O vizinho preconceituoso - FINAL

Ao chegar em casa não pude conter as lágrimas. Eu não tinha me dado conta do quanto estava gostando do imbecil do Marcelo. A vontade que eu tinha era de contar tudo para Bárbara, do que ele verdadeiramente era, da covardia que havia feito comigo.

A noite, estava jantando com meu amigo, fingindo que estava tudo bem quando escutei a voz de Marcelo me chamando no portão. Meu amigo então perguntou-me se eu não iria falar com ele. Apenas disse que não e que ele fosse até Marcelo e dissesse que eu não queria falar com ele, que ele fosse embora.

Em poucos instantes meu celular passou a tocar e SMS chegaram, pois eu havia bloqueado-o nas redes sociais. As mensagens diziam que precisávamos conversar, que ele iria me explicar tudo, pedia perdão, dizia que gostava muito de mim. Mas para mim não queriam dizer nada, eu não queria pedido de perdão, nem tampouco explicações. Só não queria mais vê-lo.

No dia seguinte quando abri o portão para ir à aula ele já estava me esperando.
- Cesar, por favor, deixa eu me explicar, você precisa me ouvir.
Eu continuei a andar, fingindo não ser comigo que ele falava.
- Poxa, não faz isso, não me trata assim. Eu não fiz por mal, me desculpa.
- Não vai falar nada? Cesar, diz alguma coisa, pelo menos me bate, faz algo!!

Eu nada fiz, só continuei a andar, mesmo com muito a dizer, preferi calar-me, não queria deixa a situação mais tensa. De repente ele puxou meu braço com intuito de me parar. Tentei sair, mas ele segurava com força, então falei:
- Solta que está me machucando. Se bem que mais machucado do que já estou, creio que não fique mais – Nesse instante involuntariamente uma lágrima caiu de meus olhos.
Ele me olhou com uma cara de espanto:
- Desculpa, eu nunca quis te magoar. Me perdoa.
- Não, Marcelo. Eu não perdoo.

Marcelo não parou de tentar falar comigo. Sempre me mandava mensagens, ficava me esperando quando voltava da aula, falava, mas nunca obtinha resposta.

Se tem uma coisa que aprendi é que com o tempo a gente vai superando tudo. Quase um mês depois recebi a ligação de um número diferente, quando atendi:
- Alô, quem é?
- Cesar, é a Bárbara, namorada do Marcelo.
- O que você quer?
- É que o Marcelo sofreu um acidente de moto, ele está bem, mas vai ter que usar um gesso no braço, ele me pediu para avisar que está no hospital e queria que você viesse visitá-lo.
- Diga que não poderei visitá-lo – Desliguei o celular.

Minha raiva já havia passado, mas eu continuava magoado. Mesmo assim, após refletir um pouco resolvi ir fazer a visita.
Ao chegar no hospital encontrei com a mãe dele na recepção, ela imediatamente me levou para onde ele estava.

Ele pareceu surpreso com minha visita e deu um grande sorriso. Eu não esbocei nenhuma reação. Vi que ele estava com machucados pelo corpo e perguntei:
- Como você está?
- Estou bem melhor com você aqui.
- Deveria ficar melhor na presença da sua namorada.
- Olha, Cesar, eu sei o quanto errei com você, o quanto fui idiota. Eu só queria que você soubesse que eu te... – Ele deu uma pausa e continuou – A verdade é que eu te amo.
- Não conheço amor que machuca, que faz sofrer.

Foi então que ele desabou em choro e passou a falar:
- Você não sabe o que tenho passado também. Eu estou errado e admito isso, mas dói muito te ver e não poder falar, beijar, chegar perto. Dói essa frieza com que você me trata. Dói esse seu olhar de desprezo. Dói saber que se um dia você sentiu algo por mim eu acabei matando isso com meu medo, com minha fraqueza e meu preconceito idiota. Agora estou aqui, na frente da pessoa que eu amo e essa pessoa não está nem aí pra mim.

Bárbara entrou no quarto e perguntou o que estava havendo. Pensei em mentir, mas Marcelo tomou a frente:
- Bárbara a verdade é que não dá mais para ficarmos juntos. Desculpa, eu tentei, mas não funcionou. Eu amo outra pessoa, uma pessoa que está nesse quarto com a gente. Uma pessoa que eu magoei bastante e que agora não sente mais nada por mim. Não quero fazer o mesmo com você. Quero preservar o sentimento de amizade que sempre tivemos um pelo outro. Me perdoa, mas eu estou acabando o nosso namoro.
- Marcelo, eu sei que você tentou. Aliás, nós tentamos. Já queria conversar sobre isso uns dias, mas agora estou aliviada. Eu não estou triste, quero que você seja feliz, independente com quem seja. E você, Cesar, desculpa se por algum motivo eu contribui para que você se machucasse – Lágrimas caiam dos seus olhos enquanto ela falava.

Eu fiquei atônito, não sabia o que dizer ou fazer, apenas saí de lá, quase que correndo. Ainda ouvi Marcelo me chamar, mas não conseguia parar, só queria sair dali.

Cheguei em casa, contei tudo ao meu amigo, que pediu que eu ficasse calmo e refletisse sobre tudo. Marcelo não parava de me ligar, minha cabeça estava um turbilhão.

Evitei Marcelo de todas as formas, por dias. Não queria ver, ouvir, muito menos ter que tomar uma decisão. Já não sabia mais o que sentia por ele. Os acontecimentos haviam mexido muito com meus sentimentos.

Não havia comentado aqui que sou acadêmico de enfermagem. Os estágios na faculdade iniciaram e por ironia do destino encontrei com Marcelo no hospital, pois ele havia ido remover o gesso. A professora solicitou que um dos acadêmicos realizasse exame físico nele. Para meu alívio uma colega se prontificou a fazer, mas a professora falou:
- Não Vívian, você vai evoluir a paciente de outro leito, deixa que o Cesar faz esse exame físico, ele é bom nisso. – Meu coração disparo, fiquei trêmulo, mas fui fazer o exame.

No decorrer do exame fomos conversando somente o necessário. A professora saiu da local e então ele disse:
- Estava com saudade do seu toque, desse seu cheiro. Eu te amo, Cesar.
- Aqui não é lugar pra isso.
- Eu sei, mas não consigo controlar. Vamos sair pra comer algo hoje? Por favor!
- Não.
- Pois vou falar para sua professora que você está me assediando.
- Você não seria capaz.
- Quer pagar pra ver? Professora... – Ele gritou.
- Fica calado, porra! Eu vou!
A professora chegou e ele falou:
- Só pra dizer que esse acadêmico é muito bom, tem mãos de fada.

A noite, saímos para jantar. Ele foi muito gentil. Rimos bastante. Não pensei que seria tão bom. Ao chegarmos em casa parei em frente ao portão e quando virei para dar tchau, ele me surpreendeu com um beijo. Eu correspondi, parecia que havia acendido em mim tudo. Senti-me como uma fogueira a queimar. Entramos em casa e transamos alucinadamente, como nunca tinha acontecido. Ao acabarmos, mesmo exaustos ele disse que me amava e perguntou:
- Quer namorar comigo?
Titubeei ao responde, mas...: - Sim, eu quero. Só me promete que não vai me fazer sofrer e que se aparecer outro alguém você vai me avisar antes.
- Prometo, mas não vai aparecer mais ninguém.

Estamos juntos há alguns meses e está dando certo. Sempre tem alguma vadia dando em cima, mas eu as ponho no lugar.
Espero que tenham gostado.

Tenho algumas histórias de antes desse namoro. Se quiserem eu conto. Só pedir.


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Comentários


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lipcarioca Comentou em 18/05/2016

Amei q história. Parabéns. Nós da enfermagem sofrendo e amando sempre. Bjus. Tudibom.

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educastelo Comentou em 16/05/2016

Bacana sua história! Tesao, amor, cumplicidade! E a familia dele? Sabe?

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juniordf2015 Comentou em 15/05/2016

Otima história! Conte todas historias, de antes e do atual momento...rs

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nayarah Comentou em 15/05/2016

Linda história parabéns ....

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leogv Comentou em 15/05/2016

muito bom os seus contos. Pode mandar mais, hahah

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marciobi Comentou em 15/05/2016

muito bom e felicidades para vc pelo q passo deve er cido dificio mais aproveita o q tem agora e felicidades ao casal

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lordricharlen Comentou em 15/05/2016

Parabéns pela história de vcs.




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Ficha do conto

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Nome do conto:
O vizinho preconceituoso - FINAL

Codigo do conto:
83288

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
14/05/2016

Quant.de Votos:
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