Voltando às origens – Capítulo 2



Entrei em meu quarto, fechei a porta e senti vontade de vomitar. Corri até o banheiro, mas nada saiu. Era apenas uma sensação, uma reação ao que ocorrera.
No momento seguinte pensei em meu pai, e senti uma enorme vontade de ligar para ele e contar, porém ele não acreditaria em mim.
Eu poderia voltar e tentar filmar, mas meus pés não queriam me obedecer a saírem do lugar. Minha cabeça começou a doer e o meu quarto a ficar menor a cada segundo. A angústia que eu estava sentindo me implorava para ir para qualquer lugar longe dali.
Minutos depois, do jeito mais cauteloso possível, abri a porta do meu quarto e pé após pé, fui andando pelo corredor que, naquele instante, parecia mais longo do que realmente era.
Enquanto passava pelo meu vale da senda da bizarrice, percebi que não vinha mais nenhum barulho do quarto dos meus pais. Logo deduzi que o ato sexual havia chegado ao fim. Por uma fração de segundos quase mudei de ideia, mas eu precisava ir para fora de casa, ou até mesmo para a rua.
Continuei meu caminho até alcançar a sala, assim que me senti aliviado a porta da frente se abriu e meu pai entrou:
– Que surpresa você em casa esse horário. O que aconteceu? Sua turma de skatistas te deixou de fora hoje?
Eu olhei para ele e a única coisa que conseguia pensar era que ele merecia saber o que eu vi.
– Pai, eu...
Não consegui completar minha fala, fui interrompido por minha mãe:
– Amor você chegou mais cedo, o que aconteceu?
Enquanto minha mãe fazia toda a falsa cerimônia, eu senti exalar dela o aroma dos produtos de banho que ela usou para fazer descer pelo ralo do banheiro o cheiro do sexo incestuoso com meu irmão.
– Resolvi vir mais cedo para casa. Fazermos um programa em família essa noite – meu pai respondeu após dar um beijo na boca dela.
– E o que você tem em mente meu bem?
– Irmos a uma ótima pizzaria que foi inaugurada ontem. Um dos meus funcionários comentou a respeito e disse que vale a pena ir.
– Ótimo, eu concordo – disse minha mãe demonstrando animação.
– Acho que vou dispensar pai – falei.
– Por qual motivo? – Ele perguntou intrigado.
– Vai mesmo fazer essa desfeita ao nosso pai? – Perguntou meu irmão surgindo na sala e deixando claro que ouvira a conversa.
Senti uma mistura de raiva e enjoo ao mesmo tempo. Levei minha mão ao estomago no mesmo instante, cheguei a pensar que vomitaria na frente de todos.
– Não estou me sentindo bem – respondi.
– Andou comendo besteiras novamente ao invés de se alimentar direito? – Perguntou meu pai enquanto tirava o paletó e se aconchegava no sofá maior da sala.
– Por aí – respondi vagamente.
Percebi meu irmão me encarando de um jeito estranho, desconfiado.
Será que ele desconfia que eu saiba de alguma coisa do que nossa mãe e ele fizeram minutos atrás? – Pensei preocupado.
– Você tem certeza que não vai nos acompanhar? – Perguntou minha mãe parecendo sustentar o mesmo olhar desconfiado.
Olhei para meu pai que me olhava de volta serenamente. Pensei que se falasse de uma vez, conseguiria contar sem gaguejar e sem enrolação. Mas, pensei também na ruína em que se tornariam as coisas. Imaginei a separação dos meus pais, o ódio que meu irmão alimentaria por mim, se meu pai acreditasse. E, caso ele não acreditasse, no mínimo eu levaria uma surra e ganharia definitivamente o título de ovelha negra da família, e de brinde, teria que conviver em um ambiente mais ameaçador do que já era. Na pior das hipóteses, seria expulso de casa e deserdado.
De certa forma eu estava numa posição de julgamento naquela sala. Com as possibilidades a minha frente eu escolhi a mais confortável de todas:
– Tudo bem, eu vou. Mas, se eu não conseguir ficar por lá, eu volto de táxi para casa.
– Ótimo – respondeu meu pai. – Então eu vou tomar um banho e sugiro que você também tome um Ricardo.
Aquela fala me fez lembrar certa memória de quando eu era criança, com meus 8 anos de idade. Estávamos numa correria para ir para o casamento de uma tia, irmã da minha mãe, e todos os banheiros, exceto o do quarto dos meus pais, estavam ocupados. Então, para ganhar tempo, meu pai me chamou para tomar banho com ele. Foi a única vez que vi ele totalmente sem roupa. Lembro os detalhes do corpo dele na época, um corpo quase escultural por praticar exercícios físicos, poucos pelos, espalhados pelo corpo, pele clara e como não sabia medir na época, acredito que dono de uns 19 cm de rola, grossa. Isso 10 anos atrás, mas com certeza não deve ter mudado muita coisa...
Afastei a lembrança da minha mente assim que ele saiu da sala, acompanhado da minha mãe. De assunto de incestos já bastava minha mãe e meu irmão.
– Que horas você voltou da rua? – Perguntou Hugo.
– Não te interessa.
– Está nervosinho é?
– Por qual motivo você me odeia Hugo? – Devolvi.
– Quem disse que eu te odeio? Só não suporto você vivendo acomodado. Nunca tive as regalias que você tem.
– Regalias? Por acaso sou eu quem usou dinheiro do pai para fazer uma faculdade?
– Você não sabe de nada.
– Na verdade sei muito mais do que você imagina. A diferença é que não preciso de artifícios alheios para ir atrás do que eu quero. Nisso somos diferentes.
– Não banque o esperto para cima de mim. Você não sabe do que eu sou capaz! – Disse com o dedo apontado na minha cara.
Eu sustentei o olhar dele devolvendo um olhar desafiador, olhando diretamente nos olhos dele sem pestanejar. Ficamos por alguns segundos assim até sermos interrompidos por nossa mãe:
– Até agora você não foi tomar banho Ricardo?
– Já estou indo.

Tratei de tomar um banho rápido. Depois coloquei uma roupa adequada para sair e fui para a sala onde todos já aguardavam.
Entramos no carro do meu pai. Meu irmão e eu fomos atrás. Tanto ele quanto eu, tentamos não olhar um para o outro durante o trajeto.
– Posso saber por que estão com a cara virada um para o outro? – Perguntou nosso pai em certo momento.
– Nem queira saber meu motivo pai – respondi.
– E você Hugo, o que tem a dizer?
– Pode ficar tranquilo pai. Só uma briguinha boba. O senhor sabe que meu irmão e eu nos amamos, não é Ricardo?
Olhei para ele sentindo nojo. Senti minhas cordas vocais coçarem. Eu ia abrindo a boca para contar sobre o incesto, mas fui interrompido pelo meu pai:
– Chegamos!
Descemos do carro e assim que a mesa foi escolhida fiz de tudo para não sentar nem ao lado e nem de frente para meu irmão. Eu ainda estava enjoado, e decidi que não comeria muito naquela noite, mesmo sendo um dos maiores fãs de pizza.
Os pedidos foram feitos, e não demorou muito para que chegassem à mesa. E, de acordo com o funcionário do meu pai, realmente valeu a pena ir aquela pizzaria. As pizzas estavam deliciosas, de lamber os beiços. Com todos satisfeitos, a conta foi paga e voltamos para o carro para irmos embora.
De volta a nossa casa eu fui direto para o meu quarto e tranquei a porta. Joguei–me na cama e tentei dormir torcendo para que tudo não tivesse passado de um pesadelo. Mas, quando acordei no dia seguinte, sabia que tivera sido tudo real.


Saí da cama mais cedo do que de costume para ir ao colégio. Tomei um banho e me arrumei rapidamente para sair antes que tivesse que encarar qualquer um de casa. Só que não tive sucesso, assim que entrei na cozinha para pegar alguma coisa para comer no caminho, encontrei meu pai terminando de preparar café.
– Bom dia, filho.
– Bom dia, pai.
– Aceita um pouco de café?
– Não, dispenso.
– Só por que fui eu quem fez? – Perguntou sorrindo.
Adorei ver o sorriso dele.
Parei para reparar que ele dera uma aparada na barba, estava bastante charmoso naquela manhã.
As coisas seriam bem melhores se fosse apenas meu pai e eu nessa casa – pensei.
– Claro que não. É por que não quero mesmo tomar café. Vou tomar um pouco de suco de laranja – respondi.
– Só quero dizer que você está perdendo o melhor café do mundo – ele retrucou brincalhão.
Fazia tempo que não tínhamos um momento como aquele, um momento de pai e filho. Boa parte por culpa minha, ter distanciado desse vínculo por medo que ele descobrisse sobre minha sexualidade e me expulsasse de casa...
Assim que dei o primeiro gole em meu suco, ele perguntou:
– O que aconteceu com você ontem?
– Nada – respondi rápido demais.
– Ricardo, eu sei que faz um tempinho que não conversamos assim um com outro, mas nem por isso desaprendi a notar quando você está diferente, ou preocupado com alguma coisa.
– Não é nada que eu não possa lidar pai – menti.
Ele me devolveu um olhar sereno. Parecia olhar para minha alma.
Se ele enxergasse a informação na minha mente sem eu precisar dizer...
Não! Era viagem demais pensar assim.
Tomei o pacote de bolacha do armário assim que terminei com meu suco de laranja, e antes que eu saísse da cozinha, meu pai disse:
– Se mudar de ideia e quiser compartilhar o que está te incomodando é só me procurar. Eu te amo, filho!
Eu quase soltei o pacote de bolachas a ouvir aquela afirmação.
– Eu também... pai. Obrigado – saí da cozinha, e depois porta afora, pensativo sobre não ter dito “te amo” para ele.

Quando cheguei ao colégio, contei para Miranda sobre o que aconteceu na tarde do dia anterior.
– Caracas! O que você vai fazer a respeito? – Ela perguntou.
– Nada. Não tem nada que eu possa fazer.
– Você está maluco? Seu pai merece saber.
– Não posso contar nada para ele.
– Desculpe, mas sua mãe e seu irmão não prestam. Fazer uma coisa dessas às costas do seu pai. É um absurdo. Isso não é família.
Passei as aulas daquele dia totalmente desconcentrado. Nem mesmo as duas últimas aulas do professor Gabriel conseguiu tirar da minha cabeça meus pensamentos sobre o ocorrido.
Quando a aula acabou, me percebi sentado olhando para o nada.
– Vamos embora Ricardo ou vai ficar para limpar a sala? – Perguntou Miranda.
– Eu quero ficar mais um pouco aqui.
– Entendo. Se quiser passar mais tarde lá em casa é só me procurar, tudo bem?
– Obrigado.
Ela me deu um beijo em meu rosto e se foi. Quando voltei meu olhar para o quadro negro percebi que Gabriel ainda estava na sala, terminando de organizar suas coisas.
Estava colocando meu caderno dentro da mochila quando fui surpreendido pelo professor.
– Tudo bem com você Ricardo?
Dei um sobressalto em minha carteira. Em praticamente dois anos e meio, Gabriel nunca dirigira uma palavra diretamente a mim daquela forma tão pessoal.
– Tudo – respondi quase gaguejando.
– Não parece. Notei que você ficou quase a aula toda com a cabeça em outro lugar, longe daqui.
Achei curioso ele ter reparado em mim em meio a tantos alunos, mas talvez ele estivesse apenas exercendo seu papel de professor e se preocupando com meu aprendizado.
– Obrigado professor. Mas estou bem... Eu acho que estou.
Ele puxou uma carteira e sentou à minha frente.
– Se quiser pode compartilhar comigo. Talvez não possa te ajudar, mas sou um bom ouvinte.
Fiquei totalmente intrigado com ele. Aqueles olhos verdes me encarando docilmente, na espera que eu dissesse alguma coisa. Eu senti vontade de pedir um abraço, pois por dentro eu me sentia muito triste.
– Sabe professor...
– Pode me chamar pelo nome.
– Certo... Gabriel eu gostaria muito de poder contar para você, mas não quero envolver mais ninguém. Não é um problema exatamente meu, porém me afeta. Desculpa ter ficado disperso na sua aula hoje – levantei da carteira e acrescentei:
– Obrigado mesmo pela sua preocupação.
Ele sorriu.
Levantou–se em seguida, e chegando bem perto de mim me deu um abraço. Eu meio sem jeito o abracei de volta sentindo seu perfume levemente amadeirado e o calor que emanava do seu corpo que me fez arrepiar.
No momento seguinte ao abraço ele levou a mão direita dele ao meu rosto e puxou para si me dando um beijo de língua totalmente inesperado.
Parte de mim tentou se afastar dele e sair correndo, mas a outra, que desejava aquilo há tempos, foi mais forte, e retribui aquele beijo.
Quando finalizamos o beijo, ele me disse:
– Melhoras. Até mais.
– Até – respondi quase sem voz enquanto acompanhava com o olhar ele indo até a mesa dele, pegar suas coisas e sair da sala.
O que está acontecendo? – Me perguntei. Saí de um pesadelo e entrei em um sonho – concluí.
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Olá pessoal!
Agradeço a todos que estão lendo, e a paciência dos que leram a versão antiga e estão lendo essa nova versão.
Sei que parece que não mudou muita coisa, mas garanto a vocês que os novos pequenos detalhes nesses primeiros capítulos vai levar para um rumo bastante interessante.

Abraços, até o próximo capítulo, e não esqueçam de deixarem seus comentários. Sua opinião é muito importante!!!


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Comentários


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anjogabriel Comentou em 28/07/2018

muito legal a primeira e segunda parte




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Nome do conto:
Voltando às origens – Capítulo 2

Codigo do conto:
109130

Categoria:
Incesto

Data da Publicação:
18/11/2017

Quant.de Votos:
6

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