Voltando às origens – Capítulo 17



        Vinícius olhou para mim lívido. Logo me preocupei que poderia dar merda, então me adiantei, estendi minha mão e disse:
        – Prazer em te conhecer.
        – Seja bem-vindo – ele disse apertando minha mão de volta, tentando disfarçar o fato de que já nos conhecíamos.
        – O Ricardo está ficando alguns dias aqui por causa de uns problemas com a família. Espero que o senhor não se importe pai.
        – Se você confia nele, eu também confio. Mas, poderia ter me avisado né – Vinícius ralhou com o filho.
        – Desculpa pai.
        – Tranquilo filho.
        – Vou deixar vocês aí conversando e vou dar um pulo na piscina.
        Ramón foi para fora da casa e eu fiquei sem graça ali na cozinha, no meio daquela situação.
        – O que está acontecendo aqui? – Perguntou Vinícius.
        – Eu não fazia a menor ideia de que você fosse o pai dele. Eu vi fotos suas aqui na primeira vez que vim aqui, mas aconteceram tantas coisas naquele dia que eu não fixei sua fisionomia em minha mente. Bem que você me parecia familiar na primeira vez que te vi...
        – Há quanto tempo você está aqui? – Ele perguntou me interrompendo.
        – Faz uma semana.
        – Não sei o que te dizer.
        – Eu só precisava arranjar uma grana. E agora com esse emprego eu posso me virar e sair – me expliquei.
        – Vou tomar um banho, depois conversamos – disse Vinícius antes de se afastar.
        Sinceramente eu esperava outra reação da parte dele. Porém, com todas aquelas variáveis a nossa volta, era justificável o comportamento dele.
        Fiquei alguns segundos parado, no mesmo lugar, terminando de absorver o que acabara de acontecer, e depois fui para o quarto que estava ocupando há uma semana.
        Deitei e com os olhos fechados passei a refletir naquela nova informação. A única coisa que eu conseguia pensar coerentemente era que teria que me mudar o mais rápido possível dali. Porém, o pouco que me restava que trouxera comigo da noite que fui expulso de casa não daria para pagar um mês de aluguel.
        Não tinha intenção alguma de pedir favor a Vinícius, e nem tampouco queria ficar naquela situação constrangedora. Pois, eu tinha ido para a cama com os dois, com o filho e com o pai, sem o conhecimento um do outro. Isso por si só já era demais.
        Alguns minutos depois, ouvi baterem a porta do quarto.
        – Pode entrar! – Disse.
        – Com licença! – Falou Vinícius após abrir a porta. – Ramón deu a ideia de comermos pizza ao invés de preparar um jantar. Tudo bem?
        – Sim, está ótimo – respondi após sentar na cama.
        – Você estava chorando?
        – Sim. Mas, estou bem.
        Vinícius fechou a porta atrás de si e veio ao meu encontro, sentando ao meu lado.
        – Desculpa pela minha reação na cozinha minutos atrás.
        – De boa. Eu entendi o que aconteceu.
        Vinícius fez menção de tocar em mim, mas parou no meio do caminho. Estava clara a confusão em sua mente. Decidi não tocar nele, apesar da vontade que estava, não apenas de tocar, mas de também beija-lo.
        – Preciso colocar umas ideias em ordem – ele disse rompendo o silêncio entre nós dois.
        – Entendo. Não pretendo te atrapalhar.
        Ele ia me dizer algo mais, mas foi interrompido por Ramón que gritou:
        – Pai cadê você?
        – Tenho que ir – disse Vinícius.
        Assenti com um movimento de cabeça e ele saiu do quarto.


        Mais ou menos uma hora depois, Ramón, Vinícius e eu estávamos reunidos na sala assistindo um filme de terror e comendo pizza.
        Enquanto o filme rolava, eu não conseguia me concentrar nele. Primeiro porque os dois estavam sem camisa, apenas de bermuda e pelo menos Ramón estava sem cueca. Pois, teve certa cena do filme que evidentemente percebi que Ramón ficara excitado por conta do volume que surgiu no meio das suas pernas.
        Observa-los tão próximos um do outro, me fez pensar em meu pai outra vez. Depois da última vez que o vi e o que aconteceu, eu sabia que dificilmente haveria possibilidade de voltar a morar com minha família.
        Antes de o filme acabar, Vinícius disse que estava cansado da viagem e que precisava dormir. Deu boa noite para o filho com direito a um beijo no rosto e disse boa noite para mim enquanto se distanciava rumo ao quarto.
        Assim que o filme acabou, Ramón me perguntou:
        – Você está bem?
        – Sim, estou – menti.
        – Vem cá! – E me puxou para um abraço.
        Fechei meus olhos e me deixei levar por aquele abraço.
        – Eu sei que só tem uma semana que você e eu estamos interagindo, mas, estou gostando pra caramba da sua pessoa, Ricardo.
        – Obrigado Ramón.
        – Bora assistir mais um filme? – Ele perguntou após o abraço.
        – Vou dormir, estou com sono – respondi.
        – Tudo bem, bom descanso – e me deu um beijo no rosto antes de eu me retirar do sofá.


        Durante a revisão de provas daquela manhã de sábado no colégio eu estava tentando bolar alguma ideia para conseguir mais dinheiro. Cheguei até pensar em arrumar um segundo emprego em algum outro lugar.
        Na hora do intervalo Miranda passou por mim e fingiu que não me viu outra vez. Ela parecia triste, mas eu não arrisquei ir atrás dela para conversar. Fui para a lanchonete e assim que sentei para tomar meu lanche, Ramón sentou ao meu lado e disse:
        – Preciso te contar algo que aconteceu ontem à tarde depois que você foi para o trabalho.
        – Conte.
        – Aqui não. Vamos pra um lugar com menos pessoas circulando.
        Ramón e eu fomos até a quadra de esportes.
        – Poliana me mandou mensagem ontem, logo após você ter saído – disse Ramón.
        – E aí?
        – E aí que acabei indo até a casa dela. Ela me pediu pra ir lá para conversarmos.
        – E o que conversaram? – Perguntei curioso com rumo daquela história.
        – Aí é que tá, a Poliana não estava na casa dela quando eu cheguei lá. Fui recebido pela mãe dela.
        – Isso foi ruim?
        – Não. Muito pelo contrário. Ela me conduziu até a cozinha, me ofereceu água e depois me fez umas perguntas pessoais. Ela estava com um vestido azul bem decotado e curto. Teve um momento que ela se abaixou pra pegar uma vasilha e eu vi que ela estava sem calcinha. Acredita?
        Tal mãe, tal filha – pensei.
        – Meu pau ficou duraço na hora.
        – E ela continuou provocando?
        – Sim. Até que num certo momento ela disse que a Poliana ia demorar a chegar, que estava enrolada no shopping e me lançou um olhar bem provocador. Disse para ela e eu aproveitarmos o momento.
        – E então transaram?
        – Com certeza. Eu fui com tudo. Ainda mais quando percebi que ela era mãe solteira. Que corpão o dela. Seios fartos...
        Enquanto Ramón narrava o sexo maravilhoso que tivera com a mãe de Poliana, eu tive o insight para resolver meu problema financeiro.
        – Preciso ir! – Disse de supetão.
        – Mas nem cheguei à melhor parte.
        – Depois você me conta, preciso resolver uma coisa agora – e saí correndo rumo ao portão do colégio.
        Uma quadra acima do colégio havia uma central de táxi. Disse o endereço de destino para o taxista da vez e entrei no carro.
        Minutos depois desci e falei com o porteiro do edifício para interfonar para o apartamento 904.
        – Quem deseja? – Ele perguntou.
        – Ricardo.
        – O Ricardo está aqui embaixo – o ouvi dizer ao interfone. – Tudo bem... Pode subir – disse o porteiro para mim.
        Quando cheguei ao apartamento, Marcos estava à porta da entrada me esperando, sem camisa e de bermuda.
        – Que surpresa! Por que não me ligou avisando que viria?
        – Desculpa por isso – respondi.
        – Fica de boa – e me puxou gentilmente para dentro do apartamento. – Então, aconteceu alguma coisa?
        – Eu preciso te fazer um pedido.
        – Opa! O que você quiser. Menos sexo, porque já gozei duas vezes hoje pela manhã – e sorriu.
        Esforcei para não ficar chocado com aquilo, e disse:
        – Preciso entrar na lista de acompanhantes de luxo.
        – Pensei que ia demorar me pedir isso – comentou Marcos após sentar no sofá e fez um gesto com a mão direita para eu sentar ao lado dele.
        – Eu preciso resolver um imprevisto sem causar maiores problemas para mim – disse para ele enquanto sentava ao seu lado.
        – Dívida?
        – Aluguel. Sendo totalmente sincero.
        – Entendi.
        – Então, é possível? – Insisti.
        – Sim, mas com uma condição.
        – O que você quiser. Exceto sexo porque você já gozou duas vezes – e sorri.
        – Haha! Você é ótimo para aproveitar deixas. Gostei!
        – Qual é a condição? – Perguntei.
        – Tem esse cliente que é muito exigente. Ele é do tipo que aceita apenas um funcionário quando ele contrata nossos serviços, o tornando exclusivo. Esse cliente não é da cartela VIP.
        – Cartela VIP?
        – É a cartela onde ficam os clientes que recebem atendimentos dos acompanhantes de luxo.
        – Ah sim. O que tem esse cliente?
        – Ontem ele estava com um rapaz e por um motivo besta ele o demitiu.
        – Da sua empresa?
        – Não. Para atendê-lo. Ele já passou por quase todos os meus rapazes que trabalham comigo. Só não desisti desse cliente porque ele paga muito bem.
        – Então você vai me indicar e se eu o agradar, posso entrar na lista dos acompanhantes de luxo? Tipo um teste?
        – Exatamente. Baseado nos ótimos elogios que ouvi a seu respeito ontem por parte do cliente Saulo, acredito que o desafio com esse cliente exigente está à sua altura.
        Suspirei e disse:
        – Aceito o desafio!
        – Ótimo! Você vai conhecê-lo hoje, às seis da tarde, tudo bem?
        – Sim.
        – Antes dele, tenho dois clientes para você hoje. O primeiro é logo após o almoço, às treze horas. Vão ser duas horas. Ele quer bater um papo, conversar sobre a vida dele. O outro é para as quatro da tarde, uma hora de serviço, acompanhar para realizar compras em um shopping. Ele é um pouco solitário, então pede mais para fazer companhia quando não quer sair sozinho.
        – Perfeito!
        – Vou te passar os nomes e os endereços deles via e-mail.
        – Muito obrigado.
        – Eu que agradeço Ricardo. Não querendo te mimar, mas você demonstrou em dois dias resultado que outro funcionário meu fez em uma semana.
        – Obrigado, muito bom ouvir isso.
        – Ah, e antes de você ir embora, te entregar seu cartão para recebimento dos pagamentos. Você pode usá-lo em qualquer caixa eletrônico. Está em meu nome porque você não tem o documento de identidade.
        – Foi mal. Tenho que ir atrás desse documento.
        – De boa. Não precisa pressa. Eu confio em você, pode usar esse por enquanto. Você ganhou minha confiança com o seu caráter – e me entregou o cartão.
        Em seguida eu dei um abraço em Marcos que o assustou no primeiro instante, mas logo ele me abraçou de volta.
        – Faz tempo que não ganho um abraço tão espontâneo assim – ele comentou durante o abraço.
        – Eu tenho que ir, mas pode ter certeza que não vou te decepcionar hoje – disse após desfazermos o abraço.
        – Eu acredito em você!
        Marcos me acompanhou até a porta do apartamento e depois fui embora.
        
        

        Horas depois, exatamente às treze horas, eu estava em frente ao portão tocando a campainha do endereço do primeiro cliente daquela tarde.
        Após tocar duas vezes, ouvi passos de alguém se aproximando do portão.
        – Boa tarde! – Disse o homem que apareceu do outro lado da porta que foi aberta.
        – Boa tarde! – Cumprimentei de volta. – Meu nome é Ricardo...
        – Ah, sim. Reconheci pela foto de perfil no site, pode entrar.
        Depois que nos acomodamos na sala, ele me ofereceu água, mas eu recusei, não estava com sede.
        – Meu nome é Denis.
        Rapidamente observei os atributos dele. Alto, moreno claro, cabelos curtos, nariz um pouco grande, esbelto, dono de um sorriso bem charmoso e provavelmente heterossexual.
        – Você é novo né? – Ele perguntou.
        – Você quer saber minha idade?
        – Não. Minha pergunta é sobre ser novo na empresa. Eu conheço praticamente quase todos os rapazes que trabalham.
        – Ah sim, tem pouco tempo que eu entrei.
        – Bacana. Você parece ser o mais simpático de todos que já conheci.
        – Obrigado pelo elogio.
        Nos minutos seguintes ele desatou a falar sobre a vida dele. Pai de dois filhos, uma garota da minha idade e um rapaz mais velho. Em nenhum momento ele disse os nomes deles. Eu também não perguntei.
        Num certo momento do desabafo ele comentou que estava naquela casa há pouco tempo, divorciado recentemente. Motivo foi que o casamento se desgastara.
        – Nossa já são duas e meia da tarde! – Ele comentou em certo momento.
        – O tempo passou rápido. Mas, ainda temos meia hora – disse para ele.
        – Adorei a sua companhia Ricardo.
        – Eu também curti a sua, Denis.
        Em vários momentos da nossa conversa aquele homem me deixou excitado. Por conta do tom de voz, do jeito másculo...
        – Eu sei que não está incluso no pacote, mas gostaria de saber se ficaria comigo, eu vou pagar à parte, conforme as regras.
        No primeiro instante eu fiquei estático, sem saber o que dizer. Eu não esperava um pedido daquele da parte dele. Contudo, era uma oportunidade de dinheiro extra, então aceitei.
        Abri espaço para ele vir sentar ao meu lado. Ele entendeu o gesto e sentou-se ao meu lado. Em seguida me beijou, e eu fiquei excitado outra vez.
        Rapidamente Denis ficou só de cueca e pelo volume percebi que o pau dele era bem grande e ainda não estava totalmente excitado.
        – Preciso ir ao banheiro, só um instante – ele pediu.
        Enquanto ele foi ao banheiro, o celular dele começou a vibrar. Aproximei por curiosidade e vi o nome de quem estava ligando, Miranda, logo à frente do nome a palavra filha.
        Fiquei de cara.
        Então esse é o pai da Miranda? – Me perguntei.
        Olhei a foto antes de a chamada cair, e constatei que realmente era a Miranda que eu conhecia.
        Denis voltou do banheiro e me puxou do sofá, me levando até o quarto que havia ali. Subimos na cama e ele dominou toda a preliminar. Ele passou os lábios e a língua por todo o meu corpo, até chegar ao meu pau e iniciar um boquete de arrancar o fôlego.
        Ele tirou a cueca e revelou o pau enorme entre as pernas.
        – Fica tranquilo, não vai rolar penetração – ele me disse e voltou a me beijar intensamente.
        Instantes depois eu me pus a chupar aquele pau delicioso, com cheiro de macho. Denis gemeu várias vezes enquanto eu chupava o pau e as bolas, alternadamente.
        Em certo momento ouvimos o celular vibrar e Denis interrompeu nosso momento, pedindo desculpas.
        Quando ele voltou, o pau dele estava mole, e ele disse:
        – Não vai ter como continuar, apesar de eu querer. Minha filha precisa de mim agora.
        – Tudo bem – disse levantando da cama.
        Ele veio ao meu encontro e me beijou mais uma vez, demoradamente.
        Nesse momento pensei na ironia de ter tido intimidade com o pai de Miranda.
        

                
        As compras com o segundo cliente da tarde, Milton, foi um tédio. Ele até que era charmoso, com aqueles fios brancos no cabelo, e um pouco mais alto do que eu. Mas, passar em várias lojas e acompanha-lo escolher roupas e calçados foi realmente um tédio. A única coisa que eu pensava era no próximo cliente, o exigente, às seis horas.
        Uma hora depois, compras realizadas, Milton me deu uma “gorjeta” de cem reais e agradeceu pela minha companhia.
        Assim que ele foi embora, em seu carro, refleti que se ele tivesse lido meus pensamentos a respeito do que pensei sobre ele durante nosso tour pelo shopping, ele não teria me dado gorjeta alguma.
        

        Alguns minutos antes das seis da tarde, eu cheguei ao edifício luxuoso em que o cliente exigente morava.
        Identifiquei-me na portaria após dizer ao porteiro o número do apartamento. Após ele falar com o morador do apartamento, liberou minha entrada e me explicou como chegar até o elevador.
        Tudo ali aparentava realmente um ambiente de classe A. O ambiente interno do elevador muito bem limpo com um espelho enorme, e logo em cima vi uma câmera de segurança.
        Apertei o botão do vigésimo andar e aguardei a subida.
        Saí do elevador e caminhei até o apartamento 2001. Não tinha erro, eram apenas dois apartamentos por andar.
        Bastou tocar a campainha apenas uma vez. A porta foi aberta em seguida e a pessoa do outro lado pediu para que eu entrasse assim que me viu.
        – Prazer meu nome é Ricardo – disse ao estender minha mão assim que alcançamos a sala.
        – O meu nome é Bernardo – ele disse, e não pegou em minha mão de volta.
        – Gostei do seu nome – disse enquanto voltava minha mão.
        – Me elogiando por causa do seu chefe?
        – Um pouco. Mas, sinto que não vai ser necessário.
        – O quê?
        – Forçar intimidade com você.
        – Ah é? Por que diz isso?
        – Intuição.
        – Entendi. Vamos às regras.
        – Regras?
        – Sim. Sem toques.
        Isso explica porque ele não pegou em minha mão – refleti.
        – Sem piadinhas – ele prosseguiu. – Sem perguntas pessoais e por fim, sem faltar com a educação.
        Agora faz todo sentido ninguém o aguentar. Com essas regras bestas – pensei.
        – Entendeu? – Ele perguntou.
        – Sim. Nada de toques, piadinhas, perguntas pessoais e falta de educação.
        Ele olhou sério para mim e eu tentei não revirar os olhos.
        – Ontem tive um desentendimento com um colega seu – Bernardo comentou.
        – Fiquei sabendo sobre o desentendimento, mas não sobre a origem dele.
        – Você quer saber?
        – Acho que não. – Respondi percebendo que era uma pergunta capciosa.
        Eu sabia que dependia da aprovação dele para alcançar meu objetivo, mas eu não estava disposto a me humilhar pra chegar lá.
        Bernardo me encarou, e depois disse:
        – Ele quebrou uma das regras. Ele tocou em mim de propósito.
        E você pediu para colocar ele de castigo – pensei ironicamente, tentando não esboçar nenhuma reação externa em meu rosto.
        Deixando a ironia um pouco de lado, e imaginando hipoteticamente que o tal rapaz o tenha tocado com intenção sexual, fazia todo sentido. Bernardo pelo meu ponto de vista tinha sua beleza peculiar. Traços faciais fortes e expressivos. Lábios rosados e chamativos, um tom de voz firme e sexy de se ouvir, tirando um pouco da petulância dele com essas regras bestas, os óculos lhe conferia mais charme. E, julgando pela roupa que estava usando naquela tarde, um tanto justa ao corpo, acusava um corpo de quem frequenta ou já frequentou academia.
        – Você está prestando atenção? – Ele perguntou.
        – Bernardo não me entenda mal, mas, você sabe que eu entendi.
        Eu sabia que dependia da aprovação dele para alcançar meu objetivo, mas eu não estava disposto a me humilhar pra chegar lá.
        – Não é o que parece – ele retrucou. – Você está olhando para mim, mas parece que está com a mente em outro lugar.
        – Eu não sei qual é o seu medo, mas eu não vou atingir sua integridade como pessoa porque eu já senti isso na pele e sei o quanto dói. A verdade é que um precisa do outro aqui. Apesar de que pra você, eu sou substituível, se não der certo, você pode pedir outro rapaz para o meu chefe e seguir adiante. Mas, para mim, essa possibilidade de dar certo, é algo que vou apostar minhas fichas, por motivos pessoais – disse de uma vez, sem pausas.
        Quando terminei de dizer tudo isso, eu sabia que não tinha mais volta. Eu esperei que ele me mandasse embora de um jeito educado ou agressivo, mas não foi o que aconteceu.
        O que aconteceu foi que ele sentou no sofá e disse:
        – Você é o primeiro que me enfrenta assim.
        – Não tive intenção de te enfrentar – disse sentado no outro sofá de frente para ele. – Mas, de ser transparente.
        – Está com fome? – Ele perguntou.
        – Um pouco.
        – Venha comigo, vou preparar algo para nós dois comermos.
        Ele levantou e eu o segui com a mente a mil.
        Bernardo preparou dois sanduíches com peito de peru, alface, tomate, molho de maionese de ervas e hambúrguer de carne caseiro. Encheu dois copos com suco de abacaxi com hortelã para acompanhar.
        Em nenhum momento ele pediu a minha ajuda, apenas me indicou uma cadeira para que eu sentasse enquanto ele preparava tudo.
        Fiquei em silêncio admirando todo aquele movimento dele.
        – Pronto, vamos comer – ele disse depois que dispôs o lanche sob a mesa.
        Enquanto comíamos, perguntei:
        – O que você precisa de mim hoje?
        – Companhia.
        Objetivo e direto – observei.
        E foi o que aconteceu, fiz companhia pra ele durante o lanche, após o lanche enquanto ele lavava as louças que sujamos, e por fim, durante um filme que assistimos até que as 2 horas dele chegou ao fim.
        Conversamos quase nada durante esses eventos, ele estava mais para me observar pelo que percebi.
        – Se não estivesse tão tarde eu iria te pedir pra ficar pelo menos mais uma hora – Bernardo comentou.
        – Eu posso ficar se você quiser.
        – Hoje é sábado, não quero tomar o restante da sua noite.
        – Não tenho nada de importante para fazer – insisti, pensando que o que me esperava na casa de Ramón era ele me contar o restante da história de como fez sexo com a mãe de Poliana e certo grau de indiferença da parte de Vinícius.
        – Certo. Esse tempo que você vai ficar aqui comigo até a hora que quiser ir vou te pagar por fora. Pode ficar tranquilo que eu pago o táxi para você ir embora.
        – Obrigado. O que você quer fazer?
        – Jogar Uno?
        – Boa ideia.
        Jogamos bastante e nem vimos o tempo passar. Quando olhei a tela do meu celular, vi que já eram quase dez da noite. Também vi umas ligações perdidas da parte de Vinícius e também de Ramón.
        – Preciso ir – disse para Bernardo.
        – Tudo bem. Segurei você tempo demais aqui.
        – Eu gostei.
        Bernardo sorriu e ligou para me chamar um táxi.
        
        

        – Onde você está? – Me perguntou Vinícius bastante preocupado assim que eu atendi uma nova ligação da parte dele, já dentro do táxi.
        – Quase chegando aí – respondi na maior tranquilidade. – Desculpa não ter avisado.
        – Estou te esperando – e desligou a chamada.
        Eu pensei em ligar para Ramón, mas acabei decidindo esperar para chegar a casa dele para saber o motivo das ligações.
        


        – Eu pensei que tivesse acontecido alguma coisa com você – disse Vinícius assim que me viu entrar na sala.
        – Eu estou bem, estava trabalhando. Obrigado pela preocupação.
        – Senta aqui do meu lado – ele pediu.
        – Cadê o Ramón? – Perguntei enquanto sentava do lado dele.
        – Foi em uma resenha com o pessoal do futebol do colégio. Você não joga futebol?
        – Não... Colocou as ideias em ordem?
        – Um pouco – e me puxou pra perto de si, me dando um abraço.
        – Eu não quero atrapalhar sua vida, Vinícius.
        – Eu sei que não. – Eu fui um idiota com você ontem.
        – Um pouco – disse concordando.
        – Pode brigar comigo, eu mereço.
        – Não. Você não fez nada de errado. Essa é a sua vida com a sua família. Jamais vou querer atrapalhar o que você tem aqui – disse para ele sendo o mais sincero possível.
        Ele me abraçou outra vez e disse ao meu ouvido:
        – Senti a sua falta ontem.
        Fechei os olhos e pensei: não posso dar corda a isso.
        – Semana que vem saio daqui – disse de uma vez, assim que nos afastamos do abraço.
        – Assim tão rápido?
        – Eu não pretendia ficar aqui muito tempo. Na verdade uma semana já foi muito.
        – Você faz bem para ele.
        – Está se referindo ao Ramón? – Perguntei.
        – Sim. O Ramón está diferente, mais animado.
        Pensei ironicamente que não tinha a ver comigo, mas com a transa maravilhosa que ele teve com a mãe de Poliana.
        – Sou grato pelo Ramón ter me socorrido no momento que eu mais precisei...
        – O que aconteceu com você Ricardo? Perguntei ao Ramón, mas ele disse que por respeito era melhor eu perguntar a você.
        – É uma longa história Vinícius.
        – Se quiser e puder me contar, sou todo ouvido.
        O encarei por um instante e percebi que o interesse dele era sincero. Enquanto eu cogitava contar ou não, Vinícius tocou meu rosto com sua mão direta e me beijou.
        Essa vai ser a última vez – pensei enquanto me deixava ir por aquele momento entre ele e eu.


--------------------------------------------------
E aí pessoal!
O que acharam desse novo capítulo?...
E a história só vai continuar crescendo daqui pra frente... Aguardem que teremos algumas reviravoltas... Até o próximo!!!


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Comentários


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djbarreto7 Comentou em 13/08/2018

História maravilhosa! Só não demora de postar a continuação!!

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carlosevero Comentou em 13/08/2018

boa noite. Está ficando ótimo.A reviravolta programada espero que seja para fazer justiça aos contratempos da história.Atenciosamente. Carlos.

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anjogabriel Comentou em 12/08/2018

estou viciado nessa historia




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Ficha do conto

Foto Perfil betoson
betoson

Nome do conto:
Voltando às origens – Capítulo 17

Codigo do conto:
124016

Categoria:
Incesto

Data da Publicação:
11/08/2018

Quant.de Votos:
4

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