Eu estava completamente paralisado de medo, fiquei sem reação por uns segundos, respirei fundo pra não chorar e falei com a voz trêmula.
- Pai, o que aconteceu ?
- Ele caiu do telhado, ele tava consertando alguma coisa lá e caiu e bateu a cabeça - meu pai falou rapidamente.
- Eu tenho que ir lá, a gente tem que ver se ele tá bem - eu falei rápido.
- Não adianta ir pra lá agora, ele tá na UTI, não vão deixar a gente entar, a gente não pode fazer nada agora, o tio dele tá lá no hospital - ele disse com um tom autoritário.
Eu fiquei em silêncio com uma vontade enorme de chorar, eu virei as costas e entrei para o meu quarto e tranquei a porta. Corri para a minha cama, desabei e chorei sem parar, eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo, quando finalmente encontrei uma pessoa incrível ela estava entre a vida e a morte. Naquele momento eu percebi o quanto a nossa relação era especial, só de pensar na possibilidade dele morrer me deixava em pânico.
Depois de chorar por um longo tempo, eu sair e peguei o celular do meu pai em cima da mesa e procurei o número do tio dele, eu precisava saber como ele estava. Peguei o número, voltei para o quarto e liguei. Eu liguei umas 3 vezes e ele não atendeu, esperei um pouco e liguei várias vezes de novo e ele não atendia. Aquela situação estava me deixando aflito e ansioso, então eu fiz algo que eu não fazia há muito tempo, eu me ajoelhei e comecei a orar pedindo a Deus pela vida do jonas. Eu fiquei ali de joelhos por quase meia hora, sentia uma angústia enorme no peito. Sair do quarto e fui até o banheiro e encontrei no armário um remédio pra dor de cabeça, tomei e voltei ao quarto, eu fiquei deitado na cama olhando fixamente para o teto e chorava silenciosamente. Quando chegou a hora de almoçar o meu pai bateu na porta do quarto e me chamou, mas eu disse que ia almoçar depois. Acho que aquele remédio estava me deixando com sono, pois eu comecei a cochilar até que adormeci e não vi mais nada.
Quando eu acordei era uma 17:00 horas, eu acordei com a voz da Adriana que estava me chamando e batendo na porta do meu quarto. Eu abrir a porta do quarto e ela me olhou e perguntou:
- Você tá bem ?
Ela mal terminou de falar e eu comecei a chorar desesperadamente. Ela me abraçou e me levou pra dentro do quarto novamente e eu fiquei ali chorando no ombro dela. Depois que ela saiu do quarto continuei ali o dia inteiro sem saber o que fazer, eu liguei várias vezes para o tio do Jonas e ele não atendia. A noite chegou e eu não dormia, passei a noite angustiado,não sair pra jantar, eu só queria ver o jonas.
Na manhã seguinte, bem cedo eu estava acordado ainda e precisa ir até o hospital a qualquer custo. Eu tomei um banho e dei uma desculpa para o meu pai dizendo que precisava ir até o centro da cidade. Peguei a caminhonete e sair pela estrada.
Depois de uns 45 minutos eu cheguei no centro e liguei para o tio do Jonas, eu não sabia em qual hospital ele estava. Liguei três vezes e ele não atendeu, até que na quarta vez ele finalmente atendeu.
- Alô - disse o tio do Jonas.
- Oi, aqui é o Gabriel, filho do Luciano, eu queria saber do Jonas e onde está internado - eu falei com a voz trêmula, quase chorando.
- Oi meu filho, ele tá aqui no hospital Arcanjo São Miguel, ele tá desacordado ainda, ele vai pra cirurgia hoje - ele falou com um tom triste.
- Eu queria visitá-lo se não for incomodar - Eu falei.
- No momento ele não pode receber visita, você vai ter que esperar, acho que só a partir de 16:00 horas - ele respondeu.
- Tá bom seu Alberto, se o senhor precisar de alguma coisa me avise - eu disse
Eu fiquei lá na cidade e mandei uma mensagem para o meu pai dizendo que só voltaria de tarde. Passei o dia inteiro perambulando pela cidade, fiquei andando, sentado na praça, depois dei uma volta no carro e até que as 15:00 fui pra frente do hospital e fiquei lá esperando dar 16:00 horas.
Quando estava quase dando 16:00 eu entrei no hospital, cheguei na recepção e perguntei sobre o jonas e uma enfermeira foi lá dentro avisar ao tio do Jonas que eu estava lá. Depois de alguns minutos o seu Alberto veio lá de dentro, ele parecia acabado, com um semblante triste e cansado. Eu me aproximei e falei:
- Oi seu Alberto, como ele tá ?
- Ah, meu filho ele tá dopado de remédio, a cirurgia dele é 18:00 horas, o doutor falou que é uma cirurgia arriscada, eu tô muito preocupado com ele - ele disse com olhos enchendo de lágrimas.
Eu estava com muita vontade de chorar, mas eu tinha que me controlar.
- Eu posso ver ele ? - eu falei
- Vai lá meu filho, só pode entrar uma pessoa, ele tá no quarto 118, eu fico aqui fora - ele disse.
Eu fui andando pelo corredor e meu coração disparava, eu estava nervoso e com as mãos trêmulas. Quando entrei no quarto tinham mais dois pacientes, cada um com um acompanhante. Ele estava no terceiro leito e quando avistei ele naquele estado não conseguir segurar o choro.
Quando eu vi ele naquela situação me deu um aperto, nem liguei para o que as pessoas iam falar, eu me aproximei mais e toquei na mão dele. Ele estava com a cabeça toda enfaixada, com um tubo para respirar e cheio de curativos. Eu fiquei olhando pra ele fixamente e por um instante eu pensei: porque isso tá acontecendo ? Será que nós estamos sendo punidos pelo que fizemos? Será que Deus está nos punindo ?. Eu continuava olhando pra ele fixamente e passava mil coisas na minha cabeça. Então a enfermeira entrou e disse que eu não podia mais demorar ali, pois eles iam preparar ele para cirurgia. Antes de sair do quarto eu me aproximei mais dele e falei no ouvido dele: -Eu te amo, volta pra mim.
Ao sair do quarto e caminhar pelo corredor eu sentia uma sensação de vazio no peito e aflição enorme. Quando encontrei o seu Alberto no corredor, ele percebeu que eu estava tão abalado quanto ele, a gente se aproximou e ele me abraçou.
Eu fiquei surpreso, não esperava aquele abraço, então o seu Alberto me chamou até a área externa do hospital, eu sair com ele até lá fora e sentamos em um banco que ficava próximo da entrada do hospital e falei:
- O senhor deve estar cansado, se quiser eu posso revezar com o senhor.
- Não precisa não, a tia dele tá vindo pra cá e ela vai ficar com ele essa noite - ele disse.
- Tá bom, qualquer coisa me avisa tá bom ? - eu falei
Ele ascenou com a cabeça dizendo sim.
Em seguida ele começou a falar.
- Sabe, o jonas é um filho pra mim, ele perdeu os pais dele muito cedo, ele é filho da minha irmã, ela morreu de câncer, eu não quero perder ele também, ele é um rapaz muito bom e gosta muito de você - ele disse.
- Ele é grande amigo - eu disse.
- Eu percebo como o jonas fala quando te liga, já ouvir ele conversando com você, eu conheço ele, eu sei que o que vocês sentem um pelo outro vai muito além de amizade, vocês construíram um vínculo muito bonito durante esse tempo e eu quero que você saiba que pra mim tá tudo bem - ele falou gentilmente.
Eu fiquei CHOCADOOO, eu NUNCA imaginei ouvir aquilo do tio dele, jamais passou pela minha cabeça que ele teria essa compreensão, eu achava que ele era um homem no minimo homofóbico, mas as aparências enganam. Continuei em silêncio e ele continuou a falar.
- Ele nunca me contou nada sobre vocês, mas eu percebo as coisas, eu só quero que ele seja feliz, eu percebo que com você ele fica feliz, ele nunca ficou assim com nenhuma das namoradas dele.
Depois de alguns segundos de silêncio eu falei.
- Eu nem sei o que dizer, eu amo ele.
- Eu sei - ele retrucou.
- É melhor você ir pra casa, teu pai deve tá preocupado - ele falou.
- Qualquer coisa me avisa - Eu disse.
Eu apertei a mão dele e nos despedimos. Eu entrei na caminhonete e seguir o rumo para casa. Nossa, que dia foi aquele, eu não podia acreditar no que acabará de acontecer. Naquele momento eu senti uma esperança, eu ia lutar pelo nosso amor a qualquer custo.
Continua...
Obrigado por continuarem acompanhando a história. Estamos caminhando pra a reta final, não percam as ultimas partes. Em breve a parte 9.