Sempre tive tudo o que eu queria. Roupas de marca, relógios importados, óculos de grife, enfim, tudo o que de bom o dinheiro pode oferecer, e ainda comia as gurias mais deliciosas depois das baladas. Também eu particularmente sou bonito: 1,80 de altura com um corpo bem trabalhado pelas academias desde os 15 anos, cabelos castanhos escuros e olhos verdes escuros e pele branca bronzeada. Estou no terceiro ano de um colégio de elite e sempre fui bastante popular. Ah, me esqueci meu nome é Matheus.
Sempre fui muito brigão e encrenqueiro e essa sempre foi a minha reputação na escola. Meu pai é diretor de um escritório de advocacia na região sudeste o que me permitia levar o padrão de vida que eu levo. Mas a história começa no inicio do ano letivo e eu estava conversando com os meus amigos sobre as férias quando o vi pela primeira vez: eu não me apaixonei a primeira vista nem nada disso (na época se eu me imaginasse nessa situação de agora me chamaria de viad*), o apenas observei. Ele certamente era novato, e parecia bastante assustado com tudo e todos. Sabe igual a aqueles animaizinhos acuados de medo, o que certamente era muito engraçado.
Ele tinha os cabelos ruivos escuros, boca pequena rosada, mas bastante interessante (que merda é essa de interessante!), rosto bem delicado com feições regulares sobre uma camada bem fina de pele clara sem sardas que parecia que iria romper a qualquer minuto.
Ele não olhava pra frente só olhava pra baixo, escrevendo cuidadosamente. Apontei para o Carlos, um dos meus amigos e começamos a rir de deboche. Fomos lá e começamos a ver o que aquele viadinho estava fazendo.
- Sabe Matheus, se eu soubesse que esta merda de escola estava sendo frequentada por qualquer um já teria saído – disse Carlos apontando pra a roupa que o novato usava.
Eram largas e levemente puídas de tanto serem lavadas. A mochila era velha e o celular que estava em cima dele parecia sair de um museu dedicado a dinossauros tecnológicos.
Ele continuava a desenhar no bloco de papel concentrado.
- É um dos planos da diretora. Trazer gente dura e miserável pra cá em vez de umas minas estrangeiras gostosas...
Comecei a rir. Ele mantinha o olhar fixo no bloco mas as bochechas estavam vermelhas.
– Vai falar não porra?!
Ele largou a caneta e fixou os olhos em mim. Eram azuis, mas eram de uma tonalidade diferente: mais escuros que o céu, mas de um tom que lembrava lápis-lazúli. E eu juro que por um curto espaço de tempo esqueci até o meu nome, mas por fim ele disse:
- Desculpa. Vocês estão falando comigo? – disse ele. – Por que sinceramente eu...
- Não babacão , tamo falando com a tua cadeira! – zombou Carlos.
- Bem se é assim, eu vou sair daqui. Com licença... – disse ele saindo.
Bem isso só foi o inicio de uma semana de diversão garantida pra zombar do garoto. Ele era calado, conversava pouco, e era isso que nos queríamos alguém pra tirar um sarro pra aliviar o estresse. A gente escondia as coisas dele, trancávamos no banheiro, e pegava no pé dele. Fizemos isso com vários novatos e alunos. Mas uma vez eu o derrubei na cantina e as batatas com catchup caiu em cima da camisa dele e todos começaram a rir e ele falou baixinho chorando: “Eu odeio você”. Foi ai que a brincadeira melhorou.
Eu namorava uma menina chamada Catarina. Muito gostosa, com um belo par de seios e pernas. Ela era morena, bem patricinha, mas foda-se isso, eu só a traçava porque era bom. Meus amigos também tinham namoradas e todos nós sempre saiamos pra festas e baladas VIP, e apostas de carros, corridas de quadrículo, jogos de pólo, etc... E naquele final de semana nós íamos a uma festa na praia, o que seria perfeito se meu pai não tivesse me proibido por causa de um jantar idiota com o chefe dele.
- Você não vai e ponto final! - esbravejou ele.
- E quem vai me obrigar a ir? - falei.
- Você não entende não é mesmo? Eu estou passando por uma séria crise no escritório. O meu chefe está planejando demitir alguns advogados e antes que a minha cabeça caia eu já tinha armado uma ideia que envolve você!
- É ai que a gente chega no ponto!!!!! O QUÊ EU TENHO A VER COM ISSO! - disse.
- Escuta aqui muleke egoísta! Eu te dou casa, comida, roupas caras e uma vida boa. Mas agora quando eu quero um favor seu você sai assim! Já não basta eu ter que livrar você das duas confusões até com a lei! - gritou meu pai roxo de ira.
- O que eu tenho que fazer? - me rendi.
- Deve ganhar a confiança e a amizade do filho dele. - falou o meu pai mais calmo.
- Pra que diabos isso? - exclamei
- O filho dele é a chave pra nossa salvação. O pai dele o mima demais, que chega a ser sufocante. Deve ganhar a amizade dele antes que outro o faça e o mais rápido o possível. Até lá eu irei te ajudar.
E foi ai que ele entregou uma folha com nome, características físicas, gostos, musicas preferidas, entre outras coisas. Depois de dois dias nós treinávamos os meus conhecimentos sobre ele. Tive de passar a noite lendo os gostos de um carinha riquinho e decorara-los até o final de semana.
- Quais são os seus livros preferidos e que educação ele recebeu? - Questionou o meu pai.
- Ele estudou em casa com tutores particulares. Inclusive ele é proibido de descer ou subir as escadas sozinho, sendo que a governanta ou algum adulto tem que lhe dar a mão. Ele leu poucos livros, pois o pai dele supervisionava. Mas gostou de "Orgulho e Preconceito" e "A Noiva de Lammermoor".
- Autor dos livros e hobbies?
- Jane Austen e Sir Walter Scott. Ele toca piano, violoncelo, pinta, desenha. Tem um cachorro chamado Jimmy.
- Ele pode ir ao teatro? Seus compositores preferidos?
- Somente ópera e balé. Ele gosta de Vicenzo Belinni e Tchaikovsky.
- Qual a sua ópera favorita?
Porra fudeu. Agora me deu um branco... Eu só decorava isso pra o meu pai não me encher o saco... Vou chutar.
- Norma?
Meu pai bateu a mão com força na mesa e gritou:
- I PURITANNI!!!!!!!!!!!
E repetíamos tudo de novo. E mais uma vez...Na noite do jantar meu pai me mandou vestir um smoking. Peguei um da Versace que caiu perfeitamente, minha mãe estava linda de Chanel, e todos fomos pra o jantar. Eu combinei de sair pra uma rave depois do maldito jantar e deixei isso bem claro pro meu pai.
Chegamos lá e a casa era enorme. Parecia um palacete ou algo assim que a gente vê nesses filmes chatos de história que passam na escola. Tudo muito requintado e luxuoso.
Todo mundo estava de Black Tie e com uma taça de champanhe na mão. Reconheci o chefe do meu pai. Eu já tinha visto o Sr. Aldbrecht varias vezes. Ele era alto, e era loiro com olhos verdes e aparecia sempre sorrindo com um bom humor contagiante. E ele tinha motivos pra rir. Era dono de um escritório bem sucedido de advocacia, e ainda pelo o que eu soube possui investimentos multimilionários. Papai comparado a ele era peixinho pequeno perto de tubarão.
- Ah esse então é o jovem Matheus? – disse ele simpático. – E então Matheus quer ser um excelente advogado como o seu pai?
- Sim, eu pretendo! E quando eu me formar pretendo muito trabalhar pra o senhor! - disse.
E foi a mais pura verdade.
- Bem, nunca me contou que tinha um filho ambicionado por direito, Alberto?! – disse Sr. Aldbrecht.
- É de fato. Mas como vai o seu filho? - disse meu pai sorrindo.
- Ah o Ariel... Coloquei ele em uma boa escola, ainda tento convence-lo a estudar em casa. Já já ele esta vindo descer... Ele pensa em fazer medicina, o que é certo não é ruim, mas quero que o meu filho faça direito pra dar continuidade ao meu legado - ele dizia com um orgulho.
- Sério! Humm, isto é muito bom! Mas me diga qual a vontade de se ter uma educação em casa... - eles ficaram conversando lá no canto e eu fui pegar um sidecar. Pelo menos, aqui tinha cada gostosa que tive de me controlar pra não fazer besteira.
O jantar começou em uma longa mesa cheia de comida requintada, lagostas, salmões, filés etc... No meio do jantar o Sr. Aldbrecth levantou a taça e falou:
- Um brinde aos nossos negócios! Hoje é uma data especial, assinamos um contrato com uma construtora alemã e que com certeza melhorará a nossa cidade e estado. Criará empregos e recursos para o bem de todos. E é logico é um dia muito especial pra mim porque meu único filho está completando mais um ano de vida!
Foi quando os garçons abriam as portas e o filho dele apareceu. Ele estava usando uma roupa um pouco mais informal que a nossa. Calça lisa preta levemente justa, com uma camisa de algodão tipo bata, azul claro com uma faixa de cetim azul na cintura com o nome pequeninho prateado da Dior com mangas delicadamente bufantes. Absolutamente elegante e perfeito.
Mas o meu queixo caiu não foi por causa da roupa. Foi por causa do menino ruivo, de olhos azuis que eu tinha visto pela ultima vez na cantina do colégio coberto de batatinhas com ketchup e que tinha falado baixinho que me odiava, e que agora estava abraçando o chefe de meu pai.
AGORA FUDEU TUDO
Esperando a continuação!!!!!!
Agora fudeu mesmo. Estou ancioso pela continuação....
Humm...espero cont.
Ansioso para a continuação do conto
putz agora deu ruim kkk continua por favor