Sou a Noémia uma mulher madura, filha única, tenho 47 anos e sou casada com o Carlos, 49 anos.
Temos 2 filhos lindos: o Pedro e a Leonor
Somos pessoas normalíssimas, nem eu sou super bonita nem o Carlos nenhum atleta super dotado. Simplesmente normais.
A história que vou contar iniciou-se 15 anos atrás… mas o melhor é começar tudo do principio. Casei em Agosto de 1960, com 16 anos acabados de fazer e já grávida do Pedro que nasceu nesse outono. A minha mãe tinha 17 quando nasci, ainda consegui ser mãe mais jovem. A Leonor nasce 2 anos depois.
No inicio do nosso casamento o meu marido não me largava: havia sexo, muito sexo e bastante bom. Raro era o dia em que não tinha um ou mais orgasmos… vivemos em lua de mel durante alguns anos. Depois tudo foi esfriando, cada vez fazíamos menos sexo. Uma vez por semana e nem todas as semanas. Sentia-me triste e abatida mas não sabia que fazer.
Estávamos no final de 1996. Os dias sucediam-se numa monotonia triste.
É aqui que começa verdadeiramente a minha história.
Era uma manhã fria de Novembro, o Carlos acordou tarde e teve que se despachar num ápice já que tinha uma reunião logo ao principio da manhã. Tragou o pequeno almoço e saiu a correr avisando-me que era capaz de vir bem tarde, não o esperasse para jantar. Com a pressa esqueceu-se do telemóvel (celular) em cima da mesa de cabeceira onde o põe sempre que vai dormir.
Ainda não era meio-dia ouço o telefone. Vou para atender pois podia ser algo de importante quando vejo que se tratava de uma mensagem. E que mensagem!
“Amo-te loucamente, não vejo a hora de te ter dentro do mim. Hoje vamos fazer todas as loucuras que adoramos, consigo sair mais cedo… logo que possas vem para o nosso ninho de amor.”
Fiquei siderada. Nunca pensei que o Carlos tivesse uma amante. As pernas tremiam-me e desatei num choro bem soluçado com as lágrimas a caírem abundantemente pelo meu rosto.
Que fazer? Telefonei à Sara, uma amiga muito chegada e pedi-lhe para passar em minha casa. A minha voz era de tal maneira embargada que ela percebeu que algo de grave se estava passando.
Meia hora depois ela chega. Agarro-me a ele desfeita em pranto.
- Que foi, querida, que se passa?
Sem conseguir articular palavra estendi-lhe o telefone com a mensagem aberta.
- Vamos ter calma, somos adultas e tu não és a primeira a quem o marido põe um par de cornos. Nem serás a última. Entre as muitas que te precederam encontro-me eu. E como vês estou aqui escorreita e feliz… lol
- Como consegues?
- Olha querida, já a minha mãe dizia, doença de cão cura-se com pelo do mesmo cão.
- Que queres dizer com isso?
- Que te pagues da mesma moeda. Arranja um amante. Foi o que eu fiz e a partir de então o meu casamento só melhorou.
- Seria incapaz…
- Nunca digas que desta água não beberei…
- Mas tu tens mesmo um amante?
- Tenho. E até o achas bem simpático… é o Hugo. O grande amigo do meu marido Luís.
- Não posso crer… estás a inventar…
- Não querida, não estou. O Hugo é meu amante e amigo do Luís.
- Não me digas que o teu marido sabe…
- Sabe. Depois de algum tempo eu primeiro perguntei-lhe pela amante dele e, depois, contei-lhe tudo.Encarou-me com muito mais calma do que eu esperava, só disse: e logo com o meu melhor amigo! Passaram uns dias e confessou que o excita saber-se corno e quis ir comigo e com o Hugo para a cama.
- Não posso acreditar…
- Mas é a pura verdade querida. E o Hugo aceitou… e foi uma loucura!...
- Estou banzada…
- Até já esqueceste o teu problema… lol… E já conheci a Laura, a amante do Luís… e já estivemos os 4 juntos. Com a Laura tive a minha primeira experiência lésbica…
- O que tu me estás a contar é uma loucura… jura que é verdade.
- Verdade, verdadinha. E sim, é uma loucura uma fantástica e empolgante loucura. Tinha um marido com quem, lá de longe em longe, fazia sexo. Agora não só faço sexo com ele praticamente todos os dias, como com o Hugo e com a Laura. Muitos dias tenho mais de meia dúzia de orgasmos. Sim querida é uma loucura… maravilhosa!
- Não tens ciúmes?
- Ciúme? Não, agora não sinto nem a ponta de ciúme. Acho que o ciúme é um sentimento de posse contrário ao amor e capaz de o destruir. Amar é dar, é querer fazer o outro feliz… se quem amamos estiver feliz nós somos felizes. E eu amo todos. Amo mesmo. Isso de só haver um amor é balela! Que dizes?
- Não sei, não sei… Ainda estou muito confusa… é tudo muito estranho… e também mesmo que quisesse seguir o teu exemplo não conheço ninguém… vivo fechada em casa…
- Todos os problemas fossem esse… Olha, conheces, pelo menos de vista, o Rui, está livre… parece-me que dava um bom amante… Se quiseres eu arranjo um encontro…
- Não sei… não sei… deixa-me reflectir… dá-me tempo… depois telefono.
- Vais prometer-me que não vais fazer nada de irreparável, enquanto não tiveres a certeza do que queres para a tua vida, deixa todas as portas abertas. Não deixes que o Carlos desconfie que sabes alguma coisa.
Não tínhamos dado pelo tempo passar… Sem almoço e em breve com os meus filhos a chegar. Despedimo-nos não sem antes a Sara me aconselhar a ir tomar um banho e a fazer uma bonita maquilhagem que não deixasse ver que tinha estado a chorar.
Despedimo-nos desejando uma à outra votos de felicidades. Segui o conselho da Sara. Caprichei de tal modo que o meu filho quando me viu perguntou:
- Vais sair, mãe?
- Vou, vou lanchar à esplanada do centro… hoje apetece-me espairecer…
(continua)