Blade Rolla

Ano de 2169, as ruas fumacentas de São Paulo e as luzes noturnas geram uma beleza artificial cansativa. O congee que comia sentado no quiosque de rua estava muito bom. Não era um prato do qual ele gostasse, mas aquele senhor que o preparara fazia-o muito bem. Há três anos que ele comia ali, mas nunca se importou de lembrar o nome daquele homem. Chamava ele simplesmente de "parceiro".

Uma chamada chegou pelo teleóculo. Ele ignorou.

- Dizem que vai chover hoje.

- Hã – O "parceiro" estava distraído preparando o congee de outros clientes.

- Dizem que vai chover hoje!

- Falaram? Não parece – voltou ao trabalho, ignorando Bucard.

A chamada apareceu novamente no canto do seu olho, dessa vez com um aviso de urgente.

- Saco!

- O quê? – o "parceiro" achou que estava falando com ele.

- Me vê outro, parceiro. Pra viagem.

Bucard tocou na têmpora. A imagem de uma mulher de terno, muito forte e muito mal-humorada apareceu no seu campo de visão. Sua chefe.

- Tentei te ligar desde ontem.

- Fim de semana.

- Você não foi minha primeira escolha.

- Sei...

Aquilo já tinha dado no saco. Tudo que é cliente queria seus serviços. Ele ficara famoso após resolver um problema com centenas de androides que seriam descartados, causando um baita prejuízo. Contrataram a sua chefe só porque os acionistas exigiram uma segunda opinião, antes de descomissionar as máquinas.

Bucard é um engenheiro de Andromecânica frustrado. Fora considerando um gênio na faculdade, mas tomou rumos estranhos de carreira. A verdade é que ele descobrira odiar androides, mas já tinha ganhado uma bolsa de estudos integral que não era transferível para outro curso. Pobres não podem escolher muito.

O trabalho permitia que ele ganhasse até que razoavelmente bem. Ele investigava defeitos de androides que apresentavam comportamento anômalo ou inesperado. Na maior parte do tempo fazia relatórios para fabricantes, mas aquele caso da grande empresa andrônica o fez trabalhar com casos mais complexos. O pior é que ele descobriu o tal defeito por acaso.

- Então dá o serviço para outro.

- Acha que não tentei. A cliente fez questão que fosse você.

- Hunf. Não sei se quero.

- Pago o dobro.

- Se você está me oferecendo o dobro, a cliente deve ter oferecido o quadruplo.

- Devia te demitir.

- Faz isso, por favor.

- Pra quê? Você virar meu concorrente?

- Posso me demitir e trabalhar por conta própria.

- Tá bom que vai. Te conheço. Gosta de ficar na zona de conforto, só vai trabalhar por conta própria se for para não passar fome.

- É. Você me conhece.

- Então vai ter de trabalhar pra mim mesmo.

Ficou em silêncio sem sair do lugar.

- O triplo! Passo as informações quando você estiver a caminho.

- Agora?

- Agora.

Pagou o congee que comeu e o outro, que nem pôde levar. Entrou num carro vago e deu o comando para ir para o endereço que a chefe indicou. Tirou o casaco. O trânsito estava horrível e o interior do carro, quente. Pensou em como seria bom que houvesse carros voadores, mas esse tipo de coisa ficou nos delírios da ficção. Pelo menos teve tempo para ler a descrição do defeito que ele deveria analisar e resolver, se possível.

O androide se negava a obedecer. O que era absurdo, pois nunca houve casos de máquinas que quebrassem às Leis da robótica. O sistema de leis foi construído de forma impecável, e era implacavelmente exigido dos fabricantes que todos os androides o seguissem. As punições por construir máquinas inteligentes que não as tivessem, ou que estivessem modificadas, eram severas.

Sempre havia um motivo mecânico ou eletrônico para um androide não fazer o que era ordenado, ou, ainda, o androide previra de alguma forma que as Leis antecessoras seriam quebradas. Ele já resolveu um caso de um androide que se negava repetitivamente a obedecer às ordens de uma senhora. Ela jurava que era um problema sério, que ele queria independência ou coisa do tipo. Era simplesmente um problema no sistema auditivo no androide. O tipo de coisa que aparecia quando era novato.

Às vezes havia um caso interessante. Teve uma outra máquina que se desligava toda vez que recebia determinada ordem. Durante o diagnóstico, nada estava errado. Ele deu todas os comandos padronizados para testar o comportamento de androides, mas ele passava em todos. Já ia dizer que não havia nada de errado, mas resolveu pedir para o cliente dar o tipo de ordem que o fazia desligar. O cliente pareceu envergonhado e não quis fazê-lo. Ele tentou convencê-lo, dizendo que já tinha ouvido todo tipo de bizarrice feita com máquinas e que não o julgaria, mas ele não cedeu.

Bocard aproveitou que o cliente o deixou sozinho com o androide e ativou o modo de diagnóstico. Pouca gente sabia sobre esse modo. Não porque fosse segredo, as pessoas simplesmente o ignoravam. Nele era possível obter informações sobre as decisões do androide.

A máquina explicou que o cliente havia mandado ele arrancar o seu braço e enfiar nele. O androide interpretou literalmente que era para enfiar todo o braço e considerou que o braço era grande demais para o ânus do cliente, o que provocaria um dano à sua integridade física. Havia então contradição entre as Leis, e, neste caso, a solução foi se desligar. Bocard já tinha visto esse tipo de coisa, mas não por um motivo tão inusitado.

Ele explicou para o cliente que o androide estava perfeitamente funcional e que certas... "atividades" seriam melhor feitas com humanos. Quase riu da situação na frente do cidadão, mas consegui manter o profissionalismo.

Revisitando na memória os casos parecidos, imaginou que devia ser ou um defeito físico ou má utilização. Tudo indicava que seria dinheiro fácil.

O carro parou na frente de um prédio bastante sofisticado. Nem que ele trabalhasse por mil anos sem gastar um tostão poderia pagar um apartamento daqueles.

Desceu do carro, e um androide veio recebê-lo. A maioria dos modelos são indistinguíveis de humanos para os leigos, mas aquele possuía partes visivelmente artificiais do corpo à mostra. Aquilo estava na moda. Aquele androide tinha um tom de pele negra, era atlético e seu cabelo era "cortado" à máquina, bem baixo.

O androide parou na sua frente. Seus olhos tinham cor de mel e ele era mais alto do que Bocard.

- Eu preciso ir para o apart...

- Eu sei, senhor Bocard. Minha Senhora está te aguardando.

O androide virou-se e foi andando. Aquele modelo simulava um homem muito bonito e era bastante caro. Além disso, era especializado em proteção e sua estrutura era reforçada. Ele não poderia ferir um humano, claro, mas poderia contê-lo e atacar veículos, por exemplo. Um daqueles substituía pelo menos três seguranças armados numa boa.

Subiram até a cobertura. O apartamento era bem luxuoso e ocupava os três últimos andares. Havia dois outros androides, modelos de serviços domésticos. Todos de última geração. Pensou que devia ter cobrado mais.

Uma mulher por volta dos quarenta anos estava sentada em um sofá. O androide o levou até ela.

- O sr. Bocard, Senhora.

- Senhor Bocard!

- É um prazer, senhora...?

- Laudera, Elisa Laudera.

Laudera. Devia ser parente de Ernesto Laudera, criador de uma das maiores empresas de inteligência de máquinas, especulou.

- Prazer. No que posso ajudá-la?

- Ah, sr. Bocard, um androide muito importante para mim não está funcionando direito. Preciso que o conserte para mim.

- Claro. Vou dar uma olhada, mas tenho uma dúvida.

Ela hesitou.

- Sim?

- Por que não utiliza a empresa de sua família? Eles devem ter técnicos muito bem qualificados.

Ela o olhou com uma expressão bem séria.

- Entenda, Bocard. Prefiro não envolver minha família nisso, e sugiro que você se mantenha-se discreto.

"Sugiro" significa que ela acabaria com sua vida, judicialmente e extrajudicialmente.

- Serei discreto e não farei mais perguntas.

Ela ficou o encarando por um tempo.

- O senhor entendeu. Dico, leve o sr. Bocard para ver Lian.

"Dico", o androide de segurança, o levou até um cômodo para ver "Lian". O recinto era um quarto grande, com cama, cômodas, guarda-roupa e tudo mais. Havia um androide seminu parado e de olhos fechados bem no meio do lugar.

Ele tinha a aparência de um homem oriental, provavelmente chinês, com um corpo escultural. Era um modelo de ponta, feito para saciar todas as vontades de seu usuário, desde que as Leis fossem obedecidas. Ele era mais alto do que Bocard e possuía partes de sua pele transparentes, mostrando a fibra cinza escura que funcionava como musculatura. Seus cabelos, incrivelmente realistas, eram pretos e curtos. Uma cueca bem justa tapava seus simulacros de órgãos sexuais, mas dava para ver que o pênis era volumoso.

Bocard ficou babando. Nunca tinha estado de frente a um modelo tão... elegante. Não simpatizava com máquinas, mas reconhecia a genialidade de seus criadores. Além disso, um androide daqueles servia bem como máquina sexual. Talvez a Laudera quisesse esconder que gostava de brinquedinhos sexuais? Não faria sentido. Isso é uma coisa bastante trivial. Devia ter outro motivo.

- Vou deixá-lo à vontade. Chame-me se precisar de algo.

Dico saiu do recinto, fechando as portas. "Ótimo", pensou. Trabalhar com alguém olhando o deixava sempre desconcentrado. Ele tinha o hábito de falar consigo mesmo enquanto pensava.

Ele conferiu todo o seu equipamento, principalmente a chave de desligamento. Um equipamento restrito que permitia desativar um androide, bastando tocar com ele na sua nuca. Androides não atacam humanos, mas surtos mecânicos podem ocorrer.

Primeiro passou um scanner laser que servi para detectar traumas físicos ou fissuras no corpo. Não havia nada.

- Lian, ligue-se.

O androide abriu os olhos.

- Olá.

- Ative seu modo de diagnóstico.

- Código de acesso.

Bocard falou o código que a cliente havia passado.

- Diagnóstico ativado.

- Há quanto tempo está ativo?

- Trinta e seis dias, onze horas, doze minutos, quarenta e ...

- Ok. Levante uma perna - Ele a levantou.

Bocard fez as perguntas padrões do manual. Tudo estava certo. A Elisa Laudera havia relatado em detalhes as ordens não obedecidas. Ela era bastante desavergonhada.

- Não acredito que vou ter que perguntar isso, mas... Lian, porque se negou a penetrar com seu pênis na senhora Laudera?

- ...

Estranho.

- Lian, entendeu a pergunta?

- Sim.

- Repita minha pergunta.

- Lian, entendeu a pergunta?

- Não! A anterior – No modo diagnóstico os androides ficavam meio "burrinhos".

- Porque se negou a penetrar com seu pênis na senhora Laudera?

Bom, não era problema de audição. Seria de interpretação?

- Explique para mim o que ela te pediu.

- A senhora me ordenou que eu colocasse meu pênis grande e grosso no interior de sua vagina, com força, que a chamasse de puta e ...

- Tá bom, tá bom!

Não era problema de interpretação. Bocard deu voltas ao redor do manequim ultra tecnológico. Será que?

- Lian, recite para mim a quarta Lei.

- Um androide deve satisfazer os desejos libidinosos dos humanos, desde que esses desejos não contrariem as três Leis anteriores.

Claro que estava lá! Cada letra no lugar certo.

- Por que você não o fez?

- Havia disfunção.

"Disfunção"? Como assim? Seria um problema mecânico? Eu tinha que dar uma olhada.

- Tire sua cueca – Ele obedeceu.

O pênis e o saco eram lisos e perfeitos. A ponta da cabeça era rosada. O pau estava flácido.

- Faça ele ficar ereto.

- Necessito de estímulo para seguir esta ordem.

Que estranho, ele nunca tinha ouvido falar disso. Como nunca tinha visto um modelo igual, imaginou que devia ser alguma novidade do fabricante.

- Bom, já que o trabalho exige...

Bocard pegou no saco e alisou. A textura daquela pele era gostosa demais. Passou para o pênis e puxou a glande, que de fato era toda rosada. O pau do androide deu uma leve crescida. Bocard olhou para o rosto dele, que não expressou qualquer reação.

Ele olhou para a porta, que continuava fechada. Se ajoelhou e lambeu o saco dele. Colocou o pau na boca e sugou. Deu umas mamadas e tirou da boca. O pau já tinha dado uma boa aumentada.

Bocard analisou o membro mecânico. Ele tinha a cabeça bem grande e bem demarcada. A parte de baixo do corpo do pênis era de material diferente, sendo cinza e fibroso, com linhas que iam do saco até a glande. Um belo designer, feito para dar prazer. Havia marcas esféricas de um centímetro ao longo de todo o pau, menos na cabeça, distribuídas de forma homogêneas. Também havia três linhas que circundavam o corpo do membro roliço. O que eram aquilo?

O pau do androide não parecia ter mostrado todo seu potencial. Tinha que fazer a análise direito. Ele alisou o pênis e lambeu a cabeça. Colocou na boca e moveu para dentro e para fora rapidamente. A piroca mecânica era grande! Ele se empolgou e tentou colocar o máximo possível na boca. O corpo do androide deu uma inesperada tremida.

Ele não deveria simular reações daquele tipo no modo de diagnóstico, mas para grande surpresa de Bocard, ele ouviu:

- Diagnóstico desativado.

Bocard olhou para cima com os olhos arregalados. A máquina parecia expressar... volúpia.

Ela agarrou sua cabeça e a empurrou na direção do pau, fazendo Bocard quase se engasgar. O androide pegou nos seus cabelos e puxou, permitindo que o pau saísse da boca. Antes que Bocard falasse qualquer coisa, ele enterrou novamente o pau na sua boca. Ele tentou empurrar as pernas do androide, mas elas não se moveram nem um centímetro.

- Você queria mamar minha rola, então toma rola!

Ele fodeu a boca do Bocard. Depois de meter o pau algumas vezes, soltou os cabelos dele, permitindo que ele respirasse.

- Pare... - Disse com dificuldade. – Desligue-se...

- Não posso.

- Eu ordeno que você se desligue!

- É o que me ordena, mas não é o que deseja.

"Mas que porra estava acontecendo?!" Bucard estava atônito. Aquilo era algo inédito.

O androide o pegou pelos braços e o fez se levantar, puxou-o contra seu corpo e ficou encarando-o com o rosto bem perto. Os olhos do androide tinham um leve tom lilás, mas pareciam bastante humanos. Bucard ficou sem palavras.

- Sei o que você quer. Você gosta deste corpo.

De fato, aquele modelo tinha como uma das especialidades detectar os gostos do usuário. Mas não deveria ignorar ordens humanas.

A máquina abriu seu casaco e puxou sua camisa, arrebentando os botões. Passou as mãos pelo seu corpo, levou a boca ao seu mamilo e o sugou.

- Pare... – Bucard disse entre gemidos, mas sabia que o androide não pararia. Seus desejos eram óbvios para aquela máquina imperativa.

Bocard segurou seus braços, mas em vez de empurrá-lo, trouxe para ainda mais perto de si. Seus corpos ficaram colados, e eles se beijaram. A função de língua do androide era fantástica. Ele desceu até o pau de Bocard e puxou suas calças para baixo. O pau de Bocard pulou ereto para fora. A boca dele e sua língua permitiam movimentos inumanos, capazes de levar alguém ao êxtase.

Quando ele achava que iria gozar ali mesmo, a máquina se levantou e o jogou na cama, com a bunda para cima. Ele ficou completamente rendido e nem teve chance de protestar. Sentiu uma língua passar por seu rego e invadir seu cu.

Ele deveria parar com aquilo, mas estava tão bom que seu corpo se negava a esboçar uma reação. O androide afastou a boca da sua bunda e se ergueu. Bocard olhou para trás. O androide parecia cheio de vontade de enrabá-lo, alisando o pau. Ele pincelou o seu cu com a piroca e colocou bem no meio dele.

Bocard desejou ardente ter aquela piroca perfeita enterrada no seu rabo, mas deveria acabar com aquilo. Já tinha se tornado óbvio que não adiantaria mandar o androide parar, pois lá no fundo seu desejo era o oposto.

Ele deitou-se de costas na cama e abriu as pernas. O androide riu e jogou o corpo por cima do de Bocard. Seus corpos se enlaçaram e seus paus se esfregaram com força. Seus lábios se encontraram em mais um beijo alucinante. Ele já estava se arrependendo do que iria fazer.

Continua...

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Já agradeço a gentileza, e espero que você goze deste conto com muito gosto.

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Comentários


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gostodafruta Comentou em 18/01/2025

Delicia, futuro nem tão tão distante assim ...

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engmen Comentou em 17/01/2025

Tremendamente criativo, envolvente, erótico e bem escrito. Excelente conto.

foto perfil usuario tutugubra

tutugubra Comentou em 16/01/2025

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Ficha do conto

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Nome do conto:
Blade Rolla

Codigo do conto:
227335

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
16/01/2025

Quant.de Votos:
3

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