A caixa de bombons é linda. Com corações estampados nela. Amei!
O jovem do boné vermelho me olha e, por fim, respondo “sim” à sua pergunta.
— Assine aqui e, por favor, entregue essa caixa de bombons ao senhor Matheus Sánchez. Minha boca abre e não fecha mais.
É para o meu chefe?
Um balde de água fria. Meus breves segundos de felicidade por me considerar alguém especial se desfazem num piscar de olhos. Mas, sem querer deixar minha decepção transparecer, pego a caixa, olho para ele e quase choro. Seria tão bom se fosse para mim...
Deixo a caixa de bombons sobre minha mesa e assino o papel que o rapaz estende na minha direção. Depois que ele vai embora, levo a caixa à sala do meu chefe. Coloco-a em cima da sua mesa e me viro para sair. Mas então sou dominado pela curiosidade, daí me viro de volta e procuro o cartão entre as flores. Eu o abro e leio: “Matheus, repetimos na próxima vez? Edward Zayn.”
Ler isso me deixa nervoso. Como assim “repetimos”?
Fala sério! Parece propaganda de chocolate. “Repetimos?”
Rapidamente deixo o cartão no seu devido lugar e saio da sala. Meu humor agora está péssimo. Espero que ninguém me encha nas próximas horas ou vai pagar muito caro. Eu me conheço e sei que sou bem perverso quando fico chateado.
Sem conseguir tirar da cabeça esse “repetimos?”, começo a digitar um relatório no computador, até que meu chefe aparece.
— Bom dia, Johnata. Entre na minha sala — diz sem olhar para mim.
Não! Agora não. Mas me levanto e a sigo.
Quando entro e fecho a porta, ele vê a caixa de bombons e a pega. Tira o cartão e eu o vejo sorrir. Que idiota! Meu pescoço está coçando! Malditas brotoejas.
— Falei com Roberto, do RH — me diz.
Ai, minha nossa! Vai me demitir?
— Vai haver umas mudanças na empresa. Ontem tive uma reunião muito interessante com o senhor Zayn, e algumas coisas vão mudar em muitas das sucursais espanholas.
Escutar que ele teve uma reunião interessante é algo que me incomoda. Mas logo o telefone toca e eu atendo imediatamente.
— Bom dia. Sala do senhor Matheus Sánchez. Sou o secretário, o senhor Pardo. Em que posso ajudá-lo?
— Bom dia, senhor Pardo. — É Zayn! — Poderia me passar para seu chefe?
Com o coração acelerado, consigo balbuciar:
— Um momento, por favor.
Nem preciso dizer que meu chefe, quando informo que é ele, aplaude — não apenas com as mãos — e pede que eu me retire da sala. Mas antes de sair eu o ouço dizer:
— Oieeee. Chegou bem ao hotel ontem à noite?
Ontem à noite? Ontem à noite? Como assim “ontem à noite”?
Fecho a porta.
Mas ontem à noite ele estava comigo!
Então minha mente fantasiosa logo começa a imaginar o que aconteceu. Me deixou em casa e foi encontrá-lo. Será que voltou ao Moroccio?
A cada segundo que passa, fico com mais raiva. Mas por quê? O senhor Zayn e eu não temos nada. Apenas jantamos, ele colocou a mão em mim por cima da roupa e assistimos juntos a um espetáculo sexual. Isso me dá o direito de ficar com raiva?
Volto à minha cadeira e continuo a digitar. Tenho que trabalhar. Não quero pensar. Em algumas ocasiões pensar não é bom, e esta é uma dessas ocasiões. A uma da tarde, meu chefe sai da sala e, após dirigir o olhar para Mike, ele se levanta e eles vão embora juntos. Sei o que vão fazer. Treparão como coelhos durante as duas horas de almoço, e sabe-se lá onde.
Trabalho, trabalho e mais trabalho. Me concentro no meu trabalho.
Estou tão mal-humorado que ataco minhas tarefas com muita energia e me livro de uma pilha de papéis. Por volta de duas e meia, chega Óscar, um dos seguranças que ficam na portaria.
— O motorista do senhor Zayn deixou isto aqui pra você — diz, me entregando um envelope.
Boquiaberto, olho para o envelope fechado com meu nome escrito. Agradeço a Óscar, e ele se retira. Fico um tempo observando a embalagem e, sem saber por quê, abro uma gaveta e o guardo ali. Não pretendo abrir até segunda-feira. Hoje é sexta. Dia de trabalhar direto até as três, sem pausa para o almoço.
O telefone toca. Atendo e, após dizer as palavras de sempre, escuto do outro lado:
— Abriu o pacote que te mandei?
Zayn! Não respondo e ele acrescenta:
— Estou ouvindo sua respiração. Responda.
Mil respostas passam pela minha cabeça. A primeira: “Mandão!” A segunda é pior.
— Senhor Zayn, o pacote acabou de chegar e resolvi esperar até segunda-feira — respondo finalmente.
— É um presente para você.
— Não quero nenhum presente seu — murmuro com um fio de voz, surpresa com suas palavras.
— Por quê?
— Porque não.
— Ah! Senhor Pardo, essa resposta não me serve. Abra o pacote, por favor.
— Não — insisto.
Eu o ouço bufar... Estou irritando esse cara.
— Por favor, abra.
— E por que eu deveria abrir?
— John, porque é um presente que comprei pensando em você.
Ah tá... Então voltei a ser John?
E, como sou um fraco, um idiota e ainda por cima um curioso incorrigível, acabo abrindo a gaveta, pego o envelope, rasgo, olho dentro dele.
— O que é isso?
Escuto sua risada.
— Você disse que estava disposto a tudo.
— Bem... eu...
— Você vai gostar, pequeno, te garanto — me interrompe. — Um é para casa e o outro é pra você levar na mochila e usar em qualquer lugar e a qualquer hora.
Ao ouvir o tom de sua voz quando diz “a qualquer hora”, sinto falta de ar. Meu Deus, cá estamos nós outra vez!
— Passo na sua casa às seis — afirma antes que eu possa responder. — Vou te ensinar a usar.
— Não estarei lá. Vou à academia.
— Às seis.
A ligação cai e eu fico com cara de idiota.
Enquanto ouço o telefone apitar do outro lado da linha, sinto vontade de soltar um monte de palavrões. Mas só eu escutaria. Ele já foi embora.
Irritado, desligo. Olho de novo dentro do envelope e leio “Vibrador Fairy. Sucesso no Japão”. Nesse momento, meu corpo reage e eu suspiro. Acabo guardando-o na minha mochila e apoio os cotovelos na mesa e minha cabeça entre as mãos.
— Preciso parar com isso — digo em voz baixa. — E já!
INTELIGENTE. DESCONCERTANTE. GOSTOSO. DIGNO DE MESTRE.
Estou amando hehehe só q pulou o 4° cap... Aguardo ansioso o próximo heheheh