Depois do Exército parte.18

Frio ! Só o que sinto quando acordo naquele leito de hospital, com os olhos ainda fechados, tento organizar meus pensamentos, então tudo vem a minha mente é o basta que dei na minha relação com Gabriel, minha situação com De Melo e o peso das costas que eu tinha tirado depois de tudo isso, depois lembro da imagem do carro branco e mais nada. Finalmente abro meus olhos e minha visão estava turva , demorou para eu perceber que estava em um Quarto de hospital, sentia cocegas em meu nariz e percebo que estava com um catéter nasal, assim que minha visão vai voltando ao normal percebo que era um Quarto aconchegante, com uma cama cujo qual eu me encontrava, vejo um Soro ao meu lado que estava sendo ministrado em uma veia da minha mão esquerda, vejo que estou com uma bata azul com um logotipo HU nela, assim soube que eu estava no Hospital Universitário, então começo a investigar meu corpo e noto vários ferimentos já cicatrizados, ou seja, só marcas , PQP !

- A quanto tempo estou aqui ? - penso em voz alta.

Quando tento me levantar percebo que minha perna direita estava engessada, toda ela, e nessa hora sinto minhas Costas doerem. Consigo me sentar e logo percebo que tinha uma pessoa sentada em uma poltrona no canto do Quarto, essa pessoa estava dormindo e coberta, por isso demorei a perceber que era minha mãe, então olho pela Janela fechada, tudo escuro lá fora, era noite.

- Mãe !?

Ela não se meche, estava em um sono profundo.

- Mãe !? - repito.

Finalmente ela acorda meio que assustada, olha para mim e assim que me ver acordado dá um pulo da poltrona deixando seu lençol cair ao Chão e vem direto em minha direção .

- MEU FILHO ! - fala muito alto.

Ela me abraça, e começa a chorar.

- Graças a Deus meu filho, eu sabia que você ia acordar, obrigado meu Deus.

Então ela beija minha cabeça, permanecemos ali abraçados, por um longo tempo.

- Calma mãe, eu estou bem, não precisa chorar.

- Você está bem ? Está sentindo alguma coisa ? Alguma dor ?

- Minhas costas e cabeça está doendo e meu braço também, você pode me dizer o que aconteceu ?

- Você foi atropelado, não se lembra de nada?

- A última coisa que eu me lembro foi de um Carro Branco passando o sinal vermelho e batendo em mim, depois disso, mais nada.

- Pois é meu filho, você foi atropelado, até hoje não sabemos por quem, pois ele fugiu do local, a única coisa que se sabe é que era uma D20 Branca, quando me ligaram no dia do acidente você estava no Pronto-socorro, teve que fazer uma cirurgia na perna, pois quebrou ela em dois lugares, quebrou o braço também, mas o gesso do braço já foi retirado, quando você estava instável foi transferido para cá .

- Estou no HU ? A quanto tempo estou aqui ?

- Está sim , graças ao seu Tio podemos te dar toda assistência.

Meu Tio é diretor de um setor do Hospital.

- Mãe, como você pagou por tudo isso ?

- Não se preocupe , depois te conto tudo, mas graças as portas que seu Tio abriu não tivemos gastos hospitalares.

- A quanto tempo estou aqui ? - pergunto novamente.

- Estamos em Março Thales, dia 24 de Março, você estava em Coma induzido na UTI, está no Quarto a 3 dias.

Tomo um susto com a notícia, estava explicado agora porque todos os meus ferimentos estava cicatrizados.

- Em coma !?

- Sim , por causa da sua lesão no cérebro os médicos acharam melhor te colocar em coma induzido.

Mais uma vez ela me abraça.

- Eu vou chamar o Doutor Ítalo, ele está de plantão hoje.

Ela fala já indo em direção a porta.

- Volto já .

Assim que ela sai, demoro a acreditar que tinha se passado quase dois meses depois do acidente, não sei quanto tempo se passou até ela voltar com o médico e uma enfermeira ao lado.

- Olha ele aí ! Tudo bem campeão ? Quer dizer que finalmente você resolveu acordar ?

Dr. Italo fala, ele era um médico bastante jovem, 32 anos, descobri depois, simpático e muito bonito, com uma Barba bem cheia e desenhada, sobrancelhas grossas e corpo definido, pelo que se deu para perceber, um verdadeiro Gato, diga-se se passagem, logo ele começa a me examinar, entre várias explicações do que eu tinha passado, explicações essas que confesso não prestei muita atenção, depois de aferir minha pressão e de uma longa conversa que envolveu os três no Quarto, comigo como Quadjuvante observando ele fala que irá providenciar uns exames pela manhã, é nessa hora que percebo que eram 2 horas da manhã. Então depois de eles se retirarem do Quarto, minha mãe conta tudo que aconteceu em detalhes, soube até que Souza e Camila tinham vindo as pressas me ver, mas logo tiveram que voltar, pois não podiam ficar tanto tempo longe do trabalho, fui visitado também por toda a família, ela disse que De Melo não saiu do meu lado na primeira semana que foi a mais tensa. Finalmente a par de toda a situação e de uma enxurrada de informações, ela me deixa descansar.

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4 dias depois estava eu entrando pela porta da casa de minha mãe, em uma cadeira de rodas alugada, e lá estava quase toda minha família, amigos, uma pequena festa para celebrar minha vitória, assim como eles diziam. Depois de interagir com todos, peço para ir para meu antigo Quarto descansar, aquele gesso incomodava demais e eu ainda sentia muitas dores na perna e nas costas, De Melo me leva até o Quarto, ele estava com um cavanhaque que o deixava com uma cara de cafajeste mais ainda. Depois que ele me ajuda a me colocar na Cama, logo se senta ao meu lado.

- Valeu mesmo De Melo. - falo .

- Ainda nem acredito que você está aqui cara, PQP ! Tô "felizão ".

- Pois é, não foi dessa vez, ainda vou fazer muita raiva a vocês.

- Imbecil ! - De Melo fala rindo dando um pequeno soco no meu ombro.

- Não vejo a hora de tirar esse gesso, incomoda pra caralho.

- Ainda vai ficar quanto tempo com ele ?

- Mais umas 2 semanas, por aí.

- Eita ! Então isso significa que serão vários banhos que eu vou ter que te ajudar a tomar né !?

- Tu não vale nada cara - falo rindo.

- liguei para Souza e Camila logo cedo, eles queriam muito estar aqui, tu não sabe a barra que a gente passou. - ele fala .

- Imagino. Falei com eles antes de sair do hospital, Camila chegou a chorar de felicidade quando eu liguei para ela na manhã seguinte que acordei.

- Não só ela, todos nós.

Nessa hora eu abraço ele, eu amava meus amigos, sempre soube disso, mas é nessas horas que a gente vê que a gente não é nada, que devemos viver a vida em sua intensidade, cada segundo, pois uma hora você está aqui e como um passe de mágica, você pode ir embora, e passar por tudo aquilo me fez aprender mais essa lição .
Nos despedimos e já era noite quando todo mundo foi embora, tomo uma canja de galinha que minha mãe preparou e fico deitado ainda assimilando tudo que tinha acontecido. Por volta de 8:00 da noite minha mãe bate na porta do meu Quarto.

- Thales ? Posso entrar ?

- Entra mãe.

- Pensei que estivesse dormindo.

- Já dormi demais mãe, só estou pensando em tudo pelo que passei, acho que a ficha ainda não caiu.

- Filho, podemos conversar ?

- Claro .

- Eu ia deixar para te falar isso uma outra hora, mas não seria justo com ele, então acho que tenho que te contar agora.

- Com ele ?

- Quando você sofreu o acidente, todo mundo ficou sabendo, a notícia se espalhou muito rápido, pela situação que você se encontrava, os médicos pediram para toda a família e amigos se despedisse de você, pois eles acreditavam que você não ia resistir, então entramos em contato com todo mundo, ou seja, inclusive o Gabriel, não dava para não contar a ele o que estava acontecendo.

- Eu entendo.

- Ele foi te visitar todos os dias, não teve um dia de visita sequer que ele não tenha ido, de todas as vezes que ele pode entrar na UTI e ficar ao seu lado, o peguei chorando segurando a sua mão. Quando você acordou liguei para ele no outro dia e lhe dei a notícia, desde então deixo ele informado sobre tudo.

- Por que você está me contando isso agora mãe ?

- Ele pediu para te entregar isso.

Minha mãe me entrega uma folha de caderno dobrada em 4 partes.

- Leia, depois de tudo que a gente passou meu filho, não vale a pena guardar mágoas, rancor.

- Obrigado por tudo mãe, eu te amo muito.

- Eu também te amo.

Nos abraçamos e quando ela sai do Quarto, fico alí segurando aquela folha de papel, sem coragem de abrir e lê, pego no sono depois disso.

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Acordo de madrugada, não sei que horas exatamente e com muita dificuldade vou urinar, assim que volto para Cama vejo a carta de Gabriel na minha Cama ,ligo a luz e finalmente começo a lê-la.

" Oi Thales .
Já perdi as contas de quantas vezes reescrevi essa carta, estava tentando achar as palavras certas e a melhor maneira de te mostrar tudo que está acontecendo comigo, cheguei a conclusão de que só existe uma.maneira de fazer isso, colocando tudo pra fora, então vamos lá !
Estava no trabalho quando sua mãe me ligou e falou que você tinha sofrido um acidente, ouvir ela falando no telefone que você poderia não resistir foi como se estivessem enfiando uma faca em meu coração, a dor foi tão grande em meu peito que eu não tenho como descrever em palavras. Como seria o mundo sem você nele ?
Era insuportável pensar sobre isso, era insuportável pensar em um mundo cujo qual você não estaria nele. Foi aí que eu notei o quanto eu ainda te amo, pois é meu Branco, eu nunca deixei de te amar, e sim , você estava certo em tudo que foi dito naquela bendita tarde, fui um covarde, um capacho de minha mãe e precisou você sofrer um terrível acidente para que eu pudesse perceber isso, mas assim é a vida.
Quando te vi pela primeira vez naquela UTI, todo machucado, tão vulnerável, cheio de aparelhos, percebi o quanto a gente não é nada, somos apenas um pedaço de carne tão fácil de ter a vida ceifada em um mísero segundo. Essas últimas semanas, foi uma tortura, Deus ! Só ele sabe o quanto eu rezei para não levar você, para não te tirar de mim, prometi a mim mesmo que quando você saísse dessa eu iria lutar por você.
Então Thales você finalmente saiu dessa , você venceu e no dia que sua mãe me disse que você tinha acordado, foi o dia mais feliz da minha vida. Deus me deu mais uma chance Thales, uma chance de lutar por você, de lutar pelo nosso amor, de perdoar e esquecer tudo, somos falhos, você errou, eu errei, mas são com os erros que aprendemos.
Então eu venho aqui te pedir que você dê mais uma chance ao nosso amor, olha eu aqui falando como se você ainda me amasse, mas tenho que acreditar nisso e é nessa esperança de que você ainda me ama que eu te peço :
Me perdoa ?
Tudo isso só me mostrou que a vida é curta demais para a gente não lutar e ir ao contrário dos nossos sentimentos, pensa nisso com carinho, por favor.
Do sempre seu Gabriel."

Quando acabo de ler aquela carta, estava em prantos, eu ainda amava aquele cara, muito. Perdi as contas de quantas vezes eu li aquela pedaço de papel até pegar no sono de novo.

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Na manhã seguinte, foi um sufoco para tomar banho, sentado em uma cadeira, com um Papa-lixo no gesso para não molhar. Banho e café tomados, estava na Sala assistindo TV, não parava de pensar sobre aquela Carta, mas antes de tomar qualquer tipo de decisão, espero chagar a hora do almoço para ligar para De Melo, conto tudo e leio a carta para ele, queria saber de sua opinião. Ele falou que conversou com Gabriel duas vezes no hospital, e sentiu muita pena dele, afinal ele tinha sido a grande vítima nessa história toda. De Melo disse que iria apoiar qualquer decisão que eu tomasse e que achava realmente que eu deveria dar mais uma chance a Gabriel.

- Quem sabe no futuro a gente faz um sexo massa a 3 . - ele fala rindo do outro lado da linha.

Amava aquele cara, o modo de como ele levava a vida, confesso que imaginar Gabriel e De Melo se pegando na minha frente me deixou excitado.
Logo depois recebo a visita de Lívia e Kyra e conversamos muito sobre tudo, elas pediram desculpas por tudo e eu também, nos acertamos naquela tarde. Assim que elas foram embora recebo a vista de Rodrigo que não pode ir na festinha do dia anterior, pois estava trabalhando.

- Cara é tão bom te ver assim, bem depois de tudo isso. - fala ele .

- Pois é, estou pronto para outra. Como estão as coisas na Empresa ?

- Tudo na mesma, estamos ansiosos para sua volta.

- Vai demorar um pouco ainda.

- Você está aposentado ?

- Estou de auxílio doença pelo INSS.

-. Certo, soube do Felipe ?

Foi nessa hora que eu percebi que dentre todos ele foi o único que ainda não ouvi falar.

- Não, o que aconteceu ? - pergunto.

- Ele se mudou para São Paulo, pediu as contas na semana do seu acidente, acho que nem chegou a saber de nada, não consegui falar com ele desde que foi embora, acho que ele fez questão de esquecer de tudo por aqui e cortou todos os laços com todos.

- Acho que essa mudança vai fazer bem pra ele.

Conversamos mais um pouco durante o resto da tarde e depois Rodrigo foi embora. Já no meu Quarto, fiquei pensando que foi preciso um acidente para tudo voltar ao normal, para que rancor e mágoas fossem perdoadas e esquecidas, esse foi o lado bom de tudo isso.

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Depois do Jantar pego o celular da minha mãe, o meu celular tinha se destruído no acidente e ainda não tinha comprado um novo e então ligo para Gabriel.

- Dona Lídia ? Acontece alguma coisa ?

- Eu te amo !

Houve um silêncio torturador no outro lado da linha.

- Eu posso ir aí agora ? - pergunta ele.

- Estou te esperando.

Cont...