Após algumas puladas de cerca do Rafa, percebi que eu me excitava muito com a ideia de outros caras beijarem ou até transarem com meu namorado. Eu repassava na minha cabeça as cenas que presenciei e tinha cada vez mais vontade de viver mais daquilo. Aos poucos, isso se tornou um tópico de conversa entre nós. Eu não revelei que sabia dos chifres que o Rafa já tinha me colocado, e tampouco propus a ele um relacionamento aberto. O que eu queria era que ele soubesse que a ideia de o ver com outros me excitava, e eu ficava na expectativa de que essa abertura gerasse novas situações excitantes. Na realidade, essa minha revelação ao Rafa não alterou nossa rotina, apenas fez com que ele me conhecesse melhor. Vivíamos uma vida sexual excitante somente a dois, que volta e meia era um pouco apimentada por conversas e fantasias a respeito dele me trair.
Na época, eu tinha um grupo de amigos gays que jogavam futebol de salão uma vez por semana, e eu era um dos membros mais recentes. Só era próximo de um deles, que me convidou e acabei passando a participar semanalmente pra manter a atividade física. A maior parte do pessoal era gente fina, mas tinha um cara muito arrogante entre eles, o Otávio. Desde o primeiro jogo, eu não fui com a cara dele. Ele era um filhinho de papai que andava de nariz empinado e gostava de fazer piadas tirando todo mundo pra trouxa. Ele era o melhor jogador entre nós, algo que ele mencionava sempre que tinha a oportunidade. Ele cursava direito em uma universidade cara e andava com o carro do ano pra lá e pra cá. Eu tinha a teoria de que ele só continuava no grupo porque os outros queriam seguir ganhando caronas no carro dele. Pra todos efeitos, ele era um cara bonito: tinha a mesma altura que eu (1,80 m), um corpo definido pelos vários esportes que ele praticava, tinha cabelo castanho claro curto e um rosto bonito. Dois aspectos físicos chamavam mais atenção nele: ele tinha uma boca carnuda e tinha pernas fortes, bem desenhadas. Fora isso, ele tinha uma aparência bastante comum, mas na cabeça dele, ele imaginava ser um deus grego.
O Otávio era especialmente irritante na forma de agir comigo. Ele pegava no meu pé com constantes provocações, me ridicularizava por ser pior no futebol comparado a ele e tinha me apelidado de “Lento”. Ele adorava me perguntar se eu tinha achado bom o jogo logo depois de ser vencido pelo time dele. Era sempre assim: “O Lento hoje gostou do show”, “Tem que chamar alguém pra jogar no lugar do Lento”, entre outras frases que ele repetia à exaustão. Os outros olhavam feio pra ele, mas não interferiam nessa provocação constante ao final dos jogos. A maioria que morava perto se despedia, enquanto os que tinham atividades após o treino se dirigiam ao vestiário para uma ducha. Normalmente restavam uns quatro ou cinco de nós no vestiário, mas duas presenças constantes eram a minha e, claro, a do Otávio.
Em uma ocasião pós-jogo, eu estava tomando banho em um dos chuveiros, que tinham somente as divisórias laterais. A parte da frente era totalmente exposta, e a única vaga disponível ainda para o Otávio era justamente a que ficava bem na frente da minha. Ficamos em uma situação em que estávamos totalmente nus um na frente do outro, e é claro que fica impossível não dar uma olhada. Peguei ele com os olhos na direção do meu pau, que quando está mole apresenta um tamanho acima da média. Quando ele percebeu que eu tinha flagrado, virou de costas para mim para disfarçar. Como eu já tinha espiado o pau dele no vestiário em outra ocasião, fiquei com um sentimento de que havia me vingado pelas muitas provocações que ele me fazia. Terminei o meu banho primeiro que ele e já começava a me secar, quando tocou meu celular, que estava na mochila das roupas. Era o meu namorado Rafa, me ligando para combinar de me encontrar à noite. O Otávio, que havia escutado toda a conversa, se virou novamente para mim enquanto se ensaboava e começou:
- Mas é bom aquele teu namorado, hein, Lento? Não sei como você convenceu ele a te aguentar!
- Cara, você não precisa ficar com inveja só porque eu tenho um namorado gostoso – respondi, terminando de me secar.
- Ainda tem porque ele não me experimentou, Lento! No dia em que eu pegar, ele vai te largar – ele respondeu, enquanto ensaboava as bolas olhando pra mim. – Ele ainda vai ver como é ser comido por um homem de verdade. Vai ficar louco dando pra esse pau aqui ó.
Ele falou isso pegando no pau, o que me fez olhar quase involuntariamente. Eu estava ensaiando o início de uma resposta, mas a visão do pau dele me fez parar – ele estava agora apresentando um primeiro sinal de endurecimento, e estava maior que meu pau mole, que há pouco tinha me dado alguma sensação de superioridade sobre o Otávio. Apenas peguei minha mochila e saí em silêncio.
Aquela imagem do Otávio mexendo no pau e falando em pegar meu namorado mexeu comigo. Eu tive duas transas incríveis com o Rafa naquela noite e na manhã do dia seguinte. Nas duas vezes, gozei comendo o Rafa, mas imaginando o Otávio no meu lugar.
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Algumas semanas se passaram, e ao final de mais um jogo, foi anunciado que seria feito um churrasco em comemoração a um ano de futebol entre esse grupo de amigos. Ficou combinado que seria à noite no sábado seguinte, no salão do condomínio do Mateus, um dos “fundadores” do time. Vários do grupo manifestaram que levariam seus namorados, então também coloquei o nome do Rafa na relação de participantes. Lógico que o Otávio fez um comentário sem graça me provocando quando soube disso.
O Rafa sempre foi um cara muito social, então ficou feliz em termos um churrasco para ir. Como ficou combinado que os “jogadores” compareceriam com o uniforme do time para tirarmos umas fotos legais, ele também se vestiu de uma forma mais esportiva, com um calção preto curto e uma camiseta branca bem simples que ficava mais justa no corpo. Antes de sairmos para o churrasco, enquanto descansávamos juntos fazendo hora no sofá no meu apartamento, comentei com ele a respeito das provocações do Otávio. O Rafa não demonstrou interesse inicialmente, só rindo da situação e chamando de idiota. Acho que conforme ele percebeu como aquilo mexia comigo, começou a me fazer perguntas que culminaram em eu admitir que sentia tesão em imaginar ele com o Otávio.
- E se eu deixasse ele tirar uma casquinha hoje? Ele até que é gato. – o Rafa falou isso com aquele sorriso maroto que ele mostrava quando queria alguma safadeza.
- Ah, não sei, Rafa. Nem vejo como acontecer algo lá, vai ter muita gente. E ele pode só falar essas coisas como provocação e na hora ficar todo comportado, né?
- Pode até ser. Mas e se ele tentar? Preciso saber o que você quer que eu faça. – ele terminou essa frase colocando a mão no meu pau, que eu nem havia percebido, mas já estava totalmente duro.
- Rafa, você faz o que sentir vontade na hora. Só temos que ser discretos pra eu não cair na boca do povo. E caso role, eu prefiro que você faça o Otávio acreditar que eu não sei e que ele não pode contar pra ninguém. Beleza?
Ele não me respondeu, mas me deu um beijo lento passando a mão pelo meu peito e pelas minhas costas. Ficamos por um tempo dando uns amassos, os dois muito excitados. Esse tipo de pegação sempre acabava em sexo entre nós, mas não daquela vez. Era como se estivéssemos nos poupando para a possibilidade de algo diferente acontecer. Nos aprontamos e chamamos um carro para irmos ao evento com um clima evidente de tesão no ar.
Chegando lá, fomos recepcionados pelo Matheus, o anfitrião, e demos uma volta pelo salão de festas cumprimentando todos, inclusive o Otávio. Ele parecia outra pessoa naquela noite, conversando sorridente com o Rafa e comigo e oferecendo algumas bebidas que iam sendo preparadas na cozinha. O Otávio ficava realmente bonito vestindo o uniforme do time. O calção e a camiseta agarravam o corpo dele mostrando a musculatura bem definida, especialmente as pernas fortes dele.
Estávamos bem enturmados com o resto do grupo nas mesas distribuídas na parte aberta daquele salão, e a noite foi passando com várias rodadas de bebidas. Vários do grupo já estavam mais pra lá do que pra cá, rindo alto e falando besteira. O Rafa estava “alegrinho”, mas nada demais, e eu sempre ostentava um copo com bebida na mão, mas descartava ele escondido quando tinha a oportunidade. Se o Otávio fosse tentar algo, seria bom que ele acreditasse que eu estava bêbado. Assim, além de manter o fluxo de bebidas à vista dele, eu fui me apresentando progressivamente bêbado, mas na realidade seguia atento a tudo.
Já algumas horas adentro da festa, o Otávio retornou para a cozinha sozinho para preparar caipirinhas pro grupo. Isso aconteceu bem quando um dos jogadores do time estava contando uma história bastante envolvente sobre um rolo que ele tinha com um cara, então todos ficaram na área externa, de onde não se tinha visão de dentro da cozinha. Tive uma troca de olhares que não deve ter durado mais que dois segundos com o Rafa, mas ele pareceu estar em sintonia comigo e, sem dizer nada, foi se dirigindo à cozinha, enquanto eu fingia continuar prestando atenção ao relato. O Rafa deve ter ficado lá dentro por uns cinco minutos antes de voltar ajudando o Otávio a distribuir as bebidas. Meu coração batia acelerado e minha imaginação voava imaginando se algo teria acontecido lá dentro. O Rafa sentou ao meu lado e seguimos conversando sem dar qualquer pista de algo a mais.
Algum tempo depois, dois grupos de amigos que dividiriam carro para ir embora começaram o movimento de despedida do grupo, quando aproveitei que ninguém estaria próximo ao Rafa e eu, e perguntei em voz baixa a ele:
- E aí?
- E aí o que? – o Rafa respondeu com um sorriso de canto de boca.
- Ele tentou algo?
- Talvez…
- Para, Rafa. Você sabe que eu estou louco pra saber!
- É… digamos que ele tentou tirar uma casquinha sim. Ficou todo jogando charme pra cima de mim e, numa hora que foi passar por trás enquanto eu lavava uns copos, ele passou a mão na minha cintura e deu uma beliscada.
- E você adorou, né, safado?
- Ruim não foi – o Rafa seguia com aquele sorriso maroto dele - Mas que coisa besta, né? Isso nem conta.
- Ah, você queria algo que contasse então? Calma que eu já sei o que vou fazer.
O Rafa nem teve tempo de entender o que eu tinha planejado, porque o Otávio voltou, após ter se despedido dos que estavam indo embora, e estava vindo pra perto de nós. Levantei de supetão e fui meio cambaleante em direção ao Otávio, dei um abraço nele, e saí pra me despedir dos outros, deixando ele ter mais um momento com o Rafa. Só soube o que se passou nesse momento mais tarde, quando o Rafa me contou.
- Ih, acho que o Lento bebeu mais do que aguentava, hein? Até abraço me deu sem motivo.
- Ele é meio fraco pra bebida mesmo. E você não parou de dar cerveja e caipirinha pra ele né, safado?
- Safado, eu? – o Otávio não perdia tempo em jogar charme pra cima do Rafa – Você não viu nada ainda.
- Pois é…
Os dois ficaram naquele clima se olhando, mas o Rafa me contou que não teve coragem de provocar mais, por medo de que alguém flagrasse aquela situação. Todos que permaneciam no evento retornaram pra onde os dois estavam, e seguimos conversando por mais uma meia hora, durante a qual eu fiz questão de demonstrar minha “embriaguez”.
Finalmente, os que ainda estavam começaram a chamar carro para ir embora, reclamando muito do valor alto das tarifas naquele momento. O Matheus deixou claro que tinha sofá-cama e colchão à disposição, caso alguém quisesse passar a noite ali, e que estava com a casa só pra ele naquele final de semana. Os demais agradeceram, mas recusaram por ter compromissos na manhã seguinte, enquanto o Otávio aceitou e disse que o Rafa e eu deveríamos ficar, pois eu era capaz de acabar vomitando no carro. O Rafa me olhou com uma cara meio assustada, como se estivesse com medo do que poderia acontecer se ficássemos, mas na minha falsa embriaguez eu aceitei em nome de nós dois.
-- Fim da Parte 1 –
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