Apaixonado por um marrento.- Capítulo 4

Acordei com minha mãe batendo na porta do quarto, olhei o relógio e vi que já eram 12:30
— entra — falei, com preguiça de levantar da cama
— boa tarde filho, tem um amigo seu te chamando lá em baixo, quer que mande ele subir?
— quero sim, por favor.
Não imaginei quem fosse, pois meus amigos minha mãe já conhece e saberia dizer quem é, e fiquei surpreso quando ele apareceu na porta, era o Rafa.
Eu fiquei sentado na cama olhando pra ele, ainda não acreditava que ele estava ali, sempre acordo de mal humor mas vendo aquela coisa linda ali na minha frente não consegui resistir e dei um sorriso.
— oi, posso entrar?
— claro — falei levantando, ele entrou e encostou a porta do quarto — como sabe onde eu moro?
— eu perguntei pro Renan, disse que você esqueceu o relógio lá em casa e queria te entregar
— entendi, mas o que está fazendo aqui?
— achei que ficaria mais feliz em me ver rs
— eu estou, só não esperava você aqui
— desculpa por te acordar, é que... acho que precisamos conversar sobre ontem, não consegui dormir direito pensando nisso.
— você se arrependeu? Cara tudo bem, nós estávamos um pouco bêbad...
Fui interrompido com um beijo, começou com um selinho mas não demorou para nossas línguas se encontrarem, e mais uma vez eu estava entregue a ele, que me abraçava forte enquanto minhas mãos deslizavam pelas suas costas. Até que notei que estava no meu quarto e poderia entrar alguém a qualquer momento, me afastei dando um selinho.
— nossa! — falei ofegante
— ainda acha que me arrependi? — falou ele com um sorriso meio safado no rosto
— não, mas não podemos fazer isso aqui, se meus pais ou meu irmão vissem, eu não sei nem o que fariam
— eu sei, mas não consegui resistir, desculpa
— tudo bem. Rafa eu estava esquecendo... e sua namorada?
— Larissa? Na verdade ela não é mais minha namorada, nós terminamos ontem, na academia. — disse ele, parecendo um pouco triste
— desculpa, eu não sabia
— sem problemas. Rod eu pensei sobre o que você falou ontem, a pessoa que você acha que sou... eu acho que você está certo. Nesses últimos anos que estive longe daqui, estava morando em São Paulo, eu me envolvi com um cara de lá e as coisas não terminaram bem — ele se sentou na cama e abaixou a cabeça, parecia abalado com esse assunto
— você quer conversar sobre isso?
—não, não agora. O que quero dizer é que não sei se estou pronto pra passar por isso outra vez, eu gosto de você mas quero ir com calma, estou confuso.
— tudo bem, quando estiver pronto saiba que pode se abrir comigo, talvez seja bom desabafar com alguém. E eu também acho que devemos ir com calma, você é o primeiro homem que eu fiquei, isso ainda é estranho, é muito novo pra mim.
— sério? Fico feliz em saber disso — voltou a colocar um sorriso no rosto
— é, até ontem eu não imaginava que isso fosse acontecer, mas também fico feliz que tenha sido você — disse dando um leve sorriso também
— eu preciso ir Rod, vou passar na imobiliária pra atender um cliente as 14:00. — se levantou e andou em direção a porta, mas se virou de volta — tá afim de sair mais tarde? Perguntou ele
— sair tipo, só eu e você?
— sim, podemos ir no shopping comer alguma coisa, ou outro lugar se você quiser
— claro, vou adorar, shopping está ótimo
— Ok, te busco as 7 então
— tá bem, te espero então
dei um rápido beijo e o abracei, que correspondeu na mesma hora, depois o levei até a porta de casa, onde nos despedimos apenas com um aperto de mão e ele se foi.
voltei pro quarto e deitei, fiquei encarando o teto e pensando em tudo, ainda não acreditava no que estava acontecendo, aquele homem lindo, forte e másculo, que a princípio parecia me odiar, tinha acabado de me chamar pra sair depois de ter me beijado, e o pior de tudo é que eu adorei isso tudo, eu estava apaixonado, e nunca senti isso por nenhuma das garotas que já fiquei, era incrível.
Resolvi tomar um banho e descer, o cheiro da comida estava indo até o quarto e me deu fome, acho que minha felicidade estava transbordando, assim que cheguei na cozinha dei bom dia aos meus pais e meu irmão que estavam sentados à mesa, e logo minha mão perguntou
— onde esteve ontem mocinho? Nem ligou pra avisar que ia demorar
— pelo sorriso na cara dele, aposto que não estava sozinho, diz ai irmãozinho, quem é ela? Eu conheço?
— não viaja Matheus, eu tava só bebendo com uns amigos da academia
— com essa cara de quem está nas nuvens? Tá bom, vou fingir que acredito — disse ele rindo
começamos a almoçar e foi muito bom, conversamos bastante, e a fazia muito tempo que eu não me divertia tanto em um almoço com a família, talvez fosse pelo fato de eu estar achando tudo bonito, engraçado e interessante aquele dia, o Matheus estava certo, eu me sentia nas nuvens.
Quando terminamos, meus pais e meu irmão saíram e eu fui pro meu quarto, esperava ansioso pela noite, mas ainda eram 14:30, então liguei no Netflix, encontrei uma Série que parecia ser boa e comecei a ver, acabei assistindo 4 episódios de uma vez, mesmo assim a hora parecia demorar a passar, até que deu 18:00 e fui me arrumar pro meu encontro.
Tomei um banho bem caprichado, troquei de roupa umas 4 vezes até achar uma combinação que gostasse, finalmente escolhi vestir uma calça preta, uma camisa polo branca e um tênis também branco, penteei o cabelo, depois fui até o armário do meu pai e usei um perfume dele que gosto muito, finalmente estava pronto, já eram 18:55 então fui pra sala esperar o Rafa, deram 19:10 e nada dele chegar, estava ansioso e cheguei a pensar que ele tinha desistido, pensei em ligar pra ele, mas aí que lembrei que ainda não tinha seu telefone. As 19:20 recebo uma mensagem no whatsapp de um número desconhecido dizendo “estou aqui fora”, meu coração acelerou na hora, olhei a foto e era ele mesmo, então fui em direção a porta, e quando a abri lá estava ele, encostado em pé, encostado em um belo carro branco (era do pai dele), ele vestia uma calça jeans, uma camiseta preta bem justa ao corpo, que destacava os braços e peitoral musculosos dele, um boné virado pra trás, ele estava mais lindo que antes, se é que isso era possível. Fui até ele, que sorriu quando me viu, olhei para os lados e verifiquei de que não tinha ninguém perto, então o abracei, além de lindo ele estava muito cheiroso.
— desculpe o atraso — ele disse quando nos soltamos
— pensei que você não vinha mais, tinha desistido
— eu seria um idiota se fizesse isso. vamos? — disse abrindo a porta do carona
— Você tá lindo — eu falei quando entramos no carro
— diz uma coisa que eu não sei — ele disse rindo
— lindo e modesto né?
— tô brincando, você está lindo também.
Ele deu partida e fomos em direção ao shopping, que ficava a meia hora de distância, no caminho fomos conversando sobre vários assuntos, ele não estava parecendo frágil e triste como quando foi à minha casa mais cedo, estava forte e confiante de novo, e eu prefiria ele desse jeito mesmo.
Chegamos no shopping, e ele estacionou o carro um pouco distante da entrada, desligou o carro, as luzes e o som, e quando eu ia saindo ele segurou meu braço e puxou, me fazendo virar pra ele e me beijou, eu segurei em seu pescoço e correspondi, e ficamos ali nos beijando por uns 5 minutos, eu poderia passar a noite inteira ali, nos braços dele, mas paramos e decidimos sair do carro, quando eu saí estava suado e excitado, aposto que ele também estava, mas tive vergonha de olhar, ajeitei o cabelo olhando o reflexo no vidro do carro e fomos até o shopping.
demos uma volta olhando as lojas e depois paramos em um restaurante, sentamos em uma mesa que estava em um canto mais reservado pra ficarmos mais à vontade, pedimos uma pizza e dois refrigerantes ao garçom e conversamos enquanto não chegava
— Então... você está terminando o ensino médio né? Já pensou no que vai fazer depois? — perguntou ele puxando assunto
— sinceramente, não faço idéia, ainda estou procurando algo que eu goste de fazer
— acho que devia fazer psicologia, em alguns minutos conversando comigo você conseguiu me entender melhor do que qualquer um — disse rindo
— acho que não é minha praia, ainda vou encontrar alguma coisa. Mas e você? Gosta de ser corretor?
— eu aprendi a gostar, mas na verdade entrei nessa por uma certa pressão do meu pai
— e o que você realmente queria fazer?
— eu sonhava em ser veterinário desde os meus 11 anos, quando eu tinha um cachorro e ele acabou morrendo por uma doença e eu fiquei bem triste, então eu decidi que seria veterinário pra salvar todos os animais que eu pudesse. Mas meu pai disse que isso era um sonho bobo de criança, que não me daria futuro, e me convenceu a ser corretor, e que um dia eu seria bem sucedido como ele, talvez ele tenha razão.
— eu não esperava ouvir isso, você me surpreendeu de novo
— eu nem sempre fui desse jeito que você me conheceu
— é um sonho bonito, você devia segui-lo, se é realmente o que quer fazer
— você não conhece meu pai, as coisas não são fáceis assim
Nesse momento chegou nossa pizza, e encerramos o assunto para comer, estava uma delícia. Conversamos algumas coisas sem muita importância enquanto comemos, quando terminamos já eram quase 10 da noite e o shopping já ia fechar, pedimos a conta e rachamos o valor, apesar de ele ter insistido em pagar sozinho, e fomos em direção ao estacionamento, entramos no carro e mal esperei ele fechar a porta, já o puxei para um beijo, a cada beijo que dávamos ficava mais quente, aquele cara me deixava louco, paramos e ele deu partida.
No caminho de volta não conversamos muito, mas eu passei a maior parte do tempo olhando pra ele e o admirando, ele as vezes me olhava e sorria, com aquela cara de safado. Ele parou o carro em frente a minha casa
— chegamos
— Obrigado, pela noite, pela carona, por tudo
— não tem de que, eu adorei a noite
— eu também, foi perfeita — dei um selinho nele e fui abrir a porta do carro
— espera — falou me segurando — dorme lá em casa hoje, meus pais ainda estão viajando
— não sei Rafa, eu não sei se eu...
— por favor Rod, eu prometo que não vou forçar nada, eu sei que quer ir com calma, só quero ficar junto com você essa noite, ver um filme, dormir abraçado...
— tudo bem, eu vou — eu estava com medo do que poderia acontecer, não sei se estava preparado ainda, mas as palavras dele me deixaram mais calmo
Mandei uma mensagem pra minha mãe dizendo que dormiria fora, ele deu partida e fomos.

Continua...

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Obrigado mais uma vez pelos votos e comentários, estão me animando a escrever mais. Abaixo segue uma foto (fictícia) do Rafael, pra ajudar a imaginarem ele do mesmo jeito que eu, nos próximos contos pretendo colocar dos outros personagens também. Obrigado e um abraço a todos.