Putaria

A primeira vez que Ernesto e eu nos amamos
Nos despimos e nos engalfinhamos
Guerreiros desarmados mas com varas duras

Agitando as picas rijas, empinadas
Bainhas crispadas, glandes molhadas
Movidos na paixão e pela tesão puras.

Pela primeira vez na vida no viril embate
Viga contra viga, num duro combate
Beijos na boca, saliva em vez de vinho;

Tudo era tentador e novidade
Não havia rastro de dor ou maldade
Galas misturadas no lençol de linho.

E depois do supremo orgasmo, quando nos separamos
Perguntei-lhe nome da ação que praticamos
Queria saber o nome da brincadeira sadia

Que com tanto fervor nos deliciamos
E ele com o pau em minha mão, ainda pingando
Falou, entre estertores: "isso é putaria!"