Desventuras na Estrada - Cap 1



Cinco meses.
Já estava a Cinco meses sem emprego, sentado no sofá da sala com o olhar perdido.
Minha mãe tinha morrido a muito tempo, e meu pai estava aponsetado por invalidez devido a um acidente de trabalho que fez sua perna esquerda perder quase todo o movimento, minha irmã era nova demais pra trabalhar e eu estava sem saber o que fazer.
O salário que meu pai recebia dava pra pagar as contas da casa e comprar o básico de comida, mas ele também precisava de remédios e eu sem emprego e com vinte e dois anos só me sentia como um fardo, um peso nessa casa.
O meu último trabalho foi em uma oficina mecânica, mas o dono foi atingido por essa tal crise, estava levando tanto calote que teve que me demitir pra cortar gastos.
Precisava de um emprego, qualquer coisa, já tinha trabalhado em mercados, lojas, até como ajudante de pedreiro, mas parece que quando mais precisamos, as vagas desaparecem.
A situação estava tão ruim que tivemos que vender nossa casa de dois andares no bairro vizinho e vir pra cá, morar nessa casa mais simples.
O dinheiro deu pra manter os remédios e as despesas em dia por um tempo, mas não durou pra sempre.
Amarrei os cadarços do meu tênis, peguei minha pasta com meus currículos e sai (mais um dia) à procura de serviço.
Já tinha perdido a conta de quantas cópias tive que fazer pra ter currículos suficientes.
Peguei um ônibus e fui até o centro da cidade, olhei em volta, já tinha tentado vaga em todas as lojas, em todos os mercados, em alguns estabelecimentos eles já até conheciam meus rosto de tantas vezes que eu já aparecera ali.
Passei a manhã toda, pulando de loja em loja, de mercado em mercado. Nada, não conseguia nada.
Não tinha mais nada o que fazer a não ser esperar.
Fui até a praça do centro da cidade e me sentei em um dos banquinhos de madeira.
Estava desnorteado, sem esperança, o que eu iria fazer, minha família precisa de mim.
Abaixei a cabeça e as lágrimas começaram a rolar, minha sorte era que a praça estava vazia, com exceção de alguns idosos e alguns homens.
Não queria ser visto chorando, sempre fui homem demais pra me verem assim.
Um homem sentou na outra ponta do banco falando ao telefone, não prestei atenção na conversa.
Ele finalizou a ligação.
- Tudo bem aí cara?
Percebi que ele falava comigo.
Levantei a cabeça devagar limpando o rosto sem que ele percebesse.
- Tudo, Tudo sim valeu!
Olhei pra ele conhecia aquela pele clara, a careca e a barba volumosa, já tinha visto ele algumas vezes no meu bairro mas nunca tinhamos conversado, era raro ver ele, parecia ser um homem simples e humilde.
- Você não ta parecendo muito bem - ele continuou.
- Uma hora tudo se resolve.
- Tem certeza? se precisar de alguma ajuda, sei lá.
Ele parecia querer ajudar então respondi na brincadeira.
- Se tiver um emprego pra mim!
Ele riu.
- Você ta triste por que ta sem emprego?
Confirmei com a cabeça.
- A maioria das pessoas da sua idade iam adorar não trabalhar - ele disse.
- Meu caso é diferente, eu não quero, eu preciso, meu pai precisa de remédios, o salário dele não dá pra bancar tudo.
Ele estava prestando atenção.
- E sua mãe?
- Já morreu.
- Ah, foi mal.
Ele ficou pensativo por um tempo e voltou a falar.
- Olha, eu conheço bastante gente talvez eu consiga alguma coisa pra você.
Um sorriso se abriu em meu rosto.
- Sério?
- Sim - ele falou - me passa seu número, vou falar com uns amigos meus ver o que consigo, aí eu te ligo.
Ele estendeu seu celular pra mim, eu peguei e anotei meu número e coloquei meu nome.
Ele pegou o celular e olhou.
- Otávio.
- Sim - confirmei - e o seu nome?
- Marcelo - ele respondeu - bom Otávio, pode esperar minha ligação.
O celular dele tocou.
- Tenho que ir, mas depois a gente se fala.
- Ta bom, obrigado.
Ele fez um sinal com a cabeça, atendeu o celular e se levantou.
Saiu andando, mas não prestei atenção pra onde tinha ido.

Me levantei, peguei um ônibus e voltei pra casa.
Meu pai estava na sala lendo.
- E aí Pai? Ta bem?
- Oh meu filho, to bem sim, conseguiu alguma coisa hoje?
Fiz que não com a cabeça.
- Mas deixei meu número com um cara e ele disse que vai ver se arruma alguma coisa pra mim, não to levando tanta fé, mas no momento qualquer ajuda é válida.
- Exatamente - disse meu pai e voltou a ler.
Minha irmã entrou em casa.
- Ola - ela falou
- Oi - respondi - como foi a aula?
- Boa, obrigado.
Ela entrou em seu quarto sem terminar a conversa.
Minha irmã era uma garota típica de onze anos, ficava o dia todo no quarto brincando.
Me levantei e fui tomar um banho, passei o resto da tarde na internet tentando achar alguma coisa, mas só havia mais do mesmo: Nada.

Um, dois, três dias se passaram e nada de emprego, já era sábado.
Já estava sem esperança alguma.
Meu celular tocou.
Número desconhecido. Atendi.
- Alô.
- Alô, Otávio não é?
- Sim.
- Eu sou o Marcelo, nós conversamos na praça à uns dias.
Finalmente, tinha quase me esquecido.
- Aah, e aí Marcelo.
- Olha, não tenho boas notícias - ele falou - falei com quase todo mundo que eu conheço, mas ninguém tem vaga em ligar nenhum.
- Entendo, mas mesmo assim obrigado.
- Espera - ele voltou a falar - não terminei ainda. Eu sou caminhoneiro e estou sempre viajando, sei que não é a vida ideal pra um cara novo como você, mas se quiser pode viajar comigo, não vai ter muito o que fazer, só me ajudar a vigiar a carga e coisas do tipo, também não vou poder te garantir um salário alto, até por que nem recebo tanto assim pra ter um funcionário, seria mais uma ajuda pra você, por que vi que você precisa de verdade. E aí você tem interesse?
- Olha, sinceramente não sei o que dizer, fico muito agradecido, preciso muito e se é trabalho eu tô dentro.
Ele riu do outro lado da linha.
Ele voltou a falar:
- Olha não quero te assustar, mas vida de caminhoneiro não é fácil viu, mas vai ser um prazer te ajudar.
- Eu sei que não é fácil, mas na minha circunstância eu aceito qualquer coisa.
- Então, não precisa levar muita coisa, arruma uma mochila com algumas roupas, coisas pra sua higiene pessoal.
- Tá bom e que dia vamos partir?
- Na segunda bem cedo, meu caminhão fica estacionado num posto de gasolina lá no centro da cidade.
Só tem um posto no centro, seria fácil achar.
- Ótimo, acho que sei onde é.
- Então tá, Segunda às cinco da manhã.
- Ta bom, até segunda.
Ele desligou.
Finalmente, consegui um emprego, mas logo me dei conta de que ficaria semanas, talvez meses longe de casa, dentro de um caminhão, com um homem cujo eu nem sabia absolutamente nada.
Tirei esses pensamentos da minha cabeça, não podia me dar ao luxo de não aceitar esse emprego, eu precisava, minha família precisava.

Contei à meu pai e minha irmã sobre a novidade, minha irmã ficou feliz, mas meu pai não aprovou a idéia logo de cara, deu mil e um motivos pra que eu não fosse, mas um único argumento meu o fez aceitar: "nós precisamos de dinheiro, e ele não vai cair no nosso colo".
Passei o domingo com os dois, para matar as saudades antecipadamente.
No domingo a noite arrumei minha mochila, coloquei roupas, cuecas, escova de dentes e mais algumas coisas.
Quase não conseguia dormir, estava aansioso. Como seria viajar meses em um caminhão, pegar estrada por horas sem descanso, e ainda por cima com um homem que você não sabe quase nada sobre.
Dormi duas ou três horas durante a noite toda.
Às quatro da manhã levantei da cama, tomei um banho, não sabia o que um caminhoneiro vestia, coloquei uma bermuda, chinelo e um blusa.
Me despedi de meu pai e de minha irmã.
Peguei um ônibus, e parei no centro da cidade, procurei o posto de gasolina e achei em pouco tempo.
Ainda estava escuro.
Peguei meu celular e liguei pra Marcelo.
- Alô, já tô aqui no posto, cê ta onde?
- To aqui tomando um café na padaria do posto, chega aí.
Desliguei o celular e procurei a tal padaria do posto entre aquela infinidade caminhões e carretas.
Achei a padaria, estava cheia de homens.
No final do balcão Marcelo conversava com outros caras debruçado no balcão.
Bati nas suas costas.
- Opa, ele chegou.
- Então esse é o ajudante - disse um dos caras.
- Eu mesmo - apertei as mãos de todos.
- Olha, estão querendo aderir minha idéia de ter um ajudante.
Ri.
- Come alguma coisa aí - disse Marcelo.
Era a primeira vez que prestei atenção em Marcelo, ele era enome, eu tinha 1,80 e ainda parecia baixo perto dele, talvez ele tivesse 1,95 ou mais, sem contar os músculos, os braços enormes.
Pedi um pão com manteiga e café.
Conversamos por mais alguns minutos e a Padaria começou a se esvaziar, os caminhões começaram a ser ligados e todos estavam pegando a estrada.
- Bom, ta na hora de ir - Marcelo disse.
- Então vamos - eu ri.

Saímos da padaria.
Chegamos no caminhão de Marcelo.
- É esse aqui - ele disse.
O caminhão era enorme.
Ele entrou e eu o segui.
A cabine parecia um quarto, era espaçosa, o banco era enorme, não era dos mais confortáveis mas dava pra aguentar.

Ele ligou o caminhão, o barulho era alto.
Olhei pra frente, pra eestrada, era ali que eu ia passar a maior parte do meu tempo agora.

Se nós íamos passar tanto tempo junto achei que deveríamos nos conhecer melhor, então comecei a puxar assunto.
- Você mora aqui na cidade mesmo?
- Morei, agora minha casa é a estrada.
Ele riu e continuou a falar:
- Mas agora falando sério, eu morava na Rua 1.
- EU MORO LÁ - falei animado - é por isso que já tinha te visto por lá algumas vezes.
- Sim, depois me separei, minha ex-mulher continua morando lá, e eu ainda apareço pela minha filha.
- Mas agora mora onde?
- Como eu te disse, só volto pela minha filha, se ela não existisse eu não teria motivo pra parar de dirigir, eu ficaria na estrada direto, então não tenho casa, fico pelas pousadas, durmo em redes ou aqui na cabine mesmo.
- Que vida doida!
- Você ainda não viu nada Otávio, não viu nada!
Ele deu um sorriso safado.

Foto 1 do Conto erotico: Desventuras na Estrada - Cap 1

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Ficha do conto

Foto Perfil safadinho6969
safadinho6969

Nome do conto:
Desventuras na Estrada - Cap 1

Codigo do conto:
75787

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
17/12/2015

Quant.de Votos:
18

Quant.de Fotos:
2