Chegou à empresa e vendo que ele ainda não havia chegado, aproveitou para adiantar seu trabalho. Estava tão distraída que não percebeu Diana se aproximar. __ Olá Susan ! – cumprimentou __ Olá Diana, tudo bem ? __ Eu que pergunto, tudo bem ? __ Claro, porque não estaria ? – perguntou apreensiva. __ Não sei, estou achando você tão abatida ! Além disso parece nervosa. Nunca mais conversamos, está com algum problema ? Sabe que pode contar comigo ! – ofereceu solidária. __ Obrigada por mostrar-se tão preocupada, mas é apenas trabalho demais. Ando dormindo mal e quando chego aqui simplesmente não consigo dar conta de tudo ! – riu nervosa, esperando que a amiga acreditasse. __ Bem, entendo o que diz, mas não reclame muito alto, pois sendo secretária do solteiro mais cobiçado da cidade, sei que há uma fila de garotas loucas para pegar seu lugar. – disse rindo também. __ Acho que tem razão. De qualquer forma agradeço por preocupar-se comigo. __ Ia me esquecendo, enquanto estava em outra linha o Sr. Moretti ligou avisando que não virá hoje. – foi dizendo enquanto saía. __ É mesmo ? Obrigada, Diana. – respondeu sem acreditar. Afinal, da forma como ele saíra de sua casa na véspera ela imaginava que teria uma manhã bem difícil. Mas tinha que admitir que a vida dele não girava em torno dela , e sim o oposto. Agora que cabia à ela dar o próximo passo, simplesmente não sabia o que fazer. Esperou até o fim do dia, que ele voltasse ou ligasse, para que ela pudesse pedir o dinheiro. Como isso não aconteceu, ela apenas tirou o dinheiro do caixa, como havia feito na vez anterior e após depositá-lo na conta do irmão foi para casa. Estava apavorada, mas uma sensação de inevitabilidade impedia que ela ficasse imaginando o que ele faria à seguir. Ficou ao lado do telefone esperando que ele ligasse ou fosse até lá. Como nada aconteceu ela foi deitar-se. Não soube o que a despertou, mas podia sentir claramente que havia alguém em seu quarto. Sentando-se na cama pode distinguir-lha a silhueta contra a luz fraca que vinha da janela. __ Acha que pode brincar comigo ? – perguntou tão baixo que ela mal pôde ouvi-lo. __ Por favor, deixe-me explicar... – pediu tentando não irritá-lo ainda mais, levantando-se lentamente. __ Não há mais tempo para explicações. – disse ascendendo a luz e percebendo que ela estava de camisola , abriu o guarda-roupas e retirou um sobretudo jogando-o para ela. __ Vista isso! O telefone começou a tocar, mas ele fez sinal para que ela não atendesse, deixando que a secretária fosse acionada. __ Susan, não sei onde pode estar à essa hora, mas já vi que depositou o dinheiro, sabia que conseguiria! Te amo ! Ligo assim que puder. __ Venha, vamos dar uma voltinha. – ele parecia conter-se para não agredi-la. Aquela ligação havia sido um atestado de culpa. Percebendo que qualquer atitude que o contrariasse desencadearia toda a violência que ele tentava conter, ela fez o que ele mandava e seguiu-o até o carro. Depois de rodarem por uns quinze minutos, chegaram ao prédio onde ele morava. Não que ela já tivesse ido até lá, mas conhecia o endereço de cor. Subiram em silêncio, o que a deixava ainda mais amedrontada. Ele abriu a porta e ascendeu as luzes. Era um apartamento imenso, na cobertura. A sala em que estavam era maravilhosa, decorada em preto e branco, e parecia ter saído das páginas de uma revista. __ Dispensei os empregados, e as paredes são à prova de som - disse apenas para informá-la de que não tinha com escapar. __ Vou faze-la pagar, não pelo dinheiro, sabe que vinte mil dólares não são nada para mim. Vai pagar pelas vezes em que a convidei para sair e depois de recusar foi encontrar-se com ele para rirem do que iriam fazer. Vai pagar por preferir sujeitar-se à mim , para deixar o covarde em segurança. Mas sobretudo, por fazer-me odiá-la quando poderia ter tido meu amor. Susan sentia as lágrimas caírem por seu rosto, mas sabia que as oportunidades de dizer-lhe que tudo aquilo não passava de uma mentira, já haviam passado. Ele tinha razão, chegara a hora de pagar. Desabotoando o casaco e deixando que ele escorregasse para o chão ela deu alguns passos em sua direção e ajoelhando-se, baixou a cabeça em sinal de entrega e rendição. __ Puna-me! – pediu, como se realmente merecesse. Enzo, ao contrário do que ela esperava, afastou-se, dando-lhe as costas, deixando-a ali, prostrada, como um réu à espera de sua sentença. Tirou o casaco e o pendurou, calmamente ao lado da porta. Voltou-se e olhou-a enojado. __ Simples, não ? Eu a machuco mais um pouco, até passar minha raiva. Penso que aprendeu a lição . À seguir você some. E então, basta achar outra empresa, voltar a fazer o papel de mocinha comportada e aplicar o golpe em outro otário. – enquanto falava tirou algo do bolso, mas ela não pode ver o que era. __ Golpe ? Não, eu não planejei nada, juro! – disse desesperada, sabendo que havia evidências demais contra ela. __ Pois eu não serei como os outros idiotas que enganou! Desde o início você soube que desta vez seria diferente, só não sabia com quem estava lidando. – a idéia de que ele era apenas mais um na lista de uma golpista o deixava fora de si. __ Enzo, sei que está irritado, mas... – começou à dizer. __ Irritado! Benzinho, você não viu nada ! – aproximou-se e sem esforço a fez erguer-se. Segurou seus braços, e ela pôde ver que eram algemas o que ele tirara do bolso. __ Junte as mãos! – ordenou. Susan obedeceu, sabendo que à partir daquele momento estaria inteiramente à sua mercê. Após algemá-la, ele guardou a chave em seu bolso e a arrastou até uma porta no final do corredor. Era uma suíte enorme, praticamente do tamanho de seu apartamento inteiro. __ Não precisa me prender, farei o um que quiser. – disse submissa. __ Mas não seria tão interessante... - informou irônico. __ Venha cá ! Ela aproximou-se e ele apontou para a parede em frente à grande cama que havia no centro do quarto. __ Veja o que mandei colocar pra você! – falou em tom cruel. Era um gancho, parecido com o que havia em seu apartamento. Um arrepio de medo percorreu o corpo se Susan, ele poderia fazer o que quisesse, não haveria limites , ninguém viria em seu socorro.
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