BOQUETE NO BANHEIRO PÚBLICO

Da janela do ônibus, a cidade é um borrão barulhento que corre contra mim. Nada está a meu favor, preciso dizer. Coloquei a pasta com o currículo dentro da mochila, pra não ser tão óbvio. Depois de meses, vejo que procurar emprego é um emprego em si. Está cada vez mais difícil ser pobre. Sou uma donzela numa masmorra, exceto que sou um veado e não tenho príncipe algum para me salvar.
Num dado momento, interrompendo minha crise, um homem na casa dos trinta entra da estação, ali na altura do Shopping Cidade, e seu olhar fisga o meu. O ônibus está lotado e a gente se lambe através das pessoas no corredor, tentando manter tudo o mais natural possível: eu olho, ele olha, ele vira a cabeça, eu abaixo a minha, aí, quando a ergo de novo em sua direção, nosso olhar se encontra mais uma vez. O ônibus para no semáforo. Eu me aproximo da porta. Desço no próximo ponto, no Mercado Municipal. Jogo a ele um convite de despedida. Ele abre espaço entre as pessoas e vem em minha direção até descer junto comigo. O ônibus parte. Nos examinamos na calçada. Estou nervoso, frio na barriga. Espero que ele diga alguma coisa, mas ele não diz nada. Ele atravessa a rua na direção do banheiro público. Minhas pernas bambas demoram para se mexer. De um lado a outro, só há correria, conversas e cheiro de cigarro. Pego o celular do bolso e vejo as horas.
O banheiro era sujo. Um murmúrio de água corria fraco, de alguma privada com vazamento. O ardor da urina parecia grudar na pele. Não havia ninguém que eu pudesse ver por ali. Ele entrara em algum privativo. Andei displicentemente até encontrá-lo de porta aberta, em pé e de costas para mim, como se realmente estivesse mijando. Ele inclinou-se para trás e quando me viu se virou para me mostrar o pau duro em uma das mãos. Eu entrei e fechei a porta.
Não era um dia ordinário, típico de rotina ou coisa assim, que fique claro. Mas quando você se encontra em certas ocasiões, você não se importa com o que possa acontecer, nada parece capaz de piorar uma vida já tão, tão caótica. E o desafio que a situação lhe impõe é aceito como a promessa de uma reviravolta emocionante.
Ele pôs o dedo indicador na frente da boca. Silêncio. Peguei seu pau sentindo as veias dançarem sob os dedos. Estava quente. Babava também. Olhei para seu rosto, flagrei um escárnio malandro e tentei beijá-lo. Mas como se adivinhasse minha intenção, pôs uma mão sobre o meu ombro e outra sobre minha cabeça, me forçando para baixo e rejeitando meu beijo. Um pouco desconfortável por conta da mochila, mas com cuidado para não estragar tudo, me ajoelhei e me apoiei em suas pernas. Cheirei seu pau e passei-o sobre meu rosto. Minha boca encheu d’água.
Comecei devagar. Lambi a cabeça. Depois toda sua extensão. Depois as bolas. Um pentelho grudou em minha língua. Coloquei todo o cacete dentro da boca. O cara respirou fundo e prendeu os dedos no meu cabelo. Abri bem o maxilar e a garganta para não engasgar e fazer qualquer barulho. Não se pode ser hesitante no boquete. O meu próprio pau estourava na calça. Não foi só ele que me deixou assim. Mas a situação inteira: pornográfica e fabulosa.
Rastejei meu olhar por seu corpo enquanto o chupava. Ele me encarou de boca aberta. Torceu os olhos. Puta merda. Me faltou ar. Dei um tempo. A pica escorria a baba minha. Antes de voltar a ela, ele me pegou pelos cabelos e queixo, querendo que eu abrisse os lábios inchados. Cuspiu um fio de saliva sobre minha língua.
Meu cu piscava. O flagrante iminente. O desvio sujo e vergonhoso de nossa moral. A impureza do ato, do lugar, de nós dois.
Afastou minha cabeça e começou a se masturbar. Quis gozar sobre meu rosto, me deixar melado, mas essa não era a escolha mais inteligente. Me levantei devagar. Releguei a mochila ao chão e me virei de costas para ele. Abaixei minha calça e minha cueca. Goze na porra da minha bunda, caralho!, foi o que eu quis dizer. Ele entendeu. Senti o pau encostando no meio das nádegas, batendo duro entre elas. Ele gozou com um suspiro abafado e o leite jorrou quente pela curva da minha carne. Passei a mão sobre a pele para espalhar o gozo, deslizei o dedo melado até a borda do meu cu. Espalhei sobre a pele. Ele abotoou a calça.
Era minha vez de gozar. Ainda de costas, peguei suas mãos e as levei para dentro da minha camiseta, até meus mamilos. Suas mãos grossas e sua respiração em minha nuca me arrepiaram inteiro. Bati uma punheta gostosa até atirar leite na porta. Havia um número de telefone escrito nela. “Sigilo”, a caligrafia tremida. Levantei a calça. Recolhi a mochila enquanto ele se equilibrava com as pernas abertas e a privada entre elas. Esperei minha respiração se acalmar e saí do privativo. Não olhei para os lados. Lavei minhas mãos na pia. Não havia papel para secá-las. Sequei nas barras da calça e saí do banheiro.
Fora, o sol pulou sobre os meus olhos. Esperei os carros e atravessei a rua. Não olhe para trás.
Levei um tempo a me lembrar de que fui até o centro para entregar currículo. Conferi no celular os endereços que marcara mais cedo e segui para o primeiro.
Quando cheguei, entreguei meu currículo à recepcionista. Ela me disse que a diretora de vendas estava naquele exato momento fazendo um teste com alguns candidatos. Que acabara de entrar na sala, então talvez desse para me encaixar. Ela pegou o telefone e ligou para alguém. Depois pediu para que eu entrasse na porta à esquerda, no final do corredor.
? E hoje é o último dia de teste ? ela me disse. ? Você está com sorte.
Você não sabe o quanto.

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Comentários


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renner1960 Comentou em 17/09/2024

Depois dessa gozado no rego espero que tenho conseguido o emprego.




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219516 - O CAMINHONEIRO GRANDÃO - Categoria: Gays - Votos: 15

Ficha do conto

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Nome do conto:
BOQUETE NO BANHEIRO PÚBLICO

Codigo do conto:
219732

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
17/09/2024

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7

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