Ontem tive um dia de amor com minha amiga cabeleireira. Dedicação total a mim. Pensei que seria rápido, mas cheguei por volta das dez e saí quase cinco da tarde.
Meu cabelo estava num tom avermelhado. Depois que deixei sair toda a cor, ele ficou loiro. Fui ao salão para, digamos assim, igualar a cor. Deixar numa tonalidade próxima à cor das raízes, natural. O resultado ficou ótimo, me deixou muito feliz. Recebi muitos elogios a respeito.
Porém, o tratamento dispensado aos meus cabelos não foi a única coisa que aconteceu naquele salão. Nem foi a mais importante. Sim, cabelo novo pode indicar mudança de vida; como a lagarta que desabrocha em borboleta, a metamorfose capilar pode indicar liberdade, voar em novas direções.
Não que eu tenha planejado isso; longe de mim. Claro, já havia me ocorrido a hipótese. A bissexualidade rondava minha mente há algum tempo. O desejo existia, faltava a coragem. Em outras ocasiões, enquanto minha amiga lavava meus cabelos e massageava o couro cabeludo, confesso que sentia uma comichão lá embaixo quando fechava os olhos.
Dessa vez, estava eu reclinada na cadeira, quando ela começou com uma conversa no mínimo curiosa.
– Já leu Dom Casmurro? – perguntou-me.
– Sim.
– Lembra da cena em que Bentinho está penteando os cabelos de Capitu e ela se reclina para trás?
Enquanto pensava a respeito, senti seus lábios se aproximarem dos meus. Senti um arrepio de dúvida e excitação, abri minha boca. Quando percebi, estávamos nos beijando.
– Desculpe, Cleo. Não sei o que deu em mim.
– Tudo bem.
– Mesmo?
– Sim.
Coloquei minha mão em volta do seu pescoço e trouxe sua boca para junto da minha novamente.
Enquanto eu esperava o tempo da hidratação, nos beijamos novamente, agora com mais ardor. O clima esquentou no salão. Cleo me pegou pela mão e me levou até os fundos, onde havia um colchonete. Tirou minha roupa e pediu para que eu me deitasse de bruços. Pegou um creme, espalhou um pouco em suas mãos e derrubou um filete em cada uma das minhas pernas. Começou a me massagear.
Senti seus dedos apertarem meus pés; uma sensação gostosa. Depois, suas mãos percorrendo minha panturrilha, minhas coxas. Alisava minhas pernas por dentro até a virilha. Conforme o movimento que fazia, seus dedos tocavam levemente minha boceta. Sentia um arrepio cada vez que fazia isso.
Cleo tirou a roupa e deitou-se em cima de mim. Seus peitos roçavam a pele de minhas costas, enquanto seu corpo deslizava no creme. Beijou meu pescoço e atrás da orelha. Meu ponto fraco, diga-se de passagem. Virei meu rosto procurando sua boca, cheia de tesão. Nossas línguas se entrelaçaram num beijo quente.
– Quer virar?
Mudei de posição. Beijamo-nos novamente, enquanto ela esfregava sua xoxota na minha.
Cleo colocou sua boca entre minhas pernas. Sua língua começou a estimular meu clitóris. Com movimentos precisos de quem conhece bem a anatomia feminina, ela me levou às alturas. Quase sem ar, soltei um gemido alto, enquanto segura seus cabelos entre meus dedos. Meu corpo estremeceu, ondas de choque percorriam todo meu ser.
Após recuperar minhas forças, retribuí-lhe a gentileza.
Depois da diversão, voltamos ao trabalho. Ou melhor, ela voltou. Cortou, trocou a coloração, penteou. Meus cabelos ficaram lindos, de volta à sua cor natural. Tiramos fotos, postamos, rimos.
– Bom, Cleo, já vou indo.
– Gostou?
– De tudo, gostosona. Depois de hoje, vou para casa em dúvida se vou querer algum homem novamente.
– Bobagem, gata. Ainda existem uns legais com quem dá para se divertir.
– Isso é. Garimpando sempre se acha algum tesouro.
– Aliás, tem um amigo muito bacana com quem transo de vez em quando. Podemos combinar alguma coisa juntos. O que acha?
– Você vai chupar como fez hoje?
– Claro.
– Vou pensar no assunto.
Voltei para casa cozinhando a ideia embaixo do meu novo penteado. A proposta era tentadora. Acabei aceitando, mas isso é uma outra história.