Doce lar - I



Uma mulher domada por seus instintos. Não há definição mais apropriada que me permita definir minha patroa.

Ao gentil leitor me apresento como José. O destino que me conduziu ao ofício de caseiro foi lançado pela mesma mão que comprou a empresa onde eu trabalhava. Após isso, essa mesma mão capitalista cortou vários posto de trabalho sob a justificativa de “contenção de despesas”. De modo que, com a chegada da crise econômica, tive que escolher entre voltar para terra natal, desprovida de prosperidade e próspera em miséria, ou continuar na cidade grande, perambulando como um cigano sem rumo. Optei pela segunda opção, e no labirinto de dificuldades que surgiam dia após dia, consumindo o pouco que ainda me restava de recursos, voltei para a porta da empresa de onde fui demitido. Após muito implorar, debalde, por meu emprego de volto, um homem alto, chamado João Carlos, aparentando ter uns 50 anos, cara e jeito de charlatão, tomou conhecimento do meu manifesto solitário e, temeroso quanto à imagem de sua empresa e farto de minhas lamúrias, me agraciou com um emprego em sua casa. Assim, graças a esse enorme favor, fui reconduzido ao mercado de trabalho.

Quando trabalhei na referida casa, presenciei e vivenciei muitas coisas, das quais nem no mais profundo dos meus obscuros pensamentos ousei engendrar. O homem que me contratou olhava-me de uma forma desdenhosa, como se eu fosse estorvo com alguma utilidade ainda desconhecida. Com voz alta e imperiosa, ordenava que eu fizesse os mais humilhantes serviços em sua mansão, como, por exemplo, lavar piscina sob uma forte temporal, remover sua saliva que freqüentemente se atirava ao chão descaradamente, entre outras coisas. Quanto à sua mulher, Flávia Almeida, sempre espontânea e excêntrica, uma mulher cujo comportamento é tão fácil de prever quanto pode ser para um cego ler em hieróglifos. Sem filhos e já estando, ela, na faixa dos quarenta anos, era, sem dúvida alguma, uma bela mulher, com seus cabelos loiros, na altura dos ombros, pele branca, porém bronzeada do sol, uma típica milf e logo se tornou objeto de meu insaciável desejo. Um típico casal unido pelo dinheiro e pelo ciúme dela.

Parece haver, de fato, uma linha tênue entre o desejo, muitas vezes desenfreado, e a autoridade que uma dada pessoa pode e é capaz de exercer sobre nós. Flávia era uma mulher naturalmente sedutora como só uma mulher madura e bem cuidada pode ser. Os anos de experiência acabam por refinar o comportamento de certas pessoas, some a isso uma bela fortuna pessoal, o resultado será um prêmio em forma de mulher, perante certos escravos do prazer. Ele moderadamente mais velho que ela, conquanto o excesso de álcool e tabaco conferem alguns anos a mais a existência daqueles que desses vícios são servos.

Felizes eram os dias em que o patrão ausentava-se do lar; melhores ainda eram os períodos em que eu tinha totais condições de apreciar a patroa relaxando ao ar livre, a beira da piscina, com o astro rei iluminando cada centímetro de seu corpo dourado para que eu melhor pudesse apreciá-lo.

Muitos eram os dias em que a Srta. Flávia amanhecia com um brilho tão entusiástico nos olhos, que se a felicidade tivesse forma de gente seria exatamente como minha patroa. O oposto disso, entretanto, parecia o Sr. João Carlos. Nestes dias, ele surgia um tanto abatido a transitar pela casa, com olheiras tão grandes quanto ameixas, além, é claro, dos arranhões pelo corpo. Se, coincidentemente, por algumas vezes, minha insônia não me mantivesse, por longas horas noturnas a apreciar os corpos celestes, poderia jurar que meu patrão saiu para embrenhar-se no matagal buscando caçar alguma fera indomável. O misticismo que, aos meus olhos, envolvia aquela mulher me consumia gradualmente.
      
Com o passar do tempo foi brotando em mim o desejo crescente de possuir sexualmente minha patroa. Seu perfume natural inebriava minha mente, trazendo um punhado de sensações alucinantes. Por tantos minutos a admirava em segredo, a curta distância, imaginando dominar aquele corpo que se movia perante meus olhos de forma fantasiosamente insinuante; por tanto dias senti minha alma queimar como uma chama infernal no paraíso do prazer, cuja pecaminosidade circundante funcionava como uma espécie de morfina para aliviar meus ases. O fascínio que exercia sobre mim essa mulher não tardou a se metamorfosear em uma paixão fulminante.

A relação entre minha patroa e meu patrão me intrigava. Ela parecia tão ciumenta em relação a ele, que por sua vez parecia pouco apegado a ela. Talvez a consciência de que tinha a patroa sob seu controle, presa por algum sentimento, ou necessidade, que eu repudio completamente, lhe impelisse certa segurança que acabava por culminar em sua altivez desdenhosa em relação aos demais. Com efeito, sempre após beijar sua dama, e estando eu por perto, o patrão olhava-me com ar desafiador de quem tem algo do qual eu daria a alma para ter. Sentia-me profundamente indignado quando ele a colocava sobre seu colo e lhe beijava o pescoço, descoberto de suas madeixas. Eu desejava-a ainda mais quando ela instintivamente erguia a cabeça e sorria, olhando para os céus como quisesse tocar no paraíso celestial. Queimei em ira quando, certo dia, ele, na tentativa de manter alguma privacidade, tentou escapar para o quarto, enquanto ela segurou-o pelo pênis e ambos pularam na piscina. Na água, ela sorrindo sordidamente, com as costas coladas ao peito dele; já ele, por sua vez, não suportando tanto desejo, erguendo-a, penetrou fundo em sua mulher, com a intensidade de um animal selvagem satisfazendo seus instintos mais primitivos. Tudo isso bem diante dos meus que se ocultavam atrás de uma árvore.

A madame deleitava-se com cada momento de prazer ao ar livre. Pude vê-la, com uma enorme inveja do patrão, rebolando sobre o pênis do marido, empinando de um jeito muito insinuante suas nádegas robustas pela constante prática da musculação. Enquanto se satisfazia com os prazeres carnais, e satisfazia também seu dono, a madame o olhava de soslaio, ao mesmo tempo em que arranhava a nuca de seu marido que a comia por trás. Quando o patrão, por fim, gozou conteve, por puro pudor, a vontade de gritar enquanto seus olhos erguiam-se, num sinal inequívoco de satisfação. Sua mulher, por sua vez, sorriu de forma mordaz, uma vez tendo alcançado seu objetivo.


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Comentários


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paolosfortz Comentou em 08/06/2016

Muito Bom! Parabéns. Bem Escrito!

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Comentou em 02/06/2016

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Comentou em 02/06/2016

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coach Comentou em 27/01/2016

Bom conto, intrigante..

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Comentou em 26/01/2016

Continuação???

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sarahcasada Comentou em 26/01/2016

Muito interessante...




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Doce lar - I

Codigo do conto:
77941

Categoria:
Traição/Corno

Data da Publicação:
25/01/2016

Quant.de Votos:
7

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