O Esboço



De certa forma, aquilo era uma surpresa meio desconcertante. Um esboço renascentista italiano, de um autor muito pouco desconhecido, localizado entre papéis envelhecidos no sótão de uma antiga villa perto de Florença.

Os herdeiros tentavam se desfazer da herança da velha senhora que falecera há poucas semanas, conseguindo o máximo que pudessem pelo que encontraram na sua casa. Um amigo comprador de obras antigas tinha visitado a casa, procurando por livros ou gravuras e tinha achado o esboço, coberto por um pó centenário. Ele arrematou o lote por um preço irrisório e, logo em seguida, pediu meus conselhos sobre o valor daquela obra, que ele intuíra ser de meu interesse.

Ele, no entanto, não podia imaginar o meu fascínio pelo trabalho. Aquele era o esboço que Chiesanuova fizera em Florença, na casa dos Adari, para o quadro que nunca pintara. O retrato do próprio artista com um jovem, no seu colo.

A poeira dos séculos não permitia distinguir perfeitamente as imagens ali retratadas. Ao desavisado, era um desenho inacabado de uma Madona, com o filho caído no seu colo. Uma cena comum naquele período. No entanto, eu reconhecia na Madona os traços masculinos. As vestes inacabadas eram o manto do próprio pintor. O corpo não era delicado, mas pesado. Não era o seio à mostra, mas o tórax de um homem. E a mão pousada entre as coxas do jovem desfalecido não deixava dúvidas: era o esboço do retrato de Chiesanuova com Alcidamo.

***

Eu tinha tido contato, pela primeira vez, com a história da passagem de Chiesanuova por Florença havia alguns anos, ao ler as cartas que o pintor escrevera a seu irmão. Essas cartas, por sua vez, eu também tinha achado por acaso nos depósitos do Museu de Artes do Renascimento, em caixas que reuniam o pouco material sobre aquele pintor de limitado destaque. A pequena importância de sua obra tinha preservado aquele vasto material intocado, já que não era de interesse dos pesquisadores. Na verdade, o que me atraiu nas cartas, inicialmente, foi a beleza da caligrafia, meu objeto de pesquisa para o mestrado que fazia na época. Mas logo percebi que o conteúdo era muito mais interessante do que a forma...

***

As primeiras cartas mostravam a satisfação do pintor, um aspirante a grande mestre, ao ser contratado pela família Adari para pintar seus retratos. Eram uma espécie de diário de Guido Chiesanuova, um pintor iniciante e promissor, mas ainda sem nenhum trabalho de vulto reconhecido. Aquela seria sua primeira comissão importante.

A família Adari parecia ser formada por novos-ricos, comerciantes com algum relevo em Florença. Logicamente, queriam aparecer para a sociedade local como patrocinadores da arte, como tantos outros que havia naquela cidade. No entanto, tinham que começar aos poucos...

Guido devia ter uns vinte e cinco anos quando chegou à casa da família. Ao seu irmão, contou que a primeira impressão fora, de alguma forma, frustrante: a casa não era exatamente um palácio; e o pagamento era bem aquém do que previra. Mas ele gostou do lugar. O velho Adari e sua esposa eram simpáticos, embora um tanto esnobes. E os filhos do casal, um jovem de cerca de dezoito anos e uma menina de seus doze, eram muito bonitos. Boas pinturas eram previsíveis.. com certeza, o passaporte para trabalhos mais significativos.

Pelo que se pode depreender das cartas, ele fora alojado em uma meia-água nos fundos da casa, com acesso livre à cozinha. O vinho era farto ali; ele não podia reclamar. Sua única tristeza era pela falta do irmão. O grau de intimidade entre os dois era patente: Guido não tinha qualquer vergonha de contar os detalhes do que acontecera entre ele e a cozinheira da família logo na segunda noite na casa.

Ele entrara na cozinha, tarde da noite, quando toda a família já tinha se retirado para seus quartos. A cozinheira, uma mulher de meia-idade, ficara sozinha, lavando os restos do dia, quando ele entrou, procurando por um pouco d´água. Foi rápido o entendimento: ele era um homem forte e, tudo indica, bonito. Em algumas cartas, ele menciona o fato de ter um tórax peludo, que lhe desgostava. Os cabelos eram, sem dúvida, pretos e ondulados. Ela era uma mulher forte, branca... e solteira... Tomaram um copo de vinho e ela já estava sentada em seu colo. Na carta ao irmão, ele fala da vulva que o sugava, satisfazendo um desejo que estava guardado há algum tempo. Fala de como ele tinha chupado os grandes mamilos rosas enquanto ela gemia ardorosamente. Do gozo forte que ela tivera, quase junto com o dele. E do susto ao pensar terem ouvido um ruído na porta da cozinha.

Ele parecia se comprazer em contar ao irmão cada um dos detalhes do sexo. Do cheiro dela, que lembrava leite azedo. Da vulva lubrificada. Do gosto de farinha no pescoço. Do cu apertado, que ele comeu na noite seguinte. Ele gostava especialmente deste pecado... ela relutara, mas ele forçara e conseguira seu intento. A bunda branca, imensa, iluminada pelo luar, enquanto seu cacete rijo a penetrava... uma cena com uma plástica perfeita, como ele escrevera. Ela, de quatro, saia levantada, rosto voltado para a janela, não notara o que ele tinha visto: atrás da porta semi-aberta, o rosto do jovem Adari os observava, escondido.

Guido, ao perceber que o que faziam era visto, chegou a temer por seu destino... mas algo o impeliu a continuar: o prazer de exibir-se foi mais forte que o medo. E o gozo foi imenso: ele o descrevera ao irmão como sendo uma sensação que só sentira em um passado que parecia distante.

***

Já era tempo de começar a planejar os quadros da família. O velho Adari, posando como caçador. A senhora, junto com a filha, em uma cena campestre. E o jovem... ele estava em dúvida... talvez, trajando uma simples toga, de modo a realçar o belo rosto. Talvez em uniforme de gala... tinha que pensar...

A porta da meia-água abriu-se de repente. Ele estava sentado na sua mesa, rabiscando uns desenhos sem nexo quando Alcidamo Adari entrou. Na carta ao irmão, Guido descreve com cuidado esse momento. O olhar do jovem, entre curioso e inquisitivo. Era o patrão que vera inspecionar o andamento do trabalho, mas que, às vezes, sem perceber, aparentava querer amizade. Havia, nele, um cheiro de perfume. Sândalo, talvez.. Guido não era um conhecedor dessas artes, mas sabia reconhecer que era algo caro, produto de algum perfumista estrangeiro: aquele cheiro não havia sentido até então. Com certeza, o jovem quisera demonstrar sua riqueza ao usar tal perfume... A barba ainda era rala, mas estava cuidadosamente raspada. As mãos eram brancas, dedos longos, unhas limpas e cuidadas.

Sentira-se, naquele momento, um ogro: sujo, mal-cheiroso, barba crescida. Os dedos estavam marcados pelo carvão com que desenhava. Suas roupas estavam largadas sobre um banco; o quarto todo desarrumado. Tentara esboçar um pedido de desculpas ao filho do seu patrocinador... mas nem conseguiu esboçar uma frase coerente. Sentiu-se, definitivamente, um ser inferior.

O jovem fez poucas perguntas sobre o trabalho que planejara. Como os retrataria, com que trajes, em que locais. Concordara com a ideia da mãe e da irmã em uma cena campestre, mas discordara completamente do pai-caçador. Que o pintasse no seu ambiente de trabalho, seu maior orgulho. Que ele fosse retratado entre os veludos e peças de linho que vendia... pois ali estava a sua razão de viver.

E começaram a discutir sobre o quadro em que ele seria retratado. A ideia da toga o agradara.. um jovem senador romano, talvez... Antes de sair, no entanto, brincou: Adão seria uma opção interessante.

Essa frase, dita levianamente, antes de bater a porta, tinha produzido um efeito terrível sobre Guido. Adão? Como assim? A cena tomou, logo, conta de seu cérebro e, no resto do dia, não conseguiu pensar em mais nada. Naquela noite, a cozinheira estranhou o ímpeto incessante com que ele a comeu. Ela chegou a ficar com o cu ardido... e reclamou com Guido. E ela não entendera porque ele falava tanto em Adão enquanto fodia. E, definitivamente, desta vez ela ouvira o som da porta se movendo enquanto Guido metia nela.

***

Guido ficou muito atormentado e não entendia exatamente o porquê. Em uma carta longa para o irmão, ele diz que passou a ter sonhos ´fortes´, sem explicar bem do que se tratava. Falava dos seus demônios, quando mencionava a lembrança de um período em que os dois, ainda adolescentes, tinham convivido com um certo Giuseppe, provavelmente na sua terra natal.

Falava longamente de como tinham sido levados ao pecado por aquele homem, provavelmente bem mais velho do que os dois irmãos. Da vergonha que sentira ao se deixar levar à casa dele e das coisas que fizeram ali juntos. Da humilhação ao receberem o pouco dinheiro que ele lhes dera, menos do que havia prometido. E de como a fome e a inveja dos meninos ricos do lugar os tinha levado a voltar diversas vezes àquela casa maldita.

Em uma parte da carta em que a letra muito confusa faz crer que ele estava embrigado, lembrando, aparentemente comovido, do irmão naquelas ocasiões. De como ele era bonito, mesmo sofrendo as piores baixezas. Do corpo esbelto, delicado, mas com traços viris. Lembra-se de se banharem, antes de voltarem para casa, no lago escondido no alto do vale. De como aqueles momentos tinham o dom de fazer-lhes esquecer da sujeira por que tinham passado. E se lembrava, especialmente, de como o irmão brincava com ele, dizendo que ali era o novo Éden onde eles se esconderiam do mundo.

***

Estava com dificuldade para iniciar os trabalhos. Seus esboços eram rasgados, mal iniciados. O velho Adari parecia começar a incomodar-se com as intermináveis sessões posando para o artista, sem que qualquer progresso lhe fosse mostrado. Guido era um pintor promissor.. já se falava nele na cidade.. e isso o levara a contratá-lo. Mas a sua paciência já estava diminuindo, como deixara claro para o artista.

A presença de Alcidamo o perturbava muito. Havia um ar de superioridade, presunção, no jovem que o incomodava muito. Ele não deixava dúvida sobre quem era quem naquela relação comercial. Mas havia uma camada abaixo daquela no comportamento do filho do patrão: ele parecia querer mostrar-se, chamar a atenção de Guido para si. Era sempre um perfume, uma roupa, um olhar.. algo para destacar-se, marcar sua presença. E havia algo mais forte: a certeza de que, toda noite, era observado por ele quando fodia a cozinheira. Era um jogo, com certeza, entre eles.. exibição, sedução... não sabia exatamente as regras e os objetivos, mas sabia que havia uma disputa entre os dois. Era um duelo em que eles disputavam a posição de vantagem, usando suas próprias armas.

Um dia, o jovem o colocou contra a parede: queria que ele começasse a pintar seu quadro. O esperava em seu quarto para começarem a trabalhar.

Guido juntou algum material de desenho e subiu ao quarto do jovem. O sol da tarde facilitaria seu trabalho.

Ao entrar, viu que Alcidamo vestia um manto branco. Estava recostado em um divã, banhando-se ao sol que entrava pela janela aberta. No amplo quarto, o cheiro de um perfume, ou incenso, talvez.

Sentou-se em uma banqueta, de frente para seu modelo. E pode observa-lo cuidadosamente, sem qualquer barreira, pela primeira vez.

Era um jovem muito bonito. Os cabelos eram castanhos, com alguns fios mais loiros. Os olhos eram arredondados e ornados por cílios grandes. O nariz era pequeno, talvez menor que devesse ser... um ponto a ser corrigido no quadro. O queixo era arredondado, suave. A boca, pequena, e o dentes eram muito bonitos. Pescoço longo. Olhou aquele rosto com atenção... havia, sem dúvida, uma altivez exagerada. Traço, provavelmente, provocado pela necessidade de impor-se ao empregado. Talvez uma forma de contornar uma fraqueza que sentisse.. mas não tinha certeza disso... Havia, também, algo mais... mais de uma vez, seus olhares se cruzaram e ele sentira que estava sendo também observado atentamente. O duelo, mais uma vez.. observado e observador... quem era quem?

Não conseguia esboçar qualquer desenho. Todas as tentativas haviam sido inúteis. Nem tentava mais... preferia simplesmente olhar para o jovem...

“Já se decidiu sobre como você vai pintar? Qual será a cena?”

“Romano.. toga... pensei em algo assim...”

“Pouco imaginativo... poderia ser melhor...”

“Como gostaríeis?”

O jovem levantou-se do divã... caminhou para a janela, onde o sol o iluminava melhor... e tirou o manto, jogando-o sobre o chão. “Adão!”

A visão surpreendeu Guido. O jovem nu à sua frente era um belo espetáculo. Magro, pequeno, branquíssimo... praticamente sem pelos no corpo. Pernas longas e finas. Pés suaves. Um bunda redonda, empinada. O pinto pequeno, ornado por poucos pelos castanhos.

Tentou disfarçar o desconforto, ou a sensação que julgava ser desconforto... Na sua memória, o irmão estava ali com ele agora. Na carta que escreveu naquele mesmo dia, falou do desejo por poder compartilhar com ele aquele momento. De como gostaria que o irmão pudesse ver aquela cena... e de como iria esmerar-se para pintá-lo da maneira mais fidedigna, para que pudesse guardar a imagem para sempre.

A sessão foi interrompida pelo vozerio que chegava do andar inferior da casa.. com certeza, o pai chegara e era hora do jantar.

Naquela noite, Guido não apareceu na cozinha... não se sentia bem... demônios o atacavam...

***

A próxima carta que escreveu foi marcada pelo tormento. Era nítido como a caligrafia mudava ao longo de sua escrita. Ora eram letras bem desenhadas, ora, pareciam riscos horizontais...

Narrava os acontecimentos do dia seguinte.

Aparentemente, Alcidamo impusera a Guido um passeio pelas colinas nos arredores da cidade. Queria que alguma paisagem específica aparecesse na tela em que seria retratado.. a sua visão do Éden...

Caminharam mais de uma hora, até chegarem a um bosque cerrado, nas margens do grande rio. Era ali que queria ser retratado.

Seu comportamento estava muito variável: por momentos, parecia simpático, quase amigo... mas logo o traço autoritário voltava à tona.

Tinham trazido consigo uma cesta com pães, frutas secas e vinho. Sentaram-se sobre uma grande toalha e comeram algo, enquanto Guido observava o local.

Alcidamo exagerava no vinho. Bebia sofregamente, deixando-se sujar com a bebida que escorria da boca. A voz, aos poucos, foi se alterando... mais alta, mais autoritária..

O jovem se levantou, meio trôpego e, enquanto recitava uma poesia ininteligível, libertava-se de suas roupas... Ali era o Éden.. e ele, Adão... logo estava nu, como no dia anterior. Seu corpo suava, enquanto ele parecia dançar... Guido, admirado com a beleza daquele momento, não pode deixar de notar a ereção. O pinto do jovem, enrijecido, apontava para cima, com um ar vitorioso.

Aquele momento de devaneio foi interrompido com uma ordem clara: tire você também!

Guido fingiu não ter entendido.. mas novo comando foi-lhe dado, quase aos berros: que tirasse a roupa, também! Afinal, o pintor tinha que sentir-se no Éden para poder retratar a cena corretamente.

Na verdade, nem teve tempo para pensar muito.. o jovem estava quase arrancando-lhe as roupas... e ficaram nus, frente a frente.

Tropeçando, Alcidamo aproximou-se de Guido. O cheiro de vinho era forte. Seu olhar brilhava. Como um caçador, rodou ao redor de sua caça, guloso... Como um animal, aproximou-se do peito peludo do pintor e respirou fundo, aspirando seu cheiro. Nesse momento, pisou em falso e quase caiu, sendo aparado por Guido. Estava totalmente bêbado...

Guido sentiu, naquele momento, uma sensação inesperada para ele. Era, por um lado, raiva pela situação humilhante pela qual estava sendo forçado a passar... mas havia pena pelo jovem caído em seus braços... e um desejo que despontava em suas entranhas: os demônios que o possuíam...

Arqueado pelo peso do jovem, Guido sentou-se sobre uma grande pedra, deitando-o sobre seu colo. Alcidamo o olhava fixamente nos olhos, sentado sobre suas pernas e apoiado por seus braços. Seu comportamento voltou a surpreender: começou a gritar palavras contra o pintor... chamava-o de pecador, de depravado. A reação de Guido foi igualmente inesperada: mesmo segurando em seu colo o jovem, deu-lhe um forte tapa no rosto, calando-o. Surpreendentemente, Alcidamo começou a chorar baixo... Dor? Humilhação?

A surpresa foi ainda maior quando ele começou a aninhar-se no colo do pintor, recostando a cabeça sobre o seu peito. Era uma criança choramingando... no colo de um protetor. Seu rosto estava colado nos pelos de Guido... aos poucos, sua boca aproximou-se do mamilo do pintor... seus lábios o tocaram de leve e, aninhando-se melhor, começou, aos poucos a sugá-lo.

Guido sentia um misto de repugnância e profundo desejo. Era um menino em seu colo, sugando-o carinhosamente. Ao olhar para baixo, ele notou, mais uma vez, a ereção do jovem... Ele tirava prazer daquilo... estava cheio de desejo pelo pintor... Guido não aguentou e subiu com sua mão pela coxa do jovem, até o seu saco, seu pinto duro. Ele começou a massageá-lo... sentiu que seu próprio caralho estava duro.. e seus demônios lhe indicaram o que fazer...

Sua mão desceu do saco do jovem.. e foi para trás, na direção de seu cu. Seu dedo indicador logo achou o caminho...e começou a explorar aquela entrada. Alcidamo tentou reagir, mas estava muito embriagado para uma reação mais forte... sentiu a dor ao ter seu cu aberto pelo dedo do outro... seu olhar tornava claro o incômodo.. mas somente balbuciava algumas palavras desconexas.

O dedo entrava fundo.. o jovem tentava escapar daqueles braços, mas Guido era bem mais forte. Um segundo dedo abria as pregas ainda virgens... Alcidamo chorava mais forte, envergando-se cada vez que era penetrado por aqueles dedos... Por um momento, pensou que sua provação terminara, ao sentir que o pintor tirava seus dedos... mas logo foi surpreendido com outra dor... Guido afastara suas pernas e enfiava seu caralho rijo no seu cu... a dor era forte.. e ele gritou... pedindo para parar: doía muito, ele não queria aquilo...

Os gritos de Alcidamo somente despertaram em Guido as lembranças de muitos anos antes. Seus próprios gritos.. e os de seu irmão... quando o homem velho os forçava a penetrarem um ao outro, na sua frente, com seu pau impotente solto mole entra as pernas finas... Lembrou-se dos pedidos do irmão... só até o meio! E de como o velho o forçava a enfiar tudo... todo o seu caralho adolescente, que insistia em ficar rijo, mesmo contra sua vontade, dentro do cu de seu irmão...

Jogou o jovem sobre a toalha, de bruços... e se deitou sobre ele. Mordia seu pescoço, sua nuca, enquanto ajudava com a mão a enfiar seu caralho novamente naquele cuzinho.

Era difícil penetrá-lo... o cu era apertado e ele estava tentando fugir, mesmo que sem muita possibilidade de escapar. Uma mordida na orelha fez com que ele se distraísse, relaxando a bunda, mesmo sem querer. Foi uma estocada funda.... e o cu do jovem Alcidamo estava aberto...

Aquilo não demorou muito... Alcidamo desistiu de tentar resistir.. chorava, inerte, enquanto Guido o penetrava vigorosamente. Somente balbuciava uma súplica.. por favor.. dói.. eu não quero mais... por favor... A cada tentativa de escapar, recebia um tapa ou soco de Guido, que o mantinha subjugado.

O choro do jovem só fazia agitar-lhe mais os demônios em si. Lembrava-se dele mesmo, chorando e pedindo pra que seu irmão terminasse logo com o suplício. Odiava o velho que os olhava babando... e, naquele momento, odiava o irmão, que parecia ter prazer com aquilo... Mais do que tudo, odiava a si próprio, por sentir aquela sensação de chumbo derretido descendo por suas entranhas, a dor dando lugar ao gozo, enquanto era penetrado por seu irmão.... a intensidade daquele momento em que o prazer que vinha do interior do seu cu se espalhava pelo seu corpo, de forma tão intensa que chegara a esporrar.. um prazer duradouro, que insistia em não ceder... era quando seus demônos se libertavam de vez...

Gozou forte dentro de Alcidamo. Seu caralho não amolecia e, assim, continuava a estocar fundo naquele cu arregaçado. Ele era um instrumento de submissão, de humilhação... o que ele mais desejava, agora, era impor-se ao jovem.. mostrar quem era o mestre e quem era o servidor. Após algum tempo, cansado, tirou o pau e deitou, barriga para cima, ao lado do jovem.

Alcidamo chorava baixo... seu corpo estava marcado pelas mordidas, pelos hematomas... sangue e porra sujavam-no todo... Encolhia-se como um feto, segurando as pernas junto ao corpo.

Guido, olhos fechados, não estava mais ali: estava na casa do velho babão... seu irmão se assustara com a sua reação, depois do gozo... de como vira algo nos seus olhos que o desnorteara. Os demônios tinham tomado conta de Guido. Eram os dois jovens, muito novos ainda... corpos nus, saciados e espantados com o prazer imenso que tinham sentido... as pernas ainda trêmulas, o olhar ainda embaçado, a respiração ainda alterada... Mas havia algo novo em Guido: a vergonha, o ódio, a humilhação. Ele não podia aceitar aquele gozo... o prazer lhe era proibido naquela situação. Não podia ter sentido o que sentiu! E isso tinha que terminar ali. Diante do olhar estupefato do velho, Guido apertou com força descomunal o pescoço do irmão, que não reagiu. Deixou-se estrangular. Sua respiração, em breve, cessou.

Guido não estava mais ali... estava na fuga da sua cidade, do seu desaparecimento no mundo, da nova vida que criou como aprendiz de pintor de um mestre florentino, descobrindo e desenvolvendo um talento inesperado que lhe dera alguma fama e que o levara àquele momento... os demônios dançavam em sua volta, mas ele já estava apaziguado...

Alcidamo já não chorava. Seu olhar estava perdido... Com esforço, levantou-se. Sem olhar para Guido, caminhou devagar em direção ao rio. No local onde estivera deitado, marcas de vinho, terra, sangue e porra. Tropeçou, caiu, levantou-se e seguiu. As águas do rio eram violentas. Guido observou quando ele entrou caminhando naquelas águas. Viu quando foi puxado para dentro do redemoinho que se formava no meio do rio. E viu como, sem esboçar qualquer reação, Alcidamo foi levado até desaparecer.

O final da carta é breve. Guido dá a entender que, assustado, voltou correndo para a meia-água junto à casa dos Adari. Ali, recolheu seu material mas, antes de sair, uma inspiração o dominara e ele esboçou um quadro, o único que pretendia fazer e doar para a família: ele, sentado sobre uma pedra, coberto por um manto púrpura, tem o jovem Alcidamo deitado sobre si, rosto colado em seu peito, o corpo nu entregue a ele... não conseguiu, no entanto, deixar de colocar um detalhe importante: a mão que subia pela coxa do jovem, sentindo aquela pele branca tremer sob seu toque.

Pelo que tudo indica, as cartas escritas por Guido jamais foram enviadas. A última delas talvez tenha sido escrita ainda na casa dos Adari, ou, mesmo, depois dele ter fugido de lá. O certo, pela pesquisa que pude realizar, é que Guido Chiesanuova jamais foi visto depois daqueles eventos. Agora, eu estou diante do esboço do quadro que ele mencionara na carta. E sinto os demônios dançando por aqui...


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Comentários


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morsolix Comentou em 05/12/2021

Muito bom




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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico pedrotxt

Nome do conto:
O Esboço

Codigo do conto:
191042

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
04/12/2021

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