Recapitulando: antes de casar (e até depois, não serei hipócrita), eu via muita pornografia. Com o tempo, passei a assistir a vídeos de corno e traições (consentidas ou não) e aquilo se tornou um gatilho forte pra eu me masturbar. Fazia isso escondido, evidentemente, porque temia que a Aline achasse tudo bizarro. Era apenas um fetiche e um segredo só meu, até que... Pensei na possibilidade de levar isso adiante pra minha mulher, mesmo que só ficasse no campo da fantasia. Achei que apimentaria a relação.
Fui tocando no assunto aos poucos, de forma sutil, e até aquele momento eu só queria que a Aline fosse mais safada e sem travas na cama. Não que ela fosse moralista ou reprimida, tínhamos uma boa dose de putaria até. Mas queria mais.
Comecei a jogar um verde falando sobre ménage. A reação inicial não foi boa, ela reprovou de imediato, achou que era um pretexto para eu transar com outras mulheres. Bem, o resto vocês já sabem. Quando jogou na cara que foderia com outros caras, na expectativa de acabar com esse papo, acabou surpreendida ao notar que eu estava de pau duraço. Naquele momento, é claro, eu mesmo me assustei e torci pra diminuir logo minha excitação. Aline, por sua vez, ficou com uma pulga atrás da orelha.
Ficamos um bom tempo sem falar nisso, mas vez ou outra víamos juntos algum pornô e ela passou a escolher filmes com caras muito dotados. Era de praxe eu ficar deitado, com o cacete duro, e ela vir pra cima. Sentava, rebolava e até cavalgava. Até aí, tudo bem. O problema foi ela repetir esse processo falando coisas no meu ouvido:
– Nossa, amor, olha o tamanho desse pau. Ai, desculpa...
– Pelo quê?
– Tô ficando ensopada olhando pra esse cavalo. Ou pra você não é um problema?
– Pra mim o quê? – tentei disfarçar.
– Nossa, Bruno! Você tá duraço! Parece que tem alguém aqui gostando...
– Para, Aline.
– Parar o quê? Não tá dando tesão eu cobiçar essas rolas enormes na sua frente?
– Para, já falei.
– Ué, olha como tá o seu pau!
– Tô excitado porque você tá em cima, rebolando...
– Não, tá bem mais dura! – deu uma risada.
– Nada a ver...
– Pode falar, amor. Gosta que eu deseje outras picas, assim na cara dura? Quer que eu seja bem safada?
– Para, Ali...
– Olha lá, hein! Vou começar a dar mole na rua. Se algum macho corresponder, não me responsabilizo!
– Paraaaaaa....
– Isso, amor! Que delícia! Enche a minha xota com teu leite! Goza com tua mulher querendo outros caras...
Confesso que aquilo ali já me dava prazer, eu realmente gozava muito mais e muito mais rápido. Na minha visão, minha mulher tinha entrado no jogo sem preconceitos e julgamentos, e falava aquelas sacanagens só pra me atiçar. Com o tempo, fui percebendo que não, ela realmente tava se soltando e me amansando.
Teve um fim de semana, inclusive, que eu saí para resolver uns problemas no carro e ela me mandou uma mensagem via WhatsApp, avisando que ia à praia (moramos num bairro que dá pra ir a pé, mas por motivos óbvios não vou revelar nem o bairro, nem a cidade). Na hora até estranhei, geralmente vamos juntos, mas não comentei nada.
Depois de voltar da oficina e colocar uma roupa de banho, fui ao encontro dela na praia. Tomei um susto quando a vi assentada de pernas abertas, com um biquíni minúsculo, daqueles com cortina, só tampando a buceta. Pra piorar, tinha homem parado em frente, olhando descaradamente, ainda que de uma distância considerável. E ela indiferente, de óculos escuros, sem eu conseguir discernir se estava distraída ou fazendo aquilo de propósito. Enfim, pode parecer um exemplo bobo, pode parecer algo da minha cabeça – não tive coragem de comentar.
O que eu de fato percebi é a Aline não era mais a mesma de antes. Tava muito mais solta, mais ousada, mais despreocupada com um possível ciúme meu. Nessa época, já íamos para academia. Já notava os olhares do personal pra minha mulher. Já desconfiava da receptividade dela. Até que, em nossas fantasias na cama, ela emenda:
– Bruno, vou realizar sua fantasia. E já sei com quem eu quero fazer sexo.
Tava na cara que ela queria me trair com o personal, e que ela já dava uns moles descarados na academia, ignorando minha presença às vezes. O mais foda era como ela queria: em um jantar na nossa casa, e eu ainda teria que convidá-lo. Vocês conseguem entender agora o tamanho da vergonha, do constrangimento?
Lembro-me do fatídico dia, do momento que criei coragem e fui falar com aquele bombado:
– Fala, Marcelo! Beleza?
– Opa! Tá precisando de ajuda em algum exercício?
– Não, não. Cara, é que eu e a Aline vamos fazer um jantar lá em casa na sexta e, como gostamos de você, ela pediu pra te chamar.
– Quê? – ele riu incrédulo.
– É, cara, você parece um cara bacana, e aqui é meio corrido, daí resolvemos te convidar, pela amizade mesmo.
– Pela amizade? – soou meio curioso, meio cínico.
– É! – respondi, tentando parecer natural.
– Tá bom. Diz pra ela que eu vou, sim. Vou conhecer vocês mais de perto!
E foi isso. Criei coragem de contar aqui como foi esse convite esfarrapado na academia, de como me senti um babaca na hora e de como a gente age ás vezes impensadamente. Daquele em dia em diante, não tinha mais volta. E realmente não teve.
Continua...
Que leitura prazerosa!