Depois do exército part 25

O percurso não foi longo, o carro que Gabriel estava, logo estaciona em frente a um Galpão com o nome de Garagem, dava para se ouvir o reggae que tocava lá dentro. Meu Táxi para a alguns metros do carro dele, vejo Gabriel e mais 3 amigos descerem do carro, e se dirigirem para o tal Galpão, os quatro cumprimentaram algumas pessoas que estavam na porta e um dos amigos dele abraça e beija uma menina que estava com uma turma na frente do lugar, não demorou muito e eles entraram.
Pago o Táxi e espero um tempo antes de entrar, dou meu nome, pago a entrada e eles me dão uma comanda, o som era alto, o ambiente era escuro com muita fumaça e vários jogos de luzes, senti na hora o cheiro de Maconha no ar, assim que meus olhos se acostumam com o ambiente, percebo que era um galpão grande, com uma pista de dança no meio, um bar grande no canto, um local que eu deduzi ser a bilheteria para se pagar a comanda e ao redor de todo estabelecimento, mesas e cadeiras, tinha um primeiro andar onde também percebi ter um bar. Assim que vejo Gabriel e seus amigos ocupando cerca de 3 mesas, resolvo subir no primeiro andar e ficar observando de longe, compro um cerveja e fico em um local bem afastado, encostado em uma grade. Onde estava dava para ver bem ele, apesar do escuro.
Gabriel parecia bem feliz, conversava com os amigos, dava gargalhadas, bebia, não sei descrever o tipo de sentimento que estava sentindo naquele momento, raiva, decepção, tristeza, um misto de emoções. Pego meu Celular e ligo para ele, nem coloco o telefone no ouvido, assim que ele atendesse iria desligar, só queria saber a reação dele, ele estava conversando ao pé de ouvido com braço direito no ombro de um amigo quando o vejo colocar a mão no bolso, então ele pega o Celular e olha para tela, assim que ele visualiza quem estava ligando, coloca o celular de volta no bolso, olho para meu Celular e continua chamando, então desligo. A minha vontade era de ir lá e dizer umas verdades para ele, mas não era a hora.
Já estava na terceira cerveja, nem sei que horas era aquela, vejo que um dos amigos de Gabriel o chama para a mesa que estava mais afastada, o outro amigo que estava com a garota também vai junto, então os 3 se sentam e vejo ele colocando alguma coisa que não deu para identificar na mesa, só percebo o que realmente era, quando vejo Gabriel pegar alguma coisa da mão dele, abaixar a cabeça em direção ao negócio que estava na mesa, colocar alguma coisa no nariz e cheirar. Pô, caralho! Ele estava cheirando pó, o mesmo ritual acontece com o outro amigo dele e depois com a menina, que chega logo depois.
Nessa hora meu coração estava acelerado, eu não conhecia aquele cara que estava alí, aquele não era o Gabriel pelo qual me apaixonei, será que ele era aquilo e eu nunca percebi ? Minha cabeça girava.
Eles começam a dançar, até que eu vejo duas garotas chegarem onde a roda de amigos estava, elas cumprimentam um por um com abraços e beijos, até que a morena de cabelos longos chega onde Gabriel está e lhe dá um abraço e o beija na boca, ele segura em sua nuca com sua mão direita, passando os dedos dentre seus cabelos, era um beijo com pegada, com vontade, um beijo de quem se tem intimidade.
Depois do choque, não sei quanto tempo se passou, sinto meu rosto molhado, eram lágrimas, eu não sabia o que fazer, estava em choque, já não tinha mais nada para fazer alí, já tinha visto tudo, como eu fui tão Otário !? Era só o que pensava. Vou até o bar, pego outra cerveja e viro de uma vez, me sento e pego meu Celular.

- Você pode vim me buscar ? Estou em um local chamado Garagem, não sei onde é.

Envio a mensagem, então me levanto, não sentia minhas pernas, vou até a bilheteria, pago minha comanda, meu celular vibra.

- O que aconteceu? Você está bem ? Sei onde é.

Repondo logo depois.

- Só vem logo, por favor.
- Chego em 20 minutos.

Então, sigo em direção a onde Gabriel estava e fico olhando de longe, ele estava abraçando a menina pelas costas, agora dividiam um cigarro de Maconha, logo ela passa o cigarro para outra pessoa, ele vira a menina para os dois ficarem de frente um para o outro e se beijam de novo, eu me aproximo, para mim o tempo para, não vejo mais ninguém ao meu redor, era como se não tivesse mais ninguém naquele lugar, só eu e os dois, paro a cerca de 2 metros deles, eles ainda se beijavam, então assim que os lábios do dois de desgrudam ele a abraça forte, foi aí que Gabriel me vê, a expressão em seu rosto era de Pânico, ele parecia ver um fantasma, então ele a solta e continua como uma estátua me olhando, ela não percebe, ninguém percebe na verdade, as lágrimas caem de meu rosto e eu me odiei por estar chorando naquele momento, foram segundos que pareciam uma eternidade, então dou as costas e me dirijo a saída sem olhar para trás, logo estou na parte de fora do Galpão, e me sento no meio fio, não tinha forças, queria ter, mas naquele momento me senti fraco, era como se estivesse em um pesadelo, mas não era, era tudo real, estava acontecendo.
Não sei quanto tempo eu estava ali jogado em uma calçada, em uma cidade desconhecida no local que eu nem sabia onde ficava, quando escuto a voz dele.

- O que você está fazendo aqui ?

Não tinha forças para responder, nem sequer olhei para ele, estava de cabeça baixa olhando para o nada.

- Thales! O que você está fazendo aqui ? Como você...
- Sai daqui ! Eu não quero falar com você, me deixa em paz, seu filho de uma puta ! - falo sem deixar ele continuar.
- Vem aqui !

Ele segura meu braço para me levantar, então é nessa hora que meu sangue ferve, sinto o cheiro de maconha vindo dele, me levanto e olho para seu rosto, seus olhos estavam vermelhos, chapado. Então eu solto sua mão de meu braço e empurro ele.

- Não faz isso, eu posso explicar, vamos sair daqui.
- Quem é você ? - pergunto.
- Como assim ?
- Sabe o que eu estou sentindo por você agora, Gabriel? - falo olhando em seus olhos - Nojo! Eu estou sentindo nojo de você, não vou falar que eu não merecia isso, depois de tudo que a gente passou, porque você sabe disso. Pqp ! Como eu fui um otário, então esse é você, certo ? Finalmente eu conheci o verdadeiro Gabriel.
- Não fala isso Thales, por favor, só me deixa explicar.
- Explicar !? Você acha que isso tem explicação? Vai embora, sai daqui.
- Eu não vou sair daqui, até você me ouvir.
- Volta para a sua puta que está lá dentro cara, me deixa em paz.

Nessa hora vou saindo, quando ele segura novamente meu braço, nessa hora eu não aguento, fecho meu punho e me viro dando um soco com todas as minhas forças e todo o meu ódio, acertando bem em cheio seu nariz, então o vejo cair, ouvi gritos de mulheres que estavam perto, olho ao redor e o povo que estava na frente do Galpão se afasta, olho para Gabriel no chão, segurando seu nariz que jorrava sangue, nessa hora escuto uma buzina atrás de mim.

- Thales!

Corro em direção ao carro que estava parado na pista, dentro estava Felipe dirigindo, então entro no carro.

- Vai Lipe !

Felipe arranca com carro, não olho para trás, minha mão doia, não conseguia formar pensamentos em minha cabeça.

- O que aconteceu? Era Gabriel sangrando no chão ?
- Sim.
- O que houve ?
- Só dirige, por favor.
- Tá bom, vamos para casa.
- Não ! Lá é o primeiro local para onde ele vai me procurar, vamos para uma pousada.
- Mas Thales.
- Por favor Felipe, eu não quero ver ele, falar com ele, vamos para uma pousada, por favor.
- Tá bom.

Meu Celular vibra, era ele.

- Me deixa em paz seu filho de uma puta ! - desligo assim que falo.

- Caramba Thales ! Você está fora de si - Felipe fala.

Ele volta a ligar, rejeito a chamada e desligo o celular.

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Entro no quarto de uma pousada aconchegante e familiar, não lembro o nome do local, assim que vejo a cama, desabo. Fico olhando para o teto por alguns segundos, até que sinto Felipe se sentar do meu lado.

- Está mais calmo ? - ele pergunta.
- Podemos falar disso amanhã Lipe, não tenho forças e não quero falar agora.
- Claro ! Bem, eu vou indo, acho que você quer ficar sozinho.
- Posso te pedir mais uma coisa ?
- Claro !
- Fica comigo essa noite ?
- Fico sim, só tenho que devolver o carro do meu primo amanhã logo cedo.

Então me sento na cama ao lado de Lipe e o abraço.

- Obrigado por tudo e desculpa te colocar nessa situação.
- Não precisa agradecer, Thales.

Nessa hora o Celular de Felipe toca, ele olha o visor.

- É ele.
- Esse filha da puta não vai deixar a gente em paz - falo.

Felipe rejeita a chamada e desliga o Celular.

- A essa hora esse drogado de merda está na sua porta.
- Drogado ? Ele estava usando drogas ?
- Sim, Maconha, pó e só Deus sabe o que mais.
- Caralho! É por isso que você está assim ?
- Também, ele estava aos beijos com a garota.
- PQP !
- Felipe, eu só quero dormir, conversamos amanhã, pode ser ?
- Claro !

Não tinha forças nem para tomar um banho, então tiro minha roupa e fico só de cueca de desabo na cama.

- Vou colocar uns lençóis no chão, pedi um quarto com uma cama de casal, não sabia que ia dormir aqui.
- Besteira, a cama é grande, dorme aqui comigo.
- Tem certeza?
- Tenho sim.
- Vou só tomar um banho.

Então Felipe vai para o banheiro, não conseguia parar de pensar em tudo que aconteceu, as drogas, a garota, a ficha ainda não tinha caído, será que eu fui tão cego assim ? Será que ele sempre foi esse cara e eu nunca vi ? Quem era aquele cara ?
Não sei quanto tempo fico perdido em meus pensamentos, até Felipe sair do banho. Ele saiu só de bermuda e mesmo com toda aquela situação não pude deixar de notar o quando ele estava gostoso.

- Posso apagar a luz ?
- Pode !

Então ele apaga a luz e deita ao meu lado, sinto o cheiro de sabonete.

- Lipe !
- Oi .
- Me abraça.
- Tem certeza ?
- Absoluta.

Assim ele me abraça, e ficamos de conchinha, sinto os pêlos de seu peito nas minhas costas, seus braços me envolvem e assim eu apago em seus braços.

Cont...

Segue a foto de Lipe