Fisgada na rede (Parte IV)

Acordei assustada e com fome. Olhei o despertador. Meio dia. Porra ainda não me chamaram. Sai correndo do quarto e a casa estava vazia.
- ALOU!!!
Só apareceu Cida, a empregada. Cida era uma “nativa” que cuidava de tudo quando estávamos na praia.
- Oi dona Luciana, seus pais já foram, deixaram um bilhete para a senhora.
Lembrei do “senhora está no céu”. Ainda irritada por ter sido esquecida peguei o bilhete e sentei na frente da tv.
- Tem alguma coisa para comer?
- Agora só tem sanduíche, a senhora quer?
Porra, me esquecem ali e ainda sem comida.
- Quero né? Se só tem isso.
Sei que a coitada não tinha nada haver com isso, mas era a pessoa mais próxima e levou por conta. Abri o bilhete e chorei.
“Filha,
Depois que sai do seu quarto o Marcelo ligou novamente, ele me explicou o que está acontecendo e que você ficou irritada. Eu conversei com seu pai e resolvemos deixar você aqui refletindo. Lembre-se que ele é seu noivo. Todos estão esperando esse casamento, que é muito importante para todos nós, mas amamos muito você. Queremos seu bem. Por mais louca que possa parecer nossa relação, nós amamos você. Vá no meu quarto, dentro da cômoda tem dinheiro e a chave do meu carro caso você queira voltar. Vou ligar para você mais tarde. Faça feira ou manda a Cida comprar alguma coisa. Juízo. No final de semana voltaremos, mas espero você aqui logo.
Um beijo,
Sua mãe que tanto te ama.”
É verdade. Por mais louca que possa parecer nossa relação, sempre nos amamos. Eu que sempre fui contra as convicções do meu pai, nunca deixei de defendê-lo diante dos outros, mesmo sabendo se suas patifarias, mas isso não vem ao caso.
Fui ao quarto de minha mãe peguei a grana e as chaves.
Ia saindo para almoçar quando Cida apareceu com os sanduíches.
- Obrigada Cida, desculpa se eu fui rude, ta? Eu ando nervosa.
A Cida ia voltando para a cozinha quando me veio uma idéia maluca na cabeça.
- Cida, Cidinha,... você conhece um pescador chamado Pedro?
- Seu Pedro de dona Ana?
- Não sei, é um jovem bonito.
Cida deu um sorriso maroto, já tinha entendido minhas intenções.
- Sei sim o Pedrinho, é filho do Seu Pedro. Que é que tem em menina?
- Nada de mais. É que eu o conheci ontem e queria comprar peixe com ele para ajudar sabe?
- Sei.
- Onde eu o encontro?
- Há essa hora ele deve estar saindo do grupo escolar.
Nem dei tchau. Sai correndo e peguei o carro. Sai do jeito que estava. Nem batom coloquei. Eu tremia toda. Que loucura eu estava fazendo? Que se dane. Só hoje. Fiquei parada na frente da escola. Pelo menos ele estudava. Risos. Cada segundo parecia horas na minha impaciência. Queria ver aquele pescador. Queria aquele pescador. Não me vinha na cabeça como uma vingança, se é que vocês estão pesando assim, não. Simplesmente nem me lembrava do Marcelo. Eu até gostava dele, mas não amava. Nunca havia traído nenhum namorado, mesmo com esse meu jeito sacana de ser. Só agora. Só com o pescador, só com... É ele. Desci do carro para que ele me visse. Viu. Viu e fingiu que não me conhecia.
- Pedro.
Ele se despediu dos amigos e veio ao meu encontro.
- Pois não dona Luciana.
Sua voz já não era doce. Tinha um certo desprezo nela.
- A senhora deseja alguma coisa?
- Senhora é o caralho garoto.
Sempre fui assim, me defendo ofendendo.
- Desculpa.
- Desculpar o que? Tem que desculpar nada não.
- Entra aqui, vamos dar uma volta.
- Posso não moça tenho que pescar.
- Poxa, entra aqui, eu te levo pra casa.
- Minha casa é ali.
Apontou para um casebre coberto por palhas de coqueiro. Na frente estava uma senhora muito velha, pelo menos na aparência.
- Pedrinho vá até a farmácia pegar uma coisa para sua filha, ela está ardendo em febre.
- Vamos.
Ofereci e ele aceitou. No caminho pedi desculpas por ter corrido e acabei confessando que corri com medo de me apaixonar.
- E sempre assim, moça. A gente não deve misturar.
- Porra cara, para com essa de moça, dona, senhora.
Ele ficou calado. Chagamos na farmácia e ele não tinha o dinheiro para comprar o remédio. Ofereci a pagar, mas ele disse que não queria nada. Que sabia onde tinha umas ervas que resolveria de outra forma e agradeceu.
- Não sabia que você era casado, desculpe.
- Não sou. A menina foi uma aventura antiga. Hoje tem nove anos. Eu era um menino e a mãe também era. Morreu no parto.
Não sabia se ficava feliz ou triste com o que ele me dizia. Pensei “caminho livre”.
- Mas a senh... desculpa, você vai casar esse ano né? Todos ficamos sabendo. Saiu em jornal e tudo.
- Não posso mais.

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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico mulher

Nome do conto:
Fisgada na rede (Parte IV)

Codigo do conto:
5926

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
16/09/2005

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