Meu pai ficou atônito com a resposta rápida do Zé. Acho que ele não esperava nem por uma resposta, quanto mais por uma reflexão tão certeira e pertinente. O Zé continuou:
- Você sabe muito bem que o problema não está em termos escondido nosso caso. Caso, não. Chamar assim vulgariza a coisa. Eu quis dizer: a nossa relação. O problema não é quando revelar, o problema vai surgir SE revelarmos, não importa o momento.
O choque do meu pai se justifica por tudo o que aconteceu antes deste momento surreal acontecer. Deixe-me retroceder e explicar como chegamos aqui.
Depois que meus pais se separaram eu fiquei muito dividido e não conseguia escolher com quem morar, mas estava claro que passar uma semana com cada um estava cansativo para todo mundo. Além disso as aulas estavam prestes a começar e eu precisar decidir se queria ir morar com a Mamãe em Campinas, ou ficar em São Paulo com o Papai. Essa situação me deixava muito triste. Certa vez minha Tia Clara e seu Marido José Luiz me levaram para passar o fim de semana com seus filhos, meus primos com mais ou menos a minha idade, e me flagraram chorando. Eles conversaram muito comigo e me garantiram que eu poderia fazer essa escolha e que meus pais iriam entender. Segui o conselho dos meus tios e chamei meus pais para conversar. Expliquei para ambos como me sentia e disse para minha mãe que preferia morar com o Papai em São Paulo, pois ficaria mais próximo dos meus amigos e primos e não teria que me adaptar a uma nova escola. Todos concordamos, desde que eu passasse algum tempo com a Mamãe também.
Tudo flui muito bem, e eu fiquei felizmente surpreso em ver como o meu pai se dedicou a manter uma amizade com a minha mãe e a se aproximar de mim. Ele me disse:
- Eu quero ser um pai participativo na sua vida. Um pai de quem você se orgulhe. Não serei seu amigo, não espere por isso. Serei um pai presente, com o qual você sempre pode contar.
E foi isso que ele fez. Sempre me senti muito querido e confortável com meu pai. Diferente dos meus amigos, eu não conseguia esconder dele nem quando ia mal na escola. Ele sempre fez questão que eu fosse independente e aprendesse a fazer escolhas, mas sempre esteve ao meu lado em todas as decisões importantes. Por esse motivo, quando cheguei ao colegial e a minha sexualidade despertou, eu passei a sentir um pouco de vergonha de mim mesmo. Porque eu não conseguia contar para o Papai certas coisas que eu estava sentindo. Apesar de ficar sempre excitado – meu pau ficava duro até com o balanço do ônibus – eu não sentia atração por menina alguma. Algumas delas, muito bonitas até, chegavam a dar sinais claros de que gostariam de estar comigo e até mesmo de me namorar, mas eu não me via com nenhuma delas. Por outro lado, a minha vontade de estar entre os rapazes se modificou. Antes era pela diversão, pelas brincadeiras, pelas risadas, pelos gostos em comum. Mas, de uma hora para outra, eu passei a ficar curioso sobre seus corpos. Alguns garotos começaram a ficar mais musculosos, outros muito peludos, e eu sentia vontade de olhar para eles, de ver como os pelos se dispunham em suas coxas e peitos, de observar o volume dos seus braços enquanto se flexionavam na educação física e, ultimamente, de me fixar no volume frontal de suas cuecas enquanto se trocavam no vestiário. Isso sempre culminava em uma excitação que eu não conseguia conter por muito tempo. Quando eu chegava em casa eu me masturbava. Eu não pensava em nada em ninguém, mas meu pau sempre ficava duro depois de observar os volumes arredondados escondidos pelas roupas de baixo dos meus colegas e amigos. Em um desses dias algo foi diferente: enquanto tocava uma punheta lenta e concentrada na cabeça do meu pau, eu pensei no Renato e comecei a imaginar como seria sua pica. O volume formado pelo pau e suas bolas na cueca era bem uniforme. Ficava redondo, quase uma bola, e eu achava aquilo bonito. Enquanto imaginava com seria aquela rôla dura, cheguei ao orgasmo e esporrei vários jatos. Foi a gozada mais intensa que já tive. A porra jorrava do meu pau pela primeira vez e parecia que não iria mais parar. Eu comecei a rir e pensei: finalmente virei homem. Só depois pensei na ironia de ter me tornado homem enquanto fantasiava sexualmente sobre a piroca de outro cara.
Isso virou um ritual e eu já tinha até estratégia. Comecei a reparar que alguns dos garotos se vestiam de determinada forma quando tínhamos educação física. Uns usavam cuecas mais novas, por saber que se despiriam no vestiário, outros adotavam shorts de lycra ou compressão por baixo do uniforme. Esses eram os meu preferidos. Eu disfarçava ao máximo para ninguém notar, mas adorava ficar observando o delineado dos paus e sacos dos meus colegas nos shorts colados ao corpo. Ficava imaginando como seria dar uma pegada naquelas rôlas, passando a mão sobre os shorts até que elas ficassem duras sobe aquele tecido gostoso de tocar. Os dias de vestiário sempre me renderam gozadas fartas e gratificantes.
O colegial todo se passou assim. Eu não namorava ninguém. Meus colegas e amigos mais próximos tinham ficantes e namoradas e eu nunca ficava com ninguém. Eu já tinha certeza de que era gay, mas tinha muito medo de pensar nisso e de admitir para mim mesmo. Na minha cabeça, enquanto eu apenas me masturbasse, estaria tudo bem. No fim do último ano colegial, meus colegas e amigos programaram uma viagem de despedida da escola. Todos estávamos empolgados com a ida para a faculdade, mas o medo de perder nos vestibulares e a saudade que sentiríamos uns dos outros deixavam o clima um pouco triste às vezes. Então essa viagem serviria como um momento memorável, para espantar a tristeza e celebrar o futuro. Porém, para mim, a coisa era um pouco mais complicada, pois os meus amigos começaram a dizer que seria a oportunidade final de eu ficar com alguém da escola. Um dia no fim da educação física, quando eu já me preparava para gravar na mente a imagem dos meus colegas se despindo, o Fábio falou:
- Aí, galera! Eu acho que não custa nada a gente dar uma mãozinha e criar uma situação para o Felipe ficar com Ju! A mina da na dele há anos, e a gente bem que pode ajudar nosso amigo tímido a achar uma oportunidade, o que é que cês acham.
Todos gritaram, apoiaram, zoaram, me deram tapinhas nas costas. Pela primeira vez a minha sexualidade era realmente o centro das atenções e eu certamente enrubesci. Pois senti minhas bochechas ficaram quentes.
Voltando para casa, a minha vontade de estar com os amigos cedia espaço para o medo de como as coisas poderiam dar errado. Eu não sabia como interagir com garotas dessa forma. Eu não saberia o que dizer. Eu sabia que a Ju tinha uma queda por mim, e por isso mesmo eu sempre evitava ficar sozinho com ela. Ela era bonita e inteligente. Eu a admirava, mas não tinha nada de sexual nessa admiração. E se os caras realmente conseguissem armar uma situação para nos deixar a sós? E se ela realmente estiver a fim de que algo aconteça? E se meu pau não subir?
A situação começou a me preocupar. Eu nem poderia contar com meus primos que, apesar de estudarem na mesma escola, não estariam na viagem. Um deles também estava terminando o colegial, mas iria com seus irmãos para a Disney. Naquele dia, nem teve punheta.
Os dias passaram rápido. O ano letivo acabou e meus primos embarcaram para sua excursão. Minha única companhia era o Fábio que não parava de falar na viagem e de comer buceta. Ele me fazia rir, mas ao mesmo tempo me deixava incomodado, pois eu não podia e nem queria falar da minha sexualidade para ele.
Na semana da viagem, eu estava como de costume jogando videogame na casa do Fábio quando meu pai me ligou.
- Pai? Já saiu do trabalho?
- Já! Estou indo aí te buscar.
O papai parecia sério e ao mesmo triste ao telefone. Eu nunca tinha ouvido esse tom na voz dele antes.
- Pai, aconteceu alguma coisa?
- Sim, mas eu te explico quando chegar aí.
Meu pai chegou muito rápido. Me despedi do Fábio e desci com pressa e angustiado, querendo saber o que estava acontecendo.
- Pai, o que tá rolando?
- Filho, nós estamos indo buscar o Zé Luiz no hospital.
- Fala logo o que aconteceu, pai. Ele tá bem?
- Não aconteceu nada com ele, filho. Mas ele não está bem. Aconteceu um acidente e sua tia Clara, faleceu.
Por um momento eu senti como se meu coração tivesse caído em um buraco. O choque foi como aquele vazio no estômago quando o elevador desce rápido demais. Aquela notícia não fazia sentido. Eu não consegui processar de imediato. Só quando chegamos ao hospital e o Zé Luiz entrou no carro aos prantos foi que eu entendi direito o que estava acontecendo. Ele parecia tão destruído. Seus filhos estavam nos Estados Unidos, se divertindo na Disney, e nem sabiam que a mãe havia falecido. O Papai não quis deixa-lo sozinho. Ele foi para nossa casa, e aquela foi a sexta-feira mais triste de todos os tempos. Minha tia Clara era uma pessoa muito querida, por isso quando ela casou com o Zé Luiz todos nós o recebemos como se fosse um dos nossos desde sempre. Ele fez amizade com todo mundo, e ficou muito próximo do meu pai, até por terem idade próxima. Ele sempre foi muito bacana comigo também. Enquanto meu pai se encarregava de tudo, eu passava os dias tentando fazer o Zé Luiz comer. Mas ele estava muito triste.
Dois dias depois do funeral, o Zé Luiz quis voltar para casa, mas o Papai pediu para ele ficar mais um pouco. Ele protestou, mas acabou cedendo quando eu insisti.
O Papai já tinha voltado ao trabalho, e eu acabei não indo na viagem da escola. Não tinha clima. Dessa forma, passei bastante tempo conversando com o Zé. Trocamos muitas histórias e posso dizer que minha confiança nele cresceu muito. Ele virou meu confidente e eu o dele. Uma tarde, ele começou a falar da minha tia e ficou muito emocionado. Acabou chorando de novo. Eu lhe dei um abraço e disse que iria ficar tudo bem. Ele me abraçou forte e me agradeceu. Eu nunca tive um momento tão íntimo como aquele com ninguém. Em seu momento mais difícil, foi a mim que o Zé abraçou, pois seus filhos ainda não tinham conseguido voltar. Ele me pareceu tão triste e vulnerável. Eu precisava fazer algo para que ele pensasse em outra coisa. Para que ele ficasse menos triste. Foi então que, num ímpeto de coragem, misturado com irresponsabilidade e um pouco de loucura, eu disse:
- Zé, eu curto homens. Eu sou gay.
Ele me olhou meio assustado. Fixou os olhos nos meus e assentiu com a cabeça. Eu não acreditava na loucura que havia acabado de cometer. Um turbilhão de imagens e um milhão de pensamentos me passou pela cabeça naqueles poucos segundos em que tentava entender o que as expressões no rosto do Zé, meu tio, queriam dizer. Foi tudo tão rápido, mas quando pensei em dizer algo mais, ele abriu a boca como se fosse dizer algo.
- É...
Mas interrompeu e ficou em silêncio novamente. Respirei fundo e me preparei para explicar a ele como aquilo afetava minha vida. Porém, antes que pudesse dizer qualquer coisa, o Zé continuou me encarando, pois a mão direita atrás da minha nuca, me puxou para perto de si e me beijou. Na boca. Meu coração acelerou. Um arrepio me subiu pela espinha eriçando todos os pelos no caminho. Senti o sabor de sua saliva adocicada em minha boca. Sua língua buscava a minha. Um calor tomou conta de mim. Senti meu pau inchar em um segundo. E, no segundo seguinte, senti o volume rígido do pau dele contra o meu. Nossos shorts eram as únicas coisas que impediam nossos corpos de se tocar completamente. Minhas pernas tremiam. Ele sentiu e me apertou em um abraço ainda mais forte. Senti uma gota de baba saindo e melando a cabeça da minha pica.
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Maravilhoso.
Votado com tesão
Demoro!!!!! Continua logo com isso. Estou me mordendo de curiosidade. Votado.
Continua por favor 😃
Caramba! Tem que continuar! O que aconteceu paradeiro pai descobrir?