Meu pai me colocou no chão, ofegante e olhando para elas, assustado. Eu, muito mais espantada, por instinto, cobri minha nudez com as mãos, ou pelo menos eu tentei escondê-la do olhar das duas. Minha mãe não disse nada. Seu rosto enfureceu-se e ela urrou de raiva, enquanto vinha em minha direção com suas garras de fêmea traída. - Maldita!! – berrou ela me atacando e me batendo na cara. Meu pai se colocou entre nós e apanhou junto comigo, enquanto minha mãe bradava os piores insultos que uma filha poderia ouvir. - Vagabunda, ordinária! Eu sabia que ele tinha uma amante, mas você? Que tipo de sordidez é essa em minha própria casa? Ela partiu para cima de meu pai e minha irmã teve que ajudar a contê-la, tamanho seu ódio. Meu pai me tirou dali e me levou para o carro, ainda nua. No banco traseiro havia uma bolsa com roupas sujas que ele usara na academia e vesti uma camiseta regata e uma bermuda enormes de meu pai. O cheiro de macho no tecido logo me invadiu as narinas, mas isso não me impediu de cair em choro convulsivo depois de toda aquela cena. Meu pai deixou nossa casa em Recreio dos Bandeirantes e dirigiu por duas quadras. Como estava totalmente nu, ele parou o carro e vestiu uma bermuda limpa que estava na bolsa, dirigindo em seguida para um apartamento onde transávamos e cuja existência minha mãe nem desconfiava. Chorei durante todo o trajeto sem dizer uma palavra. Não pude deixar de perceber uma certa satisfação no rosto de meu pai, enquanto ele dirigia até o apartamento, afinal, éramos duas mulheres totalmente apaixonadas por ele. Eu começara a descobrir o que o instinto de macho alfa significava. - Não chore, princesa, o papai vai ficar com você! - Foi horrível, pai! Por que não tomamos cuidado!? Ela nunca mais vai querer saber de mim. - Que é isso, você será sempre a filha linda dela, Cristina. Só temos que dar tempo ao tempo. - O que vamos fazer, papai? – perguntei, soluçando. - O que já deveríamos ter feito há muito tempo: ficar juntos! Eu olhei incrédula para ele. - Você vai deixar a mamãe? - Não posso me separar da sua mãe, filha. Temos uma vida juntos. Sua irmã já sabe de tudo, mas seu irmão ainda não e nem precisará saber. Senti uma ponta de ciúmes ao ouvir aquilo, pois eu queria que meu pai ficasse somente comigo. - Mas e se ela quiser se separar? - Não vai querer, eu sei como lidar com sua mãe. Ela não é o tipo de mulher que se divorcia, precisa manter as aparências. Ele dirigiu por cerca de quinze minutos até chegar na garagem do apartamento que mantinha em segredo e que era o local de nossos encontros. Minha mãe me dissera, um dia, que sabia da existência de uma amante e que meu pai tinha um local para encontros, mas que ainda não sabia quem ou onde era. Eu ouvia aquilo tudo com um misto de culpa e de satisfação, sentimentos ambíguos por amar minha mãe e por desejar seu homem, meu próprio pai. Descemos e fomos para o elevador da garagem. No apartamento, deitei na cama e meu pai me abraçou, me beijando no rosto e enxugando minhas lágrimas. - Calma, minha princesa, o papai vai ficar aqui com você! Me aninhei ao seu peito, senti o calor do seu corpo e o cheiro de meu homem. Não demorou muito e estávamos transando novamente. Nos braços dele a puta se soltava, eu me sentia novamente uma mulher poderosa, capaz de seduzir o próprio pai e roubar o marido da mãe. Fizemos sexo o dia todo e, à noite, ele me levou para jantar num requintado restaurante na Barra. Lá, ele me apresentou ao maître como “Senhora Cristina Pereira”. Fiquei radiante, pois ele me tratava como esposa. Tomamos vinho tinto e trocamos olhares lascivos. As pessoas, em volta, percebiam nossa diferença de idade e nossos olhares. Fazíamos de propósito, pois adorávamos chocar os curiosos de plantão. Depois deste dia nunca mais voltei para a casa de minha mãe e me tornei, oficialmente, amante de meu pai. Certo dia, após fazermos amor, meu pai disse que tinha a me dizer. Quase não acreditei no que ele tinha para me dizer: - Cristina, você precisa se casar. - Casar? Mas por que precisamos casar, papai? – perguntei alisando seu peito peludo e grisalho. - Não comigo, com outro homem. Fiquei gelada. - Como assim? – fiquei de joelhos sobre o colchão olhando para ele sem acreditar. - Podemos ser amantes, mas você deve encontrar um homem e se casar? - Eu não quero outro homem, eu quero você, papai. - Conversei muito com sua mãe e ela está disposta a lhe perdoar. Ela disse que, em troca do perdão, eu preciso arrumar um marido para você. - Você vai entrar no jogo dela, papai? – questionei, incrédula. - Não é jogo, princesa. Eu tenho bens a partilhar com sua mãe. Se eu me separar dela agora perderei muito do meu patrimônio. - Então o dinheiro é mais importante do que eu? - Ei, princesa, claro que não! Só estou sendo realista. Não posso abrir mão do que construí de mão beijada para sua mãe. - Você não me ama mais? – perguntei em meio à lágrimas. - Claro que amo, meu amor. Você será sempre a minha menina, Cristina! Ele começou a me acariciar e eu fiquei toda arrepiada. Era incrível o poder daquele homem sobre mim. Aliás, era incrível o poder dele sobre qualquer mulher, já que era desejado por todas as que cruzavam seu caminho. Ele ponderou sobre a necessidade de eu encontrar um marido e continuarmos amantes. Ele manteria seu casamento, seus bens, sua amante e aceitaria a presença de outro homem ao meu lado. Segundo ele, por alguns anos, até ele conseguir juntar um bom patrimônio para que pudéssemos os dois nos separarmos e ficarmos juntos. Aceitei, relutante, mas confiava nele. Seis meses depois eu estava no altar me casando com Carlos, um surfista de Copacabana que trabalhava numa concessionária de veículos. Um homem rústico na aparência, mas com seu charme. No altar, minha mãe me observava com olhar de vitória e meu pai com semblante de tristeza. Era com ele que eu desejava me casar ali, naquele momento. Mas sabia que um dia ele seria meu, somente meu. (continua)
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