Ele diante de mim, seu corpo curvado, com seu rosto quase colado no meu, seus olhos fixos nos meus; eu via muita raiva neles... Ele me pegou pelos ombros me sacudindo com força, gritando comigo, involuntariamente e literalmente 'babando de raiva' na minha cara: "ME DIGA DANI!! VOCÊ TÁ QUERENDO MORRER?? VOCÊ PENSOU SE AQUELE BOSTA DO CARALHO TIVESSE UMA FACA? E SE ELE TE MATA? E SE ELE TE MATA?" A maior angustia; a maior tristeza; a maior dor que eu já havia sentido na vida, brotou no meu peito impiedosamente e eu explodi num choro dolorido, profundo, avassalador... Tudo se somou: minha situação financeira, meu medo do futuro, a violência que se passou comigo minutos antes, a minha solidão, a negativa do Paulão em ficar comigo e principalmente, o amor que eu sentia por aquele homem que estava diante de mim e tão decepcionado comigo... Eu já não consiga permanecer em pé com o peso das lágrimas que brotavam do meu coração... Paulão me envolveu nos seus braços, a raiva cedeu lugar à doçura, me apertou forte contra seu peito: "Calma Dani... Calam, calma... Passou... Passou... shhh... shhh... Fica tranquilo que eu tô aqui!" Eu prostrado em seus braços, soluçando em prantos, sua boca na minha testa, ele me embalando em seu abraço... "Fica tranquilo Dani... Acabou... Nada de mau vai te acontecer, viu? Eu tô aqui! Eu te protejo; eu juro!! Eu vou te proteger..." Fiquei um tempo soluçando e envolto por aquele abraço... Ele suavemente me soltou, botou meus braços em redor do seu pescoço, me suspendeu no ar, conduziu pra que minhas pernas envolvessem sua cintura, cruzou as mãos sob minha bunda e lentamente me levou pra edícula, no nosso quarto, comigo aos prantos... Ao lado da cama me botou em pé no chão, sentou-se na cama ao lado, lentamente me virou de costas pra ele: "Vou tirar de você esse resto de calcinha Dani..." A calcinha estraçalhada, era naquele momento somente um cós na minha cintura... Ele partiu aquilo ao meio, jogou no canto, pôs as mãos logo abaixo da minha cintura, deu um beijo demorado à cima do meu cóccix... Eu ainda chorava; ele me conduziu à deitar na cama, deitou-se atrás de mim, me ajeitou entre seus braços, seu corpo todo colou ao meu, e sua boca agora me dava beijinhos na nuca... Ficamos assim por um longo tempo até meu pranto acalmar... Ele quebrou o silêncio: "Muito, muito tempo atrás, eu tive um amor... Ele começou na adolescência. A gente estudava na mesma classe. Eu sempre fui assim grandão... E o Luizinho era magrinho, baixinho, às vezes parecia uma menininha... Todo mundo na escola zoava ele... Aquilo me incomodava muito, e eu comecei a defender ele da gurizada... A gente virou amigos... Eu me metia em tudo quanto era briga pra proteger ele... Ele era muito inteligente; me ajudava demais na escola; teve ano que eu só não reprovei, por que ele insistia e brigava comigo pra eu estudar, pra eu me dedicar... E eu do meu jeito, garantia sossego pra ele, defendendo ele... A gente tava o tempo todo junto... Dentro e fora da escola... Eu também virei alvo da gurizada por que diziam que ele era minha mulherzinha... No começo aquilo me irritava muito! Eu distribuía porrada... Um dia eu percebi que lá bem no fundo, eu também pensava que ele era minha mulher... E eu me dei conta que era o que eu queria; que o Luizinho fosse meu! Eu notava que ele me procurava, que ele se divertia com minhas 'palhaçadas' , que ele ficava tempo me olhando, me analisando, e quando eu olhava pra ele, ele abria um sorriso lindo... E quando isso acontecia, eu caia em cima dele fazendo cócegas, e a gente - hoje eu sei, aproveitava desse momento pra tocar no corpo um do outro... Um dia, a gente tava no meu quarto jogando vídeo-game... Eu me lembro que era época de chuva e fazia muito frio... A gente jogava um pouco e parava pra poder aquecer as mãos, que congelavam do frio; e jogar de luva era impossível... Isso era em General Carneiro, onde a gente nasceu. Um lugar muito, muito frio... Eu pegava as duas mãos dele, botava entre as mãos e soprava um bafo quente lá dentro pra esquentar as dele... Nesse dia, ele perdeu pra mim no vídeo-game... E eu disse que ele tinha que pagar uma prenda... Eu fui abusado e disse que a prenda, era ele me dar um beijinho... Ele fez manha, disse que não, que não tinha coragem; eu então caí de cócegas em cima dele e roubei o beijo que eu queria... Eu me lembro que ele aceitou sim o beijo, daí ele arregalou os olhos e saiu correndo do meu quarto e foi pra casa dele... Depois daquele dia, a gente vivia procurando lugar pra se esconder e ficar se beijando... Eu pedi ele em namoro, lógico que tudo escondido, só eu e ele sabia... Ele aceitou e a gente virou namorados de verdade, com presente no dia dos namorados, planos pro futuro e tal... Eu amava muito ele. A gente descobriu o sexo juntos e caramba, era bom demais... Eu era o homem dele. Quando a gente fez 18 anos, depois de escapar do quartel, a gente foi embora juntos pra Ponta Grossa, com a 'cara e a coragem', por que na nossa cidade tava foda... Acho que quem não desconfiava, tinha certeza que a gente tava junto... E sabe como é cidade pequena... A mãe dele sabia e até ajudava, mas a minha família, tava me cobrando muito uma namorada... No começo foi bem difícil... Dois guri que não sabiam nada da vida, sem pai e mãe por perto... Mas a gente deu conta... Ele foi trabalhar no balcão de uma lanchonete e eu fui ser servente de pedreiro... Dava pra pagar o aluguel, comer e se vestir, mas era apertado o negócio... Ele era muito inteligente e não quis parar de estudar... Passou na faculdade... Queria ser professor de português... trabalhava de dia e estudava de noite... A gente mal tava se vendo... E foi assim muito tempo... Ele foi perdendo o interesse em mim...Eu sei que ele gostava de mim, mas a vida nova fora de casa, os amigos novos, a faculdade, aquela gente inteligente, e em casa o marido pedreiro... não deu outra, perdi! Não demorou muito, ele foi embora... Caralho, como eu sofri com a falta dele e por ter ficado sozinho... Não dei conta de pagar o aluguel, fiquei morando numa obra ou outra que eu trabalhava... Até que fui morar com uma mulher... Fiquei com ela uns anos, mas não era amor... Separei, tentei ficar com uns caras mas eles só queriam fervo... Financeiramente as coisas engrenaram... Casei com outra mulher e não deu certo de novo... No fundo eu sempre tava procurando o amor que eu tinha por ele... Só que isso é impossível... E o tempo foi passando e eu sozinho, vivendo só pra trabalhar, trabalhar, trabalhar.. Um dia eu fui chamado pra fazer um serviço. Tudo combinado, tudo certo e pronto pra começar; era uma reforma. Daí eu fui de novo na casa do sujeito que me contratou pra acertar os detalhes... E você apareceu, Dani... Quando você entrou, aquela sala ficou iluminada... Eu vi você andando, se movendo, vindo na minha direção, parece que tava deslizando pelo chão... Eu fiquei tonto, bobo... A minha vida passou num 'flash' na minha cabeça e parece que tudo fez sentido; eu tive que passar por tudo que passei, pra chegar naquele momento, naquela sala e te conhecer, te encontrar... Meu coração disparou, minha boca secou, eu comecei a suar e meu estômago foi parar na goela... Eu achava que tava com o coração 'virado' numa pedra de gelo, mas quando eu vi você, teu cunhado apresentou a gente e eu comecei a ver você falar e gesticular, todo branquinho, delicado, o jeito que você cruzava as pernas, o teu sorriso, daí eu senti teu cheiro, vi o brilho nos teus olhos... Caralho, meu coração derreteu! Desculpa Dani... Me perdoe por ter sabotado o clima na noite do churrasco... Eu... Eu não quero você só por diversão... Eu sou um cavalo chucro mesmo... E você é tão especial... Tenho medo que você não goste de mim... Me dá outra chance? Me perdoa? " Eu ali, ouvindo aquilo tudo... Paulão com seu corpo colado no meu, sua boca junto do meu ouvido, seu coração batendo forte nas minhas costas... Ele beijou minha nuca, se encaixou mais gostoso ainda ao meu corpo e perguntou: "Me perdoa meu branquinho? Você já tá dormindo, Dani?" Eu apertando seus braços cruzados no meu peito: "Não... Não Paulão, tô... tô te ouvindo... Não tem nada pra perdoar não, meu querido... Tá tudo no lugar certo..." Ele: "Então dorme meu branquinho... Dorme que eu tô aqui pra cuidar de você." (PARTE FINAL EM BREVE)
Faca o seu login para poder votar neste conto.
Faca o seu login para poder recomendar esse conto para seus amigos.
Faca o seu login para adicionar esse conto como seu favorito.
Denunciar esse conto
Utilize o formulario abaixo para DENUNCIAR ao administrador do contoseroticos.com se esse conto contem conteúdo ilegal.
Importante:Seus dados não serão fornecidos para o autor do conto denunciado.