Um dia como outro qualquer. - Cap. 2

Troquei de roupa, coloquei o chinelo e fui para a casa da Carol que era duas ruas acima da minha casa. E estava decidido a acabar com meu namoro e pensando em tudo que iria aproveitar solteiro, e olha que em nenhum momento me veio o pensamento de envolver com outras pessoas.
Marcelo já tinha me colocado no grupo então aproveitei o caminho para ir adicionando o pessoal no grupo. E a medida que todos iam sendo adicionados o assunto foi aumentando e todos ficaram amigos rápido. Vi que o Marcelo estava brincando com todos também. Após adicionar todo mundo, decidi não me envolver no assunto pois minha cabeça estava na minha conversa com a Carol. E eu já estava na casa dela.
Esperei no portão. Disse que não queria entrar, quanto menos envolvimento naquele momento melhor. Logo Carol apareceu. Ela estava linda, do jeito que sabe que me instiga. Usava uma calça de moletom com cintura bem baixa e um toper, todos na cor rosa bem claro. E o cabelo estava preso no alto da cabeça em um "coque". Em minha opinião ela era sexy demais assim. Cheguei a ficar com tesão no momento, só não podia perder o foco.
Ela se aproximou para me beijar, virei o rosto meio que por reação involuntária ao momento e ela beijou o meu rosto e segurou o outro lado do meu rosto em uma espécie de carinho, aquele beijo meigo significava que ela já sabia o que eu estava fazendo alí. Cara, seu cheiro estava demais! Uma mistura do perfume que eu tinha dado a ela com o cheiro que o seu corpo exalava pela tensão do momento. E ela sabia como o cheiro bom das pessoas me fazia pirar. Eu sempre disse que cheiro é como o DNA da pessoa, único. Só que perceptível para as demais pessoas.

- Boa noite Carol! - Disse sem reação alguma.
- Boa noite meu bem! - Ela disse tentando mais uma vez me beijar. - É, hoje tá tenso ein João?!
Não estava para rodeios e enrolação naquela hora, e queria evitar ao máximo uma briga com ela. Então decidi ser direto. - Chega Carol! Estamos nos machucando e acabando com tudo de bom que vivemos juntos.
- Eu não estou estragando nada! Você é que tá jogando tudo para o auto. Deve tá com outra né? Só pode! - Ela disse já emburrada e batendo o pé. Coisa que me deixava louco.
- Tá vendo Carol. Isso que eu quero evitar. Não tem mais confiança. E isso só traz brigas e mais brigas. E tudo de bom que fizemos? Não vale a pena guardar? Eu gosto demais de você. Mas já chegou o dia de acabar. Foi lindo enquanto durou, sou super feliz e grato pelo tempo que vivemos juntos e esse sentimento é o que quero levar e não o da raiva, de desgosto. Por favor! Me entenda. - Eu quase implorei que ela entendesse.
- Olha João, eu não vejo as coisas da mesma forma que você e para mim isso é a pior burrada da sua vida. Você nunca vai achar outra igual a mim. Se você acha que dessa vez vou fazer showzinho e te pedi para ficar, tá enganado. Também sou grato por tudo que vivemos, e o azar é seu por não querer viver muito mais ao meu lado. Mas é isso, você tá livre do que te prende. - Ela estava segurando o choro ao dizer essas palavras.

Como eu já imaginava ela estava jogando tudo para cima de mim, como se a culpa de tudo acabar fosse única e exclusivamente minha. Mas eu sabia que não era e não era algo que iria discutir com ela.
- Podemos ser amigos ainda? - Tentei amenizar o clima.
- Não sei João. Não me pede nada mais hoje. Isso só o tempo vai dizer, afinal nossas famílias são tão amigas. - Ela deu um sorrisinho de canto de boca do tipo: "Sua família não vai aceitar outra a não ser eu".
Affs! Ela sabia ser bem inconveniente quando queria. Mas enfim, era isso. Fiz o que era preciso.
- Tudo bem Carol. Eu não vou mais te incomodar e nem brigar com você. Obrigado por tudo mesmo. E espero pela nossa amizade. – Disse enquanto a puxava para um abraço.
- Você ainda vai se arrepender! – Disse me beijando de forma rápida e mordendo meu lábio com intuito de me fazer gamar.
Cara minha vontade era partir para cima, mas nada de uma ultima foda. Era fim e pronto!
Fui andando lentamente de volta para a casa, e estava leve, como que andando em nuvens. No fundo, no fundo estava chateado também. Estava abrindo mão de uma mulher incrível. E ainda tinha um pouco de sentimento, acho que a sensação de leveza era por não continuar brigando e acabando com o que tínhamos de bom.
Peguei o celular para verificar e vi que tinha umas mensagens do Marcelo:

“Cara sumiu, pq não está cv lá no grupo?”
“Bora zuar lá?”

“Opa! não tô no clima para zuação hoje.”
“ :/”

“Ei João o que tá pegando?”

“Nada demais não, só esperar passar uns dias e tudo fica de boa.”

“ Ih mano, fica de boa, sei que acabei de te conhecer mas se precisar conversar, pode contar comigo.”
“ ?.”

“Cara, acabei meu relacionamento neste exato momento. Absorvendo tudo ainda.”

“Vixi, pé na bunda?”

“Não! Eu que terminei, fiz o que tinha que fazer, tô de boa, mais é preocupado se as coisas vão ficar de boa entre eu e ela.”

“Entendi! Mas cara você não pode ficar na bad. Afinal vou precisar de você.”

“Han?! Como assim?”

“Onde você tá? Podemos nos encontrar agora? Te pago um lanche, te tiro da bad e te explico tudo.”

Achei muito entrosamento da parte dele essa conversa. Mas não estava fazendo nada mesmo e ficar em casa não seria bom. E também ia tentar descobrir até qual ponto era a loucura dele.
“Pode ser. Onde te encontro?”
“Você mora onde?”
“São Benedito. Conhece?”
“Sim. Ne qual altura mais ou menos?”
“Vou te mandar minha localização.”
“Hun. Conheço.”
“Faz o seguinte, espera aí que eu te pego, tô perto.”
“Dmr pode ser! Mas pago meu lanche, kkk”
“Podemos negociar. Inté...”
“Até.”

Como já estava no portão de casa, entrei correndo para tomar um banho. Estava animado com a idéia de poder dá um rolé com um amigo novo. Rs
Vesti uma bermuda jeans, uma regata azul e havaianas. Acho que se pudesse sempre usaria azul e havaianas, Gosto muito. Fui novamente para o portão e me sentei na calçada aguardando enquanto mexia no celular. Em questão de cinco minutos ele chegou de moto e parou ao meu lado. Era uma CB 300r azul. Gamei na moto.
Marcelo também estava de regata, na cor preta, bermuda e a mesma botinha do primeiro dia que vi ele. Tirou o capacete e ajeitou o cabelo no espelho. Ele olhou para mim com um sorrisão e disse:
- Nada de piadinhas no ar hoje? – Com o sarcasmo estampado no rosto.
Respondi sorrindo muito. – Não cara, não se preocupe. Sem essa mais.
Ele se levantou da moto, ajeitou os dois capacetes no banco e virou para apertar minha mão. Nos cumprimentamos e não pude deixar de comentar:
- Cara sua moto é muito massa! Ainda mais na cor azul.
- Você gosta de motos? – Ele me olhava com os olhos cerrados novamente.
- Gosto da adrenalina que elas proporcionam. – Encarei o olhar. – Mas e aí quer comer onde?
- Bora lá no Serra Verde? Gosto das porções de lá. – Disse enquanto me entregava o capacete.
Montamos na moto e fomos. Como não era muito longe do meu bairro, chegamos lá muito rápido. Sentamos em um dos muitos barzinhos que tinham um do lado do outro. Pedimos uma porção e uma torre de Chopp.
-Então cara o que pegou com você e sua mina? – Ele me perguntou com uma cara bem curiosa.
-Ah mano. Sei lá, desgastou demais. Ela era linda, perfeita. Mas só isso não contava. E por fim decidi terminar com tudo antes e deixar uma coisa boa entre nós do que ir se fudendo cada vez mais. Mas tô de boa, tranquilo. Tirei um peso das minhas costas. Agora posso viver e fazer as coisas sem ter que pensar nas inúmeras discursões pelas atitudes tomadas.
Ele me ouvia atentamente. – Você está certo, teve atitude de homem e não de moleque.
Obrigado! – Que bom alguém dizer que você não era errado.
– Mas e aí cara, vai precisar de mim em quê? Estou curioso. – Estava mesmo muito curioso.
- Então. Você não acompanhou as conversas lá no grupo, e geral tá querendo se unir para poder fazer uma resenha, e querem para já. E um amigo da minha sala, disponibilizou o sitio dele para a resenha. – ele dizia isso animado.
- Bacana geral se reunir assim, Tô dentro. E aonde eu entro nisso? – Queria poder ajudar.
- Bom o sitio dele é nessa região. Queria saber se você poderia ir comigo. Por três motivos: 1º Você conhece melhor que eu essa região. 2º Temos que deixar lá mais ou menos organizado para não acumular nada para o dia da resenha. 3º Porque eu quero muito que você vá comigo. – De novo me encarando com os olhos cerrados.
- Bom diante dos seus argumentos, eu vou né? Mas a resenha é para que dia e como vai funcionar? Me dê os detalhes.
Nossa porção chegou e nosso chopp já estava pela metade. E enquanto comíamos Marcelo foi me dando os detalhes da resenha e aproveitamos para conversar algumas trivialidades. Acabamos de comer, dividimos a conta, e fomos embora.
Eu estava curtindo muito aquela sensação boa em cima da moto e até me distrai. Marcelo precisou fazer uma freada brusca e eu instantaneamente acabei encoxando o Marcelo de forma que fiquei muito colado a ele.
Nossa cara, foi mal! Tudo bem aí? - Ele me perguntou preocupado e ao mesmo tempo rindo da situação. Pelo menos foi o que percebi por entre o capacete.
- Tudo bem. Foi mal aí também. Estava distraído e não segurei direito. - Falei um pouco sem graça pela situação.
Mais alguns minutos e encostamos no portão da minha casa. Desci da moto e entreguei o capacete para ele.
- Valeu mano. Deu para distraí um pouco. - disse apertando sua mão.
- Fico feliz em saber que distraí você. Mas deixa eu ir agora porquê para mim o caminho ainda não acabou. E o frio está cortando. - ele disse enquanto alisava os braços arrupiados.
E verdadeiramente estava um pouco frio mesmo. Pedi que ele esperace e entrei em casa. Peguei uma blusa de frio minha e levei para ele.
- Veste aí cara. Pelo menos te ajuda até chegar em casa.
- Pô mano. Valeu! Depois te devolvo. Queria ficar aqui um pouco mais. Mas amanhã temos que sair cedo. Posso te pegar as oito? - disse enquanto vestia a blusa.
- Sim. Te espero então.
Ele montou na moto e sumiu. Entrei em casa feliz pela nova amizade e pensando que de fato ele não era doido como eu pensava.
Coloquei minha samba canção, escovei os dentes e deitei. Coloquei o celular para despertar as sete. Coloquei embaixo do travesseiro e fiquei pensando na formatura...
- Porra Lucas! Você não entende? Eu não posso mais ficar longe de você! Eu quero ficar com você.
- O quê?! Como assim Marcelo?
Ele me puxou, segurou meu rosto com as duas mãos e com os olhos cheios dágua me deu um beijo. Era um beijo meigo mas intenso, daqueles que parecem sugar sua vitalidade, como se a pessoa dependesse dele para viver. E eu não consegui desviar. Me entreguei em totalidade ao momento.
- Eu te amo Lucas!...
E felizmente ou infelizmente fui acordado pelo despertador.
Cara, que viagem foi essa, que sonho! Eu estava meio atordoado, acho que lá no fundinho eu queria que aquilo tudo fosse verdade. Fiquei sentado uns dez minutos na cama, tentando recapitular os detalhes do sonho. Mas logo afastei os pensamentos, pulei da cama, fiz minha higiene. Coloquei calça, uma regata, e uma blusa de frio por cima, porquê andar de moto aquela hora do dia seria um pouco frio.
Fui para cozinha, tomei um café reforçado e prático. Sentei no sofá, peguei o ccelular e fui conferi as horas. Era 07:50h. Vi que tinha umas mensagens no whatsapp e entre elas algumas do Marcelo:
- Bom dia cara! Saindo de casa agora.
- sonhei com você essa noite. Kkk
Hãn?! Só podia ser brincadeira. Ele também sonhou comigo. Aposto que o sonho dele não foi tão estranho e de certa forma bom como foi o meu. Fiquei rindo tentando imaginar como teria sido o sonho dele. Escutei a buzina e saí logo pra fora.
- Bom dia Lucas!
- Bom dia Marcelo.
- Cara, minhas blusas de frio estavam todas sujas, tive que vir com a sua. Algum problema?
- Claro que não. Depois pego com você. Bora?
-Sobe aí.
Subi na moto e fomos em direção ao bairro onde tinha varios sítios na minha cidade. Fui explicando o caminho para ele, e não foi fácil chegar lá. Não conversamos muito para ter atenção aos lugares que tinha que entrar. Chegamos na rua do sítio em questão e fomos olhando a numeração. A estrada não estava muito boa e para não passar dentro de um buraco Marcelo precisou fazer uma freada rápida. E novamente acabei encoxando o cara. E quando vi já tinha falado:
- Cara, isso está sendo proposital. - Sorrindo muito.
Ele ficou sem graça e disse. - Desculpa mano. Foi sem querer mesmo.
- Que isso Marcelo. Eu sei. Se você ficar sentido assim vou pensar que você não sabe brincar.
- Ah! Se é assim vou fazer isso sempre, só para ver se você tá esperto aí.
Chegamos no sítio. E que sítio. Nunca tinha nem se quer ouvido falar de um sítio tão top como aquele. Tinha um portão muito alto. Que o Marcelo abriu no controle. Ma entrada do sítio, era um gramado muito verde. Com pedras apenas para a passagem das rodas dos veículos. O caminho de pedras dava para um estacionamento embaixo da casa. A casa era muito bonita estilo aquelas grandes cabanas americanas com janelas largas e o telhado em triângulo. E me vi morando em um lugar lindo como aquele. Do lado direito da casa tinha uma estruta grande e circular toda planejada como estruturas antigas, parecia o hall de entrada de um palácio. Mas logo percebi que era um salão de festas. Com jogos de luzes já instalados, churrasqueira, bar e tudo que um bom salão precisa para fazer uma boa festa. Ao lado do salão tinha uma piscina muito bonita, com dois escorregadores um pouco alto. Não eram como os dos clubes. Mas dava para curtir um pouco.
Percebi que do lado esquerdo da casa tinha um pouco mais afastado existia um pequeno estábulo com um curral do lado. Era muito legal aquilo. Um pouco mais ao fundo do sítio tinha um lago artesanal muito pequeno. Pude então perceber que por todo o sítio existiam animais. Galinhas, patos no lago, algumas cabeças de gado na área cercada abaixo do curral, o que conheço como pasto para os animais e no estábulo havia alguns cavalos. Enquanto viajava no lugar. Marcelo chama minha atenção.
- Ei cara, isso aqui é perfeito né?!
- Demais! Tudo que eu queria era morar em um lugar assim.
- Nem fala. Também sou fã. - Ele foi em direção a uma porta no exterior da casa, pegando algumas coisas e dizendo. - Cara. Tenho só que fazer algumas coisas aqui, pois o caseiro que cuida do sítio não está bem de saúde então não tem como fazer nada.
- Você parece conhecer o sítio tão bem. Nunca veio aqui antes não?"
Ele ficou desconcertado.
- Não. Fui bem instruído sobre o que fazer aqui. - disse com um sorriso enigmático no rosto.
- Pois então. Por onde começamos?
- Vamos começar limpando a piscina.
Marcelo fez a maioria do serviço na piscina. Depois fomos para dentro da casa, ajeitar todos os cômodos. A limpeza foi bem superficial, pois na verdade a casa já estava bem organizada. Não gastamos mais de duas horas para poder fazer isso e enquanto limpávamos quase não conversamos. Fomos para o salão verificamos se tudo estava funcionando nos conformes, testamos os jogos de luz, o som, os freezers. Checamos os banheiros e em menos de duas estava tudo organizado.
- Pronto agora só falta tratar dos animais. Vamos para o estabulo.
Fomos para o estabulo e fiquei maravilhado com os cavalos que estavam lá, eram três bonitos espécimes da raça manga larga, reconheci facilmente graças aos bons tempos na fazendo dos meus avós. Enquanto analisava os cavalos o Marcelo estava preparando o alimento dos animais pequenos.
- Cara, sou apaixonado por cavalos manga larga.
- Uai? O moço da cidade conhece de cavalos?
- Quem disse que sou moço da cidade? Têm muita coisa que você ainda não sabe sobre mim.
Marcelo me olhou com os olhos cerrados, e com um sorriso no rosto como quem dizer “o que eu posso descobrir?”. Saiu para poder tratar dos animais e fiquei lá viajando nos cavalos. Gosto da beleza deles, da força que eles passam e também o fato de parecer que eles entendem que você precisa correr sem parar só aproveitar o momento e esquecer todo o resto. Pelo menos é assim que me sinto quando estou em um cavalo.
- Cara tinha me esquecido meu pai ia me matar se não colocasse o gado no pasto de baixo.
- Seu pai?
- Nossa, desculpa, viajei total agora. O pai do meu colega ia matar ele se não colocar o gado no pasto de baixo.
Fiquei intrigado com aquilo mas decidi não perguntar demais.
- Pior que vai ser foda fazer isso sozinho.
- Arreie dois cavalos que eu te ajudo.
- E você consegue fazer isso? – Ele me olhou com cara de espanto.
- Marcelo já te disse que você ainda sabe pouco sobre mim. O moço da cidade como diz você é uma caixa cheia de surpresas.
- Pois bem, quero descobri muito dessa caixa ainda. – Ele me olhava de certa forma que até me constrangia, e eu odiava aqueles olhares intimidadores.
Arriamos os cavalos e fomos para o pasto. Não tinha muitas cabeças de gado, eram no máximo umas vinte. Combinamos que ele guiava do lado direito e eu do lado esquerdo. Tive muita tranquilidade em fazer o serviço pois já tinha costume por sempre ajudar meu vô com isso nas minhas férias na fazenda. Estava indo tudo bem até que um bezerro resolveu dar uma canseira no Marcelo e correu pasto a fora.
- Ah peste! Volta aqui! – Ele disse já correndo com o cavalo atrás do bezerro.
Eu não conseguia parar de ri daquela situação e da cara do Marcelo de desespero e raiva pelo bezerro. Terminei de guiar o restante do gado. Fechei a porteira que dava acesso ao segundo pasto e aguardei o “cowboy Furado” voltar com o bezerro. Abri a porteira para ele e logo em seguida fechei para que nenhum dos animais inventasse de sair de lá de novo.
_ dez a zero para o “moço da cidade” ein?
- O menino da porteira! Vai ficar aí me zuando? Vamos subir.
- Vamos sim. Mas quero dar uma volta nesse cavalo antes.
- Vai lá. Vou esperar aqui, estou cansado.
Como era boa aquela sensação, eu me senti livre por um instante. Alcancei a velocidade desejada e galopei até o limite da cerca do terreno em que estávamos. Voltei rápido e me deparei com o Marcelo me olhando boquiaberto.
- Cara, o que é isso? Você tá me surpreendendo. De moço de cidade só a roupa e o jeito de andar, é roceiro nato.
- Isso aqui é bom demais! Meu sonho era ficar em um lugar assim eternamente.
- Podemos lavar os cavalos agora ou você quer aproveitar mais?
- Chega por hoje. Vamos subir.
Chegamos ao estabulo, tiramos os arreios dos cavalos, jogamos água neles com a mangueira para poder tirar o suor deles. Quando terminamos estávamos mais molhados que eles.
- Que calor. Vamos pular na piscina? – Disse já tirando a camisa e a calça. Ele estava com uma cueca box azul. E pude perceber o quão definido era o corpo dele. Não era musculoso demais. Era um corpo bonito com tudo no lugar. As pernas bem torneadas e o abdômen trincado. Ele foi correndo na frente e pulou na piscina.
Subi em seguida, tirei a roupa e fiquei só de cueca também, estava usando uma box cinza. Entrei na ducha e enquanto a água caia sobre meu rosto e pude perceber que o Marcelo me olhava e balançava a cabeça em sinal de negação. Ele com certeza estava afastando algum pensamento indevido. Mergulhei com tudo na piscina. Mantive os olhos fechados pois tínhamos acabado de limpar a mesma e o efeito do cloro ia arder meus olhos. Quando resolvi submergi, levantei praticamente em cima do Marcelo.
Ficamos cara a cara, o espaço entre nó era muito curto. Ele segurou minha cintura e agora o olhar dele era uma mistura de desejo, medo e adrenalina.
Ele perguntou com a voz mais séria do mundo: - Queria me atropelar é?
- Foi mano, estava de olho fechado. – Respondi já sem graça com ele me segurando pela cintura.
Marcelo de alguma forma tentou se aproximar mais. E nisso meu coração já saltava pela boca. Minha reação foi abaixar a cabeça e falar:
- Você vai quebrar minha cintura. – E comecei a sorri.
Marcelo se jogou para traz na água com as mãos na cabeça e com uma careta e uma voz de choro fazendo dengo gritou meu nome: - Lucassssssssssss!
Assim que ele submergiu, perguntei: - O que foi ein?
- Nada cara, esquece. – Ele se apoiou na beirada da piscina enquanto me olhava.
Mais uma vez com os olhos cerrados ele me intimidou. Dei as costas para ele e fui até uma das bordas da piscina. Quando me virei ele estava de novo mordendo a mão e me olhando.
- De novo fazendo isso? – Perguntei.
- Isso me ajuda a pensar melhor quando quero descobrir e entender algo.
Fiquei até sem graça pela resposta. Sabia que ele queria descobri algo sobre mim. Mas o que será que era? Ele queria saber se eu ficaria com ele? Será que ele só está jogando para tentar saber se gosto de caras ou não? Isso só me fez querer tomar mais cuidado ainda com minhas atitudes e observar ele mais. Ele estava sendo uma ótima pessoa, mas naquele momento parece que o encanto havia quebrado. Que era tudo parte de algo que nem sei dizer o que era.
Assustei-me com ele me dando um caldo na piscina e dizendo. – Fica esperto nego. – Fez um cafuné na minha cabeça e abriu um sorriso muito grande.
Que merda! Há minutos atrás ele parecia estranho e agora estava ali todo brincalhão comigo.
Ficamos mais alguns minutos na piscina e já era hora de ir. Arrumamos e fechamos tudo no sítio. Montamos na moto e fomos embora, no caminho reclamei de sono. E a resposta do Marcelo me fez despertar. Ele disse:
- Cara, chega mais e encosta nas minhas costas. Prende os braços na minha cintura que não te deixo cair.
Eu assustei com aquela resposta. E permaneci como estava.
Rapidamente chegamos à minha casa e quando o bonito do Marcelo foi parar a moto, ele freou de certa forma que o que aconteceu? O que já era de se esperar, novamente eu tinha encoxado o Marcelo.
Desci da moto falando. – Já está virando rotina né?
- Desculpa! Mas não se apegue a isso. Se apegue ao fato de eu ter gostado muito de passar o dia com você hoje, e que possamos aproveitar mais e mais vezes momentos assim.
Minha cara queimou. – Também gostei muito Marcelo, sua companhia é muita boa. E hoje lá foi perfeito, fazia tempo que eu não curtia uma roça assim. Obrigado mesmo.
- De nada, ainda vai ter muito mais se você quiser. Mas deixa-me ir agora.
Entreguei o capacete rindo pela ultima fala do Marcelo e ele arrancou a moto. Entrei em casa me xingando por deixar o sentimento por ele querer brotar. Mas era foda conseguir manter esses pensamentos afastados, o cara era o que eu considerava um cara bom para ser ter algo. É não dá mais para ir levando e só cortando o cara e as oportunidades, se verdadeiramente não for uma sacanagem da parte dele, vamos deixar rolar.


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Comentários


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cristhyanlfb Comentou em 29/01/2016

cara continua ta muito bom mesmo




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Um dia como outro qualquer. - Cap. 2

Codigo do conto:
77963

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
26/01/2016

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