Já estávamos sentados, eu e minha esposa em duas poltronas juntas e minha filha toda esticada, deitada atravessada em outras duas poltronas ao nosso lado. Olho pela janela e vejo estacionando uma Dodge Rampage preta da qual saiu apanas um rapaz que parecia ter uns 18 anos.
Minha esposa olhou pela janela e comentou sorrindo:
BRUNA: "Chegou o Marcelo, agora começam os suspiros das meninas."
Respondi brincando:
EU: "Mas chegando neste carrão, até eu estou suspirando"
BRUNA: "não seja maldoso, é um menino lindo. Lembra você quando nós estudávamos no EM, o gatão da escola" (sorriu me dando um selinho).
O rapaz é moreno, por volta de 1,85 de altura, corpo atlético e olhos verdes (vi isso bem depois). Deixou o carro estacionado na faixa contrária ao ônibus pegou uma mochila e entrou. Era realmente um jovem muito bonito, percebi pelos cochichos e olhinhos encantados das meninas quando ele entrou no ônibus. Minha esposa nem levantou a cabeça.
Ainda havia alguns lugares disponíveis no fundo do ônibus, mas quando viu o garoto passando minha esposa pediu que minha filha sentasse adequadamente em uma das poltronas em que estava para ceder um lugar pra ele. Essa atitude me deixou muito antenado e desconfortável.
O rapaz sentou e logo minha filha pediu para trocar, sentar em meu lugar para poder deitar sobre o colo de minha esposa. Então troquei com ela iniciei a viagem ao lado do rapaz. O ônibus partiu e fui conversando com ele por alguns minutos, suficiente para ele me contar que tinha perdido o pai fazia 3 anos e, desde então, ajudava sua mãe na administração dos negócios da família, uma britagem enorme, conhecida em toda a região. Por isso acabou perdendo um ano do Ensino Médio.
Por toda a situação, e pelo o fato de minha esposa ter sugerido que ele sentasse na fileira ao lado da nossa, entendi que aquele deveria ser o rapaz do episódio comentado por minha esposa e sua colega de trabalho na conversa que eu espionei.
Gelei minha barriga, mais do que havia gelado a semana inteira. A viagem continuou e ficamos em silêncio, por volta de uma hora depois, quando pareciam estar todos dormindo, eu fiz um teste sabendo que não dormiria aquela noite inteira. Comecei a ajudar a cavarem minha cova.
Toquei minha esposa e sugeri que trocasse um pouco de lugar comigo, de forma que eu ajudasse a cuidar da nossa filha que dormia sobre ela de forma desconfortável. Falei que iríamos revezando.
Bruna não exitou, sentou-se ao lado do rapaz, eu fiquei com nossa filha. Tentei observar cada movimento enquanto fingia dormir, mas no escuro do ônibus não conseguia perceber nenhuma interação entre os dois.
Mas quando o ônibus passou por alguns pontos iluminados deu pra perceber eles muito próximos e que, sob seus braços cruzados, a mão de Marcelo sobrava muito. Parecia tocar levemente o pulso de minha esposa que, por sua vez, não se afastava. "Que FDP". Pensei. Ele poderia ficar com qualquer uma daquelas meninas, mas escolheu minha mulher pra atormentar, bem ao meu lado e da nossa filha.
Será que ela estava dormindo? Ou acordada, fingindo dormir? O que estaria sentindo por aquele rapaz? Tesão? Será que o interesse dele a fazia sentir viva? Ela era uma mulher muito linda para ter esse tipo de necessidade, porém como só conheceu um homem na vida, isso poderia estar sendo empolgante pra ela.
Como minha poltrona ficava alguns centímetros na diagonal, consegui levantar para ir ao banheiro sem que eles me vissem ou acordassem, se é que realmente estavam dormindo.
Já passava das 4h da madrugada, todos dormiam no ônibus, então decidi nem entrar no banheiro, apenas peguei uma água e voltei muito devagar para ver melhor as coisas. Me aproximei devagar e parei um pouco atrás da poltrona deles fingindo estar me esticando para que ninguém, que eventualmente estivesse acordado, achasse estranho eu ficar parado no corredor.
Fiquei ali alguns instantes, com um ótimo ângulo de visão do que se passava naquelas poltronas.
Gelei!! Pois o rapaz estava agora pegando bem na mão de minha esposa que continuou imóvel, dormindo ou fingindo dormir. De repente para minha surpresa e, provavelmente surpreza do rapaz, ela apertou a sua mão. O que inicialmente imaginei que fosse para espantar, reprimir a atitude dele, porém, para meu desespero ela continuou imóvel e agora pareciam de mãos dadas.
Voltei para o banco e comecei a pensar nas consequências que teria aquele flerte, se por acaso fossem mais longe, imagino que um garoto rico de 18 anos jamais seria um porto seguro para uma mãe com mais de 30 anos. Que qualquer coisa que viesse a acontecer daquela relação não ameaçaria meu casamento. Que, dadas as circunstâncias, e minha grande excitação com aquilo, talvez pudesse controlar as coisas, para acontecerem logo, eu saber de cada passo, e depois decidir o que faria da vida.
Se eu desse um basta na situação, não saberia jamais até onde Bruna seria capaz de levar aquela brincadeira. Me sentiria culpado e viveria na dúvida. Ela poderia dizer que estava dormindo, sem consciência do fato ou de não ser eu ao seu lado.
Quando o ônibus parou para um lanche, nós trocamos novamente de lugar. Tentei aliviar um pouco a tensão e a sensação de que uma faca me atravessava o peito, mas a adrenalina seria minha maior companheira nos próximos dias. Meus pensamentos voavam e eu imaginei mil possibilidades e sobre como seria minha vida depois que aquela porta se abriu...
Alguns de vocês, autores ou leitores de contos picantes, podem achar que estou fazendo tempestade em copo d'água, mas existe realmente uma tempestade dentro de mim, uma grande confusão. Trata-se da mulher com quem estou a quase 20 anos, minha mulher! Eu sou um homem rústico na forma de levar e sentir as coisas, essa brincadeira, pra mim, transformou a forma como vejo essa mulher. A Bruna que eu conhecia e amava não existe mais, deu lugar a alguém que eu não conheço, com um lado obscuro. Seria uma fraqueza imperdoável? Fico me colocando no seu lugar, eu costumava terminar o namoro para ficar com outras mulheres, já houve traição da minha parte, ela não tem certeza, mas desconfiou, talvez no fundo até saiba. E estou aqui, com o coração dilacerado por esse flerte.
Em outros tempos, já pensei estar apaixonado por outra mulher, mas quando corri o risco de perder minha esposa eu não titubeei, consertei tudo, percebi o quanto a amava, e o quanto a perda me faria sentir a paixão por ela reacender.
Estou pensando em manipular as coisas, controlar tudo para que, se acontecer algo mais, aconteça sob meu controle. Que eu monitore tudo, que eu possa fazer parar e fazer ela sentir por mim o que eu senti por ela quando quase a perdi. Talvez neste momento esse garoto seja muito maior do que eu nos pensamentos e desejos dela, uma paixonite que ainda pode incendiar, mas que se apague imediatamente quando ela tomar um susto, quando estiver na iminência de destruir nossa família. Foi errando desta forma e correndo esse risco que eu aprendi o quanto ela elera importante pra mim, o amor da minha vida. Talvez eu possa perdoar o que vier a acontecer, mas preciso saber de tudo, monitorar tudo, estou me viciando nessa adrenalina. Eu sentia muita excitação quando lia contos de traição aqui, na perspectiva dos homens, mas viver isso é uma coisa indescritível. Até aqui um flerte superficial, que para mim significa muito. Com o coração na mão, vamos ver o que acontece.
Continua