Sexagésimo quinto aniversário. Tenho ainda nove anos e vinte e nove dias de vida, segundo o IBGE. Inferno. Sem comemorações. Simplesmente não tinha com quem comemorar. Divorciado há vinte anos e filhos distantes. Infelizmente não só fisicamente, o mais novo nem me convidou para o casamento. E nem fui um pai tão mau. Altos e baixos como todos. O meu, alcoólatra, violento e pobre, foi muito pior. Mesmo assim amei-o incondicionalmente e carreguei seu caixão na hora derradeira. Existe fórmula para a gratidão? No banheiro, não reconheço a imagem que o espelho da pia teima em refletir. Meu rosto é um mapa de sulcos ligando-se uns aos outros. Piora quando faço careta. Meus olhos azuis, tão elogiados na juventude, estão ficando acinzentados e opacos. Os cabelos ainda resistem, mas, assim como eu, já não são mais os mesmos. Grisalhos e finos arrepiam-se com facilidade. Minha pele também esta cada vez mais branca e fina. Em algumas partes do corpo parece cera de vela. O sol tornou-se um inimigo mortal. Causa queimaduras, desidratação, manchas, sardas, rugas, verrugas e câncer, segundo meu médico. Sou praticamente um vampiro, sem o glamour da juventude eterna. Se na infância a escola se ocupa de nossa formação, na velhice a medicina se ocupa de nossa degeneração. Você aguarda o resultado dos exames médicos com a mesma ansiedade que aguardava o boletim final da segunda série. E geralmente é reprovado sem direito a recuperação. Meu primeiro dejejum é um coquetel de pílulas das mais diferentes formas, cores e efeitos colaterais. Acreditar que você se torna mais sábio ou experiente enquanto envelhece é outra falácia. Claro, você inevitavelmente terá mais lastro, mas continuará sendo a mesma pessoa por dentro. Você se tornou médico? Professor? Contador? Advogado? Engenheiro? Astronauta? Presidente? Papa? Conhecimento técnico e admiração social nunca foram sinônimos de bom senso ou dignidade. Aprende isso rápido. Alguém acredita que Madre Tereza de Calcutá teve alguma epifania enquanto sofria de diarreia em algum buraco fétido de Bangladesh? Ou que Steve Jobs, entubado e perfurado por cateteres num quarto de hospital, conseguia pensar em Ipads e Iphones, enquanto assistia sua bolsa de colostomia encher-se? Uma candidata a Santa e um santo tecnológico. Não são diferentes de nós. O que nos faz humanos? Atrás dos títulos e da imagem social que criou para si, o menino, o jovem e, finalmente, o homem, coexistem no mesmo corpo agora decrépito. Uma coisa, porém, continua a mesma: o sexo. O desejo ainda lhe consome, os comichões carnais, as ereções, os sonhos eróticos e poluções noturnas. A necessidade de friccionar seu pau num buraco húmido, morno e macio até o nirvana, lhe atormenta. Assuma isso e ganhe a alcunha de velho tarado. Converse com o seu analista e ele dirá que o sexo é superestimado. Hipócrita. O mundo atingiu a marca de sete bilhões de seres humanos. Planejados ou não, todos, sem exceção, nasceram de uma foda. Antes que me lembrem dos bebês de proveta ou de Jesus Cristo, já aviso que os primeiros precisaram no mínimo da ajuda de uma punheta. Quanto ao segundo, deixo claro que sou ateu. Alguns gostam de acreditar que foram concebidos em um ato de amor, entre “Mamãe e Papai”. Filhos, se os humanos sentissem amor enquanto se esfregam e ofegam como animais, estaríamos extintos há tempos. Penso nisso tudo enquanto dirijo para o trabalho. Como é meu aniversário, vou terminar o dia contratando os serviços de uma profissional. Eu mereço. Trabalho no quartel-general de uma grande seguradora. Sou um maldito estatístico. Chefio todo um departamento. Seguros pessoais. Em uma rápida explanação, basicamente determino quanto uma pessoa vale em vida, para determinar quanto sua apólice vale em caso de morte. Já adianto que todo mundo vale mais vivo do que morto. Não pela vida ser essencial ou inestimável, mas porque só vivo você pode pagar as parcelas mensais da apólice. Minha função é determinar e encontrar o ponto de equilíbrio ideal. As parcelas devem ser brandas o suficiente para que o consumidor possa pagá-las durante os trinta anos de seu ciclo produtivo. E estupidamente caras para que desista da apólice quando estiver próximo de resgatá-la no fim da vida. Todos saem ganhando. Quando digo todos, me refiro aos sócios e acionistas da Cia. Meu departamento ocupa todo um andar do prédio. Minha sala de 60 m² fica nos fundos, com todas as comodidades usuais de um gerente, como banheiro privativo, frigobar e persianas automáticas. O restante do andar é dividido em quarenta cubículos onde se aglomeram os demais funcionários e estagiários. Enquanto percorria os corredores de cubículos, ouço uma das estagiárias lamentar suas dificuldades econômicas com a amiga. Já conhecia a figura, uma bela jovem, ruiva, com o físico parecido com a da bela Bridget Bardot em seus tempos áureos. Até a boca carnuda com os dentes proeminentes lembravam a musa de minha juventude. Também corria nas conversas de mictório que não era uma das mais difíceis do escritório. Já havia frequentado a cama de dois chefes de seção. Volto até a minha sala e chamo a estagiária. Rapidamente ela vem. Tão logo entra, através do painel em minha mesa, tranco a porta e abaixo as persianas. O departamento de RH recomenda que reuniões com colaboradoras do sexo feminino, sejam realizadas de portas abertas e com a presença de mais uma pessoa. Evita possíveis processos de assédio, dizia o relatório. Acontece que eu precisava de privacidade. Peço que ela sente-se. É uma jovem realmente muito atraente, possuí a beleza ignorante da juventude. Os cabelos, naturalmente ruivos, estavam presos por um palito. O rosto, muito delicado e sardento, emoldurava um par de lábios carnudos. O corpo era magro e longilíneo, mas carregava um volumoso par de seios. Pela qualidade do tailleur, sapatos e perfume que usava, não era uma garota de posses. Simplesmente perfeita. Tinha o que me interessava e as fragilidades necessárias para ceder a minha proposta. Fico em silêncio por um minuto para deixa-la nervosa e começo dizendo que é meu aniversário. Sem graça, ela me felicita. Continuo dizendo que, sem querer, soube de seus problemas financeiros. Pergunto do que trata. Sem graça responde: aluguel e mensalidade da faculdade. E pensar que paguei os estudos dos meus dois filhos e nem sequer fui convidado para a formatura. Seco e direto, pergunto quanto ela queria em troca de seus favores sexuais. Ela parece não entender a conteúdo da conversa e refaço a proposta. Me chama de porco nojento, faz menção de sair da sala, mas eu a convenço a se acalmar. Pergunto quanto ela ganha por mês. Manda eu tomar no cú, e ameaça levantar. Faço a pergunta novamente gritando. Não preciso me preocupar, a sala tem excelente isolamento acústico para reuniões sigilosas. Assustada responde. Com dois clics no mouse eu podia descobrir a resposta, mas precisava que ela respondesse. Hierarquia é uma benção, amplifica como nenhum outro instrumento a subordinação. Digito alguns números no computador, imprimo uma página, e entrego a ela. Explico que aquela é uma projeção de gastos, baseados em números médios. O número final é o rombo financeiro que ela terá para cobrir até o final do ano. Explico que mesmo que ela fosse promovida, ou trocasse de emprego, não conseguiria arcar com as despesas. Estava no primeiro ano de faculdade, 19 anos e não tinha experiência com nada. Pouco a oferecer, portanto, poucas oportunidades disponíveis. Ofereço o valor da planilha em dinheiro. Para completar, falo que sabia que tinha entrado na vara de dois sub-chefes, casados, seduzida por promessas de promoções. Recomendo que deixe de ser burra e ingênua, e aceite minha proposta. Já havia terminado. Mando-o sair da minha sala, que considere, e retorne no fim do expediente, as 18:00h. Durante o restante do dia, eu a espreito de longe, com os olhos. Passa a maior parte do tempo olhando para o nada, tentada pela minha proposta. A linguagem corporal entrega sua impaciência. Enquanto sentada, balança freneticamente a perna por debaixo da mesa. Em pé, bebe muito café, e substitui o movimento da perna pela mão, batendo desta vez a esferográfica entre os dedos, na coxa da perna. Vez ou outra nossos olhares se cruzam. Inclino levemente a cabeça e dou um leve sorriso. Sei exatamente o momento em que tomou sua decisão. O relógio marca 17:00h. Pego um comprimido de Viagra e engulo. Virilidade sintética. Meu cardiologista recriminaria. As 17:50 o escritório se agita. Todos tem pressa em ir embora. Dez minutos depois ela entra em minha sala. Sorrio. Aperto um botão, a porta se tranca e as persianas abaixam. Levanto e peço seu celular. Sem entender ela entrega. Desligo o aparelho. Sem cerimônia, e sabendo que ela estava lá por um único motivo, peço que tire a roupa. Sem jeito e pouco a vontade, vai aos poucos removendo as peças até ficar só de calcinha e sutiã. Mando que continue. Tira primeiro a calcinha e em seguida o sutiã. Sem o suporte, seus seios se esparramam entregando todo seu volume. São maravilhosos e fartos. Os mamilos são fortemente rosados e delicados, quase virginais. O esquerdo é perfurado por um piercing prateado. O restante do corpo é magro e firme. A bunda, embora volumosa, é rebitada de forma que não esconde o cú e os lábios da boceta. Esta é bem coberta por pelos pubianos. Na paleta esquerda carrega uma tatuagem de um pequeno trevo esverdeado. É meu dia de sorte penso. Me aproximo e beijo seus esplendorosos lábios. Seu beijo é rude e relutante. O brilho rosado que usa tem sabor de morango. Procuro sua língua. Tem gosto de nicotina, café e bala de menta. Adoro os sabores dos pequenos vícios. Com as mãos, percorro seu corpo todo. Sua pele é quente, macia e lisa. Chupo seu pescoço. É levemente adocicado e salgado. Gosto do sexo no fim do expediente, quando os odores do corpo começam a ressurgir, nos tornando humanos novamente. Curioso, caio de boca no mamilo com o piercing, enquanto bolino o outro peito. Brinco com o pedaço de metal entre os dentes, retorcendo e puxando o mamilo. A estagiária começa a soltar seus primeiros gemidos. Meu pinto lateja na cueca. Deixo-a de lado, pego uma garrafa de whisky na minha dispensa, sirvo-me uma dose. Não ofereço. Não quero facilitar seu trabalho com o relaxamento que a embriagues fornece. Sento em minha cadeira, baixo as calças, mando que se ajoelhe e chupe meu pau. Obedece fazendo um talentoso, ainda que burocrático boquete. A relutância lhe rouba o entusiasmo que as boas putas oferecem. Descontaria isso depois. Enferrujado, gozo antes de terminar a dose. A estagiária, de joelhos, segura a porra na boca fazendo uma concha com a mão abaixo do queixo. Um fio de saliva e esperma lhe corre pelos cantos da boca. Mando que engula. Relutante, obedece. O sildenafil ainda age no meu corpo, continuo com uma ereção cavalar mesmo depois de gozar. Peço que a menina sente encima da minha mesa e abra as pernas. Debruço e me ponho a chupar sua boceta. Não que esteja preocupado de alguma forma com seu prazer, simplesmente aprecio o sabor do órgão feminino. Sua boceta de inicio é salgada e alcalina, com um leve gosto de urina. Uma legítima boceta depois de um longo dia de trabalho. Amarra a língua. Com pouco estímulo a lubrificação desce, viscosa e quente. Me lambuzo o máximo que posso com seu maravilhoso fluído. Diante do meu empenho a estagiária inevitavelmente goza. Enquanto ofega na mesa, abro a gaveta e visto meu pau com uma camisinha. Pego a vagabundazinha pela cintura, viro-a de costas debruçada sobre a mesa e enterro meu pau em sua boceta. Sinto-me trinta anos mais jovem. Fodo-a segurando em seus peitos. Quase não cabem em minhas mãos. Se os largo, balançam frenéticos com as estocadas. Ainda relutante, a estagiária procura engolir os gemidos. Começo a puxar seus cabelos e dar-lhe fortes tapas na bunda, enquanto a chamo de vagabunda. Não é para ofender, só acredito que bom sexo exige um pouco de baixaria linguística. Aumento a frequência das estocadas. A safada não segura mais os gemidos, até que goza novamente e desfalece sobre a mesa. Paro e troco a camisinha. Digo que vou foder seu cú rosado. Ela protesta e diz que não. Lembro que estou pagando. Caro, friso. Diante da sua insistência em recusar, pego-a pelos cabelos e seguro sua cabeça contra a mesa. Forço meu pau pela entrada do seu cú. Ela resiste. Preciso de quatro tentativas até que a cabeça do pau entre. Ela grita de dor e me xinga. Enfio sem dó até o saco. Ela geme alto. Tensa, seu rabo fica apertado, fazendo uma pressão deliciosa no meu pau. Fico cego de tesão e começo a estocar forte. Ela grita e geme. A falta de consentimento, a resistência que aquele cuzinho apertado oferecia, e o excesso de tesão me fazem gozar. Uma carga de eletricidade me atravessa e faz todo o meu corpo relaxar. Sinto-me vivo. Ela pede pelo-amor-deus que eu tire meu pau. Obedeço. A camisinha está coberta de lubrificação e um pouco de merda. Amadora. Ela pede desculpas, vira a bolsa encima da mesa, pega lenços umedecidos, remove a camisa e me limpa. Envergonhada, procura cobrir o corpo com as peças de roupas que consegue erguer do chão. Não entendo isso. Depois de foder por dinheiro, engolir minha porra e literalmente cagar no meu pau, é tomada por um pudor inexplicável? Pede seu dinheiro. Pego um envelope e entrego. Digo que lá dentro tem metade do valor combinado. Eu a alertei que deveria deixar de ser burra e ingênua. Deveria ter pedido o dinheiro antes. Regra número um da profissão, lembro. Se quiser o resto, completo, deverá ralar mais outro dia. Claramente transtornada, pede para usar o banheiro. Peço que não feche a porta. Enquanto está no banheiro, provavelmente terminando o que havia começado, cagar, olho para suas coisa jogadas encima da minha mesa. Noto sua carteira. Curioso, começo a inspecionar seu conteúdo. Alguns cartões e pouco dinheiro. Olho sua identidade. A vadiazinha tem o mesmo sobrenome alemão incomum que o meu. Muita coincidência. Viro o verso do documento e tomo um susto. Seu pai tem o mesmo nome do meu filho, assim como a mãe tem o mesmo nome de minha nora. Faço cálculos rápidos de cabeça e cruzo datas. Tenho 98% de certeza que acabei de aliciar, prostituir, foder e sodomizar a neta que não conhecia. Não sinto um pingo de arrependimento. Me tornei personagem de uma maldita tragédia Grega.
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(continuando) Destaco alguns trechos: "chamo de vagabunda. Não é para ofender, só acredito que bom sexo exige um pouco de baixaria linguística". Concordo com voce. O aprendizado que voce deu a ela sobre exigir metade do pagamento antes e não confiar nos homens já valeu pela outra metade que voce não deu logo. Espero que ela tenha aprendido cedo a lição. Fica a dita para nós outras incautas...
Olha!... nem sei por onde começar. Seu conto induz a muitos comentários. É uma mistura do que abomino e do que adoro. O que importa é que, na média, é excelente. Muito bem escrito, um final surpreendente que induz a muitas deduções: trata-se de uma ficção de cunho vingativo do autor em relação ao filho ingrato e ao mesmo tempo uma forma de dizer que o explorador "fode a si mesmo".(continuarei)
Caraca!!!!Me prendeu do início ao fim...e no fim....uauuuu q surpresa!!!Vc escreve muito bem!!!Meu querido maravilha....votei e votaria muitas vezes se possível...mil bjs