gringobrasileiro - Uma segunda chance - Parte 5



“Eu sei. Ele é bem mais velho do que eu, mas tem algo sobre ele que realmente me deixou... não sei como explicar” – argumentei com David.

“É simples: você não tem muitas experiências assim, e um cara que se interessou tanto por você pode te fazer sentir apaixonado. Entende? “ – Respondeu David retirando a mala preta que finalmente apareceu na esteira do aeroporto.

A viagem foi bem tranquila. Como de costume, John dormira o caminho todo, e David estava argumentando que eu deveria tomar cuidado ao me interessar por um homem mais velho. Ele disse ter muitas experiências com homens, e sabia que nessas circunstancias, ele provavelmente estava apenas interessado em sexo. Sinceramente, era nisso que eu acreditava. Um homem lindo daquele, e com a vida toda formada, não iria se interessar por um estudante como eu. Qual era o sentido de tudo isso? A questão é que eu já tinha me envolvido, e queria, a qualquer custo, poder tê-lo por uma noite a mais.

“Eu só que não quero que ele se machuque” – Disse David um pouco contrariado com John.

“Ele vai ter que aprender sozinho, David. Infelizmente a gente não pode preveni-lo de se machucar, mas a gente pode oferecer curativos quando isso acontecer” – John respondeu prontamente.

Esse era o tipo de coisa que me fazia amar aqueles dois. Eles simplesmente se complementavam: um estava absolutamente preocupado comigo, e o outro, preparado para me ajudar, sempre que eu precisasse de ajuda. Sem julgamentos, apenas amor e respeito.

Acho que estava muito cansado: fechei meus olhos no aeroporto, e quando os abri, o táxi já encostava no estacionamento em frente a casa! A rua estava suja, e o tempo nublado dava um clima de melancolia. No inverno americano, depois de nevar muito, os tratores – ou o que quer que sejam chamados – passam retirando a neve do meio da rua, portanto todo o barro se mistura com a neve branca, que quando derretida, fica uma nojeira só. Essa era a situação ali. Apesar dos pesares, nada tirava a beleza daquela cidade!
.....

“You took something that belongs to me” (você legou algo que me pertence) – foi a mensagem que chegou em meu telefone, direto do Jared.

“Oh, no! Don’t tell me that! What did I brought with me?” (ah não! Não me fala isso! O que é que eu trouxe comigo?) – respondi, tentando trazer à memória o que tinha trazido comigo.

Por uns instantes, pensei que tivesse trazido sua cueca, talvez um documento, um carregador de celular, ou quem sabe o fone de ouvido. Qualquer coisa que fosse, ele responderia em seguida.

Digitando...

Nada.

Digitando...

Nada.

Finalmente:

“You took my coracao with you” (você levou meu coração com você) – Respondeu depois de tentar, sem sucesso, escrever “coração” em português.

Pronto.

Foi o suficiente para me tirar o ar. Não tinha forças para responde-lo. Como pode ser tão doce assim? Ele deveria ter sumido e parado de me responder. Talvez eu devesse dar mais ouvidos para David, mas... será que ele era realmente apenas um cara interessado em um pinto latino americano? Talvez ele realmente fosse alguém diferente, mas como eu poderia confiar? Eu não simplesmente não estava preparado para mais nenhum tipo de sofrimento.

Demorei uns instantes até conseguir formular uma frase de resposta.

“Assim você faz com que eu me derreta. Não fala assim comigo. Quais são as chances de que a gente se encontre de novo? “ – Respondi, sabendo dos riscos daquela pergunta.

“Eu vou até Nova Iorque apenas para te ver” – respondeu imediatamente.

Ah sim, claro. E eu sou idiota suficiente para acreditar nisso. Não. Ele não voaria de Los Angeles até Nova Iorque apenas para me ver. Não fazia sentido algum, afinal de contas, ele mesmo me disse que estava evitando trabalhar com clientes nova-iorquinos.

“Se eu não te ver mais, por favor, quero que saiba que eu tive um tempo mais do que lindo com você. Não vou te esquecer, americano/italiano” – respondi brincando, mas com a dor da verdade em meu peito.

Foi o final da conversa naquele dia frio e cinzento de Nova Iorque.

Caro leitor, uma vez mais, queria poder mudar o rumo da minha história. Queria poder dizer que aquele era o final de um lindo final de semana em Buffalo. Queria poder dizer que ele não voltou a falar comigo e que se tornou apenas uma boa e doce memória. Queria poder dizer que Jared foi apenas um bom dia. Queria poder mudar tudo. Queria, queria, queria e queria. Eu não posso. Como John costuma brincar constantemente: “life is a bitch”.
...

Foi uma semana bem agitada com os compromissos da faculdade, mas finalmente teria um pequeno período de férias, antes que o semestre de primavera viesse com tudo. Aquele seria meu último semestre nos Estados Unidos e eu estava bem animado com tudo o que aconteceria.

Estava frio, a neve voltara a cair sobre a cidade que nunca dorme. Era uma fria manhã de quinta-feira e eu estava deitado sobre minha cama. Apesar do sistema de aquecimento dentro da casa, como bom brasileiro, eu sempre morria de frio, e portanto, me aquecia com um cobertor elétrico marrom. Em meu iPad, A Big Great World cantava “I don’t wanna love somebody else”. Sim… eu estava pensando nele. Não conseguia controlar meu coração e minhas emoções. Por mais que eu tentasse, era apenas nele que eu pensava. Não sei se por ter perdido alguém por quem estava tão apaixonado, ou talvez fosse pela inexperiência, ou mesmo pela carência. O que quer que fosse, estava me fodendo agora. Ele não estava ali, e pronto.

Aquela música filha da puta estava acabando comigo. Sou bem daqueles que quando está triste ou depressivo, ao invés de ouvir uma música alegre, ouve a mais triste, para foder com tudo.

“Nós deixamos tudo isso sem ser falado. Nós enterramos vivo e agora está gritando em minha mente. Eu não deveria ter apenas esperado que você mudaria sua mente, e um dia, nós começaríamos tudo de novo. Bem, eu não ligo se isso me matar... apenas não quero amar outra pessoa. Eu pensei que poderia te mudar, ou que seriamos a melhor história que eu contaria. Eu sei que é tempo de dizer que acabou, mas apenas não quero amar outra pessoa”.

Mais uma vez, a música estava explicando exatamente como eu me sentia.

Meu telefone estava conectado ao carregador, sobre a cadeira (que estava coberta de camisetas e calças).

Uma mensagem.

Duas mensagens.

Três mensagens.

Quatro mensagens.

Uma ligação.

Estava morrendo de preguiça de olhar as mensagens, mas agora estava tocando e eu precisava levantar minha bunda da cama:

Jared LA calling.

Meu coração parou por alguns segundos. Me senti tonto, e minha respiração estava ofegante:

“Jared!” – atendi, tentando me recuperar.

“Escuta! Não posso falar muito agora, porque estou no banheiro, no meio de uma reunião. Só quero saber quais são seus planos para este final de semana. “ – respondeu com sua voz reverberada.

“Bem, não tenho nada planejado. Minhas aulas ainda não recomeçaram. Por que?” – Respondi, tentando entender onde é que ele queria chegar com aquela pergunta.

“Ótimo. Estou fazendo reservas em um hotel próximo à 8th para esse final de semana. Reserve seu tempo para ficar comigo. Beijos. “ – Respondeu curto e grosso.

Reserve. Seu. Tempo. Para. Ficar. Comigo.

Ele estaria vindo mesmo?

CONTINUA.



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Ficha do conto

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Nome do conto:
gringobrasileiro - Uma segunda chance - Parte 5

Codigo do conto:
75270

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
07/12/2015

Quant.de Votos:
4

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