A sedução traz o desejo (Parte I)

    Diariamente em vinha a este pequeno café, onde aguardava pelo marido e depois de tomar algo, irmos para casa. E, diariamente, eu via aquele homem tomando a sua bebida ao balcão. Era um homem ainda jovem, talvez trinta e poucos anos, bastante alto e atlético com um pormenor que não me saía do memória e mesmo contrariando tudo o que seria de bom senso, os meus olhos focavam-no insistentemente.
    Sempre que eu me apercebia da figurinha de "parva oferecida" que estava fazendo, um rubor subia pelas minhas faces e eu, envergonhada, baixava ou desviava o olhar esperando que ninguém se tivesse apercebido e muito especialmente ele.   
     _ Aquele ali deve estar muito interessado em ti, está aqui todos os dias e nota-se bem que te come com os olhos. Não pára de olhar para ti. _ disse Carlos, meu marido.   
      _ Sim! Tenho reparado que ele está cá todos os dias e que me olha bastante, mas daí a estar interessado vai uma grande diferença. Primeiro teria de tentar saber se tem alguma chance. _ retorqui eu.     
      _ E teria? Já te perguntaste isso?      
      _ Não sei, mas para já acho que estou bem servida.     
      _ Mas isto não tem nada a haver com o que tens em casa. Sempre que estamos com a Sílvia e o marido, eu bem noto como gostas de te dar para o Jorge.     
      _ Não vamos confundir as coisas. Nós somos um casal e estamos com eles que também são um casal, é suposto que os quatro tenham prazer e eu tenho realmente prazer em estar com o Jorge, assim como tu tens prazer com a Sílvia.     
      _ Sim! Mas o facto de termos prazer com eles nada tem de extraordinário, eu tenho prazer com a Sílvia apenas porque sou homem e ela uma mulher e é suposto que um homem e uma mulher quando fazem sexo... tenham prazer. O mesmo se passa contigo e o Jorge. Prazer é sexo e... sexo é prazer. Isso nada tem a haver com o que existe entre nós e o que sentimos um pelo outro. Daí que a chance de ele poder estar contigo reside apenas no facto de tu estares interessada em ter prazer com ele... em fazeres sexo com ele e... isso só tu podes decidir.
     _ Está bem... está bem! A decisão tinha de ser minha!!! Tinha de sobrar para mim. Não vamos adiantar muito esta conversa, principalmente aqui.     
    _ Também acho melhor, conversamos em casa mais à vontade e sem pressão e logo se vê o que fazer...     
    Este fim de diálogo pôs também fim ao nosso café e, como todos os dias, regressamos a casa. Era sexta-feira teríamos muito tempo durante o fim de semana para falar sobre tudo isto.     Lembro que o assunto do café não foi tema de conversa quando chegamos a casa e nem tão pouco se falou dele ao jantar. Eu estava numa posição "um pouco sem graça" pois como "principal" beneficiária de uma eventual aproximação e, de todo, não queria ser eu a puxar o assunto à baila. O Carlos também nada dizia, parecendo até querer esquecer a conversa do café. Depois do jantar e enquanto eu dava um jeito a uma roupa o Carlos fez o mesmo à cozinha.
    Sentamo-nos a ver um pouco de TV e o Carlos depois de se juntar um "pouco demais" para mim e me beijar demoradamente, sugeriu que subíssemos. Soube de imediato quais as razões e mentalmente preparei-me.      
    Fizemos "amor" e fodemos selvaticamente. Entre dois "ítens" o Carlos trouxe a conversa do café novamente à baila.  Eu percebia agora porque se manteve calado sobre o tema, ele sabia que as chances de "fumo branco" eram maiores se a decisão fosse tomada entre duas "fodinhas". E assim foi, depois de falarmos um pouco, eu aceitei em que podíamos convidá-lo e conversarmos com ele. O Carlos sabia qual a minha resposta e que ela seria rápida. Tínhamos acabado de dar uma foda e estávamos já com vontade, desejo e muito tesão para uma outra. O Carlos conhecia-me como ninguém, ele sabia com precisão que bem lá no fundo do meu íntimo, eu desejava ardentemente estar com aquele rapaz do café... estar com ele e entregar-me toda para que ele me pudesse dar prazer e finalmente eu ter em mim aquilo que tanto cobiçava de todas as vezes que olhava para ele e em especial para um certo volume que tanto me intrigava.     
    Combinamos que na próxima semana o convidaríamos a  juntar-se a nós e a bola passaria para o meu lado. Tinha total liberdade ou para aceitar um convite dele ou convidá-lo a vir a nossa casa, talvez numa sexta, para um jantar entre amigos e um encontro em privado com a anfitriã. Aquelas semanas em que, recostado ao balcão e bebendo a sua bebida, me foi seduzindo com a sua figura bela e pequenos (grandes) detalhes, fizeram crescer em mim um desejo ardente de ser dele.