E o vento levou....(2)

Estive sumido esses dias e peço perdão a vocês... É que eu tenho depressão e fico isolado no meu mundo às vezes, saindo dele somente pra trabalhar...

Neste momento estou ouvindo "Sing For Me" da Aguilera para poder ter ânimo para escrever...
Quero agradecer também aos que leram. Me fez tão bem...

Continuando...

Meu coração e corpo estavam desesperados para tocá-lo, senti-lo e prová-lo...
Viemos o caminho todo conversando e sempre que mamãe nos olhava, falava: Nossa, acho que hoje vocês não dormirão, é tanta conversa....
Eu ri e disse: Não mamãe, não iremos dormir por Vários outros motivos!

Chegando em casa, mal entramos e nos beijamos ( Em outro contexto eu não faria isso na frente de mamãe)...
Lembro-me que naquele dia, nem tomamos banho quando chegamos, antes porém, ficamos nos amando o o fim da tarde e quase a noite toda....
O seu toque ao meu corpo causava-me uma reação tão diferente que eu não sou capaz de citar nada que se aproxime da sensação...

Foi com ele que eu perdi a virgindade. Eu sempre fui tímido e piegas..
Lembro-me até mesmo da sensação da primeira vez que fui penetrado por ele. Alguns colegas distantes diziam que era muito dolorido no princípio mas que depois iria melhorar, que seria ótimo etc...
Nunca coloquei muita fé nisso, porque apesar de ser homossexual desde que me entendo por gente, sempre pensei que o ânus não era apropriado para o sexo etc.
Naquele dia, o sentimento que nos dominava era tão forte que não existiram preliminares!
Eu arranquei a sua roupa e ele a minha... senti-me tímido naquela hora, mas logo passou. Nos beijamos eu senti que o meu corpo implorava para ser possuído por ele! Certamente ele entendeu isso e prontamente atendeu ao meu pedido mudo. Quando ele me penetrou, fechei os olhos e esperei pela dor... mas ela não veio. No seu lugar, vieram pensamentos maravilhosos e a sensação de plenitude. Era incrível como até mesmo nossa respiração estavam sincronizadas!

Quando saímos do quarto, minha mãe já não estava acordada. Ficamos conversando banalidades que naquele momento tinham tanta importância como se tivéssemos descoberto a cura da AIDS.
Cada detalhe era maravilhoso..
No rádio estava passando uma música chamada TELETEMA do Kid Abelha, que me emocionou e ele me perguntou o que ela dizia...

Quando terminei de traduzi-la, ambos estávamos chorando e sendo possuídos pelo mesmo desejo de mais cedo. Os dias que se seguiram foram fascinantes. Minha mãe, hilária como sempre, comunicava-se com ele por gestos. Ele por sua vez, ficava rubro e começava a falar em Russo ( segundo ele pelo nervosismo de tentar se expressar e não conseguir). Eram os dias mais preenchidos e curtos daquela época. Nosso sexo era perfeito ( no mais pleno sentido da palavra). Ele sempre passava as mãos no meu cabelo e ficava alisando-os quando acabávamos, até que eu dormisse...
Nunca gostei de dormir antes dele, porque sentia-me vazio.. prova disso era que sempre me acordava para ver se ele ainda estava ali.
Naqueles dias, eu só saia de casa para mostrar a ele a cidade e voltávamos logo em seguida para nos trancarmos no nosso mundinho repleto de coisas que amávamos...
Mamãe sempre me disse que queria ter amado alguém assim... mas que essas coisas só acontecem com alguns poucos felizardos ou condenados ao martírio, neste caso, quando não podiam conviver com o seu amor.

Nossa felicidade só não era completa porque o fantasma da sua viagem de volta nos assombrava.

Aquele foi o melhor aniversário da minha vida. Lembro-me que minha irmã ligou-me no dia dizendo que era pra eu ir socorrê-la porque ela estava só e tinha caído, que estava com o pé torcido. Confesso que não queria ir, mas fui. Na época nem desconfiei de nada, porque sinceramente nem me lembrava do meu aniversário. Quando cheguei para ver minha irmã, ela estava com o pé enrolado numa toalha mas não vi indícios de machucado...
Bom, como ela realmente estava sozinha e dizia que não queria ficar em casa, seguimos até a minha e quando eu cheguei lá, notei que não havia barulho. Segui procurando mamãe e ele. Imaginei que tivessem saído, mas não! Quando abri o meu quarto, eles estavam lá...
Tinham enfeitado meu quarto com bolas e tinha um bolo...
eu que sempre fui dado às lágrimas, comecei a chorar...
minha irmã rindo e andando normalmente desta vez...

Ficamos ali comemorando o meu aniversário e rindo de como foi difícil ele conseguir dar a ideia de uma festa surpresa. Segundo ele, foi a tarefa mais complicada em toda a sua vida!

Ele usava o meu dicionário RUSSO>>PORTUGUÊS, PORTUGUÊS>>RUSSO para formar a frase: "FESTA SURPRESA, ANIVERSÁRIO DELE..SÓ FAMÍLIA,ELE TÍMIDO" Não conseguia parar de rir, porque ele contando isso parecia muito aqueles homens da caverna tentando formar frases.

Meu presente de aniversário foi uma tatuagem. Ele sempre soube que eu queria fazer uma, mas não tinha coragem...

No outro dia fomos todos fazer a minha tatuagem, todo o processo durou 4 dias de idas e vindas no tatuador, com ênfase no final, na parte DOR... rsrsrs.
No final, todos saímos tatuado...

As minhas foram: Duas estrelas ( NO PULSO DIREITO) e uma nas costas...

Dentro das estrelas tinha nossas iniciais. Na das costas, que é um sol, tinha a seguinte frase: "I found love with U"

Mamãe fez um ramo de flor no pé e minha irmã, algumas estrelas na barriga.

Ele fez o Sol que igual ao meu e no antebraço escreveu: "If I lose U, my heart will be broken,Junior"
Nem preciso dizer que estava radiante, né?

Logo ele se tornou membro da família. Estávamos muito acostumados com ele ( todos nós, inclusive minha irmã que decidiu ficar um tempo conosco), até sua mãe, que todos os dias ia vê-la, gostava dele ( apesar de não conseguir se comunicar)

Apresentei a ele o meu mundo...digo-lhes ainda que dei-lhe à minha alma, meu ser....

Ir ao quarto sem ele era como vagar sem rumo. Não estou exagerando quando digo isso. Muito pelo contrário; acho que esse seria um termo aproximado.

Os dias voaram e chegou o dia da sua partida. Começamos a chorar dois dias antes. Prometemos um ao outro que não iríamos deixar a saudade estragar esses dias. Talvez tenha dado certo. Nos amamos feito loucos, era como se quiséssemos nos fundir um ao outro.
A sua partida foi pior do que a morte do meu pai. Me doeu muito mais....muito!

A única coisa que me restou para provar que nada daquilo foi sonho, foram os seus presentes ( Onde o melhor deles foi a sua jaqueta preta). As tatuagens me lembravam-me ele, mas a sua jaqueta tinha o seu cheiro ( de 212, Carolina Herrera). De mim, ele levou algumas camisas que tinham o meu cheiro e alguns presentes também...

Os meses que se seguiram foram muito ruins...
O que me dava forças para não chorar todos os dias, eram nossos planos de nos vermos em breve. Desta vez ficou combinado que eu iria para sua casa com mamãe a minha irmã se ela quisesse ir. Confesso que a princípio eu queria ir sozinho, mas sempre fui muito dependente de mamãe.

Nessa época, a faculdade me ajudou muito a não ficar em casa chorando. Eu sempre amei Matemática e sempre tinha muitas atividades que exigiam minha atenção. De certa forma, acabava me distraindo. Meus dias se resumiam a Faculdade e a Internet para ficar com ele.
Eu ansiava pelo dia em que nos veríamos de novo.
Minha irmã estava animadíssima com a ideia de achar um gringo também ( ela é muito louca, eu a amo incondicionalmente).
Eu estava muito animado e ria por qualquer besteira quando o dia de viajar estava cada vez mais próximo. Mamãe não pôde ir porque minha tia não iria poder ficar no lugar dela no negócio que tínhamos na época e, como lidávamos com grandes quantias em dinheiro, ela resolveu ficar. Nossa viagem até foi tranquila, exceto pelo fato de minha irmã ficar dando gritinhos toda vez que olhava pela janela e via água lá embaixo. Não sei se eu ficava com medo ou vergonha dela!

Quando chegamos, ele já nos aguardava e aquela mesma sensação de plenitude me atingiu...

Seguimos até à sua casa, que me era tão diferente, mas tão familiar......
Minha irmã decidiu dormir e nós... ah nós...
ficamos nos amando o dia inteiro... inteiro....
era como beber água depois de andar 100 km...
não que o sexo em si fosse o motivo desse sentimento, mas a certeza de intimidade, preenchimento etc, eram incomparáveis...

Tínhamos combinado que ficaríamos 2 meses... inclusive nossa passagem estavam com dia marcado pra volta, mas conseguimos mudar e ficamos mais um mês. Minha mãe trancou a minha faculdade naquele semestre ( Eu já havia pensado nessa possibilidade e deixei uma procuração em seu nome).
Naqueles dias eu conheci seus amigos, seu trabalho, seus hábitos ( mais do que já os conhecia) e se é que isso era possível, comecei a amá-lo cada vez mais...
Minha irmã havia começado a estudar inglês no Brasil, mas era muito péssima...
Ela conversava com alguns rapazes mas seu principal meio de comunicação era suas mãos...hehehehe nem preciso dizer o que ela fazia com elas, né?!

Se alguém poderia ser mais feliz que eu, eu desconhecia essa pessoa...

Nossos dias estavam maravilhosos, até que....

Continua...

Desculpem o longo conto e prometo não demorar para postar a parte 3 e final.
Obrigado mais uma vez a todos