Alguns minutos de pensamentos profundos se passaram, enquanto Marinalva tentava processar a complexidade das consequências que poderiam surgir dali pra frente. Na penumbra do quarto, Marcos estava quieto, e ela supôs que ele já tivesse adormecido. Sentia vergonha de encará-lo e por isso evitava virar o rosto, tentando reunir forças para sair dali. Virou-se lentamente para o outro lado, de costas para ele, tentando ganhar um último fôlego antes de se levantar.
Foi então que sentiu um leve sobressalto, ao perceber a mão de Marcos acariciando seu bumbum.
“Oxi, Marquinhu! Achei que tú já tinha dormido, fio.”, disse sem se virar, sua voz tentando soar firme.
Mas ele permaneceu em silêncio, respirando fundo, suas mãos explorando a curva de seu traseiro, ora sobre a camisola, ora se insinuando por debaixo do tecido. Mesmo cansada, com os desejos aparentemente adormecidos, Marinalva sentiu um arrepio agradável que o toque provocou em sua pele. Ela então segurou a mão dele, afastando-a suavemente.
“Vai dormir, fio. Eu já vou levantá pra sair, tá?”, murmurou, enquanto repousava a mão dele na cama. Em um gesto quase involuntário, esticou o braço para trás, fazendo um breve carinho na perna dele. Mas então, se surpreendeu de verdade.
Marcos, aproveitando a oportunidade, guiou a mão dela mais para baixo, levando-a diretamente ao que ele queria que ela sentisse. Estupefata, Marinalva agarrou aquele membro, ainda rijo e cheio de vida.
“Valei-me Deus, meninu?!?! Esse pau ainda tá duro?!?!”, exclamou incrédula ao constatar o fervor juvenil que ainda ardia naquele corpo.
Ela tentou se virar na direção dele, mas Marcos já tinha se aproximado, encoxando sua bunda, e seus lábios tocaram suavemente o cangote dela em uma série de beijos suaves. A falta de experiência era evidente, mas o desejo quase desesperado que vibrava em cada movimento compensava qualquer hesitação. O garoto estava vivendo ali, naquele exato instante, a mais ardente fantasia que alimentara durante incontáveis noites solitárias. A mulher que povoava suas fantasias mais proibidas, aquela para quem todas as suas punhetas eram dedicadas, estava agora na sua cama. E ele, ciente de que aquilo poderia não durar para sempre, queria aproveitar cada segundo.
Queria foder sua Nalva até não aguentar mais. Mas, para isso, ela precisava deixar.
“Posso fazer de novo, Nalva?”, quase como um menino pedindo um doce.
Marinalva sentiu o corpo de Marcos colado nas suas costas, a rigidez do membro dele pressionando sua carne, e mesmo cansada, seu corpo respondia ao fogo que voltava a consumi-la por dentro.
“Marquinhu... Eu tô cansada. A gente já fez duas vez...”, sussurrou, quase sem fôlego.
Mas Marcos não desistiu. Continuou a beijar seu cangote e o pescoço com mais intensidade, ainda desajeitado, mas apaixonadamente, fazendo-a arrepiar por inteira. Ele queria senti-la de novo, mais do que já desejou qualquer coisa na vida, e se fosse preciso, ia implorar a noite toda.
“Por favor... Só mais uma vez,” pediu, sua voz embargada, quase chorosa.
Ela sentia o absurdo da situação mas, ao mesmo tempo, a satisfação egocêntrica da adoração. Nem em seus momentos mais intensos, Antônio, seu marido e único homem com quem tinha feito sexo até aquela noite, demonstrara essa vontade viril. Nem mesmo nos primeiros anos de casamento. E ali estava ela, sendo desejada com tal avidez pelo seu menino. Um rapaz tão jovem e tão bonito. A sensação de ser objeto de uma luxúria tão feroz fazia com que ela fosse se deixando levar. Mas a fadiga continuava lutando bravamente.
“Ô, meu pai, fio! Num é possível que esse negócio ainda tá aceso assim...”, murmurou, a voz oscilando entre o ânimo e o desespero.
Ela percebeu que Marcos já se aventurava sem a sua permissão explícita. O pau dele, encaixado entre as coxas e a virilha dela, começou a deslizar com um vai e vem instintivo, segurando-a firmemente pelos quadris, como se a quisesse puxar para dentro de si. Os lábios dele não se desgrudavam do seu pescoço, espalhando beijos quentes que derretiam sua resistência. Ela soltava gemidos entrecortados, os dedos dos pés se encolhendo a cada carícia, enquanto sentia o arrepio percorrer cada centímetro do seu corpo.
Marcos apertava com voracidade as ancas de Marinalva, puxando-a para si com um fervor incontido, o pau deslizando cada vez mais rápido, enquanto se apertava entre as coxas dela. Mas, na urgência dos movimentos, a natureza encontrou seu caminho. A movimentação frenética deve ter empurrada a calcinha e ela sentiu o momento exato em que a cabeça pulsante do membro do jovem se insinuou em sua entrada, escorregando por entre seus receptivos lábios íntimos que estavam, mais uma vez, encharcados. A cada nova investida, o seu pau se aprofundava mais, encontrando o caminho para dentro daquela sua buceta faminta.
Não havia mais como protestar. Primeiro, porque o desejo ardia em sua própria carne, tão intenso quanto o dele, e cada célula sua clamava por ser preenchida de novo. Segundo, porque, ao ver o prazer bruto estampado em Marcos, ela sabia que, tendo sido a responsável por provocá-lo no começo daquilo, era seu dever, e seu desejo inconfesso, satisfazer todas as vontades do seu menino. Naquela posição, de lado, Marinalva não conseguia ditar mais o ritmo, o que, de certa forma, era um alívio, dado o cansaço que dominava seu corpo. Entretanto, aquela exaustão não diminuía o prazer abrasador que sentia ao ser tomada. Mesmo sem muita facilidade, ela arqueava a bunda para trás, tentando acompanhar os movimentos dele. As estocadas eram firmes e profundas. A cada bombada, Marinalva soltava um "Ai!" que se misturava ao som do impacto dos golpes, fazendo-a se perder entre o cansaço e o êxtase.
De repente, Marcos parou, deixando-a surpresa e sem entender o motivo. Com um movimento firme, ele se ajoelhou na cama, o membro rígido e alto, as veias latejantes, como se proclamasse a autos brados a intensidade do desejo que sentia por ela. Marinalva observou aquela ereção vibrante, ainda incrédula com a fome que o jovem demonstrava por ela.
Sempre teve um papel submisso no sexo com o marido. Foi assim por toda a vida. Mas quando entrou naquele quarto e começou aquilo tudo, a sensação de poder que tomou conta dela, ao dominar Marcos com sua experiência, foi o principal combustível pra continuar. Contudo, agora, ao sentir esse domínio escorregando de suas mãos e percebendo seu menino assumir o controle da transa, ela se orgulhou. Marinalva sempre conheceu, até mais do que Dona Celeste, a natureza tímida e retraída de Marcos. Mas hoje ela o fez ele mudar. Estava decidido, disposto a tomar o que desejava com firmeza. Ela havia despertado essa nova faceta em Marcos.
Se deixando de livre vontade , e total desejo, ser “usada”, ela entregou-se a posição. Sem cerimônia nenhuma, Marcos a fodeu com força, de uma só vez, arrancando um gemido alto de surpresa e prazer de seus lábios. O ritmo que ele impunha era feroz, quase animal, e cada estocada ela sentia seu corpo estremecer, os gemidos tornando-se reflexos involuntários daquela brutalidade deliciosa. E não se contentou em parar naquela posição.
Possuído por um ímpeto insaciável, ele praticamente carregava Marinalva de um lado a outro daquela cama rangente. Mudavam de lugar a cada minuto. De quatro, de pé, no canto, na beirada, de pernas totalmente abertas... Posições que Marinalva sabia que não surgiram apenas da imaginação de Marcos.
“Aiii... Esse meninu aprendeu essas coisa naquelas revista...”, pensava, enquanto era impiedosamente castigada, mas também plenamente saciada.
Não demorou para que o prazer novamente subisse como uma onda devastadora dentro dela, sacudindo cada fibra do seu corpo. Um prazer arrebatador, que vinha sem freios, sem contenção, e escapava de seus lábios em gemidos altos, profundos, agora sem nenhum tipo de pudor. Isso serviu como um combustível ainda mais afrodisíaco para Marcos, que acelerou ainda mais suas investidas. As estocadas brutais e vigorosas faziam o corpo de Marinalva ser chacoalhado. Mal conseguia pensar, sendo levada aos seus limites por aquele rapaz incansável. Cada impulso era uma nova descarga de prazer intenso. Quando o clímax finalmente passou, deixando-a flutuando no rescaldo do orgasmo, ela sentiu que o cansaço cobrou o seu preço. Os músculos tremiam e a cabeça girava. Sabia que, se não parasse agora, desmaiaria ali mesmo.
“Ai, fio... Pára!!! Pará um pouco, pelo amor de Deus! Eu num guento mais...”, implorou com a voz fraca e trêmula, quase desfalecida, como se cada palavra fosse arrancada entre os resquícios de prazer e o cansaço profundo que tomava conta de seu corpo.
Freado repentinamente de seu frenesi, Marcos voltou subitamente à sua personalidade. Ficou parado de joelhos, assustado, enquanto observava Marinalva desabar à sua frente. Ela se virou na cama, o corpo ainda ofegante, os olhos fixos no teto, tentando recuperar o controle da respiração. Seu peito subia e descia de forma rápida, enquanto ela fechava os olhos, revirando as pupilas, como se estivesse desmaiando. O pensamento tenebroso de que talvez tivesse ido longe demais o apavorou. Ele se abaixou com cuidado, aproximando-se do rosto dela. A respiração calorosa de Marinalva tocava suavemente seu rosto, misturando-se ao ar quente do ambiente.
“Eu te machuquei, Nalva?”, perguntou, com a voz baixa, mas carregada e cheia de preocupação.
Marinalva abriu os olhos devagar, e quando seus olhares se encontraram, ela brilhou. Como se aquela aura de Deusa, que Marcos enxergava nela, se reascendesse. Seu sorriso, tão terno, trouxe a calma que ele precisava. Ela então levou a mão aos cabelos loiros dele, suados e bagunçados, fazendo um carinho que o fez fechar os olhos por um breve instante.
“Não, fio. Machucou não... É que eu num sô mais novinha igual você... Num guento essas coisa assim”, disse com um cansaço ainda evidente, mas envolvido na doçura do momento.
Marcos a venerou ali, deitado sobre ela, absorvendo cada detalhe do seu rosto maduro e cansado. Não era uma musa de cinema, mas para ele, era a encarnação do desejo. Seus olhos percorriam cada ruga, cada marca profunda de idade, cada sinal de vivência. Tudo era um testemunho da beleza única que ele enxergava nela. No cansaço visível em seu olhar, via uma força imensa e uma ternura que o fazia sentir uma paixão profunda e genuína. Não era mais apenas sexual. Era agora uma história vívida, uma presença reconfortante que ele adorava e respeitava.
Sua cuidadora. Sua professora. Sua amante.
Marinalva por sua vez, se recuperava lentamente, e inebriada, continuava com seu carinho, passeando sua mão com delicadeza pelos cabelos e o rosto dele. Havia ternura ali, mas também um sentimento de que ia além, uma conexão silenciosa, profunda, que só quem se conhece na intimidade poderia compartilhar.
“Como é lindo, o meu meninu...”, pensava enquanto observava aqueles olhos azuis brilhando, aquele rosto jovial irresistivelmente apaixonante.
Marcos então a beijou novamente, agora sem a ansiedade inexperiente de antes. Um beijo suave, lento, impregnado de afeto e desejo. Ela sentiu o calor de seus lábios e respondeu com a mesma delicadeza, permitindo que a intimidade entre eles se aprofundasse ainda mais. O quarto, agora em completo silêncio, era preenchido apenas pelo som sutil dos lábios e línguas se entrelaçando com sensualidade.
Enquanto era envolta naquela volúpia carinhosa, Marinalva foi abrindo as pernas devagar, permitindo que Marcos se acomodasse entre elas. Seu membro deslizou naturalmente para dentro dela, suavemente, em contraste com sua rigidez latejante. A sensação daquele calor pulsante fez ela gemer num longo alento. Mesmo exausta e ate um pouco machucada ali, devido todo aquele esforço incomum, ela ainda delirava com a sensação daquela presença preenchendo-a por inteiro.
Marcos começou a mover os quadris de novo. Devagar no início, apreciando cada momento, como se o toque dos corpos fosse mais importante do que a pressa do prazer. Enquanto a penetrava, seus lábios procuravam os dela, e juntos, se beijavam em meio ao ato, num misto de ternura e desejo crescente. O ritmo foi acelerando, mas não havia pressa. Havia intensidade, sim, mas dessa vez envolta numa delicadeza que só aumentava o prazer.
Com sua língua se entrelaçando à dele em uma dança sensual e lenta, enquanto o sentia entrando e saindo suavemente de dentro dela, Marinalva abraçou-o com mais firmeza, envolvendo-o também com as pernas.
“Faz mais rapidinho, fio... Goza ni mim, de novo. Goza!” - sussurrou em seu ouvido, com uma voz pornograficamente sedutora.
Com o pedido irresistível de Marinalva, Marcos aumentou seu ritmo, sua boca ainda colada à dela, com suspiros e gemidos se misturando ao calor das línguas entrelaçadas. Seus corpos se moviam em perfeita sintonia, em um compasso que se tornava cada vez mais urgente e feroz. O ímpeto crescendo, cada estocada mais profunda e faminta.
“Aiii... Isso! Isso, fio! Goza! Goza na sua Nalva... Ahhhh!!!” — a voz dela, rouca e carregada de prazer, ecoava pelo quarto como uma melodia, inflamando ainda mais o desejo desenfreado de Marcos. O som dos gritos orgásticos dela era a faísca que ele precisava.
E então Marcos atingiu o seu derradeiro clímax, o terceiro e último da noite, entregando-se completamente ao prazer final, enquanto Marinalva permitia que tudo fosse derramado dentro dela, saciando seu desejo até a última gota de porra. Os últimos tremores do orgasmo percorreram seus corpos. Os gemidos altos transformaram-se em pequenos suspiros. Abraçados, eles sentiam a plenitude daquele momento, extasiados pelo que tinham compartilhado. A respiração de Marcos ainda estava entrecortada, e seu peito pressionava o de Marinalva em um ritmo pesado, mas começando a suavizar, acompanhando o retorno de suas energias, enquanto o calor de seus corpos se misturavam.
Ele lentamente foi saindo de cima, desencaixando seu membro de dentro dela com cuidado, como se temesse quebrar a magia que pairava no ar. O esperma escorria de sua vagina. Marcos se deitou ao lado dela, sem dizer uma palavra, ambos imersos em seus pensamentos, ainda processando o que havia acabado de acontecer. A respiração de Marinalva, aos poucos, voltava ao normal, mas seu coração ainda batia acelerado. Não só por todo o esforço, mas pela mistura de sentimentos que a invadia. Sentia-se feliz e realizada, mas o medo e o arrependimento também rondavam seus pensamentos.
Marcos parecia sentir algo parecido. Ele a olhou, sem ousar quebrar o silêncio, certamente talvez temendo falar sobre o turbilhão de emoções que o dominava. Sua mente estava cheia de alegria, mas também de insegurança. E agora? O que aquilo significaria? Nenhum dos dois fazia idéia. Ele então se aninhou ao lado de Marinalva. O toque dela em sua pele negra trouxe lembranças de memórias antigas. Marcos sempre se aconchegava em seu colo quando pequeno. Buscando segurança, conforto, carinho. Agora, porém, aquele abraço trazia novos significados. Volúpia. Desejo. Culpa. Mas tudo isso não apagava a sensação deliciosa do que eles tinham acabado de viver.
“Eu te amo, Nalva.” Disse com uma voz baixa, transbordante de uma emoção genuína.
O coração dela deu um salto.
Ele a amava? Claro que sim. Ela também o amava. Mas não demorou pra ela entender que ele não falava daquele amor de menino, a que ela se acostumou a corresponder. Agora era uma coisa mais maliciosa. Libertina. E perigosa. Esforçando-se para não demonstrar o susto que lhe dominou, ela respondeu com um sorriso suave, que tentava esconder o conflito em sua alma:
“Eu também ti amo, meu fio.”
E acariciando o rosto dele com ternura mais uma vez, ela o beija na testa.
“Vamo dormir agora, tá?”, disse baixinho. Ao prestar mais atenção, viu que ela já estava adormecendo. Seu rosto, sereno, parecia em paz, como se tudo aquilo não representasse preocupação nenhuma.
Mas Marinalva sabia que o sono não viria mais pra ela. Respirou fundo, sentindo o peso esmagador daquela reponsabilidade. Com esforço levantou-se, o corpo cansado e as dores nas partes íntimas tornando cada movimento mais lento. Tentou não despertar Marcos, que já dormia profundamente. Foi caminhando até a porta, sentindo o peso do que havia acabado de acontecer. Ao abrir, o ar fresco do corredor invadiu o ambiente, trazendo consigo a percepção clara do cheiro forte de sexo que impregnava o quarto. O odor denso e quente parecia carregar consigo a verdade crua daquele momento, desfazendo qualquer ilusão de que tudo não tivesse passado de um sonho. Cada detalhe da loucura vívida parecia impresso naquela fragrância depravada.
Com os pés descalços tocando o chão frio, Marinalva caminhou diretamente para o quarto de hóspedes, onde deveria ter passado a noite. Fechou a porta atrás de si, indo direto ao banheiro. Encostou-se à parede por um instante, como se aquele gesto pudesse afastar os pensamentos que a consumiam. A cada respiração, porém, era como se ainda sentisse o toque de Marcos, o gosto de seus lábios, o vigor impetuoso de seu pau dentro dela. Tirou a camisola e mergulhou debaixo do chuveiro, na esperança de que a água morna pudesse lavar mais do que seu corpo, mas também, de alguma forma, purificar toda a turbulência que agora a dominava.
Mas nada iria apagar as lembranças daquela noite.
Depois de vestir suas roupas e pegar a bolsa, desceu as escadas em silêncio. Lá fora, o céu em breve começaria a clarear com os primeiros raios de sol. Na cozinha, colocou o café para passar e arrumou a mesa com o cuidado de quem tenta manter as aparências, como se o simples ato de organizar tudo no lugar pudesse também consertar o caos em sua mente. Tudo aquilo parecia um ritual de fuga, uma tentativa de trazer de volta sua normalidade. Mas a verdade era inescapável: Não conseguiria esperar que os outros acordassem. Não teria forças para encarar ninguém naquela casa. Muito menos Dona Celeste... O peito apertava só de imaginar. Pegou então sua bolsa com as mãos trêmulas, respirou fundo e saiu sem olhar para trás.
Já dentro do ônibus, observava as ruas da cidade pela janela. Despertando em seu ritmo habitual naquela manhã de sábado, como em qualquer outro dia, alheia a todo o desastre que a consumia por dentro. Pensava em pedir as contas. Aceitar a sugestão do marido e se aposentar de vez. Talvez até voltarem para a sua terrinha natal no Ceará. Ideias diversas.
Mas a gratidão e sentimentos que tinha por Dona Celeste seguravam essas decisões. Não poderia simplesmente partir. Talvez devesse mesmo era voltar com a cara lavada no outro dia, como se nada houvesse acontecido.
Tudo parecia tão insensato, mas, de alguma forma, estranhamente aceitável. Não havia mais como voltar atrás. Ela só podia seguir para casa e torcer para que, em algum momento, surgisse uma solução, uma forma de enfrentar as consequências do que fizera.
De repente, ao olhar para a bolsa, notou o zíper aberto. Lá dentro, a camisola de Dona Celeste, que esqueceu de deixar na lavanderia. O coração acelerou de novo. Por impulso, pegou o tecido entre as mãos e, quase sem perceber, o levou ao rosto, inalando profundamente. O amaciante suave misturado ao cheiro lascivo da noite anterior a invadiu como um segredo proibido.
"Menopausa du Satanás!", pensou, segurando o riso nervoso, quase falando em voz alta.
Fechou a camisola de volta na bolsa, sentindo o rubor quente da vergonha que, assim como o desejo voraz que a consumia, parecia não ter pressa de ir embora.
FIM