no entanto, o caminho até o meu quarto estava livre. Desabei na cama e dormi o sono dos justos deflorados.

Acordei não muito tempo depois com um sorriso que não se sustentava, tanto pela dor que me ardia nas entranhas quanto pela ausência do motivo do meu sorriso. Eu queria estar feliz, eu queria suspirar, mas ainda não sabia se estava autorizado a isso, se minha felicidade ia encontrar sustentação ou se eu seria, outra vez, lançado ao meu infortúnio habitual.

A resposta não tardou. Estava sentada na cozinha comendo pão e tomando vitamina de abacate. Os olhões esbugalhados e os tapinhas que se dava, insinuante, no pescoço, foram o beijo de bom dia que eu ganhei de Maurício naquela manhã.

"Bom dia, boêmio." Minha mãe debochou e eu sabia que falaríamos mais tarde sobre a hora em que eu "cheguei" em casa.

"Bom dia." Disse de má vontade. Eu tinha uma tática: quando eu estava devendo, eu agia de maneira rebelde. Muita bondade poderia ser denunciante. "Bom dia, Maurício." Sentando de frente pra ele.

"Bom dia." Ele respondeu ainda mexendo no pescoço e olhando pra mim significativamente e eu não estava entendendo o que significava até que me lembrei de ter estado inteiramente entregue em seus braços, mole e delirante, e dos seus dentes.

Foi minha vez de esbugalhar meus olhos. Puxei meu cabelo todo pro lado esquerdo, fazendo uma cortina bastante pobre, mas que dava pro gasto. Precisava pensar em algo mais eficaz.

E, então, ele riu. Por detrás do copo grande, pude ver os cantos de sua boca expandida e os olhinhos que brilhavam tenros. Os pés encontraram os meus embaixo da mesa e eu estava autorizado a sorrir também. De orelha a orelha, sorrindo incontido àquela felicidade contrabandeada de um olhar para o outro bem debaixo do nariz da minha mãe.

"Foi tudo bem com a festa ontem? Acabou tão cedo." Quis saber.

"Não deu muito certo. Acabou que discuti com Eliza a noite toda." Maurício respondeu com o pé brincando com o meu. "Fui levar ela em casa no meio da noite."

"Nossa. Daqui a pouco vocês fazem as pazes."

"Não sei, viu, Edite. Acho que já era."

"Ah, que pena."

"Não sei se é uma pena. Acordei com a impressão de que tem coisa melhor pra mim à frente." Olhou, cúmplice, pra mim.

"Assim é que se fala. Cá pra nós, ela não é uma pessoa muito agradável."

"Não. Não é, né?"

Eu não dizia nada, tinha medo de que, ao abrir a minha boca, saíssem fogos de artifício em lugar da minha voz. Ao invés disso, tratava de enchê-la com pão e vitamina.

"Vai fazer o que hoje, Abel?" Ele perguntou com casualidade.

"Nada por enquanto."

"Eu tava pensando em dar uma chegada na casa de Búzios. Quer me fazer companhia?"

"Bem, se minha mãe não precisar de mim."

"Não. Não preciso. Pode ir."

"Mas tô pensando em voltar lá pra sexta-feira só."   

"Não faz mal. Acho bom Abel aproveitar um pouco antes de começar as aulas."

Eu sorri pra ele. E pro que me esperava. Só que antes de ficar feliz de todo, eu precisava seriamente de um proctologista.

"Então, em uma hora a gente sai?"

"Tá certo."

"Vou ligar pra Selma pra avisar que vocês estão indo." E bastou Maurício sair da cozinha pra ela se voltar pra mim. "Você não se manda ainda não, tá sabendo? Tem que ter hora pra chegar em casa."

"Desculpa, mãe."

"E nem avisou nada."

"Eu avisei. A Maurício. Só tinha ele pra avisar."

"Ele me falou."

"Viu. Tá reclamando à toa."

"Tô reclamando é da hora. Você sabe que não tá fácil aí fora. Vêm uns doidos desses aí e fazem uma covardia com você e o menino... Não pode dar mole."

"Tá bom, mãe. Isso não vai se repetir."

"Vai sim. Que eu sei."

"Não. Não vai." Levantei, a abracei por trás e beijei seu rosto, feliz. Era tanta felicidade que transbordava. "Deixa eu ir arrumar minhas coisas."

"Vai logo antes que eu te coloque de castigo."

"Tá melhor?"

"Pronta pra outra." Respondeu já lavando a louça do nosso café.

"Isso aí."

"Cheguei. Tá tudo bem. Queria que você tivesse vindo comigo." Meu coração despencou em queda quando li a mensagem de Fernando no meu celular. Eu quem tinha pedido pra ele avisar e caguei pra ele. Não podia ter feito diferente, podia? Eu estava com Maurício e não havia nada mais no mundo que pudesse reclamar lugar nas minhas ideias, havia?

Culpado, digitei mentiras e enviei pra ele. Disse que tinha dormido no quarto da minha mãe e deixado o celular carregando no meu. Disse também que estava indo a Búzios para ajudá-la a preparar uma festa que Sônia daria lá e que queria vê-lo quando voltasse. Eu não queria sustentar essa mentira e brincar com os sentimentos dele, mas seria muito cruel jogar a verdade assim por mensagem. Eu não ia ter como falar com ele pessoalmente, não dava tempo.

"Tem como a gente passar num hospital antes?" Perguntei dentro do carro.

"Por quê?"

"Eu queria ver um médico. Sei lá. Pra pegar uma pomada. Não sei. Algo assim. Tá feia a coisa aqui." Ele riu. "Não ri."

"Ninguém mandou se meter com quem não deve."

"Ninguém mandou você meter como não deve." E ri.

"Ah, você não gostou?"

"Gostei. Gostei muito." O olhei apaixonado. "Mas vamos num médico que é pra poder continuar gostando, senão não vai ter como."

"É ruim de não." Era mesmo. Se ele quisesse ia comer mesmo estando tudo rasgado.

Não tinha um proctologista de plantão no hospital no domingo, mas a médica de clínica geral que me atendeu me olhou alarmada como os médicos da TV fazem quando uma mulher ou criança aparentam marcas de violência doméstica. Ela recomendou repouso da região e receitou supositórios de Policresuleno.

Maurício ria muito quando voltei a encontrá-lo no estacionamento.

"Nem sei pra que se dar ao trabalho. Vou arrebentar tudo de novo mesmo."


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Ficha do conto

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Nome do conto:
O Filho da Patroa da Minha Mãe - O Vencedor - Capítulo 16

Codigo do conto:
112312

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
27/01/2018

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