Quem por acaso disser que um encontro desses não causa um torpor, um susto, uma vontade louca de sumir do universo, está mentindo, mesmo que esteja com a cara cheia de bebida, como eu a Marta.
Finalmente a ficha caiu, ou precisou cair, e então eu e minha nobre amiga começamos a rir, mesmo sem saber o real motivo daquela súbita reação.
Talvez pelo nervosismo, incredulidade, surpresa ou até mesmo pena de ver nosso netinho sem saber onde enfiar a cara, nitidamente envergonhado, sem sombra de dúvidas, com os olhos totalmente voltados para o chão…
O álcool nunca foi uma boa companhia, não que eu esteja tentando justificar o que iríamos acabar fazendo, mas ele nos dá uma baita coragem que com toda certeza não teríamos se estivéssemos de posse de nossas capacidades mentais.
Acabamos por convidar Matheus para entrar ao quarto, e ele, claro, resistiu, como era de se esperar.
- Entra logo, Matheus, ou vai esperar passar algum conhecido no corredor? - A Marta sugeriu entre nervosa e ansiosa, colocando a mão livre na cintura.
Nosso neto, parado sob o batente da porta, levantou a cabeça, sem pressa, parecendo estar sob efeito de alguma anestesia, e nos mediu, de cima a baixo, primeiro a Marta, depois por sobre os ombros dela, a mim.
Jamais vimos Matheus com aquele semblante de desespero, medo, desconfiança. Já não bastasse a insólita situação em que se encontrava, ainda se deparar com as avós de cinta liga seria um prato cheio para várias sessões de psicanálise.
- Vem.
Marta o puxou e ele se deixou arrastar, cruzando a porta sem conseguir desgrudar os olhos sobressaltados de cima de nenhuma de nós duas.
Marta logo tratou de fechar a porta atrás de si e Matheus, nesse instante, permaneceu parado, de certo esperando que ela voltasse a empurrá-lo. Nesse instante percebi que o pobrezinho tremia da cabeça aos pés, como se estivesse acabado de ser convocado para uma guerra.
- Vamos Mateus - Marta o pegou pela mão novamente -Vem sentar aqui com a gente.
Enquanto atravessavam o curto caminho até chegar à cama, eu e Marta nos encaramos, cúmplices, buscando amparar uma à outra diante daquela situação mais que inusitada, acordando tacitamente que não deixaríamos transparecer para Matheus o quão estávamos abaladas... e felizes.
Nosso neto se deixou cair sobre a cama, ainda emudecido e estático. Para tentar acalmá-lo logo procuramos sentar ao seu lado, mesmo de cinta liga, sem pensar em nos cobrir... O subconsciente nos guia mesmo quando acreditamos que está tudo sob relativo controle.
Demos um tempo para que Matheus respirasse, colocasse seu mundo de volta à órbita e tão logo acreditamos que ele estivesse a contento, buscamos descobrir e entender as razões que o levaram a fazer aquele tipo de trabalho...
De início não conseguimos nada de concreto e ainda tivemos que convencê-lo a não ir embora. Se o fizesse, ia nos deixar ainda mais curiosas e possivelmente a oportunidade para conversamos sobre aquilo ficaria mais difícil, até porque ele iria nos evitar depois que alcançasse o corredor, o que seria mais que compreensível e natural.
Eu e Marta decidimos num conluio sorrateiro, sob um sacrifício quase hercúleo, fazer com que Matheus ingerisse ao menos três doses de uísques. Foi o que conseguiu acalmá-lo, relaxá-lo... O menino até ensaiou alguns sorrisinhos, confessando, enfim, que só havia embarcado naquela vida como mera aventura, pois descobrira, por acidente, que sentia um tesão absurdo se recebesse dinheiro para transar.
É claro que ao mesmo tempo em que ele derrubava a bebida goela abaixo, nós também o seguíamos, e se estávamos alegrinhas no começo, antes de sua chegada, fomos tomadas por uma sensação de liberdade e felicidade sem tamanho, até o ponto de começarmos a falar sobre a conversa que tivemos na sala de bate papo.
O clima foi ficando muito mais atenuado, pacífico, e Matheus, ao passo em que nos lembrávamos do bate papo pelo computador, gargalhava mais e mais, recordando da curiosidade desesperadora que estávamos ao tentar arrumar um garoto de programa.
- O que deram em vocês duas? - ele perguntou, um riso lindo de orelha a orelha - Claro que nunca fizeram isso antes, né?
- Ué... - Marta sempre mais direta, disparou - Os seus clientes também não buscam a mesma coisa?
Matheus ficou desarmado, mas ainda tentou argumentar.
- Mas sei lá… - ele gaguejou correndo os olhos pela parede à sua frente - Vocês são minhas avós… Sabe como é…
Marta se levantou e deu uma rodada em torno de si e falou depois que voltou a ficar de frente para a gente.
- Somos de carne e osso, menino… Umas gordurinhas, mas de carne e osso…
Ele riu novamente, outro sorriso gostoso, meio que se rendendo, mas sem conseguir disfarçar o nervosismo que estava reinava dentro de si.
Eu olhei pra Marta e não demorei a entender o que ela estava pretendendo fazer… Daquele mato ia sair um coelho enorme e perigoso.
Dito e feito!
Marta ofereceu mais um pouco de bebida ao nosso neto ao mesmo tempo em que narrava com uma segurança absurda o episódio de quando o tínhamos visto só de cueca na cama, de pau duro.
Sim.
Ela usou essas palavras: DE PAU DURO.
Matheus, de supetão, olhou para nos duas e perguntou se tínhamos gostado do que tinha visto. Foi minha vez de gaguejar, e então a Marta completou, imediatamente.
- Aquilo não foi nada comparado ao que vimos na câmera.
Pronto.
Silêncio.
Matheus voltou a olhar para o chão. Parecia pensativo até que se moveu sobre a cama e apoiando os braços se levantou.
- Vocês não vão contar, vão, pros meus pais?
Eu olhei pra ele e naquele momento o vi novamente como um o mesmo garotinho de anos atrás, depois de ter feito alguma traquinagem, ansioso para que os pais não descobrissem nada.
Marta riu, alto, afirmando para o nosso neto que jamais falaria sobre aquilo, até porque nossos filhos, além de pais, eram evangélicos, então ou iriam enfartar ou mandá-lo para o inferno, ou as duas coisas.
Matheus deixou os ombros caírem e então pareceu recuperar o fôlego.
O silencio voltou a reinar, realçando que nada mais tinha para ser dito.
- Acho melhor ir embora… - ele voltou a sugerir.
- Antes podemos ver de perto o que vimos na câmera?
Marta pediu sem meias palavras.
Eu quase desmoronei, assim como Matheus.
- Marta, pelo amor de Deus… - tentei intervir.
- Ué, qual o problema? Vimos nosso neto nu desde pequeno, depois o vimos como veio ao mundo, na frente daquela câmera, então qual a diferença agora?
Eu e Matheus ficamos pensativos por uns instantes até que ele abriu a braguilha da calça jeans, devagar, rindo, meio de lado, nitidamente embaraçado.
- Isso não tá acontecendo - ele repetiu algumas vezes antes de baixar a cabeça para então deixar a cueca aparecer.
- Nós vimos mais do que isso menino - Marta falou firme, encarando-o.
Além de bêbada, minha amiga estava possuída.
Nos segundos que se seguiram de Matheus indeciso entre baixar de vez ou não a cueca, ou parte dela, fui invadida por sua imagem na frente daquela câmera, nu, em pelo, lindo, maravilhoso, seu corpo perfeito...
Engoli em seco e engoli mais uma vez quando vi Matheus tirando, por fim, o piru para fora.
- Nossa. Tá molinho, né? - Marta observou, rindo.
O menino ficou vermelho, azul, roxo, sem conseguir levantar a cabeça para nos encarar.
- Ok. Nós entendemos - Marta tentou levantar a moral dele depois do banho de água fria que tinha lhe dado.
Mesmo flácido, o pênis do nosso neto estava nos deixando desesperadas. Eu com certeza e Marta, obviamente, era impossível não estar.
- Acho melhor eu ir, então - Matheus disse fazendo menção em fechar a calça, mas a mão de Marta o impediu, segurando o saco dele.
- Você se depila sempre ou só por causa do trabalho? - Ela perguntou, alisando o escroto do menino e desviando o olhar até se virar por completo na minha direção.
Matheus nada respondeu, continuando cabisbaixo.
- O que está esperando, Olga? Vem pegar também.
- Acho melhor eu ir embora… - nosso neto voltou a ameaçar, mas sem se mover.
Marta então pegou minha mão e colocou sobre o piru de Matheus.
- Calma, garoto. Somos suas avós.
Ela colocou uma das mãos sob o seu queixo e o ergueu.
- Confesse. Se não fossemos quem somos, você não iria fazer o seu trabalho?
Matheus nada disse. Eu também, mas não tirei a mão de cima do pênis dele.
- Mas agora já sabemos quem somos, né? - ele respondeu um tanto reticente, nos fitando com toda a hombridade como um homem de verdade faria em uma situação como aquela.
Marta então apertou o seu saco.
- Que tal falarmos de negócios? - ela perguntou arqueando uma das sobrancelhas.
***** continua