Realidade Paralela



Wagner, o Grande.

Rotina

Final de tarde, um tempo abafado, prenúncio de chuva.
Faltavam poucos kms para chegar em casa, mas, o trânsito caótico transformava esse trajeto numa tortura.
Nesse anda/para, os movimentos de direção eram automáticos e os pensamentos da mulher vagueavam por lugares impensados, mágicos...
Tinha uma sensação de que estava fora de seu lugar...que precisava voltar...
Não sabia para onde, mas a sensação persistia como uma camada de fundo sobre a qual a rotina rolava.
Finalmente chegou em casa, estacionou o carro na garagem e sem pressa, subiu os degraus que levavam à sala, colocou a chave no móvel de apoio e se jogou no sofá com uma sensação estranha, de algo inacabado.
Fechou os olhos, os pensamentos se embaralhavam e se sentiu flutuar.

O castelo

No ar havia um forte perfume de flores e de relva molhada pela chuva que havia caído. Era pleno verão e as chuvas torrenciais alagavam as estradas e fechavam os caminhos impedindo o fluxo dos comerciantes no acesso ao castelo, já causando certo desabastecimento.
A Rainha estava sozinha na sala do trono e seu pensamento divagava para longe das questões práticas.
Estava no seu período fértil e sua libido completamente desperta causava calores e choquinhos entre suas pernas.
Seus seios entumecidos estavam com os bicos doloridos de roçarem no tecido de suas vestes.
Era uma Rainha viúva, sem Rei para dividir seu trono e sua cama e por longo tempo seus desejos ficaram adormecidos.
Mas a primavera tinha trazido junto com o perfume das flores, o mel de novo à sua flor mais intima e sensações entorpecedoras ao toque das suas mãos. O verão, no seu auge, exacerbava essas sensações e as transformava numa caldeira prestes a explodir.
Estava nesse devaneio quando foi interrompida pela sua dama de companhia, anunciando um soldado da guarda que trazia uma notícia importante.

- Majestade, disse a dama com uma leve mesura; esse soldado lhe traz uma notícia; e ficou de lado esperando uma ordem da Rainha para que o soldado se aproximasse.
A Rainha autorizou com um gesto de cabeça que se aproximasse e que dissesse a que veio.

- Majestade, chegou às portas do castelo
um pelotão de soldados indo para o reino da Catalina, cujo comandante é chamado de - Wagner, o Grande - por seus subordinados e que está pedindo uma audiência com Vossa Majestade.
Eles estão viajando por muitos dias e devido ao mau tempo e as estradas cheias de barro, seus cavalos e a tropa estão precisando de descanso e alimento para seguirem viagem quando o tempo melhorar.
A Rainha anuiu novamente autorizando a presença do Comandante e ordenou que isso fosse feito imediatamente.
O soldado saiu e logo voltou escoltando um homem que fazia juz ao epíteto que lhe fora dado - Wagner, o Grande.
Era realmente um homem grande e trazia afixados em seu peito e ombro as insígnias militares.
Cumprimentou respeitosamente a Rainha e foi autorizado a se sentar numa poltrona próxima a ela.
Começaram a conversar e a Rainha perguntou a ele de onde estavam vindo, o que pretendiam, para onde estavam indo e o que desejavam dela e de seu reino naquele momento.

- Saímos de nosso reino em busca de novas oportunidades de expansão comercial há exatos 3 anos, 7 meses e 19 dias, disse o Comandante. Passamos pelas batalhas de Saint Paul e Saint Ândres defendendo os interesses desses reinos amigos, mas sempre em busca de nossos objetivos e estávamos voltando para Catalina quando fomos pegos pela tempestade que levou numa enxurrada grande parte das nossas provisões e utensílios, destruindo nosso acampamento.
- Por isso resolvemos vir até seu reino que estava próximo, em busca de ajuda, abrigo e descanso para nossa tropa e nossos animais e partiremos tão logo estejamos refeitos e o tempo melhore.

A Rainha o ouviu, mas, por alguma razão desconhecida, sentia que estava conectada a este homem de forma forte e absolutamente inexplicável.
Em silêncio o ouvia ao mesmo tempo que observava seus ombros, suas mãos, sua boca, sua altura, seu jeito de falar e foi se sentindo enebriada.

Viu-se falando com ele, oferecendo toda a ajuda solicitada mas, de alguma forma, era como se estivesse assistindo uma cena.
Convidou-o para jantar com ela mais tarde, dispensou-o e se recolheu aos seus aposentos para se preparar para o evento.
Sem expectadores por perto, começou a despir-se para o banho e a sentir arrepios toda vez que sua mão resvalava por um peito, pela barriga, por suas coxas e o entremeio delas. A imagem do Comandante nítida na sua mente...
Teve que intensificar seu toque procurando a protuberância de seu botão de prazer e sentindo toda a umidade que descia da sua gruta de amor. Convulsionou
num orgasmo forte que a fez contrair quase dolorosamente a musculatura pélvica e tremer incontrolavelmente as pernas. Depois, ficou por um tempo inerte na cama esperando que seu corpo relaxasse completamente e pensou no Comandante e no que ele poderia estar fazendo.
Sentiu uma atração instantânea por esse homem, um desejo muito superior ao que seria só explicado por sua carência, uma conexão inexplicável, um anseio fora de lógica.

O jantar - a visão dela

A Rainha havia orientado seus assessores sobre como e onde queria que fosse realizado o jantar.
Seria na sala rosada, ao lado do jardim de inverno, onde o espaço propiciava maior intimidade e para o serviço, apenas dois garçons.
Havia a pequena mesa de jantar, um aparador, duas poltronas, um sofá de veludo e um tapete aconchegante em frente à lareira que estava acesa.
Ao adentrar a sala o Comandante já a esperava, vestido desta vez com roupas civis, se não tão elegantes quanto deveriam ser em ocasiões semelhantes, mas apropriadas devido às circunstâncias de ser viajante. E essas roupas marcavam o desenho dos músculos de seus braços e peito, o que a Rainha, disfarçadamente, não pode deixar de notar.
Feitas as mesuras de praxe, o valete abriu e serviu o vinho e se afastou discretamente.
Havia uma energia no ar, um certo encantamento, uma tensão, que ela não sabia se era recíproca, mas que a invadia e que ela resolveu não ignorar.
Tudo de repente parecia ter um tom de vermelho, até o ar...
Ela sentia o sangue fluir para as extremidades do seu corpo e também para seu rosto, a fazendo corar.
Sentia-se como uma jovem ninfa no seu primeiro despertar e ao mesmo tempo como a mais despudorada rameira dos cabarés da aldeia.
Queria ter aquele homem, beijar aquela boca que falava algo que ela já não mais escutava, sentir os músculos daquele peito esmagando o seu, sentir a rigidez que adivinhava daquele membro que se continha e ainda se resguardava.
Não podia e não queria mais esperar...
Quando seus olhos voltaram do passeio pela estrutura de aço do corpo do Comandante e se encontraram e mergulharam nos dele e viu o fogo que ali habitava, ela soube que seriam um do outro naquele instante.
Dali a estarem um nos braços do outro, queimando em beijos ardentes que abriam caminhos pelos corpos foram átimos de segundo e nesses átimos já se viram também embolados no sofá arrancando urgentemente as roupas, sorvendo sofregamente o ar que já lhes faltava.
Mãos, boca, língua, dedos, os sexos unidos, a energia que escorria como o mel do sexo dela, o enrigecimento máximo do membro dele, as contrações e pulsações e o gozo que explodiu.
Foi uma catarse para ambos.
Depois da explosão, quando a letargia veio, os afagos e beijos suaves confirmavam a conexão.
Nesse momento, sem nem ter retirado seu membro que já enrigecia e pulsava de novo, ele iniciou uma movimentação lenta e tomou um dos seios em sua boca sugando sua aréola toda, arrancando gemidos daquela que não se sentia mais Rainha de nada, apenas uma mulher, uma fêmea sendo coberta por seu macho.
Não houveram mais intervalos e ao Comandante tudo dela lhe foi franqueado, todas as portas, todas as reentrâncias, todas as emoções.
Assim transcorreu a noite e toda a madrugada.
Ao abrir os olhos na manhã seguinte, sem nem ao menos saber quando dormiu, o sol já ia alto, não mais chovia.
Olhou para o lado esperando encontrar o corpo nu do seu Comandante, mas ele não estava.
Em seu lugar havia uma flâmula vermelha com o símbolo da Catalina.

O despertar

Um raio riscou o céu e imediatamente se ouviu o som do trovão, com isso ela despertou. Tinha cochilado no sofá de novo e aborrecida correu para fechar a janela pois a chuva já tinha feito seu estrago no chão e tapete da sala.
Uma sensação estranha...
Tinha sonhado? Não se lembrava de todos os detalhes, mas seu corpo estava dolorido e sentia fluidos escorrerem por suas pernas.
Realidade paralela.



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Comentários


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pintorsafadointrsp Comentou em 18/04/2025

Delícia belo texto parabéns vc é uma delícia de mulher




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Ficha do conto

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vicky08

Nome do conto:
Realidade Paralela

Codigo do conto:
233559

Categoria:
Fantasias

Data da Publicação:
17/04/2025

Quant.de Votos:
4

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