Jão IV


- Você é uma cobra !!- berrou Isabela durante o café da manha pós- festa.
- Por que esse ódio gratuito de manhã. - falei
- Como você é falso. Bem que a Fabi me alertou. - disse ela.
- Fabi?? Deixa de ser tonta Isabela ! No dia que mais precisar essa safada vai virar as costas pra você. – falei.
- Eu sinto nojo de você, primeiro se faz de bom moço e seduz meu irmão, e segundo agride meu namorado, por ele não cair no seu joguinho. Voce é uma praga.
- Calma aê, paquita ! Eu e o Dudu nos gostamos muito e foi ele que me seduziu, já o imundo, digo, Willy, ele me persegue faz um tempão e sobre a festa eu só me defendi, já que foi ele que me agarrou.
- Não acredito em nada, do que fala.- disse ela.
- Eu tenho prints de todas as conversas, e vou te enviar. Nessa história eu não sou mentiroso.
- Quero você fora da minha casa, pega a sua mãe xexelenta e sumam daqui.
- Concordo plenamente minha filha, quero ver essas ratazanas fora da minha casa. Acredita que seu irmão, nos fez passar vergonha ontem, dizendo que tá namorando esse daí.- disse Monica.
- Como é que é??? Só podem estar malucos. – gritou Isa.
- Também acho. Nossa fiquei com pena da Fabi, isso é muita traição, achei que fossem amigos, mas graças a Deus já percebemos do que esse rapaz é capaz. – disse Monica
- Veja os prints. Eu não estou falando mentira.- falei.
- Pode muito bem ser montagem, sei que é capaz de fazer isso.- disse Isabela.
- Acredite no que quiser, só não venha chorar no meu ombro, depois . – falei.
- Rua !!! Seu infeliz!! Tá esperando o que ? Domenico – gritou Monica.
- Mas que porra tá acontecendo aqui.- disse Cézar.
- Ainda bem papai que chegou !! Ponha essa criatura pra fora daqui. Ele seduziu meu irmão e agrediu meu namorado.
- E invadiu nosso quarto pra roubar algo.- disse Monica .
- Ele fez o que ?- disse Isabela.
- CALEM A PORRA DA BOCA !!! CARALHO NÃO POSSO TER PAZ NEM NA HORA DO CAFÉ .- disse Cézar.
- Senhora, chamou- me ? – perguntou Domenico.
- Sim chamei, coloca esse...- falou Monica
- CALA A BOCA MONICA. – gritou Cézar. – Quero que essas implicâncias de adolescentes se encerrem. João não vai a lugar algum, e só eu tenho o direito de decidir quem fica e quem sai da minha casa. – disse Cézar.
- Mas pai ...- disse Isa.
- A casa é minha , o dinheiro é meu, e faço o quiser. Estamos entendidos? – falou Cézar.
- Sim papai – disse Isabela.
- Sim senhor Cézar. – disse Domenico.
- Monica ??? – perguntou Cézar.
- Isso não vai ficar assim.- disse Monica saindo da mesa do café.
- João !!! Por onde anda o bostinha.- perguntou Cézar.
- Senhor, o seu filho Eduardo – observei o olhar de raiva que ele fez quando falei isso.- foi levar o Sergio em casa.
- E Guida ???- perguntou Cézar.
- Já foi embora Senhor ! – disse Domenico.
- Mas sem se despedir ? – falou Isa.
- Ela me pediu para transmitir o recado, que surgiu algo inesperado e que voltaria uma outra hora.- disse Cézar.
- Estranho !! A Tia gosta tanto de ser o centro da atenção. – falou Isa.
- Melhor assim, aquela doida é muito chata.- disse Cézar. – Tá dispensado Domenico.
- Vou falar com a mamãe. – disse Isa.
- Vou para meu quarto , licença. – falei.
- Vai ficar na mesa até eu terminar meu café, é o mínimo que pode fazer por mim. – disse Cézar.
- Como ??? Eu vivo sendo ameaçado por ti, 24 hs por dia. E realmente não te entendo.
- Só me desobedece o tempo inteiro.
- Então por que não me expulsa logo, se tanto te desagrado ? Tu me trata como um bicho de estimação. Eu sou um ser humano, penso sozinho e tenho vontades. Eu realmente gosto do Dudu e quero que der certo.
- Não me faça rir. – debochou Cézar.
- Ele é bom, me escuta, me respeita e é verdadeiro ao contrário de muitos.
- Verdadeiro ??? - Tem certeza disso ? – disse Cézar.
- Do que você tá falando ?
- Ele não é seu namorado? Corra atrás. – disse ele.
- Qual é a sua ?? O que quer de mim realmente ? Você me ama é isso?
Ele soltou uma gargalhada que ecoou por toda a sala. De forma suave Cézar se levantou de sua cadeira, sentou do meu lado, e disse com sua voz rouca e grossa:
- A verdade é que o que sinto por você é tara. Tara na sua bunda, no seu corpo inteiro, no seu cheiro...
Ele avançou sobre mim, e eu levantei.
- Não encosta em mim, quero respeito.
- Deixa de ser sonso moleque. Desde que me conheceu sonha em ser enrabado por mim. Não se engane, sua estadia nessa casa se deve a isso. – disse ele.
- Eu nunca vou pra cama com você.
- Vai sim. Mais rápido do que imagina.- falou ele.
Mais um vez ele repetiu isso, e parecia ter muita convicção, e não demorarei muito pra descobrir o motivo.
Sai da sala e me tranquei no quarto pelo resto do fim de semana.
Mas mudando de assunto, minha amizade com Isabela e Fabiana já não existia mais, e hostilidade foi o que sobrou.
Na escola virei um pária, excluído do Squad, voltei a ser o motivo de piada novamente, bolsista, pobre e gay era o prato cheio para as venenosas. Porém desta vez não deixei passar barato as ofensas que saiam da boca daquelas megeras.
Um dia, no corredor da escola, as imbecis estavam debochando da Kaito, e todo mundo assistindo aquilo como se fosse o filme dos vingadores, ninguém piscava um olho e a pobre garota estava prestes a chorar.
- Oh amarelinha, acorda. Você é feia e ninguém vai te querer.- disse Fabiana.
- Da próxima vez que eu e meu namorado passarmos, você abaixa a cabeça, ou saia do corredor. É constrangedor ver, seus olhos nos encarando. – disse Isabela.
- Para com isso amor, deixa a menina!! Ela deve ter uma quedinha por mim. Já que admirar não tira pedaço.- disse Willy.
Como sempre o Willy, sendo idiota e tentando transferir o foco da discussão para ele, riquinho narcisista de merda.
- Que tanto vocês cacarejam .– falei me intrometendo na conversa.
- Tá chamando a gente de galinha ? - disse Fabi.
- Se a carapuça serviu... - falei.
- Como você é ridiculo Jão !! – gritou Isa.
- Ridículo ? Olha o papelão Isabela, humilhando a Kaito, só pra se sentir melhor. – Se tem problemas de autoestima, vai procurar um psicólogo, querida.
- Minha namorada não ta louca. – disse Willy.
- Pra namorar você, Willy “hétera", só pode estar doida mesmo. – falei.
- Cala a boca seu pobretão oportunista, pensa que não sei, que seduziu meu irmão só pra ficar lá em casa e arrancar dinheiro do coitado.- disse Isa.
- Todo mundo vai saber quem você é Jão. – disse Fabi.
- Ótimo. Se você quer verdades eu tenho inúmeras pra revelar, posso começar agora.
- Conta, conta, conta. – começou o coro de pessoas que estavam em volta.
Isabela avançou em mim, mas foi contida por Willy.
- Agora é guerra!!!- gritou Fabi.
- Façam o seu melhor, vadias ! – gritei para elas.
Sai dali e levei Kaito até a quadra que estava vazia.
- Me desculpa Kaito, acabei jogando mais lenha na fogueira, ao invés de só tirar você de lá. – falei.
- Tudo bem Jão. Elas precisavam ouvir algumas verdades, mas me preocupa o que está para vir. – disse Kaito.
- Te garanto que não será boa coisa, mas enfrentaremos de cabeça erguida. – falei.
Ela me abraçou e pela primeira vez em muito tempo, me senti bem com aquele gesto de carinho. Não era falso e nem fabricado, simplesmente espontâneo.
- Me responde uma coisa, você gosta do Willy? – perguntei.
- Willy?? Claro que não !!! Que nojo. – falei .
- Então porque olhava pra ele?
- Não estava olhando pra ele, e sim para Isabela.
- Não me diga que gosta dela ?
- Não é isso...
- É sim, e tá apaixonada pela bruaca.
- Fala mais baixo, não precisa espalhar aos quarto ventos.
- Ela sabe disso ?
- Sim. A gente brincou de verdade ou consequência, há 2 anos, e tivemos que ficar presas em um armário na casa do Willy, e ai rolou um beijo. Me declarei pra ela, mas depois disso só me trata desse jeito, com muito desprezo.
- Que garota ridícula. Juro que fico pensando como que aguentei ficar perto dela.
- E agora mora com ela . – falou Kaito.
- Nem me fale, é insuportável ficar naquela casa. O único que salva é o Dudu.
- Nossa que barra.- disse ela.
- Mas não vou demorar muito lá, pode ter certeza.
- Quando precisar pode ficar lá em casa. Será sempre bem vindo.
- Obrigado... – falei.
- Kaito, o que faz fora da sala de aula ? – disse a treinadora Smith, uma mulher alta, branca de cabelos castanhos em um rabo de cavalo, que vestia uma blusa polo com o logo da escola e uma calça moletom e tênis.
- Desculpa treinadora já vou indo... – disse Kaito saindo.
- Cardoso para onde esta indo? – disse a treinadora.
- Eu vou pra aula, antes que a senhora me dê uma advertência.
- Pode descer pra cá que sua turma já esta vindo. Tenho um anuncio pra fazer. – disse a treinadora.
Depois que todos chegaram ela disse:
- Como sabem está chegando nossa festa Junina, e como todo ano teremos as apresentações de todas as turmas. A escola dará como incentivo a vocês 2,0 pontos na disciplina que vocês precisam se recuperar, antes de entrarem de férias. Eu irei treina-los nas próximas semanas e a musica da turma de vocês será Frevo de Mulher.
- Eu vou dançar com meu Willy. – falou Isa.
- Nem vem. Que coisa ridícula!! Não vou dançar.
- Que ? Tá louco ? Claro que vai dançar, eu preciso de pontos em matemática e não vou pagar mico sozinha.
- Vai dançar sozinha. Eu não vou. – disse Willy.
- Por mais que achamos graciosa a briga de casal de vocês, sinto muito informar que os pares serão sorteados. Quem quiser participar é só assinar esta lista, os demais alunos podem voltar para sala.- disse a treinadora.
A maioria assinou a lista com exceção do Willy e seus amigos idiotas. Fui sorteado e acabei ficando com a Selina Wood, uma nerd gordinha, que era bem bonita, mas quase não tinha contato, apesar de estudarmos há mais de dois anos juntos.
No final das aulas naquele dia, Dudu estava me esperando para almoçarmos juntos e passamos uma tarde maravilhosa juntos.
- Dudu, queria te fazer uma pergunta, na verdade são duas.
- Pode falar amor.- falou Dudu.
- Então, na noite da festa eu senti uma clima muito estranho, entre seu pai e o Sergio, o que aconteceu com eles?
- Defina clima. – falou ele.
- Eu vi os dois discutindo e não era nada agradável. – falei.
- Meu pai é foda. Eu já pedi várias vezes, pra deixar, o Serginho em paz. Meu amor, eu não sei bem, o porque do meu pai agir assim com ele. No inicio achei que fosse proteção, ele como delegado precisa se resguardar, mas com o tempo vi que era antipatia mesmo. Pra você ver a diferença do tratamento com você, praticamente ele te adotou como filho, e quanto ao Sergio ele odeia.
- Eu sou grato por tudo que sua familia fez por mim, mas seu pai, às vezes, parece que não bate bem da cabeça.
- Eu sei, e até entendo um pouco. O trabalho já não é fácil e a criação rigida do vovô, fizeram com que ele ficasse assim.
- Tenso cara. Tenho mais uma pergunta, o que você sabe sobre a história da morte de um rapaz, há 20 anos na mansão?
- Onde ouviu sobre isso Jão ? – disse Dudu.
- Ué... na escola. – contei uma mentira.
- Porra eles ainda continuam falando merda! Caralho eles são foda. - Então quando isso aconteceu, eu tinha meses de idade, e minha mãe não estava na mansão naquele dia. O que meu pai falou é que ele e uns amigos estavam numa social lá em casa, e um de seus amigos se matou.
- Meu Deus !!! – falei.
- Ele se atirou da janela do quarto, em que você dorme e caiu, lá embaixo perto da piscina. – falou ele.
- Nossa que horror !!
- Nem me fale, na escola me zoavam direto, dizendo que a casa era mal assombrada, e olha que nem morávamos na mansão.
- Não morava? – perguntei.
- Meu avó nos expulsou de lá depois que o pai, passou pra policia. Meu pai só voltou pra mansão depois do casamento com a Monica e fui depois da morte da minha mãe há 6 anos.
- Caramba que barra.- falei.
- Quem disse que vida de rico não tem tormenta. Nem tudo é glamour. Tem mais alguma coisa que posso fazer por você ? – disse Dudu.
- Quero um monte de beijos, e que depois você me leve pra casa. Não quero ouvir broncas da chefia. – falei rindo.
- Seu pedido é uma ordem lindo. – falou Dudu.
Depois de muitos beijos, meu telefone tocou muitas vezes, que me fez parar de beijar o Dudu para atender:
- Alô ??? - Alô !!!! Oi diz alguma coisa. – falei.
- Deve ter ficado mudo. – falou Dudu.
- Mudo não está, escuto a respiração no fundo. – falei.
- Desliga essa merda. Deve ser algum babaca idiota passando trote.
- Verdade. – falei desligando o telefone. – Paramos onde ? – falei.
E voltamos a nos beijarmos até o final da tarde dentro do carro dele e logo em seguida voltamos para a casa.
Ao entrarmos na casa...
- O que acha de vermos um filme ?
- Eu adora...
Então uma mulher magra, alta, de cabelos longos e ondulados de cor castanho e com reflexo nas pontas se joga no colo do Eduardo.
- Duduzinho meu amor. – disse ela beijando na boca dele.
- Me solta Romina !!! O que tá fazendo aqui ? – falou ele.
- Ué Duduzinho? É assim que trata a futura mãe do seu filho.- disse ela.
- O QUE ?- gritei.
- Quem é ele, benzinho ?- disse Romina.
- Eu sou o namorado. – falei.
- Dudu você é baitola e não me disse ?- falou Romina.
- Fica quieta sua doida ! – falou Dudu.
- Eduardo eu quero uma explicação. – falei.
- Não é nada disso que você tá pensando amor. – falou Dudu.
- Amor ? Como assim ? E eu como fico nisso Eduardo ? – disse Romina.
- Eduardo fala alguma coisa. – falei.
- Eu, eu...
Monica, Isabela e Cézar apareceram na sala.
- O que tá acontecendo aqui ? – perguntou Isabela.
- Também tô querendo saber o que tá acontecendo, mas seu irmão ficou mudo de repente. – falei
- Não tô falando com você bichinha. – disse Isa.
- Vai pro inferno ! – gritei para Isabela.
- Gostei de você, menina! – disse Romina.
- Cézar, esse moleque petulante mandou sua filha para o inferno, não vai dizer nada? – disse Monica.
- CHEGA !!! BASTA ! – gritou Cézar. – Se meu filho não tem coragem de falar, eu vou dizer. A Romina está gravida do irresponsável do meu filho. Eu a trouxe dos EUA, para cuidar dela e do meu futuro neto.
- É mentira !!! Eu transei com ela uma vez e a gente não teve nada. Quem me garante que está gravida mesmo e se esse filho é realmente meu.
- Pra isso serve exame de DNA que será feito mais a frente durante a gestação. - disse Cézar.
- Dudu, nossa relação foi muito mais profunda, e você só me abandonou porque contei da gravidez.- disse Romina.
- Você fez o que Eduardo? – falei.
- Que feio irmãozinho. Trocar a mãe do seu filho por isso ai.- falou Isa.
- Não é nada disso... – falou Dudu.
- Eduardo é mentira que você fugiu? – disse Romina aos prantos.
- Não mas...- Disse Dudu.
- Chega de mentiras Eduardo.- disse Cézar com um sorriso no rosto.
- Eu pensei que você fosse diferente de todos os outros, mas pelo visto é igual, ou pior. – falei e sai correndo para o meu quarto.
Não demorou muito para ouvir os murros que Eduardo dava na porta.
- Abre meu amor !! Vamos conversar.
- Me deixa sozinho Dudu !!!
- Abre essa merda, porra.
E ficou assim por um bom tempo...
Tarde da noite, abri a porta para ir a cozinha comer e dei de cara com Eduardo muito triste.
- Meu amor, podemos conversar.
- Para que conversar ? Mais mentiras que sairão da sua boca ?
- Eu nunca menti pra ti. – falou ele.
- Então a Romina é o que ? Uma miragem ?
- Eu fui um canalha com ela, admito que surtei, mas não éramos exclusivos e foi só uma noite. Achei que pudesse ser de qualquer um.
- Dudu, você me disse que não tinha ninguém, e mentiu na minha cara. Custava esperar mais um pouco, para ver se era seu mesmo? Que ser humano é esse que larga uma pessoa desamparada, num país estrangeiro, semanas apoio das pessoas que gosta ?
- João a Romina morava lá a muitos anos, ela é modelo e conhece muita gente, e também nem liga pra família dela aqui no Brasil.
- Chega Eduardo. Já tá ficando ridícula esse discussão. Você precisa por sua cabeça no lugar e amadurecer.
- Quem é você pra falar de amadurecimento, olha o jeito que trata a sua pobre mãe, uma trabalhadora que tem um filho ambicioso, que tem vergonha de ser pobre.
- Muito bem. – falei batendo palmas de forma sarcástica.- Até que enfim se posicionou sobre algo. Vive em cima do muro e à sombra do pai.
- Cala sua boca, acha mesmo que sou imbecil, eu vejo pelos corredores o jeito que você e meu pai flertam, tá mais que evidente que é mais uma das comidinhas dele.
- Acho melhor sair do meu quarto. Já me ofendeu de uma forma que eu nunca fosse ouvir essas palavras da sua boca. Você não sabe da minha história e nem muito menos quem eu sou, logo não tem moral alguma pra falar qualquer coisa sobre mim.
- Meu amor, me desculpa eu perdi a cabeça! – disse ele se ajoelhando aos meus pés. – Por favor não me deixa, vamos nos entender.
- Por favor se tem consideração pelo pouco tempo que estivemos juntos, saia desse quarto e coloque sua vida nos trilhos, e até lá não estamos mais juntos. – falei.
O choro do Eduardo aumentou, e ele saiu do quarto.
Para vocês leitores eu posso contar um segredo. Eu amei o Dudu de verdade, acredito que ele tenha sido o primeiro homem que amei, e nessa época fiquei muito decepcionado com atitude dele. Muitos podem achar minha atitude exagerada com ele, mas se colocar na balança , isso é mais um reflexo do que ele realmente é, um mero fantoche na mão do pai, que armou todo esse circo com a Romina, e não toma uma posição em tomar decisões sobre sua vida, mesmo que possa trazer consequências não tão vantajosas assim. Continua a querer fugir de tudo sem resolver seus problemas.
Depois desse desabafo voltemos ao nosso conto.
Logo depois do Eduardo desaparecer, eu fui a cozinha comer algo.
Abri a geladeira, tirei algumas coisas dela para fazer um sanduíche, quando menos espero, Gloria, aparece de uniforme limpando a cozinha.
- O que faz aqui a essa hora estrupício. – falei para ela.
- Eu preciso limpar tudo logo, muito sujo, muito sujo.
- Gloria tá tudo bem ?
- Porque não estaria, tudo bem tá bem sim. As vezes tá tudo tão bem que fica bem, aí ...- disse ela agarrando no meu braço. – ... aí alguém liga e tudo volta de novo.
- Me solta sua doida. Tá usando de novo não é.
- Não tô , não filho. Mas o telefone ... CADE O TELEFONE – gritou ela e começou a chorar.
- Gloria, por favor se acalma. – de repente ela parou, e deu um tapa no meu rosto.
- Mãe , é isso que eu sou sua. Mãe, mãe , mãe. – e caiu no chão e chorou.
- O que tá acontecendo aqui ? – disse Cézar que estava de pijamas, sem camisa e os cabelos desgrenhados.
- Nada Cézar tá tudo bem. – disse
- Cala sua boca maldito !!!. – disse Gloria avançando para cima de mim, mas foi interrompida por Cézar que a segurou.
- Tem certeza que não é nada ! – disse Cézar.
- Ela tá drogada Cézar.
- Ela usou o que ? – falou ele
- Não sei.
- Gloria, você usou o que ?- perguntei.
- Demônio !!! – falou e cuspiu em mim.
- Vê nos bolsos dela se tem alguma coisa- disse Cézar.
- Nada, não tem nada. Mas ela usava cocaína antigamente.
- Fica calmo Jão, vai acabar tudo bem. – disse ele.
- Ele vai me pegar, ele vai pegar a todos nós. – falou ela.
- Gloria, fica calma e presta atenção no que vou te falar. Ninguém vai fazer mal a vocês, vou sempre protegê-los, mas precisamos ir para um local seguro e você precisa colaborar.
- Lugar seguro ? Seguro pra mim e meu filho. Eu vou...
- Jão pega meu casaco e carteira que estão no escritório e vamos levar sua mãe para o lugar seguro. – Te vejo no carro. – falou.
Fui ao escritório e peguei o casaco e a blusa que estavam no sofá. Mas percebi encima da mesa, alguns papeis espalhados. Provavelmente ele estava ali, quando ouviu a discussão.
Na mesa tinha um registro de ocorrência, sobre a morte do meu pai, algum extratos bancários e fotos de algumas joias, parecia ser um inventário de coisas que foram roubadas. Rapidamente tirei foto de todo aquele material, e sai logo dali e fui ao quarto da Ariela pegar os documentos da minha mãe.
- Demorou, hein.- falou ele.
- Filho você tá bem ? – falou Gloria.
- Fui no quarto pegar os documentos dela, e fiz devagar pra não acordar Ariela.
- Então, podemos ir. – falou ele.
Ao chegarmos no hospital ela estranhou, o lugar porém, logo foi atendida e depois levada para os procedimentos.
Eu e Cézar fomos encaminhados para aguardar no quarto particular que ele pagou.
- Amanhã mesmo nós vamos embora da sua casa, assim que ela sair daqui. – falei.
- Do que está falando ? – disse Cézar.
- Imagino no que está pensando e tem todo direito de nos expulsar.
- Jamais te expulsaria, eu gosto de ti e de sua mãe, ela é uma excelente funcionaria que está passando mais uma vez por um momento muito difícil na vida. – disse ele (Meu corpo chegou a tremer nessa hora depois do que ele falou).
- Conta outra Cézar, estamos há quase um mês na sua casa, não dá acreditar nisso. Tô cansado de ser enganado, usado e abusado pelas pessoas.
- Nunca te enganei João. Sempre fui verdadeiro e bem claro sobre tudo.
- Porque tá me ajudando? Não te trato bem, vivemos brigando por nada e mesmo assim me defende de todo mundo.
- Já te falei tenho um puta tesão em você, e tá ficando difícil me segurar, tanto que toda noite eu vou ao seu quarto te ver dormindo, e acredito que já tenha percebido.- falou ele.
- Sim. – falei.
- E sei quem você é, e conheço sua história, e entendo o porque da Gloria fazer isso. Quero que saiba que eu gostava dele, e jamais vou te deixar desamparado.
Ele me abraçou e eu chorei em enquanto ele fazia carinho no meu cabelo.
- Obrigado Cézar. – falei.
- Me deixa triste ver um menino tão bonito assim, chorando, ainda mais depois do que o bostinha fez.
- Por favor esse assunto não. Tô cansado de pensar nisso.
- Esquece ele e todas as suas irresponsabilidades. Quero que saiba, que pode contar comigo para o que precisar. Sou seu amigo e seu admirador.
- Obrigado pela honestidade. – falei.
Ele tentou me beijar na boca mas eu virei o rosto e o beijo foi parar na minha bochecha, e bem nessa hora trouxeram a Gloria dopada e mais calma.
O Doutor nos instruiu de como proceder com o tratamento dela já que teve uma recaída e os próximos dias seriam decisivos.
Passei o dia todo com ela lá, enquanto Cézar foi trabalhar e a noite ele nos buscou, após ter feito uma busca no quarto dela por drogas. Mesmo após estar sóbria Gloria não disse quem te forneceu a droga.
Nas duas semanas que se passaram, ela dormiu no meu quarto e cuidei dela com ajuda do Cézar.
Mas isso não impediu do clima da casa ficar pesado e tenso, e acredito que piorou, mesmo que Cézar tenha inventado uma mentira dizendo que era depressiva. As provocações e ofensas por parte da trinca de vadias ( Isa- Romina- Monica) só aumentaram, mesmo eu tentando ignorar o Dudu o máximo que podia.
No sábado daquela semana seria a festa Junina da escola. Eu vesti uma calça jeans com alguns retalhos colados e uma blusa azul xadrez, com chapéu.
A apresentação do segundo aconteceria no início da noite, e estávamos todos na concentração esperando.
Todos da mansão vieram assistir, inclusive Gloria, que apesar de tudo se esforçava para se manter sóbria.
Eduardo deixou a Romina em algum lugar, e apareceu na concentração.
- Até de caipira, você consegue ser gostoso.
- O que você quer ?
- Quero você Jão. Eu te amo, e não consigo viver sem você.
- Olha se já vai começar com...
- Não é mentira. Eu vou cuidar da Romina e do bebê, e vou tomar um rumo na minha vida. Fiz até vestibular pra estudar Historia como sempre quis. Por favor me dá uma chance.
- Olha eu...
- Amigo, amigo ainda bem que te encontrei. O que ele faz aqui ? – disse Kaito
- Ele só veio desejar uma ótima dança e já tá saindo.
- Tanto faz. É até bom ele saber disso. Sua irmã e a cobra da Fabi, aramaram para você não dançar hoje e perder os pontos.- disse Kaito.
- Como assim ? – perguntei.
- Willy vai dançar com a Selina, por ordem do diretor. E sem par, não dança. – disse Kaito.
- Mas eu sou aluno, que ensaiou e me dediquei.- falei.
- Você é bolsista, por isso que ele cagou. – disse Kaito.
- Isso é um absurdo. Só pode ser mentira, como descobriu isso garota ? – perguntou Dudu.
- Eu estava no banheiro e elas não me viram lá. – falei.
- Jão posso falar com voce? – perguntou a treinadora.
- O que houve ? – perguntei.
- Querido infelizmente não poderá dançar hoje. O diretor colocou o Willy no seu lugar.
- Mas ele disse que não ia participar e ele nem conhece a dança. Isso não é justo ! – falei.
- Tentei argumentar, mas ele está irredutível. Estou vendo se consigo algum aluno queira dançar.
- E se for ex- aluno pode ? Pensa professora, sou um aluno de prestígio pra escola, muito bonito e um casal gay na quadrilha vai trazer muitos pontos positivos. – falou Dudu.
- Tem toda razão Maldonado. Vou falar com o Baker, e já vá se preparando, tome aqui meu chapéu e Cardoso explique os passos de dança. – Senhorita Kaito, vá para a concentração da sua turma e se vista, que logo em seguida é a sua vez.
Ao entrarmos na quadra pra se apresentar, começou o burburinho de todos, ninguém acreditava, que Dudu era meu par. Inclusive o trio da maldade que engoliu em seco, esse plano ridiculo de me prejudicar.
Dudu estava com um sorriso enorme ao dançar comigo e no meio da dança, roubo um selinho meu. Ver o rosto de desgosto do Cézar, da Romina e da Monica foi impagável.
Foi um sucesso o publico aplaudiu muito e até a Gloria estava feliz ( o que era estranho, já que tudo era amargo naquela mulher).
Assim que acabou Dudu me levou para fora da quadra e me beijou.
- Eu te amo, e quero ficar com você. – falou Dudu.
- Mas ...
- Sem mas, Jão ! Eu e você fomos feitos um para o outro. Me perdoa pelas besteiras que disse. Quero recomeçar do zero, sem mentiras.
- Também te amo e quero muito isso, mas preciso te contar uma coisa antes de tudo.
- Tudo bem. Mas seja o que for vamos superar juntos. Porém antes quero brindar esse nosso momento, só me espera aqui, vou ali na barraca do Inácio e já volto.
Eu iria contar a verdade para ele, principalmente sobre o pai dele, mas o universo decidiu me sacanear, trazendo de volta meu pior medo.
Ele vestia um jeans surrado, um moletom preto de capuz, tentando esconder o rosto, mas era impossível não reconhecer o demônio.
- E aí filezinho ! Quanto tempo.
- Mauro ?????- gritei.
- Se gritar morre aqui. – disse o homem branco e muito magro, de nariz afinado e cabeça raspada, apontando uma arma para minha cintura.
- Como saiu da cadeia ? Como entrou armado aqui dentro ? – falei.
- Tem gente que te odeia tanto quanto eu, filezinho. – disse Mauro.
Kaito vinha em minha direção com um sorriso no rosto, seu vestido era muito bonito, cheio de laços roxos.
- Amigo, você arrasou na dança. – falou ela.
- Que bom que gostou. – falei.
- Quem é esse seu amigo ?- perguntou Kaito.
- Se livra dela ou eu mato. – surrou ele em meu ouvido e depois falou: - Sou Mauro, gracinha.- disse olhando pra ela.
- Kaito, vai logo pra quadra dançar tá na hora. – falei rispidamente.
- Mas... – Tentou argumentar ela.
- VAI AGORA. – falei olhando para baixo em direção a arma.
- Eu vou. – disse ela assustada quando reparou na arma.
- Vamos andando, precisamos de um pouco de ar, não é mesmo. – disse Mauro me levando a força até o estacionamento deserto da escola.
Ele me levou até um carro celta, preto de duas portas e bem antigo.
No entanto antes de entrarmos no carro, ele me deu uma coronhada, e aí apaguei...
Final do capítulo.
Avisos:
Queridos a respeito das postagens, conforme a trama vai ficando mais complexa, as postagens demoraram mais. Não desistam da história porque ainda tem muitas surpresas no futuro.
Leitor Sairaf30, Tia Guida é um personagem recorrente na história e tem um passado com o Jão. Conforme podem ver, não foi por qualquer motivo que Jão conseguiu morar naquela casa. ( acabei de dar uma dica enorme).
Aos outros leitores, Sssul e Alegostoso, muito obrigado pelos comentários de incentivo, não imaginam como isso é importante.
E a todos os outros leitores muito obrigado.


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Comentários


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sairaf30 Comentou em 03/07/2020

Amando cada capítulo, não achei um capítulo novo na casa dos contos não, aguardando o próximo capítulo.




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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico 1992novaes

Nome do conto:
Jão IV

Codigo do conto:
159276

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
01/07/2020

Quant.de Votos:
2

Quant.de Fotos:
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