Iniciante

Quando eu tinha dezoito anos, morei um ano com meus avós maternos para estudar. Era um garoto virgem e tímido com grande desejo de ter uma mulher nos braços, mas me comprazia — enquanto aguardava impaciente esta hora — com a masturbação e as fotos de mulheres peladas em revistas masculinas.
Imaginava, como qualquer adolescente, aquelas mulheres douradas de sol, pernas longas e ancas largas, pentelhos bem aparados contidos nos limites da marca do biquini, cavalgaram sobre mim até as raias do insaciável. Usufruía de seus corpos em todas as posições e lugares, tendo a prodigalidade literária favorecido muito minhas fantasias enquanto as lides amorosas não passavam de aspiração futura.
Àquela época, como não é mais hoje, basicamente duas eram as possibilidades de um garoto iniciar-se no sexo: com a namoradinha assanhada ou recorrendo às putas dos bordéis. A minha timidez eliminava a primeira opção; a segunda, eliminava-a a penúria de dinheiro. As poluções noturnas eram um sinal inequívoco de que o corpo reclamava com urgência uma saída. Invariavelmente aconteciam quando estava no melhor de um sonho erótico, possuindo as mais belas mulheres, sentindo na penumbra do quarto a pressão de suas carnes frescas que durante o dia adelgaçavam-se numa fina folha de revista. Então acordava contrariado em meio ao orgasmo, bem na hora em que ela procurava em transe o meu ouvido para segredar com voz melíflua: “gozei!” Instintivamente descia a mão ao pinto e, em alguns poucos casos, pressionando-o na cabeça, evitava que o jorro quente de esperma melasse a cueca e o calção. Quando na maioria das vezes o reflexo fracassava, era com grande malabarismo que escondia a mancha no calção, lavando-o ainda cedo antes que meus avós, minha tia e minha irmã se levantassem. E foi esse o ano em que mais madruguei. Restava por todo o dia, como tortura, as imagens dos corpos esbeltos enroscando-se no meu, as caras e bocas de prazer que elas faziam no sonho. Quando podia escapulir do comércio de tecidos de minha avó, em qualquer pequeno intervalo, perdia-me em gemidos abafados no banheiro em frenéticas punhetas.
Para minha grande alegria, um dia uma terceira opção se apresentou como caída do céu.
Estávamos eu e minha avó na cozinha, uma grande peça da casa colonial com peitoril na parede lateral para o pátio interno, quando ela fez um comentário trivial sobre a empregada. Suspeitava que Maria estivesse grávida. Parei abrupto o serviço de limpeza que fazia no piso. Para mim, aquilo foi ao mesmo tempo um choque e uma revelação. Pensava ingenuamente que ela ainda fosse virgem. Se não era, eu tinha alguma chance.
Daí em diante vi Maria com outros olhos. Não era uma mulher formosa, bem sabia, mas para quebra-galho estava danada de boa. Além disso, ela podia ratificar a reputação de serem as empregadas boas iniciadoras dos meninos das famílias para as quais trabalhavam. O momento azado surgiu quando toda a família viajou para a minha cidade, 100 km distantes, na tarde de uma sexta-feira. Eu fiz corpo mole e minha avó alegremente interpretou meu desejo de ficar como dedicação ao trabalho, pois tomaria conta do comércio naquele final de semana. Despediu-se de mim com um sorriso e um abraço de satisfação, recomendando a minha alimentação para Maria.
Até aí nada havia acontecido, tampouco Maria suspeitava das minhas intenções. Indeciso sobre como abordá-la, ardi de desejos a noite inteira com a luz do quarto acesa, rolando nu na cama entre suspiros e punhetas. Duas vezes durante a noite ouvi os passos dela na sala. Mas era por ali o caminho para o banheiro. Não acreditei que ela estivesse rondando insone o meu quarto, acalentando os mesmos desejos que eu. A alvorada surpreendeu-me cansado, os olhos e o pinto ardendo. Um banho frio restituiu-me a disposição. Ainda durante o café na cozinha, ela girando em volta da mesa mais que o habitual, os seus olhares zombeteiros desconfortaram-me. Havia malícia e luxúria naqueles olhos negros. A grande boca de lábios grossos, desproporcional no rosto miúdo e escuro, mal disfarçava o sorriso de mofa.
Não me contive.
— O que foi? — disse encarando-a.
Ela demorou a responder, pois antes dobrou um braço e levou um dedo à boca com sensualidade, enquanto apoiava a outra mão no cotovelo. Arremedava uma menina sapeca que nega alguma coisa preciosa a quem lhe suplica. Diante de seu silêncio, voltei a concentrar-me no café.
Ela descolou os lábios e disse por fim num sussurro provocante:
— Faltou coragem, menino?
Virei rápido como picado por uma víbora, o coração aos saltos no peito.
— Coragem pra quê?
Ela não desfazia o sorriso zombeteiro.
— Sei lá — evadiu-se. — É que vi a luz acesa e ouvi barulho a noite toda em seu quarto.
—Vem cá, você estava me vigiando, hein? Diga pra mim.
Maria continuou sorrindo, pegou uns panos de prato úmidos e foi estendê-los no varal do quintal. De lá, virando a cabeça sobre o ombro, olhava-me insistentemente.
Passei perto dela no pátio para abrir o comércio, entrando pelos fundos da loja. Estava bem perto da porta de entrada, uns panos no ombro, outros na mão, estendendo-os. A lenta operação era proposital, para forçar a proximidade entre nós. Quem sabe com o intuito de que eu a agarrasse.
Durante toda a manhã de sábado ela atazanou o meu pensamento. Por conta disso, os fregueses na loja foram mal atendidos e estranharam o meu alheamento. Ao atendê-los, eu trocava brim por linho, malha por lã; invertia os preços das fazendas e passava o troco errado. Enfim, entrei em parafuso. Pensava o tempo todo o que poderia acontecer entre mim e ela sozinhos na casa; e por dois dias. Ela, deixando claro suas intenções, armava o bote para me pegar. Por mais ingênuo ou inexperiente que eu fosse, estava evidente que ela me provocava. E com a óbvia finalidade de me levar para a cama. Como era isso que eu também queria não podia negacear agora. Oscilei até a hora do almoço entre o desejo de fugir e a vontade de convidá-la para a cama.
Angustiado, fechei as portas da loja ao meio-dia como fazia toda cidade. Maria finalizava o almoço na cozinha. O cheiro picante de pimenta-do-reino e alho na carne cozida desprendia-se forte da panela, volteava pela cozinha procurando uma saída, envolvia o corpo de Maria — espremido num calçãozinho que lhe delineava a bunda generosa e as coxas fartas —, e metia-se pelas narinas e olhos tonteando-me, como se inebriado estivesse por um fluido sensual. Minhas forças estavam a ponto de exaurir, soçobrava a vontade de afastar-me dali, meu baixo-ventre formigava e a pica tesa de desejo estava a ponto de explodir.
Com certeza ela observava disfarçadamente as minhas reações, pois largou o abano de palha sobre o fogão a lenha, virou o rosto afogueado pela proximidade do calor, perguntando:
— Vai banhar antes de comer?
Acuado, apenas confirmei com um gesto de cabeça. Dirigi-me como um autômato ao varal e peguei a toalha.
Hoje não consigo lembrar quanto tempo fiquei no banho nem a quantidade de punhetas que bati. Sei apenas que após refrescar a cabeça na água fria saí de lá resoluto: ia convidá-la para transar. Não mais podia deixá-la manipular-me como a um bonequinho de ventríloquo, ou fazer-me de cachorrinho que se rende aos caprichos da madame. Não mais iria tolerar sem contra-atacar os seus olhares maliciosos que tanto me desconcertavam. Sabia que era uma mulher experiente, quase trinta anos, e isso era suficiente para me deixar em pânico. Daria conta de uma mulher tarimbada? Sabia que a realidade não é como nos sonhos, nos quais me saía maravilhosamente bem. E com ela, como seria? Ao sair decidido do banho, junto com a cortina do box joguei para trás todas as dúvidas e receios. Apesar das muitas punhetas estava confiante. A rígida solidariedade da pica não deixava dúvida do caminho a seguir. Sorri porque não estaria só naquela empreitada.
Encontrei-a na cozinha. Ela me esperava. Cheguei enrolado na toalha, o corpo fresco cheirando à lavanda do sabonete. Aproximei-me dela o mais que pude, o coração batendo na garganta. Maria apertou os olhos à espera de uma atitude minha já que quase roçava meu corpo no dela. Num movimento brusco, que para mim pareceu lento e pesado, abri a toalha mostrando o corpo nu e o membro duro.
Em palavras que saíram trêmulas, perguntei:
— E aí, o que acha disso?
Ela levou a mão à boca numa expressão de falso espanto, mas disse com voz firme admirando meu grande calibre:
—Menino, que prodígio!
Se ela não tivesse dado o passo seguinte, acredito que teria ficado ali a tarde inteira segurando a toalha, aberta como asas de morcego, sem saber o que fazer.
Profissional, Maria cingiu-me o corpo num abraço, largando a toalha no chão. Voltou a mão para a minha pica, dedilhando suavemente o meu saco, o que me levou a abrir bem as pernas, enquanto seus lábios colaram-se aos meus num beijo ardente e demorado.
Entre sussurros e gemidos, disse com clareza.
— Menino, vou ensinar tudo a você.


Janjão




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Comentários


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deliciaquersexo Comentou em 07/04/2015

Muito excitante...




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Ficha do conto

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janiojanjao

Nome do conto:
Iniciante

Codigo do conto:
63158

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
04/04/2015

Quant.de Votos:
3

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