Doce lar - IV



Nos dias que se seguiram, aquela imagem pairou de forma incessante pela minha cabeça, como uma voz a atormentar nos meus ouvidos palavras heréticas que me fizessem titubear nos caminhos da retidão. Passei a desejar ainda mais ardentemente minha patroa. Ao lado dela, meu sangue fervia em borbulhas de paixão; meu coração não cabia dentro do meu peito, por tamanha ansiedade; sentia arrepios, calafrios, vontade louca de possuí-la por uma noite, tendo seu corpo nu na companhia do meu, cujo apetite em saciar minhas fantasias não cabia em uma noite, quiçá em uma vida. Eu precisava agir para intervir no destino que se descortinava de forma enfadonha com relação a minha existência medíocre.

Assim que ela se aproximou com suas costumeiras ordens, não esperei muito tempo e fui dando um jeito de introduzir na conversa minha chantagem mesquinha. A patroa, por sua vez, se mostrou bastante surpresa com minha insólita altivez ao me recusar a fazer o que ela me propunha.

- Como ousa! - disse ela - Você ficou louco, seu insolente!? Saiba que se continuar com seu festival de asneiras, ponho-te daqui para fora, sem direito a nada, feito um cão sarnento!

- A Srta. não fará isso, certamente, pois tenho informações que podem tanto comprometê-la quanto separá-la de uma forma definitiva da fortuna oriunda de seu marido.
Sua fisionomia mudou drasticamente. Foi como se um lindo dia de primavera desse lugar a uma sombria noite de céu nublado. O brilho dos seus olhos apagaram-se tão completamente quanto o fogo que se extingue de uma estrela em extinção. Apesar de mudança tão abrupta, eu ainda tinha a esperança de aproveitar um dia de verão nos seus braços.

- Do que você está falando? - pergunto, em tom baixo e pausado, mas já sabendo, no fundo de sua intuição feminina, do que se tratava.

- Eu vi vocês duas juntas. - disse-lhe, prestando menos atenção em seus olhos que em sua boca. Não me obrigue a entrar em detalhes, cujas lembranças me são tão nítidas quanto o medo estampado em seu semblante; não me obrigue a contar a seu marido, que a mulher dele tem o estranho hobby de, na cozinha de sua própria casa, cozinhar para fora, com direto a uma fruta de brinde como sobremesa; enfim, você deve saber muito bem que a verdade tem o hábito de sempre se revelar. Agora, caso a incredulidade de seu dono seja tão grande quanto seu par de chifres que ele ostenta inocentemente, terei de ser mais contundente em minha apresentação e mostrar-lhe a gravação que fiz, um típico cine privê amador.

- Tudo bem, o que você quer que eu faça, ou melhor, o que você quer de mim? - questionou, a espantada mulher, acuada como um rato.
Tendo eu deixado bem claro meu interesse na minha interlocutora, acrescentei algumas exigências. Exigi que nossa relação ocorresse na cama do casalzinho, com direto a traje de gala (do homem-boi, é claro). Decidi que eu vestiria um de seus tradicionais ternos importados. À minha dama provisória dei o privilégio de escolher não vestir nada, pois dado o calor que faz nessa parte do país, nessa época do ano, quanto menos roupa melhor. Minha refeição especial já estava encomendada, agora eu só precisava de um detalhe a mais: um apetite bem grande, maior que o normal é claro; e, para tanto, nesse quesito, a medicina aliada ao mercado negro me ajudariam bastante.

Meu relógio marcava 23:00 horas quando terminei de me aprontar, saí do meu casebre e adentrei na mansão. Tudo precisaria ocorrer naquela noite, já que na manhã seguinte o homem que cedeu sua mulher a doméstica, e agora cedia a mim, chegaria de viagem.
Ciente da ausência da serviçal, que fora devidamente trancafiada em seu quarto, sob um pretexto qualquer, inventado por sua patroa, caminhei um tanto cambaleante pela casa até o cômodo escolhido por mim, o quarto. O vinho de segunda que eu tomara, pois não imaginei nada mais adequado que fizesse propagar mais rapidamente o estimulante sexual - assim se referia o nobre vendedor ambulante - que comprei de um contrabandista disfarçado de vendedor, corria como um rio de água suja em minhas veias pulsantes. Meu pênis, que já estava ereto, latejou por baixo da Armani que eu vestia quando abri a porta do quarto e me deparei com Flávia vestindo uma lingerie de oncinha. O animal que eu precisava abater estava bem na minha frente.

Em cima da cama de lençóis branquinhos, ela pôs-se de quatro a me olhar com uma depravação surpreendente. Seus seios bronzeados, inclinados para baixo, deixavam bastante visível a marca do biquíni recentemente produzida pelo sol; A nádega, robusta e empinada, estava em total harmonia com a curvatura de seus quadris largos. Quando dei alguns passos a frente até a ponta da cama, ela veio até mim engateando como uma felina; puxou-me pelo colarinho de minha camisa emprestada, levando meu rosto para um contato direto com seu pescoço perfumado. Esperava encontrar um pouco mais de resistência por parte da patroa (pensei comigo mesmo), mas aquele momento era meu e não podia desperdiçar com moralidades tolas. Atirei-me aos prazeres oferecidos por seu corpo antes que o destino resolvesse intervir para estragar a alegria de pobre.

Tenho que confessar que, inicialmente, fui bastante egoísta em relação à arte de satisfazer o próximo. Meu coração batia tão forte enquanto eu procurava desesperadamente a vagina de minha patroa, utilizando para isso meu pênis, que tive a sensação de ter acabado de participar de uma maratona. Os dois comprimidos azuis que comi a cerca de trinta minutos antes, no afã de me tornar um super-homem na cama, pareciam ter alterado minha pulsação.

A primeira vez que gozei, dentro dela, após experimentar as mais inusitadas posições do Kama Sutra, senti um enorme prazer aliado a um alivio de satisfação indescritível. Após isso, 99% do meu corpo desvaira-se exausto, com o 1% - meu pênis - ansiando por mais uma, duas, ou até três brincadeiras seguidas. A competitiva mulher não deixando por menos, me fez entender na prática a razão de ser das marcas que eu regularmente via em seu marido. Ela beijava e arranhava todo meu corpo, com a justificativa, usando suas palavras, que "já que vamos cometer um crime, que sejamos dignos de pena máxima".

Enquanto eu gozava pela quarta vez dentro dela, e tendo-a cavalgando sobre mim, minha visão foi se tornando cada vez mais turva, onde nem mesmo as bofetadas que levei na cara, para que eu me tornasse mais ativo na cama, serviram para restituir minha visão. Minha respiração ofegante não condiziam dignamente com minha performance sexual, de modo que eu sabia que algo estava errado e totalmente fora do meu controle. Não resisti, expirei as 23:54 hrs daquela fatídica noite.
Após o ataque cardíaco que ceifou a vida de José, um enorme remorso abateu Flavia Almeida, não mais intenso, porém, que o grito de pavor que ela soltou ao notar que havia um defunto em sua cama.

O corpo de bombeiro, a perícia, a polícia e todas aquelas visitas que, numa situação normal, não gostaríamos de ter que receber em nosso lar, chegaram logo depois.
Quando o Sr. João Carlos chegou de viagem, recompôs-se rapidamente após ser arrebatado pela notícia de tamanha tragédia e decepção se instalara em sua residência. Ele, dignamente, deixou sua, agora, ex-mulher com a casa; e, indignadamente, graças à intervenção de alguns bons advogados, uma bela pensão mensal.

Quanto à empregada, continua prestando serviços regulares de doméstica para sua patroa. Sendo que agora goza (com o perdão da palavra) do privilégio de dormir com certa freqüência na cama da dona da casa, desde que a anfitriã não tenha nenhuma companhia masculina para lhe satisfazer.


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Ficha do conto

Foto Perfil crazyhistory
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Nome do conto:
Doce lar - IV

Codigo do conto:
78075

Categoria:
Traição/Corno

Data da Publicação:
28/01/2016

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