Era alto, moreno, com início de calvície, mas era dez. Tinha um belo porte. Ah, a postura de cruzar os braços, olhar sério como as pernas meio abertas numa postura de segurança me levava às alturas. Sempre que eu ia ao supermercado, necessitava arrumar um meio de aproximar-se dele, seria para puxar assunto ou apenas senti-lo bem pertinho de mim. O cara era fatal. Não curtia muitos assuntos. Enfeitiçado pela sua beleza e erotismo, não me restou alternativa, elaborava o máximo de planos só para ouvir o vozeirão e apreciar aquela tentação irresistível. Que perfume era aquele! O cara já era um pedaço de mal caminho, imagina o aroma enfeitiçador que usava... Contaminou a minha alma. Virou hobby estar todo dia no supermercado. O dia que ele não estava, não havia graça. O tédio de descobrir de que alguns dias ele não haveria de estar, me forçou a perceber que a sua escala era doze por trinta e seis. Resultado que me fez marcar no calendário de casa, todos os possíveis dias de encontrá-los, assim só indo no supermercado no seu plantão. E lógico, sempre com uma dúvida na ponta da língua: Aonde fica o refrigerante? Aonde fica o setor de doces? Aonde fica tal setor? Aonde fica isso? Aonde fica aquilo? Ele era ágil na resposta. Enfim, ouvir a sua voz, sentir sua presença junto daquele aroma: não tinha preço. Eu ia às loucuras, melhor, viajava nos pensamentos imaginando-o só de sunga ou nu em quatro paredes só para mim. O cara era de um tremendo de Pitbull. À sedução enlouquecedora daquele cara fui a última a notar que estava perdidamente apaixonada por ele. Pitbull esperto! Ele sacou. Evitava o que podia se deparar comigo. Fugia, enfim a minha dependência química por ele era maior, maior que aquele corporal bem definido e desenhado pela mão Divina. Ele se escondia pelos corredores, mas eu dependente química dele, entrava por outro corredor, e quando menos percebia nos aproximava cumprimentando-o. Meu fetiche estava fora do sério. Descobri que o Pitbull tinha nome, era Paulo. Pelo porte de Pitbull e excelente traços trabalhados, devido ao excelente trabalho dos pais, o batizei de Paulão. O fetiche era tanto que não me segurei, todo mês eu o enviava uma carta anônima à sua pessoa. Na carta eu rasgava o verbo e expunha todas as minhas sedes sexuais. Delirava na carta, confessava o prazer de o vê-lo só de sunga e ser-lhe mais útil do que a sua cueca de pano. Confessava mamá-lo como um bezerrinho ou como alguém matando a sede diante de um calor sobre uma água de coco na base de um canudo. Prometia com gosto a famosa garganta profunda só com a força da minha garganta, indo e voltando com o talo dele na minha boca. Pitbull era esperto! Eu jamais pude suspeitar dessa parte, mas ele era da força tática. Numa certa noite, vindo da faculdade, deparei com um camburão da força tática. Fui abordada e revistada. Foi ele que me revistou. Deu-me a “geral tradicional”, quando chegou no meu busto, desceu, desceu e meteu sem dó o dedo no meu clitóris e bem pertinho do meu ouvido, sussurrou: “hum, está lisinho”. Perdi a voz, fui surpreendida ao saber ali que ele era da força tática. Pediu meu rg e me fez perguntas básicas. Até hoje sinto o dedo dele em mim. Já a fetiche aumentou de por um dia ser abusada sexualmente pelo Pitbull.
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