Minha alvorada- capítulo 9: ao seu lado

22/03/2009
Caro diário, eu encontrei alguns livros de receitas antigos no armário da cozinha, aparentemente eram da moradora antiga da casa, eu estou achando as receitas bem interessantes e vou começar a testá-las.

8/04/2009
Caro diário, faz um certo tempo que eu não escrevo aqui, mas é porque nada de muito interessante tem acontecido essas semanas, eu comecei a testar várias receitas daqueles livros, minha receita favorita até agora é a receita de cocada, andei conversando bastante com o Luís e o math, descobri que Luís estava morando sozinho em uma casa alugada por perto da vizinhança, o math faz o que qualquer pessoa de 23 anos faz normalmente: trabalhar a semana inteira e só ficar livre nos finais de semana.

E eu? Bom, eu tenho estudado algumas matérias que eu não consegui pegar direito, passei as últimas semanas projetando cadeiras e mesas usando uns sistemas de medição meio complicados, fiz academia na maioria dos dias, mas é difícil conseguir energia pra ir lá com frequência, eu tenho ficado bastante com o Deivid nos chuveiros, cada dia ele fica mais ousado.

Minhas últimas semanas na faculdade estão indo bem, menos com as aulas do professor Lucas, eu não conseguia olhar nos olhos dele depois daquele dia que ele me viu usando um uniforme feminino com a calcinha de lado e o cuzinho todo aberto, eu sentia muita vergonha disso. O professor Roberto, por outro lado, tinha se tornado uma pessoa mais doce, pelo menos comigo, claro que é porque ele descarrega todo o estresse dele me comendo de formas que nenhuma mulher ia aguentar. Mas voltando ao assunto do professor Lucas, ele notou que eu estava mais distante dele, e logo após sua aula acabar ele veio falar comigo.

-Ei... Tony!

-Ah oi prô, tudo bem com o senhor?- eu dizia enquanto me virava com a intenção de sair da sala. Ele me segurou pelo braço.

-comigo tá tudo bem, mas e com você, rapaz? Tá me evitando toda hora, há 5 meses atrás quando você ainda estava no ensino médio você era grudadinho em mim e agora você nem olha mais na minha cara...- disse ele, olhando meio sério mas com certa tristeza no olhar.

-... Olha prof, é complicado, desde que o senhor me viu daquele jeito no banheiro...- um filme passara pela minha cabeça, aquela visão minha com o uniforme feminino e de calcinha na frente dele.

-você... Tá com vergonha de mim? Não queria que eu tivesse te visto daquela forma né?

-Sim... Não era nem pra eu estar daquele jeito, sinceramente...

-Bom, eu nunca te julguei pelos seus gostos, mesmo que eles sejam um pouco...-tossiu- peculiares... Não sabia que você gostava de se vestir de mulher, asram.

-Mas eu não gosto prô, eu precisava.

-por que? Foi vítima de trote de calouros?

-é segredo...

-... Bom, eu só quero que você saiba que eu nunca vou te julgar por nada, você sempre foi meu aluno favorito, não faz ideia do quão feliz eu fiquei ao saber que você tava estudando aqui... Eu gosto tanto de você asram, nunca se esqueça disso!- ele dizia olhando pra mim com aquele sorriso encantador, quando eu estava no ensino médio todas as meninas comentavam sobre aquele sorriso, e era um dos motivos pelos quais eu o desejava tanto na época.

-eu também gosto muito do senhor, prof, não vou deixar nada acabar com a nossa amizade!

Mais uma vez ele sorria e me deu um abraço -meu aluninho predileto, saiba que enquanto eu puder, eu vou estar do seu lado!-

-Obrigado, é por isso que você sempre foi meu professor favorito!- eu dizia sorrindo mais calmo pra ele.

10/04/2009
Já se passaram dois dias desde que eu voltei a falar com o professor Lucas, era muito gostoso conversar com ele depois das aulas enquanto olhavámos o pôr do sol, até que começassem as aulas do período noturno. Hoje enquanto eu estava conversando com ele o Luís apareceu e me chamou pra dar uma passada na quadra com ele, eu fui, mas só porque o Luís tinha pedido, porque eu detestava ir à quadra durante as aulas de educação física.

-Beleza Luís, por que você tá me levando pra lá mesmo?

-Ué, você não gosta de ver caras gostosos? Eu te trouxe pra assistir um treino de futebol

-sério Luís? Caralho eu quero ir pra casa!

-você vai mesmo de deixar sozinho aqui asram?

-todos os seus colegas de treino estão aqui com você, deixa de drama!

-mas você é meu melhor amigo, deixa de frescura!
Vendo que essa discussão não ia dar em nada, simplesmente aceitei ir jogar bola com ele, apesar de eu ser horrível com esportes, eu estava bem mais resistente e conseguia ficar correndo pela quadra por bastante tempo, apesar de ter começado recentemente na academia, meu condicionamento físico estava um pouco melhor do que antes e eu conseguia acompanhar o Luís os colegas de time dele, chegou em um ponto em que realmente começou a ficar divertido ficar chutando a bola pra lá e pra cá.

-Asram! Não deixa o Ronaldo passar!!- gritou o Luís se referindo a um dos colegas dele que agora estava jogando contra a gente, eu comecei a bloquear a passagem dele andando de um lado pro outro pra ele não conseguir fazer um passe e nem avançar, era quase como se eu estivesse sambando no campo. Por fim o Luís roubou a bola e avançou pra marcar um gol, e depois outro, e outro, o nosso time parecia ter uma grande sincronia na hora de fazer os passes, que o Luís recebia com maestria.

No final de todo aquele corre corre, eu e o Luís caímos exaustos no chão.

-ufa ahaahah, você daria pra um bom zagueiro, asram- disse o Luís rindo, porém me elogiando

-nossa que engraçado, e você daria pra um bom atacante- devolvi

Depois de jogar conversa fora por mais um tempo, fomos até a casa que o Luís alugou por perto da minha vizinhança, era um lugar organizado até, mas a estética era típica de um homem que estava acostumado a ficar na bagunça e tinha péssimo gosto pra decoração, claro que eu não fiquei reparando muito nisso.

Depois de um tempo, o math chegou e passou o resto da noite conosco, eu cozinhei alguma coisa pra nós três e o math e o Luís só iam fazendo mais graça pro meu lado.

-Hmmm então significa que você gosta de levar uma comida no buraco né?- disse o Matheus em tom de deboche e malícia

-você não faz ideia, eu adoro cozinhar- disse eu tentando levar na inocência

-e eu adoro comer- devolveu o Math.

No final das contas eu fiz macarrão com bacon e calabresa prós dois, nem me dei ao trabalho de prestar atenção nas piadas com linguiça que eles estavam fazendo. O math ajudou o Luís e eu com algumas provas antigas que estávamos estudando naquela semana e depois que terminamos a maior parte, nós sentamos para assistir um filme, eu estava no meio do sofá, o Luís estava a minha esquerda e o math estava a minha direita.

Depois de alguns minutos de filme, o Luís apagou e só eu e o math continuamos a assistir.

-olha que porco, ele dormiu sem ir tomar um banho antes, ele passou a tarde inteira na quadra- disse o math

-olha, eu não tô muito melhor que ele não, porque eu também fiquei a tarde inteira correndo na quadra com ele

-Mas eu tenho certeza que você suou bem menos que o Luís- ele falou isso me olhando meio risonho e deu uma fungada no meu pescoço, achei que ele fosse me zoar ou algo assim, mas ele só riu e continuou assistindo o filme.

Terminanos de assistir e eu nem notei, mas o math acabou cochilando com a cabeça encostada no meu ombro, era tão estranho ver aquele cara todo hetero machão dormindo com a expressão mais pacífica do mundo... No ombro de outro homem! Fiquei um tempo admirando ele até que eu lembrei que já estava ficando tarde e eu tinha que tomar as pílulas, então eu me despedi dos dois e fui embora.