Mais que Desejo - Parte 7

Colocamos as coisas de Jake no carro e seguimos viagem. Eu me sentia o cara mais feliz do mundo. A pessoa que chegou na minha vida de uma maneira inocente e se mostrou ser com quem eu desejaria construir uma história estava finalmente rendida a mim, entregue para que eu a amasse e protegesse enquanto respirasse.
“Gostei de você desde o primeiro dia de aula”. Falei de repente enquanto dirigia. Percebi que seus olhos se voltaram a mim. Não era necessário fazer muito esforço para saber que ele sorria abobado.
“Gostou de coração ou de... Você sabe de quê...”. Jake perguntou irônico.
“Gostei do jeito de querer ver seu corpo nu”, respondi direto, ouvir o som da sua gargalhada agitada o coração em meu peito. “Mas então passei a gostar de coração. É claro que ainda adoro te ver sem roupa”, olhei-o de relance, só para ter certeza de que estava corado. “Mas já não é apenas isso o que eu quero. Não importa como esteja. Importa que esteja comigo”.

No primeiro dia de faculdade eu o vi. Aquele garoto aparentemente tímido, desnorteado pela novidade do primeiro dia. Como todos os outros, ele se apresentou para a turma do seu jeito meigo de ser. Tão educado, discreto. Eu não sabia o que ele tinha. Só sabia que passei a desejar.
A pele de seu rosto, clara como as nuvens, contrastava com o vermelho marcante de seus lábios. Os cabelos pretos como a noite, curtos, o faziam ter um ar de sedução que apenas ele possui. Sua voz, nem tão grave nem tão aguda, era simplesmente doce de ouvir. Enquanto ele se apresentava um pensamento vergonhoso passou pela minha cabeça: como seria ouvir meu nome soar por aqueles lábios finos e delicados enquanto eu o invadisse por completo?
Tentei me afastar daquele desejo. Ele era puro demais para alguém como eu que até então só havia ficado com caras por ficar. Apenas por sexo. Por apenas alguns minutos de prazer. Ele não merecia aquilo. E talvez não quisesse só aquilo. Infelizmente eu não me sentia preparado a dar a ele o que ele de fato merecia.
Mas os dias se passaram e o desejo só aumentava. Eu o observava de longe com atenção, evitava que os outros percebessem, mas sempre estava observando seus movimentos, seu jeito de falar, de sorrir, até mesmo o seu jeito de ficar em silêncio. Algo nele era sedutor, era atraente, e não se resumia ao corpo.
Mas para minha mente pervertida eu só precisava de uma coisa com aquele garoto gato: sexo. Nada mais. Nada além disso. E vi a oportunidade perfeita para fazer minha tentativa quando o ouvi dizer para as amigas que não havia passado na prova de Neuroanatomia. Ataquei. Ofereci minha ajuda como um gentil samaritano. Mas minhas intenções não eram nada ingênuas.
Eu estava certo no que faria.
E nada parecia mudar minha decisão.
Até que ele me atendeu na porta da quitinete onde morava.
Vestia uma camiseta do Mickey, usava uma calça de moletom e seus cabelos estavam desgrenhados como alguém que os bagunçou sem perceber enquanto tentava resolver uma equação desafiadora. Eu senti um ardor no peito. Ele não era como os outros caras. Era fofo. E eu não poderia machucá-lo.
Decidi que ficaríamos apenas no estudo.
E foi o que realmente fizemos naquele primeiro encontro.
Apesar de me render ao papel de professor e perceber que ele era um aluno talentoso, em certos instantes eu me pegava pensando em como seria ter aqueles lábios contra os meus, como seria ter as mãos suaves sobre o meu corpo, como seria ter a sua respiração exalando sobre o meu pescoço. Por mim faria meu ataque ali mesmo. Mas ele não era qualquer um. Era especial. Representava mais do que desejo. Poderia ser alguém importante.

Quando me levantei para ir embora, percebendo que a noite já havia dominado o céu, ele se ofereceu para comprar alguma coisa para comermos. É claro que eu adoraria passar um pouco mais de tempo com ele, mas aquilo apenas me torturaria, porque eu não queria ficar na conversa, no papo furado, eu queria saber como era sentir a sua pele.
“Eu não fiz isso querendo retribuições”. Falei fitando as íris que brilhavam curiosas. “Acredite. Também está sendo importante para mim. Você não sabe o quanto”. Mas um dia saberia. Tão próximo a ele, percebendo que era menor do que eu, vulnerável a qualquer coisa que eu pudesse intentar, percebi também que me apaixonava.
“Posso pagar um lanche na faculdade, então?”. Ele insistiu.
“Pode ser meu amigo?”.
“Sim”.
“Já é o bastante para mim”. Mas não era. Comecei a perceber que o que eu queria era mais do que amizade.

Desci as escadas do prédio com pressa. Entrei no carro e saí dali o mais rápido que pude.
Mas não pude chegar em casa.
Estacionei em um lugar sem movimento.
Abri o zíper da calça.
E comecei a fazer os movimentos que eu desejava que fossem feitos por Jake enquanto pensava no seu rosto, na sua voz, nos movimentos sempre tão serenos que fazia ao tocar o rosto, ao acariciar o cabelo, ao dar sua atenção a quem tinha o privilégio de recebê-la.
Tinha a sensação de que ele estava ali comigo.
Eu podia sentir o seu perfume adocicado dentro daquele carro enquanto minha mão pressionava o meu peito por baixo da camisa e a outra acelerava nos movimentos que se tornavam frenéticos. Era como se pudesse senti-lo. Como se estivéssemos conectados.
Pensei no seu calor se transferindo para mim, nos seus beijos percorrendo por todo o meu corpo, na sua carne colado à minha enquanto nos amássemos sem nos preocupar com nada mais.
Um arrepio me dominou.
O membro entre os meus dedos enrijeceu ainda mais.
O líquido quente transbordou enquanto meu corpo se comprimia contra o banco como se Jake estivesse ali, em mim, permitindo-me senti-lo.
Eu precisava dele.

(A primeira vez entre Ashton e Jake está narrada na primeira parte. Nesses dois últimos capítulos fizemos uma pequena viagem ao passado, mas o futuro é o que nos espera. Gostaria que deixassem sua opinião, quero que se sintam representados nos próximos capítulos! Ah! E uma dica: os capítulos ímpares são narrados por Ashton e os pares por Jake, acho que isso vai facilitar para alguns fãs da história. Muito prazer a todos nós!)