Parte 03 – Observando & Conhecendo Bagual

SalomaoS

Parte 03 – Observando & Conhecendo Bagual

        Nesse capítulo seguimos pelo mesmo dia. Muito aconteceu e vou buscar contar da melhor forma possível. Por vezes temos que conseguir impulso antes de pular. Paciência é a energia do entusiasmo. Obrigado por acompanhar :)


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        Com um chuvisco fino daqueles que só faz meléca, assisti ao golzinho indo embora com uma euforia e excitação tão intensas que me ria sozinho. Com uma comemoração faço uma dança pra lá de desengonçado e depois de alguns socos no ar entro na casa grande. Na enorme sala, deitada no sofá esparramada, Dona Isabel vestindo um bonito vestido vermelho, na maneira como estava, mostrava a linda silhueta de sua coxa direita deliberadamente enquanto assistia TV despreocupada, tomando um cafézito de boas e na mesma hora me olha com um sorriso aberto;

– Oi meu querido, está feliz em! Vi toda aquela comemoração daqui e fiquei matutando.. oque será que tinha acontecido de tão bom com ele?

        Sim né..! a casa grande é feita toda cheia de frufru e modernidade, muitas das paredes são de placas de vidro, igual a enormes janelas do chão até o teto… uma dessas diversas paredes fica na frente da casa, onde ela deitada consegue ver a rua e junto a entrada com trabalhado jardin… ela continua:

– Nós estávamos preocupadas contigo Sandro. Por onde esteve todo esse tempo, meu querido?

        Deixo a mochila e o tênis encostado à um grande vaso de porcelana na entrada. Olho pra ela com um sorriso e me encaminho em sua direção, quando próximo dou um beijo no seu rosto e junto com um bom abraço.

– Oi Dinda, eu estou bem sim… preocupados comigo por quê, está tudo bem?    pergunto de forma bem ingênua mesmo, não percebendo a hora que já se fazia
– Teu Pai foi te buscar no colégio a meu pedido, isso foi próximo do meio dia.... Quando telefonei no colégio disseram que tu já tinha saído, acabamos ficando preocupadas contigo por essa razão.
– Te vendo pular, percebo que está tudo bem então?!    fica com um pequeno sorriso
– Ihh Dinda… minha sora me ofereceu carona... ela dirige bem devagar e com toda essa chuva forte dai demorou.
– HhHuUummm.. entendi porque toda aquela animação…    me olha com um sorriso malicioso
– Por isso pedi pro teu Pai ir te buscar, nós ficamos preocupadas contigo! Vai avisar tua Mãe que chegou bem em casa…

        A casa grande é imensa comparada com a que moramos, só a sala de estar é maior que nossa casa. A sala possui um sofá gigante em forma de L ao lado direito, uma lareira bem próxima para manter todos aquecidos no inverno e em cima uma cabeça de cabrito montês, ao algo assim, que o tio Omar jura que foi ele quem caçou. Na parede estava a maior TV que eu já tinha visto na vida, gostava de assistir desenho e filmes nela. Ao lado oposto do sofá têm uma uma mesa enorme que pode aumentar conforme desejar, cabe uma gurisada nela. É do tamanho de uma pista de laço. No outro lado da sala tem um conjunto de cadeiras e o bar. Se arredar bem é possível fazer um salão de baile facilmente.
        Sigo em direção a cozinha pelo grande corredor, passo em frente ao escritório e sala de jogos. Entrando pela porta dupla da cozinha, que acredito ser maior que a sala por ter uma enorme despinça com tudo que é tipo de comida, tem ainda uma terceira parte onde fica a câmara fria e até um defumador de carne.
        Vejo minha Mãe na pia, finalizando a louça do almoço com a mesa ainda posta. Quando no dia a dia é onde almoçamos normalmente e também é servido os cafés da manhã e tarde.

– Bença Mãe, estou em casa.   
– Wooo meu filho, graças a Deus! por onde esteve? nós estávamos preocupadas contigo menino!    ela começa a secar as mãos enquanto caminha em minha direção.
– Desculpa Mãe, a Dinda também disse. Acabei ganhando carona da sora e foi que me demorei, vou te falar Mãe.... Utaahh bicho demorado ela... mais lerda que ré de jamanta.    meio que mudo de assunto.. não quero falar oque aconteceu
– E o Pai, onde ele está?    pergunto enquanto ela me da um abraço
– Foi almoçar na venda, ele ligou antes avisando, disse que não te encontrou maneira alguma… já almoçou meu filho?
– Ainda não Mãe, estou cheio de fome. Oque tem de bóia?

        Saio revirando as penelas que estão em cima do fogão, abrindo tampa por tanto pra cheretar oque de bom tinha. Pra minha surpresa a Mãe fez polenta móle com molho de galinha, arroz e couve, muita delícia. A dona Isabel vêm da sala e se junta a nós na cozinha, está com sua xicará de café -mais parece um balde- vazia e vai até a cafeteira se servir denovo. Enquanto se serve com café passado que repousa na jarra, olha na sua esquerda em minha direção;

– Que professora legal te dar carona Sandro, imagino que ela deve ser tri bonita… por toda aquele empolgação né...
– Empolgação? UÉ! Tu veio de carona foi?    pergunta minha Mãe olhando pra nós dois em alternado
– Sim Gráci, ele não te contou? ... tinha que vÊ só à facerrice do guri!!!    …   parecia que tinha ganhado um premio na loteria….

        Antes da minha Mãe falar de novo eu interrompo elas me metendo na conversa de supetão.
– Mais que nada Dinda, não viaja.. nem foi nada disso não.. heh ehe heh.. tu tá é viajando.…
– Ahha é mesmo é? Tá bom então! Me faz de boba que eu gosto.
– Me conta depois essa história Senhora.    minha Mãe complementa
– Quero saber oque esse piá tá aprontando.

        Depois de completar sua gigantesca xicará de café, no balcão ao lado busca sua caixa de cigarros e acende um. Dá uma tragada reconfortante e naquele momento intimo, por instantes fica só. Enquanto expelia olha pra mim com um semblante tranquilo...

– Tu não está molhado querido? precisa tirar essa roupa antes que fique resfriado.    Se voltando agora em direção a minha Mãe, continua;
– Tu se lembra se o Sandro tem alguma roupa por acaso…? …   lá no quarto de hospedes? Se chegou a ficar alguma peça de quando ele dormiu aqui?

– Eu vou ir conferir Senhora.    Dona Isabel complementa enquanto minha Mãe está indo em direção a porta
– Aproveita e separa um chinelo quente, tenho um par no closet maio, na sapateira. Se não me engano na 2° ou 3° gaveta.

        Como minha Mãe foi buscar as roupas, estou sentado ao canto da mesa e fico conversando com a Dona Isabel enquanto aguardo a bóia. Ela me pergunta interessada de como estava o colégio.         Reclamo sobre coisas banáis... acabei me atrasando por causa do relógio que não funciona direito, que na secretária da escola aquele chinaredo só incomoda, que meu colega ficou me atazanando a manhã inteira.
        Ela me escuta com um sorriso nos lábios enquanto continua fumando seu cigarro encostada no balcão e a cada tragada no cigarro, bebe um gole do café preto com prazer. Em pouco tempo minha Mãe retorna com as peças solicitadas, descreve todas e as mostra antes de me entrega, Dona Isabel manda eu ir pro banho que minha comida vai estar servida assim que retornar.

        Passo a tarde na casa grande na companhia delas, com a chuva acabando logo na bocada da tarde, fico por ali mesmo tranquilito. Dona Isabel tinha naquela época uma coleção em DVDs com todos os tipos imagináveis, ela sempre gostou muito de Artes e oque me fez aprender bastante com ela. Me lembro que assistimos de novo o filme Gladiador pela milésima vez. Ela tinha a versão do diretor -a melhor-. Ainda hoje me emociono com esse filme, principalmente pela sonoplastia!

        A noite já pontiava no campo ao final do dia e junto com ela meu Pai retorna pra casa. Estou no quarto escutando musica quando percebo ele chegar. Me levanto da cama, coloco minhas alpargatas de corda e vou pra garagem recepcioná-lo.

– Bença meu Pai.
– Bença, como tu tá, passou nesse diluvio á campo foi piá?
– Bah, consegui uma carona dai, escapei foi é por pouco…
– Te tive procurando pela redondezá e nada de ti, na próxima avisa e para de fazer graça!
– Sim..eu sei.. desculpa.. .    imendo no embalo...
– Falando disso, hoje demanhã o tio Antônio disse que vai ter carneação lá neles, nos convidou a ir.
– Woroo mais que tal.. ouvi meio que um cochicho lá na venda mais não dei muita confiança.
– Me ajude com essas trouxas e mais lógo nós se boleia dai.

        Meu Pai tá pronto pra ir em qualquer lugar quando acorda, o traje que veste demanhã só descansa da lida quando o velho vai dormir. Bota de cano alto puro couro com taco de madeira é o principal, nessa lida bicho peçonhento pode querer incomoda e a bota não da trégua, uma bombacha sanfonada geralmente escura, no inverno adiciona o cuecão pra ajudar esquenta. Uma camisa e quando muito frio o casaco de lã fecha a vestimenta, chapéu é retirado só por educação. Me ajeito também mais tranquilo, tênis, calça de moletom com uma camiseta mais jaqueta me caem bem.
        Estamos embocando na primavera e o frio ainda passa assoviando nas coxilhas. Nos despedimos da Mãe que abençoa com um abraço e algumas palavras sempre acolhedoras. O fordinho Verona dorado do Pai que ele conserva até os dias de hoje, faz nosso transporte manso pra fazenda que fica uma leguá e meia daqui.
        Essa fazenda vizinha é forte na pecuária de corte, cria um montarel de gado e tem terra pra perde de vista. Pela hora o assado está acontecendo e o Pai meio que se apreça em chegar até a cede, fica a menos de 500m da estrada de terra. Quando chegamos no meio da cede, só conseguimos escutar o estoro da guaipecada na nossa volta, meu Pai ligou a luz interna e logo desliga o carro. Esse fuzuê fica durante algum tempo na nossa volta. Da escuridão à nossa frente surgiu esse que não tínhamos percebido, pelo jeito ele estava nos observando todo tempo até ali. Vestindo um pala preto fumaça da mesma cor as botas embarreadas, se aproxima meio desconfiado rodeado pelos cachorros. Com chapéu levantado meu Pai pergunta colocando a cabeça pra fora;

– Boa noite vivente! como estamos?
– Boa noite vem de lá…    responde o vigia demonstrando poucos amigos
– Estamos mais manso que petiço castrado!    diz ele
– Buenas dai guri. Me diz um tanto se não for encomodá,    meu Pai fala a desconversa
– Onde o Antonin está fazendo o bulincho? Ouvi dizer que é por essas bandas decá.

        De imediato o homem em vigia muda o tom, agora mais amigável e cordial por se tratar de algum conhecido da volta.

– Lãaã no galpão do fundo, segue pela estrada –indica com o braço a certa entre três diferentes idas – E segue toda vida..    só vai...   vai mesmo.    gesticula em constante movimento com sua mão e continua;

– Cuidado pra não se entrevera com as porteras, são duas até o galpão só de arrame.
– Mais bah! obrigado pelo toque.. mais vem cá! tu não vai ir também? Tem espaço e podemos te dar carona dai.
– Hoje é meu dia de vigia.    ele retruca.
– Eu e a cuscada vamos chegar amanhã demanhã.
– Então tá bem bom tchê.

        Meu Pai se despede e seguimos na direção indicada pelo capa preta. Mais experiente e calejado, durante o caminho que estamos percorrendo o velho me pediu se vi a garruncha do capa preta, respondi que não. Durante o trajeto sinuoso e tanto complicado por já noite, me explica que o aumento de abigeato na região fez com que todo patrão tivesse usando disso pra se proteger.. de reluseio fala bravo e brávejá;

– Etáaahh gurisada arruacera!!! vão é estoura cerca pra rouba gado é! Prá essa turma mata é poco! quebra os dois joelhos e largar campo a fora tipo bixo, dai vai sabe se é valente ou não quando bater de cara com um liao baio!    pensa num homem brabo

        Grita ele enfurecido só de imagina isso acontecer, junto disso acende um cigarro que ao baforá joga fora toda a raiva que estava sentindo. Depois de escutar sua bravejada em silencio… afirmo que esse é o melhor a se fazer com essa gurisada encapetada!
        Não tão fácil de encontrar mais na região, o Leão Baio é um felino gigante que facilmente derruba um rês de pequeno/médio porte. Onde tem ovelha o bicho é rei. No brejal das volta tem causo que diz escutar o miado e barulho da fera. Se bate no galinheiro é um abraço, pode cachorrada perseguir no mato que muitas vezes só o vulto consegue pegar. Muito causo é contado e descontado... eu só vi uma vez -mais é outra história-.

        A estrada é pra lá de ruim, tem que andar com muita calma e paciência. Na primeira porteira me aprumo em liberar caminho, como não tenho rabo fecho de imediato e seguimos carreto em direção ao desconhecido. Depois de um bom tempo de estrada, lá diante se vê luz em meio a uma neblina baixa, torna o senário um tanto sobrenatural. A noite se faz preta como candieiro queimado, o ar pesado facilmente torna um coração mais nervoso por parte de mata fechada que passamos.

        Nos aproximamos mais ao ponto de conseguir distinguir formas de viventes por entre aquela neblina, uma cerca na volta envolve toda área grande do galpão, igual a um muro de pedras que defende um forte medieval. Claramente é possível ver nesse espaço uma grande fogueira, suas labaredas se esticam em busca de lambiscar a lua que paira grandiosa acima, as árvores altas espalhadas por dentre o cercado fazem o cenário mais atrativo e medonho.
        Meu Pai para o carro na frente da ultima porteira, um tramado de algumas ripas com arames farpados fazem o suficiente em manter o gado longe. Com os vidros fechados pelo vento frio que fazia no caminho, de sopetão do meu lado do carro, um barulho tão alto que nos faz se assustar de imediato. Um imenso de um cachorro joga suas patas contra o vidro, parecem mais duas patas de urso. O barulho do impacto se soma ao início de um latido frenético e raivoso, faz o barro e a bába do violentíssimo animal começa a escorrer pelo vidro afora do fordinho Verona . O animal não demonstra qualquer tipo de conciliação, percebemos que por volta do carro existe mais alguns indivíduos da matilha selvagem que nos circulam com latidos agudos à encorajar o violento e bruto cachorro que reivindica confronto com aqueles estranhos que ali chegaram no seu território.
        Momentos de tensão confirmo! se minha buxada preparada pra passar fax estivesse, certamente a mensagem seria lida junto com meu Pai dentro daquele fordinho Verona. Não abro a porta nem por reza braba ou mandinga do além. Quando de sulopaco o animal para de latir e sai do confronto com o carro, nisso meu Pai cabrero começa chuliar oque pode ter acontecido, como à uma ema balançando sua cabeça ele indica com a mão esquerda uma figura enevuada se aproximando. Em pouco tempo o animal que mais parecia uma besta usada em arenas começa se corcovia todo. Com o rabo agora balançando, se mete próximo as perna do homem que o apazigua com um carinho na cabeça que o gigante retribui de volta em lambidas animadas. Tudo isso de fronte ao nosso carro;

– Buenas tchê, vejo que a recepção foi calorosa nessa noite fria.    fala o homem ao lado da porta de meu Pai, que conforme foi falando ele junto baixava o vidro, agora seguro.
– Woo meu amigo Antonin, que bom ver tua cara homi AHAHAHAHA.. por momento pensei que a fera iria nos manter em cativeiro HAHAHA..

– Mais olha quem está aqui tchê.... WOohh meu amigo Gená! vão chegando, se aproxeguem vivente!

        Nos mantemos dentro do carro, agora estou mais aliviado assim como também expressa o semblante de meu Pai. Antonin abre a porteira e com o braço indica caminho livre pra diante. Meu Pai avista a direita do galpão um amontoado de outros carro e ali decide descansar. Em frente a um angico de alguma década faz a referencia pro pousil. Descemos do carro ainda um tanto alerta pela adrenalina que nos fez acelerar o bobo. O mesmo brutamonte agora vem em minha direção se querendo todo, parecia uma lagartixa se requebrando, quando passo o dorso da mão nele, de regusveio à morde de imediato sem pressionar com os dentes, de modo à aceita o carinho e tão logo à libera dizendo:”está aceito pequeno matungo”. Nesse movimento meu Pai é o próximo que ele encontra.
        Antonin junto com uma tropa de cachorro vem se aproximando do carro com os braços já aberto em nossa direção.
– Se não é o guri do Gená, EeEEEtTTÁÁÁaaa piá! Que satisfação!!    me da uma abraço com algumas PANCADAS nas costas, talvez pra garantir que o bobo mantivesse o ritmo
– Muito bom mesmo, é uma alegria receber tu aqui também guri.    fala com as mãos em meus ombros me olhando no rosto.

        Após isso os cachorros já estão tudo na volta e vêm me cheirar, muitos querem carinhos, logo tem um passando por entre minhas pernas e um estrevero de cachorro se forma bem ali. Antonin vê meu Pai e o abraça firmemente, com toda certeza consigo afirmar que é um abraço sincero. Meu Pai de imediato retribui o abraço com mesma força, dura um momento que parece horas. Com clara alegria no semblante dos dois que consigo sentir sem enxergar. Na escuridão que se fazia só como a lua de testemunha, sentia a amizade que já corria por muito pela forma carinhosa só da recepção.

– Meu amigo Gená, que alegria te receber nesse dia. Minha felicidade poder compartilhar contigo e seu guri. Venha, venha, vamos entrando.
        Com o braço confirmando, foi nos convidando a entrar no galpão que ardia em musica, conversa e risadas espalhadas, certamente entre amigos estaríamos. Caminho logo atrás deles, como segurança particular parecesse, Á fera, um cimarrom que ao meu lado sua cabeça facilmente estava na altura de minha cintura, ajudava na escolta. Outros cães que aceitaram os dois estranho no grupo correm em direção ao galpão nos passando a frente e que certamente em busca de algum osso ou pedaço maior que pudessem encontrar pela volta de lá.

        O galpão é uma estrutura xucra e pra lá de bagual, esse lugar tinha que ter sido preservado como patrimônio do xucrismo dos guri ali do fundão. Todo ele de madeira, seu telhado feito com telhas de barro cozido, mostram o tempo da estrutura pela onda que parece que vai se despencar a qualquer momento. A grande fogueira na esquerda nossa de quem vai, os estalos das taquaras meio molhadas que a gurisada toca dentro, quebra o silencio por vastidão, o eco seco e rápido corre feito o vento pelos ouvidos.         
        Agora já debaixo do mesmo teto, Antonin com sua simplicidade em nos recepcionar, com a mesma anuncia à chegada de meu Pai a todos que ele convidou pro banquete.
        Toda atenção se volta pro homem de poucas palavras e semblante volta e meia fechado, se abre e clareia quando mostra um grande sorriso pra turma. Meu Pai tira o chapéu e com um cumprimento pra lá de faceiro demonstra está receptivo e de boa vontade pra contodos. Escuto alguns sapucai e também comprimentos de    “Utha Galo Véio   -      EehhSeee é o velho Gená   – Óóliiáá se não é o Gená”.
        Um amigo se aproxima e com um dito bastante entusiasmado fala “Buenas nego preto, como tem andado guri?” me faz perceber o carinho das amizades preservadas pela vivencia de meu Pai ao longo do tempo em que mora na região.
        Fora do Galpão, meio ao tempo, uma costela janelão cravada em espeto estaca observa as chamas de um bonito fogo à lamberem de forma rápida e violenta. Um churrasqueiro aprecia a cena enquanto toma um mate amargo. Me rindo sozinho imagino a mesma cena de igual proporção a um cachorro que observa um frango no giro. A área interna do galpão é grande    mui grande, é frente aberta e com chão de terra por todo lugar que vejo, o tempo mostra que muita história já passou ali pela firmeza do piso calçado. Ao fundo estão as encilhas penduradas nos cavaletes, um bucado de pelogos jogados ao lado direito parece ser um pousil onde alguns gatos estão, na esquerda vejo a porta do banheiro e mais adiante uma escada que leva prum elevado que nada mais é um ripado de tábuas feito por cima da cabeça de onde a turma tá.
        Mais perdido que cachorro em dia de mudança me mantenho meio abichornado e retraido, logo seu Antonin vem ao meu encontro e com a mão direita pelas costas vai me levando junto ao encontro da turma que comprimente meu Pai. Quando o velho me vê, com um único puxão me coloca ao seu lado e diz com entusiasmo a apresentação do seu filho aos amigos. Muitos eu conhecia de vista da venda, outros não conhecia nem de perto. Cumprimentei um a um conforme o documento.
        Revelar todos que estavam no entrevero e as conversas que aconteceram, seria de muito comprido.. usaria de muito tempo e não mostraria o cerne do porque esse evento foi de alguma forma importante.
        A carne está sendo servida em abundancia em cima da mesa de centro. Uma mesa grande de madeira quase que talhada no machado, possível que já tenha visto algumas décadas de cumilança no galpão. Mais feliz que marreco em banhado fico na volta, só biguasioando os pedaços que a tira gosto cada um podia cortar, com muita farinha de mandioca a vontade que de maneira alguma pode faltar. Volta outro alguém se torna responsável pela bebida e me enche o copo com Fruki guaraná em garrafa de vidro! –fica a dica caro leitor, se um dia tiver a oportunidade, experimente esse sangari, na época, o melhor refrigerante-. Para os adultos cerveja gelada a vontade, uma cachaça já transformada em licor pelo longo tempo de maturação corria junto a muita risada e conversa descontraída.
        Comendo no meu canto, olho em direção a mesa agora um pouco mais afastado, vejo uma bonita mulher com um prato se servindo dos diversos tipos de carne expostos. Morena de cabelo e clara de péle, não muito alta e meio gordinha é verdade; rindo faceira conforme o churrasqueiro com a faca e garfo a ia mostrando um melhor pedaço que o outro. Observo também a cachorrada abocanhando os ossos jogados no chão, sem briga, cada um ganhava o seu que carregava pro canto roer, alguns gatos resabiados com todo movimento eram chamados por aqueles que claramente simpatizavam pelos bichamos, separando bons nacos de carne macios feito pão que eram jogados a vontade. Um ambiante realmente simples e com tanta informação que poderia descrever por horas.
        Dai numa dessas que vou me servi de novo.. -kkk comi feito um porco- um guri da minha idade, não mais, com uma boina na cabeça veio me chamar pra ir junto na fogueira.. a gurisada estava queimando de tudo e se eu queria participar do incêndio controlado. Mais bah…. Claro que sim respondi de imediato. Disse deixando o prato de lado e me afastando de dentro do galpão e indo em direção a enorme fugueira que berrava como a quem agradece toda lenha que estava recebendo.
        O galpão ficava num fundo de campo e inicio de invernada, onde o campo deixa de ser só pastagem e o gado tem acesso ao mato vezes fechado, se chama invernada porque os animais se abrigam do tempo forte de frio que também faz aqui no baixo RS. Por tamanho disponibilidade de lenha, os peões da fazenda não davam importância a queima descontrolada da gurisada e riam por estar molhafa. Quando chego ao redor levanto minha mão direita em forma de comprimento a todos que ali estão, comigo 5 guris.

– Vamos lá buscar mais lenha, agora com o neguinho vamos conseguir carregar mais.    disse um guri que eu não conhecia, estava com o grupo e pelo visto fazia parte agora.

        Me fui junto com a gurisada. Se afastando da fogueira o da boina chama os cachorros do jeito dele, não sei se os nomes que usava era mesmo dos bichos ou inventado na hora, pouco importa. Em pouco tempo os cães estão junto e entre ele o monstro da coxilha. Nos embretamos no mato escuro, enxergava só a claridade que a lua refletia, tatiando o chão com os pés em busca de encontra lenha pra alimentar a salamandra que queimava ferozmente. Algum tempo cachorros em latidos raivosos e com um tom muito aterrador saem em disparada pro coração do mato. Tempo passa e de longe escutamos o berro desesperado de muitos porcos, certamente algum farejou o cheiro de javali que tiveram azar de estar por ali naquela hora.
        A gurisada começa a gargalhar e debochar frenéticamente da má sorte dos javalis e com todos já carregados de lenha, retornamos em direção ao galpão. Com o fogo alimentado devidamente, o guri de boina me faz uma pergunta direta e certeira!
– O teu, tu já comeu quantas gurias? Hãam?
        E nisso a gurisada da volta começa a rir e se aproximar. Estamos em uma espécia de roda sem muito rodeio, todos com sorrisos no rosto e expressão de expectativa me flertam com um interesse em saber da resposta.. pela maneira que ele me pediu, meio que fico assim… digo a verdade ou não...

– Uma.    respondo meio baixo e olhando pra todos com certo receio...

        Inicia na hora enorme gargalha de todos da roda HAHHHAHAHAHAAHAHAHAHA… o neguinho é puro cabaço hahuaHAUhUHAU... ficam por algum tempo nessa.. eu meio sem graça sorrio junto como quem não gosta mais concorda com as piadas...

– Mais como assim neguinho, tu até hoje só comeu uma? Ûûéé… Como pode isso? Tu é puto por acaso?    pergunta o guri de boina de novo, que parece ser o líder da gurisada da fogueira.

– Não UÉ! bem capaz!Tu tá é loco!    Meio brabo respondo de imediato e logo tento custurar
– Só que outras até quiseram me dá.. EU que não quis cumer!! Tudo uns buchos.. e até uma muito feióza.. dai não dá né.. prefiro ficar sem dai!
– Ahhh.. TÁÁ.. HÃRÃM...vai cata coquinho no asfalto neguinho... não me trova fiado piá!
– To dizendo pra ti! se eu quisesse comia todo mundo! já consegui vários beijos das gurias do colégio.

        Nisso um dos guris olha pra mim e faz uma afirmação junto com oque eu estava falando.
– É que pode ser mesmo, o guri estuda no mesmo colégio que eu.. está na 06 não é?!
        Respondo confirmando positivo com a cabeça. O da boina olha buscando qualquer tipo de diferença nas conversa que escuta.. se volta pra mim agora com o braços cruzados, esta com uma cara fechada e me olha bastante sério.

– PIÁ.. larga mão de trôvá fiado! eu comu até tatu se levantar o rabo e tu está me dizendo que não come porque a guria é “feia”….. TU tá de arreganho, pura babosera! não venha igual maluco da enchente não, tu é cabaço e deu pro loco!

        Não tenho oque responder, o guri acertou que tava na mentira.. fico sem jeito e confirmo com a cabeça.. afirmo que só transei uma vez só. Nisso outro guri fala
– Tudo bem neguim, eu ainda sou cabaço.. tu esta no lucro.
         Outros não fazem nem um tipo de menosprezo pela mentira revelada. O guri de boina agora parece mais tranquilo, talvez porque a mentira foi revelada e ele quem mostrou.. consegue ter o ton de autoridade por vez.

– Mais me fala a verdade agora negão, tu não embarranca nem égua? Tu mora ali no Haras* certo? Certo que ali tem égua a rodo e tu manda vê..
– Como assim embarranca égua?    Pergunto atucanádo

        Enquanto falo isso vou olhando pros outros guris para saber a reação deles, será que isso é papo e ele quer me emrrabar de novo pra rir da minha cara.. penso na hora e fico ligeiro!
– Não piá.    continua o da boina
–Embarranca égua é igual fuder. Coloca no barranco e tacálhe ficha ahahahah….
        É verdade isso, afirma o guri mais gordo do grupo, um pardo meio baxote. Meu Pai compro a branquinha que já era de embarrancar.. eu só chamo ela na cerca que vem feliz da vida, mostrando os dentes e tudo, nem preciso colocar o arreio mais….ela até já sabe como fica parada. Só tem que cuidar porque o bicho se mija..
– É bem isso, a minha quando chamo ela as vezes já vem se mijando hahahaha, o bicho acostuma que por vezes fica relinchando e minha mãe me enche o saco que a égua não fica quieta hahahha..
– Mais é bom isso? É igual transar?    pergunto meio estranho… meio constrangido... aquilo era estranho e bastante interessante ao mesmo tempo.. nunca tinha pensado e parecia bem real do jeito que eles estavam falando.
– Mais claro piá, tu acha que estamos te tapiando? AHAHAHA.. vem com nós!

        Os guris começam a caminhar em direção ao galpão e vou junto, estou com o coração batendo pouco acelerado, parece com a sensação que já tive outrorá e dessa adrenalina estou começando a gostar. Ao passar pela frente do galpão, enxergamos os homens sentados comendo e bebendo, conversando alto, rindo, alguns em pé gesticulando alguma história que estava contando pra melhor descrever, que logo atrás fazia todos gargalharem com suas expressões.
        Nós passamos por onde antes o fogo de chão ardia com o costelão, agora já um bom brasero fechado, o calor é tamanho que ao passar cinto ele me envolvendo, alguns cachorros estão ali.. não vejo o fera. Por de trás do galpão está as báias coletivas, os animais estão dentro de um simples cercado. O guri acende uma lâmpada, de um pulo só, trepa no primeiro degrau da cerca e fica olhando aos cavalos que estão ali, como que estivesse escolhendo por critério. Manda trazer uma corda que está pendurado num pilar de madeira logo atrás. Passa por entre as ripas que compõe a cerca e coloca a corda sem dificuldades, puxando o animal em direção a saída pela porteira. Em um movimento deixa o animal de lado e prende a corda no moerão, o bicho fica imóvel.
– Vem cá piá, vou te mostrar tua curiosidade.

        Vou em direção a ele assim igual a todos, quando cada um em seu lugar está, o guri bem posicionado atrás da égua arruma com a mão esquerda à cola em busca de mostrar melhor a didática.
– Aqui está seu guri, olha pra essa maravilha.    mostrando a xoxota da égua com a mão
– Isso aqui é só alegria, não gasta, não cobra, não reclama, não te enche o saco e está disponível sempre que tu quiser hahahaah.

        Ele começa a colocar os dedos um por um e vai mexendo, em pouco tempo nesse movimento vai ganhando uma forma mais avermelhada com mais sangue sendo pulsado. Ele continua nesse movimento e vai aumentando o ritmo, nesse ponto já está com o mão toda. Todo mundo olha pra ele em silencio, como que aprendendo algo novo, uma aula prática. Olho com interesse de quem está aprendendo um mistério antigo, com todas possibilidades que esse novo aprendizados poderiam proporcionar. Um cheiro começa a ser exalado e tomar conta do ambiente.
– Esse cheiro é um indicativo…ela está quase.    diz o menino empolgado
        Todo mundo aumenta atenção e fixa mais ainda o olhar ao movimento sendo realizado pelo guri, quando em algum tempo depois remove sua mão que está toda melada e atrás um caldo meio amarelado sai junto, fica pingando e escorre pela anca da égua.

– Viu só, elas adoram isso, fica quietinha e ainda acaba gozando.    muito provável por ver nossas caras começa a rir ahHahAhaHhAahA
– Claro..isso é o gozo da égua..assim como nós gozamos a égua também goza e também a mulher….    continua mestrando a aula aos novatos.
– Eu fiz todas as gurias que eu comi gozarem desse mesmo jeito.    fala para todos com orgulho estufando o peito
– É mesmo?    pergunta o guri pendurado na cerca.
        Começa um falar mais que o outro dizendo que as mulheres também gozam dessa maneira.. tipo cachoeira...outro complementa a conversa dizendo que é verdade tudo que o anterior falou, alguém diz: eu faço isso direto na guria que como lá perto de casa. O guri que estuda no mesmo colégio que eu disse afirma saber como funciona..…. …. no final vira um entrevero de fala que não dá para entender nada. Eu fico meio calado e pensativo por alguns momentos e pergunto..

– A mulher funciona na mesma maneira…. tipo.... conforme for fazendo isso chega uma hora que ela vai gostar disso? Se fizer isso também com a mulher ela vai gostar?
– Por isso que é bom treinar na égua galo! Na hora tu vê se funciona ou não hehehehe..    afirma o da boina

        Os guris depois dessa conversa começaram a se bobiar na volta dela, um já saiu tapiando uma cadeira que estava pelo volta. Eu não quis, fiquei impressionado com tudo aquilo mais resolvi sair e deixar pra lá. Volto pro galpão e pra minha surpresa meu Pai não está reunido junto com a turna… demonstro estar procurando ele quando um homem me pergunta oque preciso me segurando o antebraço. Peço pelo meu Pai e se ele sabe onde estava, sim, respondeu com um sorriso, sobe aquela escada ali guri.
        Agradeci com a cabeça o homem que gentilmente agora serve o copo de um amigo com cerveja. Olho em volta e de relance pra cima.. de onde estou não consigo ver nada oque está acontecendo lá em cima, estou quase no limite das tabuas pela parte de baixo. Me movimento pra esquerda de onde estou em linha reta, dou de frente aos pés da escada que bastante inclinada subo usando as mão de ajuda, tomo cuidado ao subir.
        Já com a cabeça em cima vejo é um apanhado de colchões de todos tamanhos e tipos que forram uma boa parte do chão, com muitas almofadas de tamanhos e tipos diferentes, algumas coloridas. Consigo ver cobertas empilhadas no canto oposto a escada junto a um armário sem portas com roupas nos cabides e também dobradas. Na parte que bate com o fundo do galpão uma pequena mesa e algumas cadeiras, tem um cavalete ao lado e outro armário pequeno.
        Vejo de primeira imagem meu Pai arrumando sua camisa, está fechando o botão de cima e continua a desmarotar ela. Com um cigarro na boca conversa com uma mulher que está sentada na borda do que se faz um imenso colchão, totalmente nua que olha pra ele. Eu subo na escada e agora estou em pé na estrutura. Ele me vê e ignora, continua com a conversa dele, pega ela pelos dois braços que estavam cruzados sobre seus joelhos e a levanta tão leve quando uma pluma, ela chega a dar um pequeno salto, ele tira o cigarro da boca com a mão esquerda e com a mão direita agarra sua bunda com tamanha força que a mulher se inclina pra frente, nesse movimento ela beija ele. Fico olhando aquilo e começo a me excitar repentinamente, enquanto meu Pai está beijando essa loira da altura dele e com uma boa bunda, tenho que admiti... olho pro colchão e duas mulheres estão transando com outros três homens que não reconheço, fico parado assistindo aquela cena interessantíssima por algum tempo, vejo a gordinha receber um atrás e outro na frente.. e o mais surpreendente, o homem que está na frente dela esta tomando cerveja enquanto recebe um chupisco com boa intensidade. Outro casal mais próximo a borda, a mulher está sentada com movimentos rápidos no colo do homem.. parecia muito à Nádia comigo, só que não naquela velocidade.
        Um homem que acaba de subir a escada encosta em mim pedindo licença pra passar e melhor ficar de pé, meio que me esguio e ele passa me agradecendo. Ele também observa com um sorriso no rosto oque está acontecer, da um grito de vez com tamanha energia que faz a atenção se virar para ele:

– UtTtaAaáááhh Paulão veio! Esse bicho é xucro! TÁcÁlê PauUu!!    olha em minha direção rindo e pergunta

– Tu é o próximo da fila piá?

        Eu fico todo bobo com a pergunta repentina, estava eu ali como a um cavalo em cima de uma plataforma de petróleo, totalmente desorientado e perdido.
– Não não.. vim só falar com meu Pai.. vai fundo.. hehehe.    com uma risada bem desconsertada.

        Ao voltar a atenção pro meu Pai, ele já não está mais beijando a mulher, só conversando com ela frente a frente, da uma ultima tragada no cigarro que entrega o mesmo pra ela que o começa a fumar com prazer. Com um ultimo toque no ombro ela se despede dele que sai para esquerda, esquivando para não pisar com as botas no imenso colchão e vem na direção onde estou na escada. Meu Pai ao passar pelo homem que agora já quase totalmente nú larga um: –Méte ficha galo!
        O homem continua com o sorriso enquanto se pela. Meu Pai passa por ele se aproximando de mim, diz:
– Quer tentar aquela loirinha ali meu filho?    indica com a mão
– Guria fode que é uma égua e parece gosta de um negão, tu ia se dá bem com ela.    muda de expressão fácil e rápido… meio que de forma brava.
– RááÁhh se não fosse….. a tunda ia cume!    junto ao falar da uma risada alta

– Bah Pai..       eu..    eu..    deixa pra próxima..mais bah, não quero que tu fique cabrero comigo!
        Continuo sem esperar a resposta dele
– Se tu quiser eu vo e dai me viro no povoedo.
– Mais bem capaz piá, vai ter chinaredo de monte ainda, tu faz oque acha certo    fala tranqüilo
– Eu não deveria fazer também Pai?… Todo mundo está fazendo afinal.   
        Meu Pai ficou me olhando profundamente, parecia que estava vendo minha alma no fundo negro dos meus olhos.
– MAIS BEEM CAPAIZZZ, jamais faça algo só para agradar as outro guri! Mais nu momento em que isso passar pela tua cabeça, tapeia o chápeu na hora!
        Ficou calado depois doque disse.. parecia estar se lembrando de algo.. com olhar longe.. que durou bastante tempo….
– Se estiver entreverado com gente que tu acha que……se não fizer algo…...tu que é errado…..
– Essa gente não presta pra ti!!! junta tuas trouxinhas e zarpa do mato meu filho.
– Amigos não te cobram aquilo que sabem que tu não pode dar.…    de imediato muda expressão facial

– UÉ saiIi… não brigo com tua Mãe porque ela não da mais leite ué..      nisso deu uma grande gargalhada AHA HA HA AH

        Agora com outra postura e jeito, coloca a mão direita no meu ombro esquerdo, sua mão esquerda esta espalmada no meu peito, olhando pra mim ele fala:
– Bem capaz filho! perguntei por pergunta, já que está aqui em cima!
– Tem que é fude essas quengas tudo… mais aqui hoje é realmente diferente.
– Vamos levantar acampamento cumpadre?
        Enquanto finaliza sua fala rindo e me batendo no ombro, me adverte em descer as escadas sobre o perigo da descida. No descer se despede dos que em cima ficaram e sem esperar resposta também começa a descer. Quando em baixo anuncia nossa saída que é sentida por Antonin que vem ao seu encontro.
– Ihh aee meu velho, como foi? Conseguiu enseba o corinho?    fala com enorme graça sorrindo.
– Sempre bom meu amigo vir aqui churrasquear com a turma!
– Pois sei bem, fazia tempo que o Senhor não vinha mesmo, volte mais vezes meu amigo.
        Vai até a mesa onde ainda se encontra bastante carne, escolhe entre os pratos de vidro aquele que o melhor satisfaz. Com cuidado começa a cortar e separar os pedaços que a experiencia de vida dizem ser os melhores. Antonin faz uma piada e ele diz que vai fazer uma boquinha em casa, enquanto segura o prato cheio de partes selecionadas, finaliza por derramar um bucado de farinha de mandioca.
        Com um abraço de despedida em Antonin, sela o laço de amizade que meu Pai revela no caminho perdurar por mais de vinte anos de convívio. Na sede da fazenda, ainda na estrada, para o carro e buzina duas vezes depois de baixar o vidro. Logo a cuscada reponta na frente do carro e atrás do bando o capa preta vem se aproximando, meu Pai pede que eu entregue o prato pra ele. Quando o vigia se aproxima do carro, estende com o braço o prato junto a uma piada, que o capa preta retribui com aberto sorriso e um comprimento forte algumas vezes no ombro de meu Pai. Sem falar nada, sobe o vidro e nós vamos embora.


Então é isso, esse foi o terceiro capítulo da história, espero que tenha gostado. Críticas,sugestões e complementos são bem vindos, vou evoluindo no decorrer das próximas histórias.


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Comentários


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casalbisexpa Comentou em 16/07/2022

delicia demais




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Parte 03 – Observando & Conhecendo Bagual

Codigo do conto:
204538

Categoria:
Interrraciais

Data da Publicação:
15/07/2022

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