Estava em Sam Marino uma cidade-pais encravada no meio da Itália. A parte histórica da cidade é na verdade uma grande fortaleza medieval no topo de uma montanha. Para chegar lá pequei uma estrada sinuosa com penhascos assustadores e lindos. Até um ponto onde tive de deixar o carro em um estacionamento e continuei subindo, desta vez em modernos elevadores todo de vidro (tipo o avião da Mulher Maravilha). Assim que sai do elevador o tempo pareceu retroceder 500 anos. Uma imensa muralha, toda de pedra cerca a cidadela. No alto, aberturas para arqueiros e canhões lembram os castelos que crescemos vendo nas histórias. Atravessei um pesado portão guardado por um soldado com um uniforme pra lá de fresco. Do lado de dentro uma casa a esquerda ostentava uma placa dizendo que Garibalde se refugiara ali, a direita numa construção sem muitas pretensões estava o Museu da Tortura.
O Museu estava totalmente vazio, só havia uma mulher muito educada gorda e feia que me recebeu com num inglês com forte sotaque italiano. Ao lado dela uma linda loura permanecia calada e retraída, numa postura bastante passiva. Obvio que minha mente fértil viajou na mesmo hora. Imaginei logo que a dona do museu fosse uma Domme das mais cruéis e a lourinha uma sub tensa e cheia de espectativas, esperando eu ir embora para iniciar os castigos.
Enquanto a sub permanecia como se fosse um abajur a Domme me falava sem parar sobre o museu e seu acervo. Me explicou, que não era um museu completo, se detinha apenas à idade média, mas fez questão de explicar que este foi o período de maiores suplícios. Em um tom que era quase como se desculpasse, me explicou que alguns dos objetos se destinavam a matar a vítima e não apenas castigar. e eu cheio de “Yes, I enderestend” e louquíssimo para entrar no assunto BDSM. Perguntar se praticantes procuravam o museu, se alguem havia feito seções ali, se elas estavam esperando alguém ou se eram um “casal”, perguntar se poderíamos fechar o portão para “conversarmos mais a vontade” (Ualll!!!)
Ou:
Ou o Museu era ideia de uma Ong católica para mostrar como podem morrer os pecadores que ousam pensar em alguma forma de sexo diferente de papai-mamãe? Será que a loura era uma representante do Papa encarregada de identificar pessoas indecentes e deportar acorrentado para ser submetido a uma cerimonia de exorcismo nos porões do Vaticano??? (medo)
Entre um destes dois extremos estava a verdade, e eu só conseguia imaginar uma forma de descobrir: Perguntando.
Sabem o que aconteceu?
Absolutamente nada. :(
Não falei nada sobre o assunto.
A minha timidez que já se manifesta em português ganha força quando o idioma muda. Percorri tudo sozinho, tirei foto de tudo e dei por encerrada a visita.
Sai daquele calabouço que era o museu com uma sensação de poder ter perdido uma ótima oportunidade, mas por outro lado com a liberdade para imaginar o que quisesse. (risos)
Concluo com um conselho e um pedido: Se forem a San Marino visitem o museu e perguntem se rola um BDSMzinho básico. Mas por favor, se rolar não me conte.